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Fanatismo religioso se infiltra nas Forças Armadas dos EUA

por Frank Bruni para The New York Times

O ateu Page não suportou 0
proselitismo na West Point
A carreira política de Bob Kerrey cobriu quatro anos como governador de Nebraska e outros 12 como senador federal por aquele Estado, durante os quais ele disputou seriamente a indicação do Partido Democrata à Presidência. Em todo esse tempo, até onde ele se recorda, ele nunca proferiu o que se tornou um posfácio rotineiro aos comentários políticos: "Deus abençoe a América".

Isso foi deliberado. "Parecia um pouco presunçoso, quando se tem a massa de terra e o talento que temos, pedir por mais", ele me disse recentemente.

Mas havia um motivo adicional para ele não mencionar Deus, tão comumente louvado nos corredores do poder político, um elemento tão predominante no discurso público.

"Eu acho que é preciso ter muito, muito cuidado em manter religião e política separadas", disse Kerrey.

Nós americanos não somos nem um pouco cuidadosos. Em um país que supostamente traça uma linha entre Igreja e Estado, nós permitimos à primeira se intrometer flagrantemente no segundo. A fé religiosa molda o debate das políticas. Ela alimenta as alegações de excepcionalismo americano.

E enche arenas nas quais seu lugar deveria ser cuidadosamente dosado. Um exemplo recente disso provocou minha conversa com Kerrey. Há algumas semanas, um cadete do quarto ano de West Point fez suas malas e partiu, faltando menos de seis meses para se formar, em protesto pelo que retratou como bullying, uma religiosidade discriminatória na academia militar, que é mantida por dinheiro público.

O cadete, Blake Page (na foto acima), detalhou sua queixa em um artigo para The Huffington Post, acusando oficiais na academia de "proselitismo inconstitucional", especialmente do tipo cristão evangélico.

Por telefone no domingo, ele me explicou que alguns deles pediam a presença em eventos religiosos de forma que poderia fazer o cadete se preocupar com as consequências sociais e profissionais de não ir. Um desses eventos foi um café da manhã de oração neste ano, no qual discursaria um general reformado, William G. Boykin. Boykin é um cristão recém-convertido, e antigos comentários dele retratando a guerra ao terror em termos sagrados e bíblicos foram tão extremos que ele foi repreendido em 2003 pelo presidente George W. Bush. Na verdade, seu discurso em West Point enfrentou um protesto tão vigoroso que acabou sendo cancelado.

Page disse que, em outras ocasiões, eventos religiosos foram promovidos por superiores com o tipo de e-mail em massa raramente usado para encontros seculares.

"Era sempre cristão, cristão, cristão", disse Page, que é ateísta.

Mikey Weinstein, que se formou pela Academia da Força Aérea e que preside um grupo de defesa chamado Fundação pela Liberdade Religiosa Militar, me disse que mais de 30 mil membros das forças armadas dos Estados Unidos estiveram em contato com sua organização por preocupação com o fanatismo em suas fileiras.

Mais de 150 deles, ele disse, trabalham ou estudam em West Point. Vários cadetes me disseram em entrevistas por telefone que não fiéis na academia podem de fato se sentir desconfortáveis, e que bênçãos em eventos supostamente não religiosos se referem a "Deus, Nosso Pai" de um modo que certamente não respeita todas as fés.

Nós temos Deus em nossos dólares, Deus em nosso juramento de fidelidade, Deus em nosso Congresso. No ano passado, a Câmara arrumou tempo para votar, 396 a 9, a favor de uma resolução reafirmando "Em Deus confiamos" como nosso lema nacional. Algo extremamente desnecessário, a menos que eu tenha perdido alguma iniciativa insurrecionista visando mudar o lema para "Anime-se, Belzebu" ou "Renda-se, Dorothy".

Nós temos Deus em nossas escolas públicas, algumas das quais se agarram ao criacionismo, e tivemos grandes candidatos presidenciais —Rick Perry, Michele Bachmann, Rick Santorum — que usam Deus de modo geral e o cristianismo em particular como base de suas campanhas. A ausência inicial de Deus na plataforma do Partido Democrata na metade do ano provocou mais ultraje entre os americanos do que o massacre na Síria jamais provocará.

Os desejos de Deus são citados nos esforços para negar aborto a mulheres estupradas e casamentos civis para casais de mesmo sexo. Em nosso país, Deus não apenas tem um lugar à mesa. Ele ou Ela é o anfitrião do jantar carregado de oração.



E há muito pouco reconhecimento de que Deus não é apenas um motor potente de altruísmo, misericórdia e consolo, mas também, em alguns casos, um instrumento divisor e repressivo; que religiosidade não é pré-requisito para patriotismo; e que alguém como Page merece tanto respeito quanto um crente.

