Vereador pediu a exoneração de Renata Ghiggi por ela falar de sua descrença no Facebook |
“Nunca agredi quem pensa diferente de mim”, dissse. “E não estou obrigando ninguém a ser ateu.”
Na sessão do dia 14 de fevereiro, o vereador Alex Dotti (PMDB) ocupou a tribuna do plenário para pedir a exoneração de Ghiggi do cargo, a troca dela “urgente”, porque, disse, “a cidade de Antônio Prado é uma cidade de fé”.
Para o vereador, “quem não acredita em Deus pode não acreditar, mas não deve divulgar”.
Dotti cometeu crime de discriminação religiosa e pode, por isso, ser acionado pelo Ministério Público Estadual para se explicar.
O preconceito do vereador contra ateus vem tendo forte repercussão nas redes sociais e imprensa nacional. Dotti tem se recusado a falar sobre o assunto com jornalistas.
Valdicir Viali (PTB), presidente da Câmara, informou que não haverá exoneração de Ghiggi.
A assessora estava na Câmara no dia em que Dotti pediu a sua cabeça. Ela disse ter ficado “chocada”, porque não esperava que Dotti “fosse levantar isso em uma sessão”.
O vereador já tinha entrado no Face de Ghiggi e lá ter discutido sobre o fato dela ser ateia. “Ele [o vereador] entrou na discussão, nos comentários da postagem [sobre questionamento da existência de Deus], e a conversa passou a ficar de baixo nível. Aí começou a história.”
Na tribuna, naquela sessão, Dotti afirmou ter resolvido falar sobre o ateísmo da Ghiggi porque ela no ano passado tinha tirado o crucifixo do plenário quando ali compareceram crianças para uma atividade.
Ela confirmou que removeu o crucifixo porque o Estado é laico e, por isso, não pode privilegiar nenhuma religião. “Na época, eu estava trabalhando com crianças, falando sobre política com elas. Como ia falar do crucifixo na Casa do Povo?”. Algum tempo depois, o símbolo dos católicos voltou a ser exposto no plenário.
"Eu nunca agredi quem pensa diferente de mim e não estou obrigando ninguém a ser ateu, disse Ghiggi. “Mas entendo que a Câmara deve ser laica.
Ela falou que começou a questionar a existência de Deus quando era criança, quando a religião lhe foi imposta.
"Aprendi que tinha de rezar para Deus não me castigar, aprendi que tinha que fazer as coisas certas porque senão Deus não ia me recompensar. Com 12, 13 anos, comecei a me questionar, buscar conhecer outras religiões. No fim das contas, não concordava com nenhuma. Não acredito em Deus, realmente, não sou agnóstica, não tenho dúvidas."
Com informação do G1, entre outras fontes, e foto de divulgação.
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Vereador pede exoneração de assessora por ela ser ateia
março de 2014
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