Num surpreendente artigo publicado hoje na página de opinião da Folha, o escritor Paulo Coelho (foto) chama o Roberto Carlos de “infantil” por ter recorrido à Justiça para proibir a venda do livro “Roberto Carlos Em Detalhes”, escrito pelo historiador Paulo César Araújo. Acordo judicial impede até que Araújo faça comentários sobre o seu livro.
Escreveu: "Creio que qualquer pessoa em seu juízo normal sabe que, a partir do momento em que sua carreira se torna pública, está exposta a ter sua vida esquadrinhada, suas fotos publicadas, seu trabalho louvado ou enxovalhado pelos críticos. Isso faz parte do jogo e vale para escritores, políticos, músicos, esportistas. Nem sempre essas críticas são justas e, muitas vezes, descambam para ataques pessoais".
Por isso, ele se diz chocado com a atitude infantil de Roberto Carlos, “como se grande parte das coisas que li na imprensa justificando a razão da “invasão de privacidade” já não fosse mais do que conhecida por todos os seus fãs”
Paulo Coelho também foi duro com a editora Planeta, que edita os livros dele no Brasil e em países de língua espanhola, por ter feito o acordo por causa de um “contexto desfavorável”.
"Não adianta o meu editor declarar que fez o acordo "porque o contexto era desfavorável". Ele precisa vir a público explicar qual é esse contexto -ou seja, se estamos falando de calúnia. Neste caso, tem meu apoio integral, pois calúnia é sinônimo de infâmia. Mas, caso contrário, está colaborando para que comece a se criar um sério precedente -a volta da censura."
O escritor também chamou a atenção do autor da biografia: Não entendo por que você, Paulo Cesar Araújo, "se comprometeu a não fazer, em entrevistas, comentários sobre o conteúdo do livro no que diz respeito à vida pessoal do cantor" (Ilustrada, 28/4). Não é apenas o seu livro, cujo destino foi negociado entre quatro paredes, que está em jogo. É o destino de todos os escritores brasileiros neste momento.
O acordo judicial que tirou “Roberto Carlos em Detalhes” de circulação e proibiu o historiador de abrir a boca foi noticiado com displicência pela imprensa. Ninguém deu destaque, ninguém chiou. Bem diferente do que houve em 2005 com Fernando Morais, que teve o seu livro “Na Toca dos Leões” embargado pela Justiça e foi proibido de se manifestar, em decorrência de uma ação movida pelo deputado Ronaldo Caiado, que acusou o escritor de ter inventado algo que ele não falara.
Na época, o caso teve ampla cobertura da imprensa e vários artigos foram publicados contra o que foi chamado de “censura togada”. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) até cogitou de promover manifestações defronte aos Tribunais de Justiça.
Morais recusou-se ao silêncio e o livro por fim foi liberado. O curioso é a editora do “Na Toca dos Leões” é a mesma Planeta.
É possível que Paulo Coelho saiba de detalhes os quais não mencionou. O que se fala é que a Editora Planeta e o historiador Paulo César Araújo teriam recebido de Roberto Carlos uma vantagem financeira para dar o caso por encerrado, em detrimento da liberdade de expressão. Mas isso, ressalto, é especulação.
Vamos ver agora o que os envolvidos têm a dizer sobre o acordo judicial que resultou na censura a um livro.
> Autor de “Roberto Carlos em Detalhes” está proibido de abrir a boca
> Roberto Carlos quer tirar livro de circulação.
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