por Rafael Cariello, da Folha
O catolicismo continua a perder fiéis, especialmente para os protestantes pentecostais, porém a religiosidade do brasileiro permanece altíssima, resultado em grande parte do trabalho de séculos de evangelização empreendido pela Igreja Católica no país.
Pesquisa Datafolha sobre "os brasileiros e a religião" revela que, em 2007, 64% dos entrevistados se declaram católicos, contra 70% em 2002, 72% em 1998 e 74% em 1996. O papa Bento 16, que chega nesta semana a São Paulo, encontrará um país com uma fatia menor de católicos do que aquelas que acolheram seu antecessor, João Paulo 2º, em três visitas ao Brasil (1980, 1991 e 1997).
O levantamento revela, no entanto, que a velocidade de queda da fração de católicos na população brasileira tem diminuído. De acordo com Mauro Paulino, diretor do Datafolha, houve uma queda mais acentuada nos anos 90 na proporção de católicos (de um patamar de 75%, em 94, para outro de 70%, no final do decênio).
No início da década atual, ele diz, a fatia de católicos se estabiliza em torno de 70%. Entre 2003 e 2007, o patamar volta a cair, mas, desta vez, para algo em torno de 66%. "Houve nova queda, mas não tão acentuada quanto a detectada na década anterior", afirma Paulino.
De acordo com o Censo 2000, 74% dos brasileiros eram católicos. Enquanto o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) inclui indivíduos de todas as idades em sua contagem, o Datafolha realiza entrevistas apenas com pessoas maiores de 16 anos.
De acordo com a pesquisa Datafolha de março deste ano, 17% dos brasileiros dizem hoje pertencer a uma religião "evangélica pentecostal", 5% a "evangélica não-pentecostal", 3% se declaram espíritas kardecistas, 1% diz pertencer à umbanda, e 7% declaram não ter religião.
Ao mesmo tempo, 97% dos entrevistados dizem acreditar totalmente que Deus existe. Do total, 86% acredita totalmente que "Maria deu a luz a Jesus, sendo virgem" (o índice é de 88% entre os católicos). E 93% de todos os entrevistados (95% dos que se dizem católicos) disseram crer que "Jesus ressuscitou após morrer na cruz".
"Os dados revelam que, no Brasil, o povo conserva um forte espírito religioso, não acompanhando a secularização radical de outros países", afirma d. Geraldo Majella, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, que encerra agora quatro anos à frente da presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"Isso significa que a primeira evangelização, realizada nos cinco séculos de nossa história, penetrou profundamente na cultura do povo, deixando marcas significativas na identidade das pessoas, na identidade do povo. Permanece um substrato católico no fundo do coração da grande maioria dos brasileiros", afirma ele.
Ocorre que esse "substrato católico" é responsável ao mesmo tempo pela força e pela fraqueza da igreja no país, diz Antônio Flávio Pierucci, sociólogo da USP especializado em religiões (leia texto à pág. 4).
O catolicismo, diz ele, religião tradicional, exige pouco dos fiéis e é "compassivo" com os maus ou pouco praticantes. Esse espírito "materno" do catolicismo, afirma Pierucci, "lhe desguarnece os flancos quando a concorrência aumenta".
Para d. Geraldo, a perda de fiéis se relaciona de algum modo com o "espírito do tempo". "Na cultura moderna, o foco de interesse se desloca para o futuro, enquanto o passado tende a ser desvalorizado. Tudo deve ser novo, inclusive a religião, o que se realiza quando a pessoa passa por um processo de recusa ou de conversão."
De toda forma, o Brasil segue sendo o maior país católico do mundo, em número absoluto de fiéis. Um dos seus traços distintivos é a devoção aos santos. Os pentecostais, por seu turno, se distinguem pela crença da presença do Espírito Santo na vida do fiel, manifestado em "dons" como curas, milagres e mudanças de estilo de vida.
Confirmando a linha de raciocínio de Pierucci, os católicos são os que menos afirmam ter mudado hábitos por causa de sua religião -apenas 9%. São 54% entre os pentecostais e 45% entre os evangélicos não-pentecostais os que declaram já terem mudado algum hábito por causa da fé.
Por outro lado, a pesquisa revela que mais pessoas dizem ir com freqüência à missa ou a serviços religiosos do que se supõe. Entre os católicos, 79% dizem ir à missa pelo menos uma vez por mês; 51% do total pelo menos uma vez por semana.
Para d. Geraldo, esse dado testemunha um "crescimento notável" da "qualidade da adesão" dos católicos à religião no país. "Nos tempos passados, era comum que a grande maioria dos batizados se declarasse católico, mesmo não sendo praticante", ele diz. "Os dados da Folha correspondem à percepção que temos de uma crescente mobilização", afirma o bispo, referindo-se à declaração de maior freqüência nas missas.
