Pular para o conteúdo principal

TV Brasil desafia Estado laico ao transmitir missa e culto

por Isabela Vieira
da Agência Brasil

Ministério Público determinou à emissora
estatal que adote a diversidade religiosa
O MPF (Ministério Público Federal) no Rio de Janeiro aprovou recomendação para que a EBC (Empresa Brasil de Comunicação) conclua rapidamente a contratação de programas para a faixa de diversidade religiosa da TV Brasil e suspenda a exibição de missa católica aos domingos e o programa evangélico que vai ao ar aos sábados.

A recomendação foi definida durante audiência pública para discutir a programação religiosa das emissoras de rádio e televisão aberta. Na avaliação do MPF, ao transmitir os programas, a EBC descumpre a Constituição e privilegia apenas duas religiões em detrimento das cerca de 140 identificadas em pesquisa censitária.

“O Artigo 19 da Constituição proíbe qualquer favorecimento a uma religião, em detrimento das outras, e consagra o princípio do Estado laico. Então, há uma irregularidade na veiculação de uma missa católica e um culto evangélico na TV Brasil”, disse o procurador responsável pela recomendação, Sergio Suiama, que acompanha o tema em discussão há três anos.

Durante a audiência pública, o presidente da EBC, Nelson Breve, disse que a previsão é colocar no ar dois novos programas religiosos no fim do primeiro trimestre de 2014. Ele explicou que os programas estão sendo contratados por meio de edital cujo processo de elaboração passou por dificuldade. Depois, por terem atraído poucos interessados, a licitação foi prorrogada.

O presidente da EBC também explicou que os prazos para entrada da faixa religiosa estão em dia agora, mas que, mesmo depois de os novos programas entrarem no ar, como deseja o MPF, a decisão de retirar a missa e culto da grade da TV Brasil caberá ao Conselho Curador, órgão formado por representantes da sociedade civil e responsável por cuidar da linha editoral dos veículos de comunicação da empresa.

“É responsabilidade da EBC colocar os novos programas no ar. Depois, passa para o Conselho Curador [que tem a prerrogativa de aprovar a linha editorial dos veículos da empresa] e para a Justiça [Federal]”, explicou Breve. Ele fez referência à decisão judicial de 2011, em favor de ação movida por organizações religiosas, contra resolução do Conselho Curador, do mesmo ano, de tirar do ar a missa e o culto. Uma comissão do Senado também se posicionou pela continuidade dos programas.

Para assegurar que o conselho mantenha a retirada dos programas da grade, o MPF também informou que pretende trabalhar em conjunto. “São três anos de ilegalidade. Nosso esforço é para que, assim que os novos programa entrem no ar, cumprindo a decisão da Justiça - que preservava o espaço religioso na TV Brasil - as igrejas percam os privilégios”, disse Suiama.

Estão na grade da TV Brasil dois programas religiosos: o "Reencontro", idealizado pelo pastor Nilson do Amaral Fanini, aos sábados, e a "Santa Missa", da Arquidiocese do Rio de Janeiro, aos domingos. A emissora exibe ainda a série da TVE Bahia Liberdade Religiosa, sobre diversas expressões da religião. Ao domingos, a Rádio Nacional de Brasília também transmite missa católica.

O Conselho Curador da EBC promoveu audiência pública, no ano passado, para ouvir os diversos segmentos interessados na questão. Representantes de diferentes credos religiosos não contemplados na programação atual pediram espaço religioso ecumênico nas TVs e rádios do sistema de comunicação pública.





Emissoras públicas não podem ter religião, afirma Sottomaior
março de 2012

 Religião na TV


Comentários

Post mais lidos nos últimos 7 dias

90 trechos da Bíblia que são exemplos de ódio e atrocidade

Veja 14 proibições das Testemunhas de Jeová a seus seguidores

Dawkins é criticado por ter 'esperança' de que Musk não seja tão estúpido como Trump

Tibetanos continuam se matando. E Dalai Lama não os detém

O Prêmio Nobel da Paz é "neutro" em relação às autoimolações Stephen Prothero, especialista em religião da Universidade de Boston (EUA), escreveu um artigo manifestando estranhamento com o fato de o Dalai Lama (foto) se manter neutro em relação às autoimolações de tibetanos em protesto pela ocupação chinesa do Tibete. Desde 16 de março de 2011, mais de 40 tibetanos se sacrificaram dessa dessa forma, e o Prêmio Nobel da Paz Dalai Lama nada fez para deter essa epidemia de autoimolações. A neutralidade, nesse caso, não é uma forma de conivência, uma aquiescência descompromissada? Covardia, até? A própria opinião internacional parece não se comover mais com esse festival de suicídios, esse desprezo incandescente pela vida. Nem sempre foi assim, lembrou Prothero. Em 1963, o mundo se comoveu com a foto do jornalista americano Malcolm Wilde Browne que mostra o monge vietnamita Thich Quang Duc colocando fogo em seu corpo em protesto contra a perseguição aos budistas pelo

