por Fêcris Vasconcelos
para Superinteressante
E se for tudo verdade, do jeitinho que estão nas Escrituras? Há muita gente tentando explicar o inexplicável.
Colin Humphreys é um deles. O doutor e PhD em física e professor titular da Universidade de Cambridge, em seu livro "O Milagre do Êxodo", estuda toda a série de eventos bíblicos no episódio da fuga dos hebreus de sua escravidão no Egito e prevê explicações naturais para que o povo chegasse à terra prometida.
As 10 pragas do Egito
Tudo foi coisa da natureza |
A mão do Senhor sobre o Egito foi lançar as 10 pragas sobre o povo que escravizava os judeus a fim de convencer o faraó Ramsés II de deixar seus escravos partirem para alguns dias de oração.
Segundo Humphreys, as pragas não passaram de uma sequência de acontecimentos naturais, que começa com um surto de algas tóxicas que cresceram no antigo delta do rio Nilo matando peixes e dando à água um aspecto avermelhado e um cheiro insuportável. Por isso, rãs e sapos teriam fugido de seu habitat natural para a vila, gerando a segunda praga. Em seguida, sem predadores - já que os sapos estavam morrendo - moscas começaram a invadir as casas e estábulos, transmitindo doenças que mataram o rebanho - quarta e quinta pragas.
A sexta peste citada pelo Êxodo, as bolhas e os ferimentos que surgiram na pele das pessoas, também teria sido causada por doenças transmitidas pelas moscas.
A chuva de granizo de proporções catastróficas seria, da mesma forma, um evento natural, pura coincidência. Com o solo molhado, gafanhotos encontravam terreno ideal para depositar ovos, o que leva à oitava praga. Com o vento vindo do leste em direção ao Egito, os gafanhotos naturalmente seguiram aquela direção, apavorando os egípcios.
Como explicação para a nona praga, Humphreys acredita em uma particularmente densa tempestade de areia, o que seria comum naquela época do ano, próxima ao mês de março.
A derradeira praga, que convenceria o poderoso faraó a abrir mão de seus escravos por alguns dias foi também a mais cruel. Todos os filhos primogênitos das famílias egípcias - inclusive do faraó - morreram.
Da mesma forma, todos os primogênitos dos animais de corte também. A explicação do livro de Humphreys é que, com o granizo, os alimentos tenham ficado úmidos e gerado o nascimento de um microorganismo altamente tóxico. Como os filhos mais velhos eram privilegiados, foi destinada a eles mais comida - para o azar deles, aquela mesma que ficou envenenada depois da tempestade.
Cruzando o Mar Vermelho
O que houve foi rajada de vento |
A primeira explicação sobre a travessia do Mar Vermelho é que os hebreus o teriam feito através do Golfo de Aqaba, que tem largura máxima de 24 quilômetros. Mesmo assim, andar 24 quilômetros - ou mesmo 24 centímetros - sobre as águas é igualmente difícil.
Segundo a Bíblia, um vento soprou de leste uma noite inteira e o mar se abriu, deixando os judeus passarem. Pela manhã, o mar se fechou novamente, e, para a sorte dos hebreus, bem em cima dos egípcios que os perseguiam.
A explicação para o feito seria o fenômeno chamado wind setdown, durante o qual uma forte rajada de vento começa a soprar e para subitamente horas depois. Seria esse vento o causador do deslocamento da água que permitiu a passagem dos fugitivos. É claro que Humphreys não sabe explicar como tudo aconteceu na hora certa. Para o especialista, "são milagres de timing".
Transformar água salgada em doce
Moisés teria usado um filtro |
A explicação mais próxima para que o local a que os judeus chegaram logo após cruzar o Mar Vermelho tenha sido chamado de Mara é que essa seria originalmente uma palavra em hebraico que quer dizer "água salgada". E foi isso que encontraram, sedentos, após três dias de viagem.
Quando chegaram a um lugar que era conhecido por ter água potável,e encontraram água salgada, se desesperaram. A explicação é que a mesma tempestade que teria aberto o Mar Vermelho teria também carregado minerais para a fonte da água que brota em Mara. Moisés teria colocado um pedaço não de qualquer árvore, mas de acácia, que, queimada, se transforma em carvão vegetal - perfeita para filtrar a água.
Cruzando o Rio Jordão
Deslizamento abriu passagem |
No final da jornada, foi preciso cruzar o rio Jordão, para chegar à Terra Prometida. Já sem Moisés, mas sob a tutela de Josué, seu sucessor, outro milagre aconteceu. O rio parou de correr e os hebreus puderam chegar secos do outro lado.
A explicação seria, de acordo com Humphreys, a seguinte: um deslizamento de terra causado por um terremoto impediu que o rio seguisse seu fluxo e abriu passagem para que todos atravessassem sem problemas. Segundo o pesquisador, o mesmo fenômeno já aconteceu no rio Jordão pelo menos dez vezes, portanto seria uma explicação razoável.
Ressurreição de Lázaro
Amigo de Jesus deveria sofrer de catalepsia |
Lázaro era amigo de Jesus e morreu durante uma viagem do Messias. Quando voltou, Lázaro estava enterrado. Jesus mandou que abrissem a caverna e que Lázaro saísse. E ele saiu. Hipóteses possíveis são a narcolepsia ou a catalepsia. Doenças diferentes, mas com o mesmo efeito: dormir como uma pedra. Com a falta de recursos médicos da época, poderia ser confundido com morte.
Levanta-te e anda
Homem teria esclerose múltipa |
Mesmo sem saber que doença levou o homem a ficar sem andar, é possível levantar algumas hipóteses. Pessoas com esclerose múltipla podem perder os movimentos e melhorar de repente.
Outra possibilidade é a polirradiculoneurite aguda desmielinizante, que ataca o sistema nervoso periférico, com o mesmo efeito. Também é possível que alguém paralisado por conta de uma falta aguda de potássio se recupere repentinamente.
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