Para ele, essa é uma resposta dos católicos ao avanço dos protestantes. "O proselitismo dos pentecostais, especialmente de algumas seitas cujos membros devem dedicar diversas horas semanais para visitar casas à procura de novos fiéis, mudou profundamente a maneira de entender o que significa ser praticante, inclusive para os católicos."
Evangélicos avançam na periferia das metrópoles
Um cinturão protestante envolve as capitais do país: os evangélicos representam 29% da população das franjas das regiões metropolitanas (sete pontos acima da média nacional). Nelas, a proporção de católicos (55%) fica nove pontos abaixo da média nacional.
O que explica o avanço evangélico nas periferias metropolitanas? São regiões carentes de serviços públicos e submetidas a altas taxas de criminalidade, que abrigam populações de baixa renda e baixa escolaridade. O "trânsito religioso" é grande, fazendo com que pessoas crescidas na tradição católica optem por vertentes que prometem cura e salvação imediatas.
"As igrejas pentecostais chegam aonde a Igreja Católica não entra. E estimulam a incorporação de pessoas à sociedade através de diferentes redes de sociabilidade", diz Edlaine de Campos Gomes, da UFRJ.
Corais, grupos de teatro e de oração estão entre essas redes, mas o resultado que os fiéis mais exaltam é a suposta melhoria das finanças e a obtenção de serviços e empregos por meio do convívio com outras pessoas -ou graças às orações, como crêem. "Ao parar de beber, fumar, já há um regramento do orçamento", diz Ronaldo de Almeida, professor da Unicamp e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Ele diz que muitos dos fiéis são "biscateiros, autônomos" e que igrejas como a Universal, em que há um "culto dos empresários", fornecem uma ética para as ações informais, sintetizada na "teologia da prosperidade" -o estímulo à conquista de uma renda maior. "Tinha um espírito devorador que sumia com o dinheiro do meu bolso", diz Hely Fernandes da Silva, 69, há 20 na Deus É Amor.
"Quando fui à igreja, as portas estavam fechadas na minha vida. Levei a carteira de trabalho, orei e, dois dias depois, fui chamada para um emprego", diz a costureira Iara Araújo, 46, que se mudou em 2006, após 18 anos na Universal, para a Igreja Internacional da Graça de Deus. "Para o rico, é muito fácil não ser cristão, porque ele acha que o dinheiro compra tudo. Mas o pobre vai se agarrar em quê se não tiver fé?", diz o caminhoneiro aposentado Reginaldo Apolinário de Lira, 41, da Igreja Pentecostal Nova Vida.
Os pentecostais são numerosos nas categorias com inserção precária no mercado de trabalho e em geral vivem em famílias com renda familiar de até cinco salários (85%). A predominância é de mulheres (57%).
Na comparação, os católicos apresentam uma situação mais estabilizada: têm idade média mais elevada (40 anos, contra 39 dos pentecostais), menor proporção de mulheres (51%), uma renda familiar um pouco maior e presença significativa entre aposentados, empresários, rentistas e funcionários públicos. O grupo mais contrastante é o dos espíritas: 20% têm ao menos superior completo, e 47%, renda familiar acima de cinco salários.
O avanço pentecostal encontra seus limites na melhoria das condições sociais nas periferias. "O futuro evangélico no Brasil não é líquido e certo", diz Marcelo Camurça, professor da UFJF, de Juiz de Fora.
O Sudeste, que concentra as maiores metrópoles do país, possui 25% de evangélicos (20% pentecostais e 5% não-pentecostais), contra 59% de católicos. Proporções similares também ocorrem no Norte, que tem 26% de evangélicos (22% de pentecostais e 4% de não-pentecostais) e 61% de católicos, e no Centro-Oeste, com 24% de evangélicos (18% de pentecostais e 6% de não-pentecostais) e 63% de católicos.
O Nordeste é a região mais católica -71% dos fiéis contra 17% de evangélicos (14% pentecostais e 3% não-pentecostais). No Sul, os católicos somam 70% da população, contra 18% dos evangélicos (13% pentecostais e 5% de não-pentecostais).
Periferia do Rio exibe avanço de evangélicos
por Luiz Fernando Vianna
LNum trecho de 4 km da Baixada Fluminense entre Jardim Gramacho (Duque de Caxias) e Parque São José (Belfort Roxo) há 30 igrejas. Só uma é católica.
A Baixada Fluminense é o exemplo mais contundente do avanço evangélico na periferia das metrópoles. Excetuada a capital, os evangélicos pentecostais e os não-pentecostais (adeptos das igrejas surgidas da Reforma no século 16) somam 37% dos moradores da região metropolitana, enquanto os católicos representam 41%. Os dois grupos estão no limite do empate técnico, pois a margem de erro é de dois pontos.
Entre 1999 e 2006, o Rio teve três governadores declaradamente evangélicos: Anthony Garotinho (PMDB), Benedita da Silva (PT) e a mulher de Garotinho, Rosinha (PMDB).