Veja os 10 trechos mais cruéis da Bíblia

TJs perdem subsídios na Noruega por ostracismo a ex-fiéis. Duro golpe na intolerância religiosa

Condenado por estupro, pastor Sardinha diz estar feliz na cadeia

Pastor foi condenado  a 21 anos de prisão “Estou vivendo o melhor momento de minha vida”, diz José Leonardo Sardinha (foto) no site da Igreja Assembleia de Deus Ministério Plenitude, seita evangélica da qual é o fundador. Em novembro de 2008 ele foi condenado a 21 anos de prisão em regime fechado por estupro e atentado violento ao pudor. Sua vítima foi uma adolescente que, com a família, frequentava os cultos da Plenitude. A jovem gostava de um dos filhos do pastor, mas o rapaz não queria saber dela. Sardinha então disse à adolescente que tinha tido um sonho divino: ela deveria ter relações sexuais com ele para conseguir o amor do filho, e a levou para o motel várias vezes. Mas a ‘profecia’ não se realizou. O Sardinha Jr. continuou não gostando da ingênua adolescente. No texto publicado no site, Sardinha se diz injustiçado pela justiça dos homens, mas em contrapartida, afirma, Deus lhe deu a oportunidade de levar a palavra Dele à prisão. Diz estar batizando muita gen

Proibido o livro do padre que liga a umbanda ao demônio

Padre Jonas Abib foi  acusado da prática de  intolerância religiosa O Ministério Público pediu e a Justiça da Bahia atendeu: o livro “Sim, Sim! Não, Não! Reflexões de Cura e Libertação”, do padre Jonas Abib (foto), terá de ser recolhido das livrarias por, nas palavras do promotor Almiro Sena, conter “afirmações inverídicas e preconceituosas à religião espírita e às religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé, além de flagrante incitação à destruição e ao desrespeito aos seus objetos de culto”. O padre Abib é ligado à Renovação Carismática, uma das alas mais conservadoras da Igreja Católica. Ele é o fundador da comunidade Canção Nova, cuja editora publicou o livro “Sim, Sim!...”, que em 2007 vendeu cerca de 400 mil exemplares, ao preço de R$ 12,00 cada um, em média. Manuela Martinez, da Folha, reproduz um trecho do livro: "O demônio, dizem muitos, "não é nada criativo". (...) Ele, que no passado se escondia por trás dos ídolos, hoje se esconde no

Profecias de fim do mundo

O Juízo Final, no afresco de Michangelo na Capela Sistina 2033 Quem previu -- Religiosos de várias épocas registraram que o Juízo Final ocorrerá 2033, quando a morte de cristo completará 2000. 2012 Quem previu – Religiosos e teóricos do apocalipse, estes com base no calendário maia, garantem que o dia do Juízo Final ocorrerá em dezembro, no dia 21. 2011 Quem previu – O pastor americano Harold Camping disse que, com base em seus cálculos, Cristo voltaria no dia 21 de maio, quando os puros seriam arrebatados e os maus iriam para o inferno. Alguns desastres naturais, como o terremoto seguido de tsunami no Japão, serviram para reforçar a profecia. O que ocorreu - O fundador do grupo evangélico da Family Radio disse estar "perplexo" com o fato de a sua profecia ter falhado. Ele virou motivo de piada em todo o mundo. Camping admitiu ter errado no cálculo e remarcou da data do fim do mundo, que será 21 de outubro de 2011. 1999 Quem previu – Diversas profecias

Santuário Nossa Senhora Aparecida fatura R$ 100 milhões por ano

Basílica atrai 10 milhões de fiéis anualmente O Santuário de Nossa Senhora de Aparecida é uma empresa da Igreja Católica – tem CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) – que fatura R$ 100 milhões por ano. Tudo começou em 1717, quando três pescadores acharam uma imagem de Nossa Senhora no rio Paraíba do Sul, formando-se no local uma vila que se tornou na cidade de Aparecida, a 168 km de São Paulo. Em 1984, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) concedeu à nova basílica de Aparecida o status de santuário, que hoje é uma empresa em franca expansão, beneficiando-se do embalo da economia e do fortalecimento do poder aquisitivo da população dos extratos B e C. O produto dessa empresa é o “acolhimento”, disse o padre Darci José Nicioli, reitor do santuário, ao repórter Carlos Prieto, do jornal Valor Econômico. Para acolher cerca de 10 milhões de fiéis por ano, a empresa está investindo R$ 60 milhões na construção da Cidade do Romeiro, que será constituída por trê