Cerca de 80% das ações terroristas ocorrem em nome do profeta |
por Matteo Matzuzzi
para Il Foglio
"Os imãs dizem que não devemos confundir os terroristas com o Islã, que, em vez disso, é uma religião que prega a paz e a não violência. Fácil demais assim, pouco demais", diz o padre Samir Khalil Samir, jesuíta nascido no Egito, que viveu no Líbano, professor da Université Saint-Joseph de Beirute, e do Pontifício Instituto Oriental de Roma, considerado um dos maiores islamólogos vivos.
"Não podemos nos desculpar desse modo, e, enquanto ouvirmos repetir por parte dos doutos muçulmanos o costumeiro refrão, nada vai mudar." Os imãs, em primeiro lugar, explica o nosso interlocutor, "deveriam se distanciar daqueles que entram em uma redação de jornal com os fuzis apontados, dizendo que são terroristas que querem reconquistar o mundo para o Islã. Em vez disso, eles não o fazem, não assumem que ao menos 80% das ações terroristas no planeta ocorrem em nome do profeta".
A questão fundamental é que, "no Alcorão, há violência, ao contrário do Evangelho. Quando os muçulmanos conquistaram a Terra Santa, passaram a fio de espada os infiéis", é um fato. É aqui que deve começar o trabalho dos imãs, chamados a "explicar que uma coisa é o texto escrito que ninguém quer tocar, outra coisa é a interpretação dessas frases.
Tomemos o Antigo Testamento, que contém passagens de uma violência sem precedentes", acrescenta o padre Samir: "A Igreja, em dois mil anos, soube ensinar como interpretar as Escrituras, caso contrário, ainda deveríamos levar ao pé da letra os versículos sobre o Deus dos exércitos e das crianças jogadas contra as rochas. Todas as civilizações conheceram essa fase, mas a superaram. O Islã não".
São muito poucos, professores universitários intelectualmente crescidos no Ocidente, aqueles que tentaram contextualizar aos tempos atuais o ditado corânico. Os outros, a maioria, "não ousam fazê-lo".
O que serviria por parte da comunidade muçulmana, explica o padre Samir, é "uma saudável autocrítica, mas não a fazem, calam-se quando, em nome do Islã, é cometido algo contra os outros. Então, é inútil dizer que eles se sentem oprimidos e inferiores. Em parte, é verdade, mas o que eles fazem para mudar essa condição? Nada. Não é o Ocidente que os colocou nessa situação, mas eles são os únicos que se enfiaram aí, arruinando a reputação de todos os muçulmanos que desejam apenas viver em paz com todos".
Em suma, diz o islamólogo, "não se pode aceitar que aqueles que vêm ao Ocidente queiram impor o seu próprio sistema de regras. A integração pressupõe a aceitação da cultura das populações acolhedoras, a adoção dos hábitos desse povo, até mesmo diferente dos seus. Porque só assim essas pessoas estarão prontas para acolher e ajudar. O debate face a face não serve de nada, o diálogo verdadeiro pressupõe a disponibilidade, sim, para ouvir, mas também para se adequar ao outro".
Hoje, no entanto, "o diálogo consiste nos muçulmanos que, em primeiro lugar, lembram que são mais de um bilhão e meio no planeta e que, se houver algum atentado, é porque se encontram em condições sociais difíceis. Pois bem, não é que os chineses estejam em condições muito melhores, mas não jogam granadas".
Ao contrário, os islâmicos não fazem isso, fecham-se em comunidades restritas e alimentam o medo. Coisa óbvia, neste ponto, diz Samir: "Muito cometeram atos terroristas em nome do deus islâmico – para eles, existe apenas 'Alá', não o chamam de Deus, nem mesmo quando falam em francês, inglês ou italiano –, e a imagem que o Islã dá de si é totalmente negativa. Apresenta-se como uma religião beligerante, agressiva, atrasada. A única solução é de admitir, por sua parte, que algo está errado no seu próprio agir. Mas eles devem fazer isso".
Em vez disso, eles reagem do modo que se viu contra as caricaturas satíricas de uma revista: "A bomba no turbante de Maomé? Que mal há?", diz o padre Samir, que acrescenta: "Na época, os meus interlocutores muçulmanos definiam isso como inaceitável. No entanto, eles representam Alá com a espada. O Hezbollah o escreve até como se fosse um kalashnikov, de modo que quem o olha e não sabe ler em árabe pensa que esse nome indica justamente a arma".
Não se trata de insultar o Profeta, esclarece o islamólogo: "Só estou dizendo que, se alguém não concorda com uma caricatura, vai ao juiz e se serve da lei desse país. Se a lei não está bem, você é livre para ir embora desse país. Não se pode chegar ao ponto de alguém ser definido como 'ímpio' na própria casa".
