por Christopher Hitchens
Lendo a nova obra do inglês Diarmaid MacCulloch, "Cristandade: os primeiros três mil anos", dei com uma passagem da declaração de fé do cardeal John Henry Newman (1801-1890), em seu Apologia pro vita sua (Em defesa da própria vida): “A Igreja Católica sustenta que é melhor que Sol e Lua despenquem do céu, que a Terra entre em colapso, e que milhões sobre ela morram de fome em extrema agonia do que uma só alma cometer um único pecado ou roubar um centavo sem pedir desculpas”.
Por estes dias, Joseph Ratzinger fará uma das mais portentosas viagens de seu papado, aterrissando na Grã-Bretanha para anunciar a beatificação do autor dessas notáveis palavras. Não estou escrevendo sobre dogmas católicos hoje. Pensei apenas em perguntar como se sairia a igreja se algo remotamente parecido com o critério de Newman fosse aplicado a ela.
Como fomos forçados a nos lembrar recentemente, a Igreja Católica Romana acha melhor que os gritos das crianças estupradas e violentadas sejam ignorados, que os álibis e as desculpas de seus estupradores e torturadores sejam aceitos, que uma coleção de inverdades sujas e deliberadas seja fabricada, que fundos levantados aparentemente para os pobres sejam usados para suborno e dinheiro para calar a boca de alguém, do que uma minúscula humilhação ou inconveniente punir a majestade vestida por uma igreja feita pelo homem, ou algum limite ser imposto a seu autoproclamado direito de ser juiz em causa própria.
Neste ano, conforme autoridades da Igreja da Irlanda, Alemanha, Austrália, Bélgica e dos Estados Unidos iam deparando com décadas de ataque sexual e negação subsequente, fiz na imprensa uma pergunta simples. Por que isso não estava sendo considerado um assunto para a polícia e para os tribunais? Por que quase nenhum padre ou bispo culpado enfrentou a Justiça, e, ainda assim, geralmente, só depois de um longo período de proteção pelos “tribunais” da própria Igreja?
Lendo a nova obra do inglês Diarmaid MacCulloch, "Cristandade: os primeiros três mil anos", dei com uma passagem da declaração de fé do cardeal John Henry Newman (1801-1890), em seu Apologia pro vita sua (Em defesa da própria vida): “A Igreja Católica sustenta que é melhor que Sol e Lua despenquem do céu, que a Terra entre em colapso, e que milhões sobre ela morram de fome em extrema agonia do que uma só alma cometer um único pecado ou roubar um centavo sem pedir desculpas”.
Por estes dias, Joseph Ratzinger fará uma das mais portentosas viagens de seu papado, aterrissando na Grã-Bretanha para anunciar a beatificação do autor dessas notáveis palavras. Não estou escrevendo sobre dogmas católicos hoje. Pensei apenas em perguntar como se sairia a igreja se algo remotamente parecido com o critério de Newman fosse aplicado a ela.
Como fomos forçados a nos lembrar recentemente, a Igreja Católica Romana acha melhor que os gritos das crianças estupradas e violentadas sejam ignorados, que os álibis e as desculpas de seus estupradores e torturadores sejam aceitos, que uma coleção de inverdades sujas e deliberadas seja fabricada, que fundos levantados aparentemente para os pobres sejam usados para suborno e dinheiro para calar a boca de alguém, do que uma minúscula humilhação ou inconveniente punir a majestade vestida por uma igreja feita pelo homem, ou algum limite ser imposto a seu autoproclamado direito de ser juiz em causa própria.
Neste ano, conforme autoridades da Igreja da Irlanda, Alemanha, Austrália, Bélgica e dos Estados Unidos iam deparando com décadas de ataque sexual e negação subsequente, fiz na imprensa uma pergunta simples. Por que isso não estava sendo considerado um assunto para a polícia e para os tribunais? Por que quase nenhum padre ou bispo culpado enfrentou a Justiça, e, ainda assim, geralmente, só depois de um longo período de proteção pelos “tribunais” da própria Igreja?
Dei sequência a isso com um telefonema para Geoffrey Robertson, um advogado britânico com um histórico inigualável em casos internacionais de direitos humanos. Depois que um grupo de humanistas e ateus generosos concordou em pagar seus baixos honorários, Robertson produziu um documento legal contra o papado e o deixou disponível a todas as partes interessadas ou afetadas. Intitulado "O caso do papa: a responsabilidade do Vaticano por abuso dos direitos humanos", acaba de ser publicado no Reino Unido pela Penguin Books.
Como se calculadas para coincidir com essa publicação e a passagem de Ratzinger pelo Reino Unido, as recentes revelações do estado pútrido da Igreja na Bélgica puseram o escândalo em relevo mais acentuado. O agora afastado bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, foi exposto por sua própria confissão como culpado de incesto, assim como de estupro, tendo abusado regularmente de seu sobrinho dos 5 aos 18 anos. Seu superior, o cardeal Godfried Danneels, foi flagrado em um vídeo tentando convencer a vítima a ficar calada. Há alguns meses, a polícia belga acordou de seu torpor e fez buscas em gabinetes eclesiais à procura de provas. Joseph Ratzinger, que até então não tinha mencionado os feitos de seus subordinados belgas, emitiu um protesto contra a intervenção da lei.
O próprio cardeal Newman, citado acima, era dúbio em relação à infalibilidade papal. Ele também pediu para ser enterrado na mesma tumba de seu companheiro de toda a vida, Ambrose St. John. As autoridades católicas agora desenterraram rudemente os corpos, não achando nada que tenha sobrevivido à decomposição para servir de relíquia. Isso é grotesco, mas não tanto quanto o ar de inocência perseguida que eles demonstram quando confrontados com seus crimes obscenos.
Como se calculadas para coincidir com essa publicação e a passagem de Ratzinger pelo Reino Unido, as recentes revelações do estado pútrido da Igreja na Bélgica puseram o escândalo em relevo mais acentuado. O agora afastado bispo de Bruges, Roger Vangheluwe, foi exposto por sua própria confissão como culpado de incesto, assim como de estupro, tendo abusado regularmente de seu sobrinho dos 5 aos 18 anos. Seu superior, o cardeal Godfried Danneels, foi flagrado em um vídeo tentando convencer a vítima a ficar calada. Há alguns meses, a polícia belga acordou de seu torpor e fez buscas em gabinetes eclesiais à procura de provas. Joseph Ratzinger, que até então não tinha mencionado os feitos de seus subordinados belgas, emitiu um protesto contra a intervenção da lei.
O próprio cardeal Newman, citado acima, era dúbio em relação à infalibilidade papal. Ele também pediu para ser enterrado na mesma tumba de seu companheiro de toda a vida, Ambrose St. John. As autoridades católicas agora desenterraram rudemente os corpos, não achando nada que tenha sobrevivido à decomposição para servir de relíquia. Isso é grotesco, mas não tanto quanto o ar de inocência perseguida que eles demonstram quando confrontados com seus crimes obscenos.
Agora, há um manual cuidadoso para obter reparação legal, que pode ser usado tanto por uma vítima quanto por um promotor e levar uma instituição feita pelo homem, e seu executivo-chefe, para dentro do império da lei.
O Sol e a Lua não precisam cair e a espécie não precisa morrer em agonia para expiar esse pecado. A aplicação da simples justiça terrena já basta.
Padre holandês foi conselheiro de entidade pró-legalização da pedofilia.
maio de 2011
Casos de padre pedófilo. Sobre Hitchens.
Padre holandês foi conselheiro de entidade pró-legalização da pedofilia.
maio de 2011
Casos de padre pedófilo. Sobre Hitchens.
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