As 30 igrejas da estrada que liga Jardim Gramacho a Parque São José englobam evangélicas históricas, grandes pentecostais (Universal e Assembléia de Deus) e denominações que às vezes se resumem a uma sede.
Para vários estudiosos, esse quadro configura um "mercado de bens simbólicos". Ronaldo de Almeida, do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), não gosta do termo "mercado", mas admite que há uma concorrência das igrejas: "Quando preciso de uma fala libertadora, vou na Universal; de uma reflexão forte, na Batista; de louvor, na Renascer em Cristo. O que ocorre é uma espécie de calibragem de acordo com as opções que têm".
Quando se pergunta a um evangélico por que escolheu uma igreja pentecostal em detrimento de outra, é comum ouvir a palavra "costumes" na resposta. A flexibilidade em relação a roupas e hábitos é um dos fatores de atração de fiéis.
"Gosto de usar brinco, pintar cabelo, usar calça jeans. A igreja [Universal] me aceita como eu sou", diz Andresa Carla de Araújo, 19, que estuda história.
A ala tradicional da Assembléia de Deus mantém o rigor: mulheres com saias abaixo do joelho, homens de manga comprida e, de preferência, paletó.
"Agora, imagine se um homem de terno vê um joelho de uma mulher. Vai ficar excitado. O que é proibido é gostoso. Eu falo de sexo abertamente nos cultos", contrasta o pastor Edinaldo, da dissidência Assembléia de Deus da Família.
Assim como todos os pastores pentecostais, ele defende o uso de métodos contraceptivos: "Esse povo tem espermatozóide todo dia. Se não usar camisinha, vai jogar em um útero. Se você for radical dentro dos seus dogmas, comete um crime contra a sociedade".
Alguns padres de Nova Iguaçu relatam as angústias de pessoas que usam contraceptivos e admitem que certos dogmas afastam a população da igreja.
Coerente com sua "teologia da prosperidade", a Universal promove programas de laqueadura de trompas e estimula o uso de preservativos. "Os pastores [da Universal] não ficam embromando, como os padres. Hoje uma menina tem relação sexual aos 12 anos. Ela poderá não ter uma vida prazerosa depois, mas, quando aceitar Jesus, pelo menos não vai ter uma Aids para carregar", afirma a estudante Maria Rocha dos Santos, 19, ex-católica.
O costume do dízimo não encontra muita resistência entre os fiéis. Para eles, Deus é quem está recebendo. "Às vezes vejo um pouco de exagero. Mas, se queremos servir a um Deus grande, por que não fazer um templo grande?", diz Andresa.
Mas há quem veja exagero em associar funk e pagode a Cristo. "Temos que levar o Evangelho para fazer a diferença, não trazer o funk e o pagode para dentro da igreja", diz Reginaldo Lira, da Nova Vida.
Igreja pentecostal muda vida de 54% dos fiéis
por Laura Capriglione
A dona-de-casa Maria da Conceição Alves Junqueira, 39, moradora da Cohab de Itaquera (zona leste de São Paulo), curou-se de depressão e suspendeu o álcool, do qual virou dependente com menos de 21 anos. De quebra, parou de "safadeza" com o cunhado que morava na mesma casa e retomou os "deveres conjugais" com o marido. Engravidou contra todas as expectativas (rugas escavadas no rosto crestado de nordestina dão-lhe aparência mais velha). Agora, embala João Gabriel, três meses, no colo. "Sou uma nova mulher", diz.
"Estava envolvida com encostos e até tentei suicídio. Uma noite, implorei a Deus por uma chance e chorei. Na manhã seguinte, fui a um templo perto de casa, disposta a dar minha vida ao Senhor Jesus. Veio o batismo e, depois, passei por processo de libertação."
É sem pudor que Maria da Conceição faz o relato. "Por que me envergonharia de contar? O precipício em que eu estava e a felicidade que tenho hoje são o testemunho do poder de Deus."
Segundo o Datafolha, 54% dos evangélicos pentecostais respondem "sim" à pergunta "Você já mudou algum hábito ou deixou de fazer alguma coisa por causa de sua religião?" É gente que diz ter cortado ou reduzido a bebida, deixado baladas e cigarro, mudado as vestimentas, parado de sair com pessoas casadas ou vários parceiros e adotado a abstinência sexual antes do casamento.
Entre os católicos, o índice dos que dizem ter mudado de hábito é de só 9%. Nada menos que 90% dos seguidores do papa Bento 16 confessam não ter deixado de fazer (nem passado a fazer) algo devido à religião.
O sociólogo Ricardo Mariano, professor da PUC-RS, diz que isso ocorre porque as igrejas evangélicas abrigam convertidos. "Uma coisa é nascer católico, religião majoritária, filho de família católica há várias gerações. Outra é se converter evangélico. É preciso ter distinção comportamental para sustentar um comportamento distinto. Vem daí moralidade estrita, ascetismo e puritanismo."
