Pular para o conteúdo principal

Supremo dos EUA decidirá se reunião oficial pode ter oração

por João Ozorio de Melo
para Consultor Jurídico

Muitos americanos discordam das
reuniões que começam com orações
Apesar de entendimentos de que Estados Unidos estão entre os primeiros países do mundo a adotar a doutrina política e jurídica da separação Igreja-Estado, essa é uma questão que não está bem resolvida nos meios políticos do país. E, repetidamente, é interpretada de formas diversas nos tribunais. Por isso, a Suprema Corte dos EUA aceitou entrar nesse assunto. A corte vai decidir, especificamente, se reuniões governamentais podem se iniciar com orações — uma prática comum há mais de dois séculos, com a qual muitos americanos não concordam, porque defendem o secularismo do Estado, de acordo com o USA Today, The Washington Post e outras publicações.

A Constituição dos EUA não menciona textualmente a separação entre Igreja e Estado. A Primeira Emenda à Constituição estabelece apenas: "O Congresso não fará nenhuma lei com respeito a um estabelecimento de religião ou proibindo seu livre exercício". Esse texto constitucional foi importado de uma carta de Thomas Jefferson, em 1802. Ao final dessa sentença, Thomas Jefferson escreveu que era preciso construir "um muro de separação entre a Igreja e o Estado". A sentença foi citada pela primeira, pela Suprema Corte dos EUA, em 1878. No entanto, a ideia só se fortaleceu em 1947, através de uma decisão judicial.

Não totalmente, porém. Vez ou outra, os tribunais discutem em ou outro caso, que pode envolver questões óbvias, como a colocação de uma cruz em um morro de uma cidade ou no saguão de algum tribunal e orações nas escolas e em eventos públicos. Outras não tão óbvias, como a proibição de ensinar nas escolas a teoria da evolução, que contraria os ensinamentos bíblicos.

No caso específico, colocado perante a Suprema Corte, duas cidadãs de Greece (Grécia), no estado de Nova York, processaram o conselho municipal por, insistentemente, iniciar suas reuniões com orações cristãs, conduzidas por clérigos cristãos convidados. As demandantes consideram a prática ofensiva para os não cristãos e alegam que ela viola a Constituição dos EUA. Um tribunal de recursos do Estado concordou com esses argumentos no ano passado.

O caso foi levado à Suprema Corte pela Alliance Defending Freedom (Aliança em Defesa da Liberdade, em tradução livre), um grupo cristão sem fins lucrativos do Arizona, com menções de apoio de 49 deputados federais, a maioria republicana, e 18 procuradores-gerais de Estados. "Um grupo de pessoas não pode extinguir uma tradição da nação, simplesmente porque ouvem alguma coisa da qual não gostam [as orações]", declarou aos jornais o advogado da entidade Brett Harvey.

As cidadãs de Greece Susan Galloway e Linda Stephens são representadas, por sua vez, pelo grupo Americans United for Separation of Church and State (Americanos Unidos pela Separação entre Igreja e Estado, em tradução livre), de Washington D.C. "Um conselho municipal não é uma igreja e não deve agir como se fosse uma", disse o diretor-executivo da entidade, o reverendo Barry Lynn. "O governo não pode servir a todos na comunidade, quando endossa uma fé em detrimento de outras. Isso manda uma mensagem clara de que pessoas que pertencem a outra religião ou a nenhuma são cidadãos de segunda classe", ele declarou.

Um ponto em que as duas partes concordam se relaciona à esperança de que a Suprema Corte tome uma decisão bem mais ampla do que o caso do conselho municipal de Greece sugere. Há muitas diferenças nas opiniões dos tribunais de instâncias inferiores, que devem ser resolvidas. Além disso, a questão tem muitas implicações, que precisam ser esclarecidas, no dia a dia das escolas e em eventos públicos.






Estado brasileiro ainda não é totalmente laico
maio de 2013

Religião no Estado laico

Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Líder religioso confirma que atirador foi da Testemunhas de Jeová

O superintendente do Circuito Rio de Janeiro-07 da Testemunhas de Jeová, Antônio Marcos Oliveira, confirmou ao UOL que Wellington Menezes de Oliveira, o atirador do Realengo, frequentou um templo da religião na Zona Oeste da cidade. Casa do atirador tinha publicações da TJs O líder religioso procurou minimizar esse fato ao ressaltar que Wellington foi seguidor da crença apenas no início de sua adolescência. Ele não disse até que ano Wellington foi um devoto. Na casa do atirador, a polícia encontrou várias publicações editadas pela religião. (foto) Essa foi a primeira manifestação da TJs desde que Wellington invadiu no dia 7 de abril uma escola e matou 12 estudantes e ferindo outros. Oliveira fez as declarações em resposta a um ex-TJ (e suposto amigo do atirador) ouvido pelo UOL. Segundo esse ex-fiel, Wellington se manteve na religião até 2008. Por essa versão, Wellington, que estava com 23 anos, permaneceu na crença até os 20 anos. Ou seja, já era adulto, e não um pré-ad

