Época procurou o juiz César Augusto Andrade que condenou a doméstica desempregada Angélica Aparecida Souza Teodoro, 19, por ela ter roubado no dia 16 de novembro de 2005 um pote de manteiga de R$ 3,00. O juiz não quis saber de conversa. Mandou a sua assessoria dizer que ele nem mais se lembra da sentença.
Mas o procurador de acusação no caso, Marcelo L. Barone, recebeu a repórter Ana Aranha. Ele respondeu a cinco perguntas:
Porque Angélica pegou quatro anos?
É a pena mínima por roubo. O que ocorreu não foi só tentativa de furto. Ela ameaçou o dono do supermercado. A imprensa faz sensacionalismo e não distingue os crimes.
Roubo [com agressão] ou furto, não é muito para quem pegou um porte de manteiga para alimentar o filho [de dois anos]?
E a criança ia comer um pote de manteiga? Nunca vi isso. O fato é que ela era temida no bairro por ser prima do Batoré, um marginal que ficou muito tempo na Febem.
Prima do Batoré? E se fosse irmã do Marcola [líder do PCC], a pena seria maior?
Não. Mas a ameaça fica mais real sabendo de quem é parente.
Angélica oferece risco à sociedade?
Talvez não, não a conheço a fundo. Mas quem rouba tem de ficar preso porque é o crime que mais assusta a sociedade. São Paulo vive apavorada com o roubo, e a imprensa quer que deixe passar? Vamos punir com ou sem arma.
Mas a violência não tende a crescer colocando quem rouba comida junto com homicidas e traficantes?
Quem rouba tem de ser encarcerado.
Em março, a doméstica obteve um habeas corpus, mas ela precisa dormir na prisão. Época não dá essa informação.
Comentários
Postar um comentário