A conversão nas igrejas evangélicas é sintetizada no "nascer de novo" (deixar a vida anterior), frase ao gosto de pastores em programas de TV. "Isso tem apelo incrível sobre presidiário, prostituta, quem vive em área devastada", diz Mariano.
A avenida do M'Boi Mirim, na altura do Jardim Ângela (região sul de São Paulo), num sábado à tarde, mostra o "distintivo". São casais de negros e de nordestinos vestidos com sobriedade modesta, Bíblias em capas de couro preto nas mãos. Sem decote ou barriga de fora. Dependendo da igreja, pouca maquiagem e pintura de cabelo até podem. Evangélico fumando é raro. Idem para a bebida.
Como grupo minoritário, ainda mais dividido em centenas de igrejas diferentes (diz-se que há mais de mil só na capital paulista), cada uma com sua própria hierarquia, os evangélicos acabam tendo um controle mais eficaz sobre seus adeptos.
O filósofo Roberto Romano, da Universidade Estadual de Campinas, cita diferença capital entre evangélico e católico: enquanto este faz a "confissão auricular" ao pé do ouvido do padre (e só dele), aquele faz a confissão pública, consubstanciada no "testemunho de fé".
O resultado é que os evangélicos ficam cientes de que o sujeito A sofre com alcoolismo, o B bate na mulher, o C é ladrão. A comunidade ajuda a controlar o comportamento desviante, envolve-se na "salvação" e ainda oferece rede de sociabilidade a quem a perdeu. Depois, o testemunho de conversão reforça a fé de todos na oferta mágico-religiosa da igreja.
"O protestante é o monge interiorizado. Enquanto o monge católico é apartado do mundo e submetido pela ordem religiosa a uma vida regrada, para os protestantes (até os evangélicos pentecostais), o monge não está separado do mundo, está na cabeça do fiel", diz Romano.
As diferenças espalham-se pela organização burocrática e pela arquitetura das religiões.
"Por que a entrada de muitas igrejas têm escadarias? É para evidenciar a hierarquia cósmica, elevando-se do rés-do-chão, onde fica o povo, em direção à pureza do clero e de Deus." De seu lado, o templo evangélico (a maioria) apresenta-se ao rés-do-chão. "São iguais falando para iguais e todos com igual acesso a Deus", diz Romano.
Placas afixadas na sacristia das igrejas avisam os horários das missas. Igrejas fecham suas portas, e padres tiram folgas (a maioria na segunda-feira). Já as igrejas evangélicas estão sempre abertas; há obreiros na calçada e no templo, convidando a entrar. Se o pastor tira folga, há pastores auxiliares.
Nas igrejas evangélicas, não se vê mendicância. O deputado federal Geraldo Tenuta (DEM-SP), da bancada evangélica na Câmara e membro da Igreja Apostólica Renascer em Cristo, diz: "Somos contra assistencialismo. A gente ensina a pescar".
Quanto à alma dos fiéis, são diferenças que contam. O papa Bento 16 disse no documento "Sacramentum Caritatis" (Sacramento do Amor) que o segundo casamento é "praga do ambiente social"? Sem conflitos, 74% dos católicos dizem ser favoráveis ao divórcio (três pontos percentuais a mais do que a média nacional). Entre os evangélicos, o índice cai a 59%.
A Igreja Católica acha que o uso de preservativos favorece a promiscuidade por contrariar a idéia de que o sexo deve ser praticado só com fim reprodutivo? Mas 94% dos católicos apóiam o uso de camisinhas, mais que os evangélicos, cujas autoridades são em sua maioria a favor.
O papa acha que união civil de pessoas do mesmo sexo é aberração? Tss, tss. Já 46% dos católicos são favoráveis a ela; nos evangélicos, que causam horror à militância gay ao manter cursos para "a cura" da homossexualidade, só 22% .
Romano cita Elias Canetti -"não existe procissão correndo"- para explicar como a igreja tende a lidar com a insurgência evangélica no cenário religioso do país: "No seu ritmo, e não no dos seus adversários".
A Igreja Católica tem 2.000 anos e tem apanhado desde o século 16, com a Reforma Protestante, até hoje, com a concorrência com as denominações evangélicas e o islamismo. "E tem resistido, um verdadeiro milagre. A maior prova da divindade da Igreja Católica é que o homem ainda não conseguiu acabar com ela", diz Romano.
Bento 16 supera rejeição inicial de brasileiros
A Igreja Católica no Brasil irá receber o papa Bento 16 com mais entusiasmo -ou, ao menos, com mais boa vontade- do que acolheu o anúncio da escolha do cardeal Joseph Ratzinger como substituto de João Paulo 2º.
