Francisco não fez um elogio aos ateus, mas uma crítica aos seus desafetos |
O papa Francisco disse no dia 23 de fevereiro de 2017 que é melhor ser ateu do que cristão hipócrita.
Trata-se de um elogio aos ateus?
Não, porque a intenção do papa foi cutucar a ala mais conservadora da Igreja, que o critica fortemente por ter implementado algumas medidas, como a de permitir que divorciados comunguem.
Posso estar exagerando, mas suponho que Francisco, por não poder se desabar na melhor estilo profano, xingar seus críticos de filhos da puta, por exemplo, ele os colocou abaixo dos ateus.
Não existe ofensa maior aos fanáticos religiosos do que compará-los com ateus.
Os opositores de Francisco devem ter sentido o golpe.
A favor de Francisco, lembro que em outra oportunidade ele citou os ateus positivamente, sem querer usá-los, como aparentemente fez agora, para dar recado aos seus desafetos dentro da Igreja.
Em setembro de 2013, em uma troca de correspondência com um jornalista italiano descrente, ele causou mal-estar dentro da Igreja ao afirmar que os ateus em paz com sua consciência vão para céu, porque Deus, em sua infinita bondade, os perdoa.
Esse, sim, foi um elogio aos ateus, mas inócuo, porque quem não acredita em Deus também não crê em paraíso.
De qualquer forma, ao falar agora que ateus são melhores do que os católicos hipócritas, Francisco foi apenas sensato.
Estranho seria ele dizer que prefere os hipócritas aos ateus.