Kerrey rotula a si mesmo como agnóstico, mas disse que um político ativo poderia escapar impune com isso apenas se ele ou ela não "se envolvesse em uma conversa sobre o risco da religião" ou anunciasse alguma dúvida ou inquietude espiritual.

"Se você falar abertamente sobre suas dúvidas", ele disse, "você pode se meter em apuros".

Para mim, isso não soa nem um pouco como liberdade religiosa

Ateu desiste da West Point por causa de proselitismo religioso
dezembro de 2012

Intolerância religiosa no mundo

Comentários

Ruggero70 disse…
O lado bom dessa situação toda é que há muita gente se insurgindo contra esse proselitismo fascista, coisa impensável há alguns anos. Que Page e Kerrey sejam só a 'ponta do iceberg' nessa luta contra esse 'macarthismo religioso'.
Entendo que neo-ateus acham que o mundo deve ser tão subjetivo quanto as bobagens ue pensam no banheiro, mas deveraims e ater um pouquinho a realidade.

Um exército ateista é a coisa mais mole que existiria. Haveria insubordinações ( ateus não aceitam autoridade maior que o umbigo deles), pedidos de baixas ao menor problema ( o bem estar material próprio é mais importante que qualquer outra coisa ), só sobrariam os ateus psicopatas, porque ateus não iam se alistar ( recusa em cumprir um sentido objetivo do exército ) , porque os psicopatas ficariam no exército porque simplesmente gostam de matar.

Assim como na sociedade atual, a motivação de um exército ateista seria a pura subjetividade.
Anônimo disse…
Vai meu filho vai pra guerra que seu deus lhe protege.
Esta frase é ditada dos dois lados da trincheira
Unknown disse…
mas que tempestade de fezes de abutre, véio cantar noutra freguesia pondelette.
francioalmeida disse…
Sou Militar e sou e como eu existe vários. Generalizar e coisa de sua cabeça.
francioalmeida disse…
Sou Militar das Forças Armadas e sou ateu e como eu existe vários. A generalização e a incapacidade de um ateu formar um exército está só na sua cabeça. Não sei o quanto você sabe sobre a motivação, mas pelo seu discurso é bem limitado, uma motivação não vem só da fé religiosa, essa motivação em exército existe em países teocráticos e não é universal em todos os exércitos e nem mesmo maioria, a motivação por ideal político, de causa ou o puro patriotismo é visto até mesmo no exército americano. Talvez por ser civil sua ignorância no assunto pode ser justificada.
Anônimo disse…
Paulo Lopes, eu assino o seu facebook mas não estou conseguindo fazer nenhum comentário lá. Gostaria de saber se os assinantes estão impedidos de comentar?
Motta disse…
A religião é merda pura.
Ricardo disse…
Esse Albert cagou pela boca! Nada do que ele falou faz sentido! De onde ele tirou que ateu é mais insubordinado, materialista e psicopata que um cristão???
Anônimo disse…
Hahahahahahha, acho que foi a maior escrotice que já li o que o Albert falou. Que retardado!
Anônimo disse…
retardado*
Anônimo disse…
Que cachoeira de fezes. Achismos de um crentalhão retardado.
carlosqevedo disse…
como sabiamente afirmou o escritor Eduardo Galeano: os jovens não deveriam ser presos por se recusarem a prestar o serviço militar obrigatório, preso deveriam ser os que querem fazê-lo. Alguém conhece bicho mais sem opinião e submisso que militar? vivem prestando reverências na forma de continências obrigatórias pra massagear o ego de outros militares ditos superiores, marcham nos quartéis como marionetes, levando sermões dos ditos superiores, e tudo por salário, como prostitutas o fazem por dinheiro. o militarismo da forma como é feito no Brasil é apenas a INSTITUCIONALIZAÇÃO do puxa-saquismo, da bajulação, afinal é difícil saber se um militar é mais baba-ovo que omisso ou o contrário. Raça de parasitas, como diria o Geraldo Vandré: ... Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição, a morrer pela pátria e a viver sem razão...
Imaginem que terreno fértil para o proselitismo religioso a denominada caserna, pessoas submissas à qualquer autoridade constituída, lugar onde o puxa-saquismo é recompensado e chamado de disciplina...
Anônimo disse…
Paulo Lopes, você poderia fazer uma postagem sobre a religião nas Forças Armadas brasileiras.

Existem militares, concursados ou temporários, com funções/especialidades religiosas. Não seria inconstitucional existir um capitão-padre ou um coronel-pastor? Eles são chamados de capelães.

Um outro ponto é que eles obrigam, de vez em quando, a comparecer em eventos religiosos e nem perguntam se a pessoa é de outra religião, é agnóstica ou atéia. É o chamado "ato de serviço". Quem se nega a ir pode ser penalizado pelo Código Penal Militar (talvez, conforme o comandante) ou pelos Regulamentos Disciplinares (com certeza).
Paulo Lopes disse…
Coloquei o assunto na minha pauta. Abs.

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