Quando o cardeal chileno Jorge Arturo Medina Estévez pronunciou as palavras "habemus papam", pouco depois das 13h do dia 19 de abril de 2005, religiosos e alunos do Seminário Santo Antônio, na cidade de Juiz de Fora (MG), receberam o anúncio com gritaria.
O clima na espécie de auditório -com carteiras enfileiradas e uma grande televisão ao fundo- já era de euforia desde que a fumacinha branca começou a ser despejada no céu pela chaminé da Capela Sistina.
Apenas o primeiro nome do novo papa, e dito em latim -Iosephus-, bastou para a mudança de ânimo. Alguém, em meio às vozes que se abaixavam, completou: "Ratzinger". "Ninguém vibrou", disse à Folha o seminarista Sebastião Joaquim Filho. "Achei muito estranha a reação do pessoal", completou, admitindo receber com "tristeza" a escolha.
O desapontamento era coletivo, ao menos para uma parte significativa da igreja brasileira, que fez do compromisso social e do engajamento na luta política por uma sociedade mais justa sua face pública. Um de seus ícones intelectuais, Leonardo Boff, havia sido duramente combatido nos anos 80 -e, em última instância, derrotado- pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, agora papa.
O temor era que o guardião da doutrina, o "Panzerkardinal" que atacara com dureza o uso da teoria marxista para a compreensão do mundo e da igreja, voltasse agora suas baterias contra essa experiência de igreja na América Latina.
Os sinais recentes -percebidos por bispos, padres e leigos no país- são não só de tolerância como de incentivo ao papel social da igreja na região.
Em encontro em fevereiro último com os núncios apostólicos (embaixadores do Vaticano) na América Latina, o papa Bento 16 reafirmou princípios que fariam a alegria de muitos antigos seguidores da Teologia da Libertação.
Após chamar a região de "continente da esperança", retomando uma expressão de João Paulo 2º, anunciou que "a assistência aos pobres e a luta contra a pobreza são e permanecem uma prioridade fundamental na vida das igrejas na América Latina".
"A meu ver, isso é uma espécie de aperitivo do que ele vai dizer no Brasil", afirma o padre José Oscar Beozzo, teólogo e historiador ligado a essa tradição de igreja no país.
Bispos alinhados com o compromisso social do catolicismo dizem não esperar dele gestos de recriminação ou de desincentivo durante sua visita. Muitos falam que Bento 16 está "surpreendendo positivamente", embora ainda haja críticas e apreensões por parte do clero mais à "esquerda".
A advertência pública do Vaticano ao padre salvadorenho Jon Sobrino, jesuíta e um dos pioneiros da Teologia da Libertação, anunciada em março, por exemplo, foi recebida como um reendurecimento de Roma e abertamente criticada por alguns religiosos e leigos.
Um bispo ouvido pela Folha declarou ter ficado "apreensivo", mas afirma que, a essa altura, o "baque" já foi "absorvido". D. Moacyr Grechi, arcebispo de Porto Velho, declara ter certeza de que o papa, durante a visita, falará sobre os problemas sociais da região.
Bispos também elogiam a iniciativa de diálogo inter-religioso, tema caro a essa corrente da igreja, já que o papa se encontrará no país com representantes do islamismo, do judaísmo e de denominações protestantes não pentecostais. (Rafael Cariello)
Brasileiros defendem padres engajados
por Leandro Beguoci
São Paulo tem 454 ruas e avenidas com o nome de algum padre. Os religiosos só perdem para doutores (1.431) -advogados, médicos- e professores (873), mas ganham de deputados (38) e vereadores (19).
O fato de a cidade ter sido fundada pelo padre José de Anchieta explica a influência religiosa, mas não totalmente. O brasileiro costuma ver o padre mais como assistente social do que como guia espiritual.
"No catolicismo brasileiro, o homem que fala de Deus é um homem que acolhe os pobres, é algo que faz parte do nosso imaginário", afirma Francisco Borba, 49, sociólogo e coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC de São Paulo.
Ao todo, 61% dos brasileiros apóiam a atuação dos padres em defesa da reforma agrária, 77% são a favor do engajamento em movimentos pela moradia, 81% querem vê-los em entidades de defesa dos direitos humanos. Entre os católicos, os números sobem para 64%, 81%, 85%, respectivamente.
Em algumas regiões, o religioso é visto como o chefe de um "governo paralelo". É o caso do padre Ticão, pároco em Ermelino Matarazzo, na zona leste de São Paulo.
Paulista de Urupês, Antonio Luiz Marchioni, 55, conhecido como Padre Ticão, chegou a São Paulo há 30 anos, após apoiar greves de bóias-frias e de professores na região de Araraquara (SP). "No interior, me chamavam de comunista", diz ele. "Aqui, dom Paulo Evaristo Arns sempre me apoiou."