"Os imãs dizem que não devemos confundir os terroristas com o Islã, que, em vez disso, é uma religião que prega a paz e a não violência. Fácil demais assim, pouco demais", diz o padre Samir Khalil Samir, jesuíta nascido no Egito, que viveu no Líbano, professor da Université Saint-Joseph de Beirute, e do Pontifício Instituto Oriental de Roma, considerado um dos maiores islamólogos vivos.
"Não podemos nos desculpar desse modo, e, enquanto ouvirmos repetir por parte dos doutos muçulmanos o costumeiro refrão, nada vai mudar." Os imãs, em primeiro lugar, explica o nosso interlocutor, "deveriam se distanciar daqueles que entram em uma redação de jornal com os fuzis apontados, dizendo que são terroristas que querem reconquistar o mundo para o Islã. Em vez disso, eles não o fazem, não assumem que ao menos 80% das ações terroristas no planeta ocorrem em nome do profeta".
A questão fundamental é que, "no Alcorão, há violência, ao contrário do Evangelho. Quando os muçulmanos conquistaram a Terra Santa, passaram a fio de espada os infiéis", é um fato. É aqui que deve começar o trabalho dos imãs, chamados a "explicar que uma coisa é o texto escrito que ninguém quer tocar, outra coisa é a interpretação dessas frases.
Tomemos o Antigo Testamento, que contém passagens de uma violência sem precedentes", acrescenta o padre Samir: "A Igreja, em dois mil anos, soube ensinar como interpretar as Escrituras, caso contrário, ainda deveríamos levar ao pé da letra os versículos sobre o Deus dos exércitos e das crianças jogadas contra as rochas. Todas as civilizações conheceram essa fase, mas a superaram. O Islã não".
São muito poucos, professores universitários intelectualmente crescidos no Ocidente, aqueles que tentaram contextualizar aos tempos atuais o ditado corânico. Os outros, a maioria, "não ousam fazê-lo".
O que serviria por parte da comunidade muçulmana, explica o padre Samir, é "uma saudável autocrítica, mas não a fazem, calam-se quando, em nome do Islã, é cometido algo contra os outros. Então, é inútil dizer que eles se sentem oprimidos e inferiores. Em parte, é verdade, mas o que eles fazem para mudar essa condição? Nada. Não é o Ocidente que os colocou nessa situação, mas eles são os únicos que se enfiaram aí, arruinando a reputação de todos os muçulmanos que desejam apenas viver em paz com todos".
Em suma, diz o islamólogo, "não se pode aceitar que aqueles que vêm ao Ocidente queiram impor o seu próprio sistema de regras. A integração pressupõe a aceitação da cultura das populações acolhedoras, a adoção dos hábitos desse povo, até mesmo diferente dos seus. Porque só assim essas pessoas estarão prontas para acolher e ajudar. O debate face a face não serve de nada, o diálogo verdadeiro pressupõe a disponibilidade, sim, para ouvir, mas também para se adequar ao outro".
Hoje, no entanto, "o diálogo consiste nos muçulmanos que, em primeiro lugar, lembram que são mais de um bilhão e meio no planeta e que, se houver algum atentado, é porque se encontram em condições sociais difíceis. Pois bem, não é que os chineses estejam em condições muito melhores, mas não jogam granadas".
Ao contrário, os islâmicos não fazem isso, fecham-se em comunidades restritas e alimentam o medo. Coisa óbvia, neste ponto, diz Samir: "Muito cometeram atos terroristas em nome do deus islâmico – para eles, existe apenas 'Alá', não o chamam de Deus, nem mesmo quando falam em francês, inglês ou italiano –, e a imagem que o Islã dá de si é totalmente negativa. Apresenta-se como uma religião beligerante, agressiva, atrasada. A única solução é de admitir, por sua parte, que algo está errado no seu próprio agir. Mas eles devem fazer isso".
Em vez disso, eles reagem do modo que se viu contra as caricaturas satíricas de uma revista: "A bomba no turbante de Maomé? Que mal há?", diz o padre Samir, que acrescenta: "Na época, os meus interlocutores muçulmanos definiam isso como inaceitável. No entanto, eles representam Alá com a espada. O Hezbollah o escreve até como se fosse um kalashnikov, de modo que quem o olha e não sabe ler em árabe pensa que esse nome indica justamente a arma".
Não se trata de insultar o Profeta, esclarece o islamólogo: "Só estou dizendo que, se alguém não concorda com uma caricatura, vai ao juiz e se serve da lei desse país. Se a lei não está bem, você é livre para ir embora desse país. Não se pode chegar ao ponto de alguém ser definido como 'ímpio' na própria casa".
Com tradução de Moisés Sbardelotto para o IHU Online.
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