por Vinícius Queiroz Galvão, da Folha
Candidatos a vistos temporários de trabalho nos EUA não sabem, mas o consulado americano em São Paulo usa uma classificação interna que os compara a bandoleiros e golpistas do cinema.
Candidatos a vistos temporários de trabalho nos EUA não sabem, mas o consulado americano em São Paulo usa uma classificação interna que os compara a bandoleiros e golpistas do cinema.
Num despacho interno de dezembro de 2005, revelado pelo site WikiLeaks, o ex-cônsul-geral dos EUA em São Paulo Christopher J. McMullen divide os solicitantes em "bons", "maus" e "feios", numa alusão ao filme "The Good, The Bad and The Ugly" ("Três Homens em Conflito", na versão brasileira), de Sergio Leone.
O "bom", vivido por Clint Eastwood, é um pistoleiro de modos refinados que, mesmo dando pequenos golpes, é o mais ético do grupo.
No consulado, são jovens de classe média e de boa escolaridade que tentam ir aos EUA para trabalhar em hotéis, estações de esqui e cassinos para ganhar dinheiro, melhorar o inglês e voltar.
No filme, o "mau" é desprovido de ética. Para o setor consular, são parentes ou amigos de imigrantes ilegais brasileiros em busca de emprego em lavanderias e peixarias que representam grande risco porque muitos, com o visto, não voltam ao Brasil.
E, se na ficção o "feio" é rude e tem aparência descuidada, no consulado é gente desqualificada, pobre e desesperada -nesses termos.
O consulado diz que, em vez de pagar US$ 10 mil para atravessar a fronteira pelo México, candidatos têm conseguido petições de trabalho fraudulentas por US$ 3.000.
"Invariavelmente, os candidatos pedem dinheiro emprestado ou vendem o carro para conseguir o dinheiro do visto. Com frequência, quem conseguiu o visto no ano anterior desaparece na imensa população de imigrantes ilegais brasileiros em Massachusetts", diz o documento.
"É uma classificação que faz sentido, é válida, mas as palavras são pejorativas. A terminologia é horrível e inadequada, é presunçoso e tem uma conotação de superioridade. Mostra uma atitude de desprezo", diz o advogado britânico Barry Wolfe, há 24 anos no Brasil e especialista em direito de imigração.
No despacho, o consulado diz ter entrevistado 1.515 candidatos a visto de trabalho de janeiro a novembro de 2005, com índice de negação de 49% e aumento de 200% em relação ao ano anterior.
"Da próxima vez que estiver apostando em Connecticut ou subir numa cadeira de teleférico em alguma estação de esqui, sugiro que cumprimente os empregados com "bom dia" [assim, em português]", conclui o cônsul.
A Folha e outros seis jornais do mundo têm acesso aos telegramas do WikiLeaks antes da sua divulgação no site da organização (www.wikileaks.ch).
> Obtenção da cidadania italiana demora 7 anos.
outubro de 2009
> Brazucas. > Posts deste mês.
O "bom", vivido por Clint Eastwood, é um pistoleiro de modos refinados que, mesmo dando pequenos golpes, é o mais ético do grupo.
No consulado, são jovens de classe média e de boa escolaridade que tentam ir aos EUA para trabalhar em hotéis, estações de esqui e cassinos para ganhar dinheiro, melhorar o inglês e voltar.
No filme, o "mau" é desprovido de ética. Para o setor consular, são parentes ou amigos de imigrantes ilegais brasileiros em busca de emprego em lavanderias e peixarias que representam grande risco porque muitos, com o visto, não voltam ao Brasil.
E, se na ficção o "feio" é rude e tem aparência descuidada, no consulado é gente desqualificada, pobre e desesperada -nesses termos.
O consulado diz que, em vez de pagar US$ 10 mil para atravessar a fronteira pelo México, candidatos têm conseguido petições de trabalho fraudulentas por US$ 3.000.
"Invariavelmente, os candidatos pedem dinheiro emprestado ou vendem o carro para conseguir o dinheiro do visto. Com frequência, quem conseguiu o visto no ano anterior desaparece na imensa população de imigrantes ilegais brasileiros em Massachusetts", diz o documento.
"É uma classificação que faz sentido, é válida, mas as palavras são pejorativas. A terminologia é horrível e inadequada, é presunçoso e tem uma conotação de superioridade. Mostra uma atitude de desprezo", diz o advogado britânico Barry Wolfe, há 24 anos no Brasil e especialista em direito de imigração.
No despacho, o consulado diz ter entrevistado 1.515 candidatos a visto de trabalho de janeiro a novembro de 2005, com índice de negação de 49% e aumento de 200% em relação ao ano anterior.
"Da próxima vez que estiver apostando em Connecticut ou subir numa cadeira de teleférico em alguma estação de esqui, sugiro que cumprimente os empregados com "bom dia" [assim, em português]", conclui o cônsul.
A Folha e outros seis jornais do mundo têm acesso aos telegramas do WikiLeaks antes da sua divulgação no site da organização (www.wikileaks.ch).
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