Ele já invadiu, ao lado de fiéis, o prédio da Secretaria de Estado da Habitação, nos anos 80. Queria pressionar o então governador Franco Montoro (1983-87) a construir conjuntos habitacionais. Fundou creches e centros de apoio ao idoso. Hoje fala com orgulho da implantação de bibliotecas nas comunidades católicas. Questionado se as ocupações não desguarneciam o cuidado com a vida espiritual dos fiéis, disse que corpo e alma estão unidos.
Além dessa diversidade católica, o padre professa um credo político pragmático e multicolorido. Ao mesmo tempo em que se declara fundador "decepcionado" do PT e apóia alguns deputados do partido "que fizeram algo pelos pobres", fala com carinho de um tucano. "Mario Covas foi quem mais fez casa na periferia."
A preferência dos fiéis pelo distanciamento entre religiosos e os partidos políticos também foi captada pelo Datafolha. Ao todo, 63% dos brasileiros são contra que padres defendam posições político-partidárias e 70% se opõem a religiosos que apóiam candidatos. Os pentecostais costumam ser mais tolerantes. Nos dois casos acima, os índices desse grupo caem para 57% e 63%.
A busca por equilíbrio entre uma atuação social e o distanciamento da política parte do pressuposto religioso de que Deus existe para todos, mas também possui um fundo pragmático, de procura por sintonia com a população. Em Ermelino Matarazzo, 100 mil pessoas são disputadas por 25 igrejas católicas e 250 templos evangélicos.
No Datafolha, os evangélicos apóiam menos a atuação social dos padres que a média da população. Enquanto 88% dos brasileiros querem ver os padres em organismos em prol de crianças de rua, esse número cai para 84% entre os pentecostais e para 81% entre os outros ramos do protestantismo.
Porém, seus pastores dão mostras de maior liberalidade de costumes. A Igreja Universal anunciou que vai distribuir camisinhas. Questionado sobre se condenava o uso de preservativos, Padre Ticão se esquivou: "Oriento, mas cada um deve seguir sua consciência".
Apesar do apoio aos padres, os brasileiros também desconfiam deles. O Datafolha revelou que apenas 4% dos brasileiros acham que todos os presbíteros respeitam o voto de castidade. É o mesmo percentual dos que dizem não acreditar nas notícias sobre padres que abusam sexualmente de crianças.
Nossa Senhora Aparecida é a preferida
por Daniela Tófoli
Nossa Senhora Aparecida é a preferida
por Daniela Tófoli
Embaixo da imagem de são Francisco, em letras miudinhas, dá para ler: "Made in China". O santo comprado pela administradora Lucy Ferraz em Aparecida (SP) não foi feito por nenhuma das 52 fábricas de imagens religiosas que movem parte da economia da cidade nem em outro ateliê brasileiro.
Fabricada pelos chineses, que costumam viver sem religião (apenas 30% da população lá tem alguma crença), a maioria dos santos vendidos no Brasil vem do outro lado do mundo, o que está levando fabricantes a enfrentarem dificuldades.
Compradores não faltam. Praticamente metade dos brasileiros (49% do total de entrevistados pelo Datafolha) diz ter um santo de devoção. Entre os católicos, 68% se apegam a algum deles na hora de pedir uma graça.
"O pessoal continua comprando imagens, mas não dá para concorrer com a China. Eles têm preços muito baixos", diz Aldo Bove, dono de uma fábrica de imagens religiosas no Cambuci, em São Paulo. Ele deixou de fazer santinhos há alguns anos e agora só trabalha sob encomenda para igrejas. Zely Jeha, dona da fábrica São Judas Tadeu, em Guaratinguetá, ainda produz cerca de 4.000 imagens por mês, mas já demitiu 40% dos funcionários por causa da concorrência chinesa.
Não se sabe quantos santos são vendidos no país. Nem em cidades religiosas, como Aparecida. Lá, há cerca de mil lojas de artigos sacros -330 no Centro de Apoio ao Romeiro, espécie de shopping da igreja. O Santuário dos Apóstolos é uma delas. Renato Chad, o dono, diz que as imagens chinesas predominam. "São mais baratas. Tem quem leve uma de cada santo."
Fiéis como Elisabeth Pires, 59, não se contentam em ter só um santo: ela tem 45. "Quando surge um problema, peço para o santo daquela causa. Aprendi que não se deve pedir a todos." Ela é exceção. Grande parte dos brasileiros, conta irmã Célia Cadorin, responsável pelo processo de canonização de Frei Galvão, pede a mesma graça a vários santos de uma vez. "Fica difícil saber quem atendeu, e o milagre não pode ser contabilizado para um santo ou beato."