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Valdemiro pede 10% do salário que os fiéis gostariam de ter

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Maioria jamais será ateia nem fiel da Iurd, diz padre Marcelo

Para Rossi, Deus não reconhece casal de gays como família O jornal Correio da Manhã, de Portugal, perguntou ao padre Marcelo Rossi (foto): - O que o assustaria mais: um Brasil que deixasse de crer em Deus ou um Brasil crente em que a Iurd fosse maioritária? A resposta foi enfática: - Não acredito que isso possa acontecer. Nunca. O Brasil não vai deixar que isso aconteça. Rossi foi evasivo ao responder se está ou não preocupado com o avanço no Brasil dos evangélicos protestantes. “Há igrejas e igrejas”, disse. “Uma coisa são as igrejas tradicionais evangélicas e outra são as seitas.” O padre foi entrevistado por Leonardo Ralha a propósito do lançamento em Portugal do seu livro 'Ágape'. Ele disse ter ficado surpreso com das vendas do livro no Brasil – mais de sete milhões de exemplares, contra a expectativa dele de um milhão. Atribuiu o sucesso do livro à sua tentativa de mostrar às pessoas um resumo dos dez mandamentos: “amar a Deus sobre todas as

Secretaria do Amazonas critica intolerância de evangélicos

Melo afirmou que escolas não são locais para mentes intolerantes Edson Melo (foto), diretor de Programa e Políticas Pedagógicas da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas, criticou a atitude dos 14 alunos evangélicos que se recusaram a apresentar um trabalho sobre cultura africana para, segundo eles, não ter contato com as religiões dos afrodescendentes. “Não podemos passar uma borracha na história brasileira”, disse Melo. “E a cultura afro-brasileira está inclusa nela.” Além disso, afirmou, as escolas não são locais para “formar mentes intolerantes”. Os evangélicos teriam de apresentar em uma feira cultural da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, em Manaus, um trabalho dentro do tema "Conhecendo os paradigmas das representações dos negros e índios na literatura brasileira, sensibilizamos para o respeito à diversidade". Eles se negaram porque, entre outros pontos, teriam de estudar candomblé e reagiram montando uma tenda fora da escola para divu

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Presidente do STJ nega que tenha proibido enfeites de Natal

Pargendler disse que a notícia foi veiculada sem que ele fosse ouvido Com atualização em 14/12/2011  Ari Pargendler (foto), presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), emitiu nota hoje (14/12) negando que tenha proibido a colocação de enfeites de Natal nas dependências desta Corte. A notícia, que agora se revela falsa, foi divulgada no dia 11 pelo jornalista Claudio Humberto, do Jornal do Brasil, com a explicação de que a decisão de Pargendler tinha sido para cumprir a Constituição, que estabelece a laicidade do Estado. Pargendler também desmentiu informação publicada na Folha de S.Paulo segundo a qual ninguém mais poderia usar no STJ “sandálias tipos gladiador” e “calças jeans”. Na verdade, de acordo com a nota do presidente do STJ, a proibição só vale para o uso de chinelos “tipo havaianas”. Com informação do STJ . Liga de Lésbicas do Sul pede a retirada de crucifixos de prédios públicos. outubro de 2011 Religião no Estado laico.

Jornalista defende liberdade de expressão de clérigo e skinhead

Título original: Uma questão de hombridade por Hélio Schwartsman para Folha "Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos"  Disputas eleitorais parecem roubar a hombridade dos candidatos. Se Fernando Haddad e José Serra fossem um pouco mais destemidos e não tivessem transformado a busca por munição contra o adversário em prioridade absoluta de suas campanhas, estariam ambos defendendo a necessidade do kit anti-homofobia, como aliás fizeram quando estavam longe dos holofotes sufragísticos, desempenhando funções executivas. Não é preciso ter o dom de ler pensamentos para concluir que, nessa matéria, ambos os candidatos e seus respectivos partidos têm posições muito mais próximas um do outro do que da do pastor Silas Malafaia ou qualquer outra liderança religiosa. Não digo isso por ter aderido à onda do politicamente correto. Oponho-me a qualquer tentativa de criminalizar discursos homofóbicos. Acredito que clérigos e skinheads devem ser l