"Religiões não ocupam mais o princípio de organização do mundo" |
Discutir as temáticas da laicização e da secularização e seus nexos é a proposta da revista IHU On-Line desta semana. Cientistas políticos, professores de Direito, de Filosofia e outros pesquisadores debatem o tema.
A perda da “convincibiliade dos pilares teológicos” sustenta o início da secularização, afirma Hans Georg Flickinger, Universidade de Kassel, na Alemanha, e da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUCRS.
Para o filósofo Fernando Catroga, Universidade de Coimbra, a Modernidade foi o momento forte de afirmação da secularização. As “religiões civis” plasmam-se em práticas simbólicas que visam, na expressão de Rousseau, “santificar o contrato social”.
Yves Charles Zarka, Universidade Paris Descartes, acentua que a religião não ocupa mais o princípio de organização do mundo. Contudo, não se pode falar de uma “saída da religião”, algo propalado nos meios intelectuais parisienses.
No ponto de vista de Pablo Holmes, Universidade de Brasília – UnB, não podemos mais pensar em termos de sociedades tradicionais e modernas, pois a sociedade mundial é “única, secular e moderna”.
De acordo com Inácio Helfer, professor do PPG em Filosofia da Unisinos, há um nexo entre a secularização e o comunitarismo no entendimento de que a comunidade dos crentes passa a ter pouco ou nenhum papel na estrutura política estatal. Mas não é isso que ocorre no Brasil contemporâneo, pondera.
Para a doutoranda em Filosofia Taís Silva Pereira, um Estado laico não é sinônimo de anti-religiosidade, da mesma forma como a busca pelo sagrado não tem uma vinculação direta com as instituições religiosas.
Para Jorge Claudio Ribeiro, PUCSP, a etapa atual do processo de secularização teve início na Europa, sendo impulsionada pela urbanização, a ascensão da burguesia, a revolução comercial e a ocupação das “terras de além mar”. No Brasil, o fenômeno adquire contornos que expressam o tipo de sociedade paradoxal em que vivemos.
Véronique Champeil-Desplats completa o debate examinando o caso do Estado francês, laico, e que desde 1905 não subvenciona nenhum culto.
Com informação do IHU-Online.
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