Essa "promiscuidade" com os santos é uma das explicações para o fato de o Brasil ter demorado para conseguir um santo nascido aqui. "Também não conhecíamos o caminho para a canonização, temia-se os custos do processo e muita gente achava que só santo importado fazia milagre." O Brasil tem hoje 33 beatos e dois santos (Frei Galvão e Madre Paulina, que nasceu na Itália, mas viveu aqui). No segundo semestre, haverá mais quatro beatos. Porém Nossa Senhora Aparecida, a mais citada na pesquisa do Datafolha, com 18% da preferência, não é uma santa comum, mas a Santíssima Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo.
Logo em seguida a ela são citados como santos de devoção santo Antonio e santo Expedito (com 5% de menções cada).
O apego aos santos tem explicação. Considerados modelos pela Igreja, eles funcionam como intercessores junto a Deus. "E suas imagens são símbolos que nos lembram de suas virtudes", explica o padre Juarez de Castro, do Vicariato da Comunicação de São Paulo.
Fiéis como Elisabeth Pires, 59, não se contentam em ter só um santo: ela tem 45. "Quando surge um problema, peço para o santo daquela causa. Aprendi que não se deve pedir a todos." Ela é exceção. Grande parte dos brasileiros, conta irmã Célia Cadorin, responsável pelo processo de canonização de Frei Galvão, pede a mesma graça a vários santos de uma vez. "Fica difícil saber quem atendeu, e o milagre não pode ser contabilizado para um santo ou beato."
Essa "promiscuidade" com os santos é uma das explicações para o fato de o Brasil ter demorado para conseguir um santo nascido aqui. "Também não conhecíamos o caminho para a canonização, temia-se os custos do processo e muita gente achava que só santo importado fazia milagre." O Brasil tem hoje 33 beatos e dois santos (Frei Galvão e Madre Paulina, que nasceu na Itália, mas viveu aqui). No segundo semestre, haverá mais quatro beatos. Porém Nossa Senhora Aparecida, a mais citada na pesquisa do Datafolha, com 18% da preferência, não é uma santa comum, mas a Santíssima Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo.
Logo em seguida a ela são citados como santos de devoção santo Antonio e santo Expedito (com 5% de menções cada).
O apego aos santos tem explicação. Considerados modelos pela Igreja, eles funcionam como intercessores junto a Deus. "E suas imagens são símbolos que nos lembram de suas virtudes", explica o padre Juarez de Castro, do Vicariato da Comunicação de São Paulo.
Por terem sido humanos, os santos são mais próximos dos devotos. "É mais fácil se espelhar neles do que em Deus, que é perfeito", diz Geraldo José de Paiva, da USP, especialista em psicologia da religião. "Além disso, há um santo para cada causa e assim fica mais fácil saber para quem apelar."
No país, até evangélicos têm santo
O médium espírita Chico Xavier (1910-2002) escreveu mais de 400 livros, vendeu cerca de 30 milhões de exemplares e provavelmente é um dos maiores responsáveis pela difusão do "catopiritismo" e do "espiritolicismo". Os termos soam estranhos, mas ilustram o sincretismo religioso do Brasil.
"Catopírita" é o católico que freqüenta um centro espírita e tem uma certa simpatia pelo conceito de reencarnação, segundo o qual as almas evoluem, passando de corpo em corpo no correr da eternidade. Mesmo essa idéia sendo diametralmente oposta à ressurreição cristã, onde a pessoa deve voltar à terra, a exemplo do que ocorre com Jesus tal como relatado no Evangelho.
"Espiritólico" é o espírita que freqüenta as missas católicas, batiza os filhos na igreja.
Ao todo, 44% dos católicos acreditam totalmente na reencarnação, número que cai para 15% entre os evangélicos pentecostais e chega a 93% entre os que se declaram espíritas.
No Brasil, porém, é possível crer nas duas coisas -81% dos espíritas e 95% dos católicos acreditam que Jesus ressuscitou após morrer na cruz. Em compensação, 48% das pessoas que se declaram espíritas possuem algum santo de devoção. Mesmo 8% dos evangélicos pentecostais, conhecidos pelo fervor ao credo que se caracteriza, entre outros itens, por condenar a adoração de imagens, têm um santo.
Ary Dourado, presidente da Associação de Editoras, Distribuidoras e Divulgadores do Livro Espírita, afirma que os neologismos ajudam a explicar por que 4 milhões de livros espíritas foram vendidos em 2006 ainda que os membros deste credo não passem de 3 milhões, segundo o censo de 2000. "Há muitos fiéis de outras religiões que freqüentam os centros espíritas", diz Dourado. "Até mesmo pastores das igrejas evangélicas, embora mais discretamente. Isso acaba gerando um interesse muito grande pela doutrina espírita."
Embora o conceito de céu e inferno não faça sentido para o espiritismo, 39% dos seguidores de Allan Kardec (1804-1869) crêem no céu, mesmo número dos que crêem no inferno.
