da BBC Brasil
Colegas de escola das 12 crianças mortas por um atirador na Escola Municipal Tasso da Silveira reconheceram em conversas com a BBC Brasil que estão tendo dificuldade em superar o trauma da tragédia.
“Os amigos e a família ficam vindo falar comigo, mas depois desse ocorrido eu só quero ficar quietinha”, diz Juliane Calado Leonardo, de 14 anos, aluna do 9º ano. “O que mais me dói é que vi as coisas acontecendo, mas não pude ajudar.”
Ela diz que vai ser um trauma voltar para a escola, mas vai ter que continuar. “Tenho que ajudar os meus colegas, que perderam muitos amigos.”
“Foi um momento de terror. Parecia que os tiros estavam em cima da nossa cabeça”, lembra ela, que foi à escola nesta sexta-feira para conferir os horários dos enterros listados no portão de entrada. Pretendia ir ao de duas amigas.
Marcos Vinícius dos Santos França (foto), de 12 anos, também não se imagina voltando para as mesmas salas de aula. “Não estou a fim não. Pedi para a minha mãe me colocar em outra escola, que eu não aguento mais essa, não”, diz.
“Muita gente morreu, meus colegas de coração mesmo, de quem eu gostava muito. A gente brincava no recreio”, conta. “Se não fosse aquele policial ali, estava todo mundo morto”, afirma, referindo-se ao sargento Márcio Alexandre Alves, do Batalhão de Polícia Rodoviária.
Avisado por um aluno ferido que conseguiu escapar do ataque, ele foi o primeiro a chegar à escola e baleou o atirador Wellington Menezes de Oliveira, que em seguida se suicidou.
Natália da Silva Braga (foto), de 12 anos, veio deixar flores para as amigas que morreram. “Pensei que ia morrer, que todo mundo ia morrer”, conta. Passou a primeira noite após o ataque revivendo os acontecimentos. “Não conseguia dormir pensando em cada coisa que se passava, no sangue nas escadas.”
O carteiro Hercilei Antunes, de 44 anos, passou o dia na porta de sua casa, imediatamente oposta à da escola, de onde costuma acompanhar a gritaria das crianças na hora do recreio.
Nesta sexta-feira, porém, o silêncio que vinha da escola fechada só aumentava a sensação de vazio. “O som dos tiros ainda parece que está dentro do ouvido da gente”, diz Hercilei, pai de uma aluna de dez anos que estava tendo aulas no terceiro andar durante o ataque.
“Ela está muito abalada. A gente conversa, abraça muito, faz carinho. Mas uma coisa assim é muito difícil de apagar”, diz ele, afirmando ter passado a noite em claro.
A prefeitura colocou atendimento psicológico à disposição das famílias ao lado a escola, mas a representante de uma associação de moradores reivindica que o serviço vá diretamente à casa das crianças.
“As crianças não querem vir para perto da escola porque estão com medo”, disse Claudia Bezerra, da Associação de Moradores de Carundé, de onde morreram três crianças. “É um sacrifício trazê-las para cá.”
Mas para Tania Silvia Reis Bley, de 44 anos, afastar-se da escola não é uma opção - ela mora na rua do lado, e agora procura confortar o filho único, Renan, que não quer comer nem sair de casa.
“As meninas que morreram eram da sala dele. Ele está muito nervoso”, diz ela, que não sabe dizer se o filho vai querer continuar na escola. “Ele sempre estudou aqui. Mas não pode forçar. Tem que deixar ele fazer o que o coraçãozinho dele manda. Deixar agora na mãozinha dele, para ele não sofrer”, diz.
Colegas de escola das 12 crianças mortas por um atirador na Escola Municipal Tasso da Silveira reconheceram em conversas com a BBC Brasil que estão tendo dificuldade em superar o trauma da tragédia.
“Os amigos e a família ficam vindo falar comigo, mas depois desse ocorrido eu só quero ficar quietinha”, diz Juliane Calado Leonardo, de 14 anos, aluna do 9º ano. “O que mais me dói é que vi as coisas acontecendo, mas não pude ajudar.”
Ela diz que vai ser um trauma voltar para a escola, mas vai ter que continuar. “Tenho que ajudar os meus colegas, que perderam muitos amigos.”
“Foi um momento de terror. Parecia que os tiros estavam em cima da nossa cabeça”, lembra ela, que foi à escola nesta sexta-feira para conferir os horários dos enterros listados no portão de entrada. Pretendia ir ao de duas amigas.
Marcos Vinícius dos Santos França (foto), de 12 anos, também não se imagina voltando para as mesmas salas de aula. “Não estou a fim não. Pedi para a minha mãe me colocar em outra escola, que eu não aguento mais essa, não”, diz.
“Muita gente morreu, meus colegas de coração mesmo, de quem eu gostava muito. A gente brincava no recreio”, conta. “Se não fosse aquele policial ali, estava todo mundo morto”, afirma, referindo-se ao sargento Márcio Alexandre Alves, do Batalhão de Polícia Rodoviária.
Avisado por um aluno ferido que conseguiu escapar do ataque, ele foi o primeiro a chegar à escola e baleou o atirador Wellington Menezes de Oliveira, que em seguida se suicidou.
Natália da Silva Braga (foto), de 12 anos, veio deixar flores para as amigas que morreram. “Pensei que ia morrer, que todo mundo ia morrer”, conta. Passou a primeira noite após o ataque revivendo os acontecimentos. “Não conseguia dormir pensando em cada coisa que se passava, no sangue nas escadas.”
O carteiro Hercilei Antunes, de 44 anos, passou o dia na porta de sua casa, imediatamente oposta à da escola, de onde costuma acompanhar a gritaria das crianças na hora do recreio.
Nesta sexta-feira, porém, o silêncio que vinha da escola fechada só aumentava a sensação de vazio. “O som dos tiros ainda parece que está dentro do ouvido da gente”, diz Hercilei, pai de uma aluna de dez anos que estava tendo aulas no terceiro andar durante o ataque.
“Ela está muito abalada. A gente conversa, abraça muito, faz carinho. Mas uma coisa assim é muito difícil de apagar”, diz ele, afirmando ter passado a noite em claro.
A prefeitura colocou atendimento psicológico à disposição das famílias ao lado a escola, mas a representante de uma associação de moradores reivindica que o serviço vá diretamente à casa das crianças.
“As crianças não querem vir para perto da escola porque estão com medo”, disse Claudia Bezerra, da Associação de Moradores de Carundé, de onde morreram três crianças. “É um sacrifício trazê-las para cá.”
Mas para Tania Silvia Reis Bley, de 44 anos, afastar-se da escola não é uma opção - ela mora na rua do lado, e agora procura confortar o filho único, Renan, que não quer comer nem sair de casa.
“As meninas que morreram eram da sala dele. Ele está muito nervoso”, diz ela, que não sabe dizer se o filho vai querer continuar na escola. “Ele sempre estudou aqui. Mas não pode forçar. Tem que deixar ele fazer o que o coraçãozinho dele manda. Deixar agora na mãozinha dele, para ele não sofrer”, diz.
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