Cientista não apoia o proselitismo ateísta
Quanto a isso, disse, a religião tem utilidade. Mas acrescentou ser “ridículo” o uso da religião para explicar grandes questões da ciência, como a origem dos cosmos e da vida.
“Parece-me um pouco estranho ter de atrelar uma crença à origem dos cosmos”, disse ele em entrevista à publicação americana Charleston City Paper.
Afirmou que acredita “apaixonadamente” na verdade científica. “[Ela] é tão maravilhosa, fascinante e intrigante, que vale a pena fazer proselitismo sobre ciência”, disse.
Ele admitiu que esse proselitismo muitas vezes resulta em outro proselitismo, o do ateísmo. Disse que as pessoas podem fazer o que querem, mas não apoia o proselitismo ateísta do jeito que as Testemunhas de Jeová ou mórmons pregam a sua crença, invadindo o domicílio e a privacidade das pessoas para perguntar: “Você está salvo?”
“Eu escrevo os meus livros e os coloco à venda, e as pessoas podem lê-los se quiserem”, disse. “Felizmente, tem sido grande o número de leitores.”
Dawkins afirmou que, a exemplo das pessoas religiosas, todo mundo têm necessidade de construir uma comunidade onde haja interação, o que ocorre não só nas igrejas, mas também em reuniões festivas e esportivas, nas palestras, no amor paternal e amor sexual.
Por isso não lhe agrada a formação de grupos como a “igreja ateísta” que foi aberta em Londres. “Eu não vejo a necessidade disso, mas, se as pessoas querem, por que não?”
Dawkins comentou o paradoxo desse país ter uma Constituição fundada no secularismo e ser ao mesmo tempo o mais religioso do Ocidente. Já na Europa, afirmou, o paradoxo é inverso: a religião se consolidou lá ao longo do tempo, mas é onde a sociedade é atualmente mais secularizada.
Charleston City Paper deu destaque, no título da entrevista, à afirmação de Dawkins de que ele acha que é “um cristão cultural”, ou seja, está inserido em uma cultura cristã, no mesmo sentido em que há judeu ateu, que acredita ser parte da tradição judaica.
Dawkins diz que ninguém é obrigado a ler seus livros |
> Com informação do Charleston City Paper.