No interior da Paraíba, descendentes de judeus obrigados a se converter ao catolicismo nos primórdios do país são um exemplo de sincretismo. Seus antepassados criaram uma sinagoga disfarçada de Igreja Católica. Hoje, querem ser reconhecidos como judeus, mas enfrentam resistência na comunidade: não abrem mão de práticas associadas ao cristianismo.
Uma das explicações para os brasileiros se apegarem a conceitos conflitantes com as religiões que dizem praticar está relacionada à antiga proibição de visibilidade pública a outros credos que não o católico.
A primeira Constituição do Brasil (1824) firmava o catolicismo como religião oficial. A proclamação da República, em 1889, permitiu a liberdade religiosa, mas as conseqüências de se ter uma religião oficial já estavam dadas. A não-adesão ao catolicismo criava obstáculo à ascensão social. Hoje, livres, 21% das pessoas que têm religião já mudaram de crença. (Leandro Beguoci)
Sincretismos do Brasil
por Reginaldo Prandi
por Reginaldo Prandi
Diz a pesquisa Datafolha que 17% dos brasileiros freqüentam cultos ou serviços religiosos de alguma religião diferente da que professam. Esse número sobe a 19% entre os católicos, cresce para 37% entre os umbandistas e chega a 48% entre os seguidores do candomblé. Mais sectários, os evangélicos pentecostais se mostram numa cifra bem mais modesta: 9%.
E o que vão fazer numa religião que não é a sua? Uns vão participar de atos com finalidade religiosa. Outros, presenciar ritos como casamento e funeral, numa atividade mais social que religiosa. Não raro, a coisa se faz por necessidade religiosa ou mágica, uma religião complementando outra. Isso é comum no Brasil, pelo caráter sincrético de nossas religiões. Umas mais, outras menos, toda religião é sincrética.
E o que vão fazer numa religião que não é a sua? Uns vão participar de atos com finalidade religiosa. Outros, presenciar ritos como casamento e funeral, numa atividade mais social que religiosa. Não raro, a coisa se faz por necessidade religiosa ou mágica, uma religião complementando outra. Isso é comum no Brasil, pelo caráter sincrético de nossas religiões. Umas mais, outras menos, toda religião é sincrética.
Quando uma igreja pentecostal adota práticas mágicas afro-brasileiras, como é o caso do "descarrego", ela toma de empréstimo de suas maiores rivais um rito mágico caro ao brasileiro, seja ele umbandista, católico, evangélico etc. O empréstimo aproxima as religiões em termos de linguagem e reforça sua eficácia mágica. O catolicismo carismático foi buscar no pentecostalismo a prática do falar em línguas estranhas e outros dons que, apesar da origem cristã comum, são especialmente estruturadoras do pentecostalismo. Se um fiel encontra na sua religião elementos presentes em outras, a outra religião nunca lhe é inteiramente estranha. Afinal, costuma-se dizer que todos os caminhos levam a Deus.
Pelo caráter de sua constituição histórica, as religiões afro-brasileiras são as que mais se aproximam das outras, especialmente do catolicismo. Quando o candomblé se formou, o catolicismo era a religião oficial do Brasil, e nenhuma outra era tolerada. Todo brasileiro, fosse branco, índio ou africano, devia ser batizado católico. Antes de serem embarcados nos navios negreiros, ainda na África, os escravos eram batizados e introduzidos nas práticas rituais da Igreja Católica.
Desse modo, os negros que instituíram no Brasil as religiões afro-brasileiras eram, por força da sociedade da época, e da lei, também católicos. Acabaram por estabelecer paralelos entre as duas religiões, identificando, por meio de símbolos ou patronagens comuns, orixás com santos católicos, Jesus ou Nossa Senhora. Olorum foi equiparado ao Deus judaico-cristão, e Exu, por seu caráter lascivo, astuto e trapalhão, acabou assumindo o papel do diabo. O quadro de equivalências se completara. A isso se chamou sincretismo afro-brasileiro.
No contexto cultural católico do Brasil do século 19, o candomblé se firmou como religião subalterna e tributária do catolicismo, do qual ainda hoje tem dificuldade de se libertar para se constituir como religião autônoma. No lado de cá do Atlântico, mitos foram adaptados à nova realidade social, rituais ganharam feições condizentes com o novo território, deuses africanos tornaram-se santos afro-brasileiros.
A umbanda, surgida mais tarde do candomblé e do kardecismo, manteve e reforçou tal sincretismo. Não é estranho à umbanda e ao candomblé ter seus adeptos freqüentando missas e sacramentos católicos. No fundo, também são católicos. A Igreja Católica faz vistas grossas, assim como finge não ver seus fiéis buscando nos terreiros e centros ajuda no jogo de búzios, nos despachos, nos conselhos dos caboclos e pretos-velhos e nos passes. A mestiçagem brasileira também se faz ver no sincretismo religioso.
> Censo de 2010 tem 2.079 diferentes nomes para religiões.
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