Jornalista conviveu com jesuítas |
Paulo Francis teve uma educação formal fortemente católica. Ele fez o fundamental no Colégio de São Bento e o secundário no Colégio Santo Inácio — ambos tradicionais estabelecimentos de ensino do Rio de Janeiro.
Anos depois Francis diria que a convivência com os beneditinos e, principalmente, com os jesuítas, contribuiu para que se tornasse ateu.
Ao ser entrevistado em outubro de 1994 no programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, Francis afirmou que não havia “a menor possibilidade” de ele voltar a acreditar em Deus. “Tudo o que você tem de científico demonstra que Deus não existe”, afirmou.
Franz Paul Trannin da Matta Heilborn — o nome de batismo de Paulo Francis — nasceu no Rio no dia 2 de setembro de 1930 e morreu em 4 de fevereiro de 1997 em Nova Iorque.
Paulo Francis estudou na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil e literatura na Universidade de Columbia (EUA), mas não se formou em nenhuma.
Ele foi o mais polêmico jornalista da história recente do Brasil. Nos últimos anos de sua vida, havia leitores que o amavam e os que o odiavam.
A base de sua formação intelectual era trotskista, mas isso não o impediu que se tornasse um conservador e feroz crítico das esquerdas brasileiras, principalmente a petista.
No começo dos anos 50, foi ator e diretor teatro. Fez crítica de teatro para o Diário Carioca. Depois, escreveu para a Tribuna de Imprensa e para o semanário satírico Pasquim durante os anos da ditadura militar — foi o período mais esquerdista de Francis. Em novembro de 1970, ele estava entre os colaboradores do Pasquim que ficaram presos na Vila Militar do Rio.
Escreveu para vários jornais e revistas, notabilizando-se como polêmico na Folha de S.Paulo e depois no Estado de S.Paulo. Também foi correspondente da Rede Globo e um dos integrantes do programa Manhattan Connection, do canal pago GNT.
Em seus textos, Francis mesclava coloquialidade com referências intelectuais, dando destaque para o humor e afirmações contundentes, que costumavam chocar o senso comum. Ele começou a refinar esse estilo na Tribuna da Imprensa. Dizia que o mais importante no texto era o ritmo.
No referido Roda Viva, ele rebateu a argumentação de um perguntador de que a perfeição do universo seria um indício da existência de Deus. “Não existe perfeição nenhuma. É um caos, é uma confusão dos diabos. Você sabia que 97% das estrelas estão mortas, só 3% que estão vivas? Você está vendo é o reflexo, é a lei da relatividade.”
No programa, ele afirmou que São Paulo e Santo Agostino, “os maiores cérebros religiosos”, não acreditavam em Deus. “Pascal passou a vida inteira escrevendo sobre isso”. Blaise Pascal (1623-1662) foi um filósofo e teólogo francês.
“A Igreja Católica fez uma embromação fantástica, usando São Tomás de Aquino e Aristóteles, de modo que passasse a existir um Deus popular”, disse.
Com informação do Roda Viva, entre outras fontes.
Ateus brasileiros famosos
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