por Fernanda Tonetto
procuradora do Rio Grande do Sul
Não vou aqui fazer nenhuma crítica à Igreja Católica. Também não falarei dos benefícios da fé ou da amenização dos tormentos que se instalam nos espíritos diante da certeza da morte. Vou falar apenas dos símbolos religiosos nos prédios públicos, resquícios de uma época em que a Igreja Católica era a religião oficial do Estado e que lá foram esquecidos, mesmo quando esse Estado passou a ser laico.
"Brasil permanece na dúvida sobre grande obviedade" |
Retirar os símbolos católicos dos prédios públicos não é sinônimo de uma guerra santa às avessas ou de uma contra-catequização. O Estado apenas considera a existência de outras religiões e não privilegia nenhuma delas: Estado e religião se respeitam mutuamente, mas não se confundem.
Sobre a questão, a PGE/RS, por sua Comissão de Direitos Humanos, enviou ao governador do Estado dois pareceres que tratam sobre o tema. Um deles, o qual firmei, é no sentido de que esses símbolos sejam removidos de ofício; o outro, é para que sejam retirados mediante solicitação do administrado.
Em muitos países, o assunto está sedimentado: se o Estado é laico, os prédios públicos não possuem símbolos religiosos. A conclusão é de uma clareza solar. Em país cuja história tem alguns séculos de atraso, os debates também são proporcionalmente retrógrados: no Brasil permanece a dúvida sobre tamanha obviedade.
Este artigo foi publicado originalmente no Zero Hora.
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