do blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim
Para uma reportagem no Domingo Espetacular, da Record, entrevistei mulheres estupradas por Roger Abdelmassih.
Todas elas bateram na porta do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, o Cremesp, para denunciá-lo.
Eram recebidas não como vítimas, mas como quase-criminosas.
Uma delas mereceu a seguinte pergunta de uma médica a serviço do Cremesp: ele (o Dr Roger, o estuprador) ligou para a senhora no fixo ou no celular ?
Na comunidade dos médicos de São Paulo, muitos sabiam que o Dr Roger estuprava pacientes.
Uma entrevistada me contou que foi a outro médico e ao narrar os crimes do Dr Roger, foi recebida com uma reação de naturalidade e frieza.
Ora, todo mundo sabe disso, disse o novo médico.
Quer dizer, os médicos de São Paulo são responsáveis, pela omissão, por crimes que o Dr Roger cometeu, pelo menos, ao longo dos últimos quinze anos.
Há quinze anos, uma das vítimas, Vanuzia Leite Lopes, contou tudo ao Cremesp.
Outra paciente – chamada Cristina – foi ao Cremesp em 1998.
E o Dr Roger, impune, a estuprar mulheres dopadas e a atacar mulheres não dopadas.
Agora, com a casa arrombada, quando a opinião pública já sabia dos estupros, o Cremesp se sentiu na obrigação de suspender o direito de o Dr Roger continuar a estuprar.
O Ministério Público arrolou como testemunha – o crime está prescrito – uma jovem que, em Campinas, no início da carreira dele, em 1970, chegou com dores nos rins.
Ele era residente de Urologia.
Ele enfiou um tubo na vagina da jovem. Por quê ?
Percebeu que ela era virgem.
E perguntou quanto ela queria para que ele pudesse deflorá-la.
O Ministério Público bem que poderia ter uma conversinha com o Cremesp.
O Cremesp está ali para ajudar os pacientes, ou acobertar crimes ? – pergunta elementar.
O Dr Roger fazia o que fazia porque contava com a impunidade.
Ele era o médico das estrelas, o médico “Caras”.
Segundo vítimas que entrevistei, não tinha nada de louco ou tarado.
Era um homem normal, dos nossos tempos: que gosta de dinheiro e mulheres.
Às mulheres constrangidas, ele dizia: você deve se sentir honrada por eu me interessar por você.
E se dizia enviado por Deus.
Assim que recebeu ordem de prisão, o Dr Roger correu para o banheiro: teve um desarranjo intestinal.
Foi preso no banheiro de seu gabinete, com as calças na mão.
A primeira reação que teve, ao entrar no carro da Polícia, foi dizer: “perdi a minha clínica”.
Era um empresário.
Bem sucedido.
Que contava com a omissão da sociedade.
Do Cremesp, por exemplo.
Para uma reportagem no Domingo Espetacular, da Record, entrevistei mulheres estupradas por Roger Abdelmassih.
Todas elas bateram na porta do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, o Cremesp, para denunciá-lo.
Eram recebidas não como vítimas, mas como quase-criminosas.
Uma delas mereceu a seguinte pergunta de uma médica a serviço do Cremesp: ele (o Dr Roger, o estuprador) ligou para a senhora no fixo ou no celular ?
Na comunidade dos médicos de São Paulo, muitos sabiam que o Dr Roger estuprava pacientes.
Uma entrevistada me contou que foi a outro médico e ao narrar os crimes do Dr Roger, foi recebida com uma reação de naturalidade e frieza.
Ora, todo mundo sabe disso, disse o novo médico.
Quer dizer, os médicos de São Paulo são responsáveis, pela omissão, por crimes que o Dr Roger cometeu, pelo menos, ao longo dos últimos quinze anos.
Há quinze anos, uma das vítimas, Vanuzia Leite Lopes, contou tudo ao Cremesp.
Outra paciente – chamada Cristina – foi ao Cremesp em 1998.
E o Dr Roger, impune, a estuprar mulheres dopadas e a atacar mulheres não dopadas.
Agora, com a casa arrombada, quando a opinião pública já sabia dos estupros, o Cremesp se sentiu na obrigação de suspender o direito de o Dr Roger continuar a estuprar.
O Ministério Público arrolou como testemunha – o crime está prescrito – uma jovem que, em Campinas, no início da carreira dele, em 1970, chegou com dores nos rins.
Ele era residente de Urologia.
Ele enfiou um tubo na vagina da jovem. Por quê ?
Percebeu que ela era virgem.
E perguntou quanto ela queria para que ele pudesse deflorá-la.
O Ministério Público bem que poderia ter uma conversinha com o Cremesp.
O Cremesp está ali para ajudar os pacientes, ou acobertar crimes ? – pergunta elementar.
O Dr Roger fazia o que fazia porque contava com a impunidade.
Ele era o médico das estrelas, o médico “Caras”.
Segundo vítimas que entrevistei, não tinha nada de louco ou tarado.
Era um homem normal, dos nossos tempos: que gosta de dinheiro e mulheres.
Às mulheres constrangidas, ele dizia: você deve se sentir honrada por eu me interessar por você.
E se dizia enviado por Deus.
Assim que recebeu ordem de prisão, o Dr Roger correu para o banheiro: teve um desarranjo intestinal.
Foi preso no banheiro de seu gabinete, com as calças na mão.
A primeira reação que teve, ao entrar no carro da Polícia, foi dizer: “perdi a minha clínica”.
Era um empresário.
Bem sucedido.
Que contava com a omissão da sociedade.
Do Cremesp, por exemplo.
23 de novembro de 2010
Comentários
Postar um comentário