Do Público.pt, por Sofia Branco:
Santiago do Chile - O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, voltou hoje, na sessão plenária da XVII Cimeira Ibero-Americana, a chamar “fascista” ao ex-primeiro-ministro espanhol José María Aznar, e a criticar a imprensa espanhola por “atacar” o seu regime, o que levou o rei Juan Carlos a irritar-se.
O atual chefe do Governo de Madrid, José Luis Rodríguez Zapatero, usou da palavra para insistir – já o tinha feito de manhã, em conferência de imprensa – no “respeito” por Aznar. “Pode estar-se nos antípodas de uma posição ideológica, e eu não estou próximo das idéias de Aznar, mas ele foi eleito pelos espanhóis e exijo esse respeito”, declarou, propondo a adoção de um “código de conduta” para as intervenções em sessão plenária.
Chávez tentou interrompê-lo e, apesar de o microfone se manter desligado, continuou, não longe da delegação espanhola, a reclamar o seu direito à liberdade de expressão. O que levou o rei Juan Carlos, de Espanha, sentado ao lado de Zapatero, visivelmente irritado, a, enquanto gesticulava, perguntar a Chávez: “Por que não te calas?”
Em seguida, claramente perturbada, a anfitriã do encontro, a presidente chilena, Michelle Bachelet, deu a palavra ao seu homólogo da Nicarágua. Daniel Ortega recusou os “três minutos”, avisou que falaria o tempo que lhe apetecesse e, em nome da liberdade de expressão e da diversidade democrática, ofereceu primeiro a palavra a Chávez, para que pudesse responder a Espanha. O líder venezuelano limitou-se a citar o “pai da pátria” do Uruguai, José Gervasio Artigas: “Com a verdade, não ofendo nem temo.”
Daniel Ortega falou durante 20 minutos, apoiando as apreciações de Chávez sobre Aznar, criticando a “aliança político-militar” que aquele teceu com os EUA. Sempre olhos nos olhos com Zapatero e Juan Carlos, o líder da Nicarágua defendeu o “direito à liberdade de expressão” de Chávez, que apenas criticou “o cidadão” Aznar, que “fez e continua a fazer campanha contra a Venezuela”. “Se nós temos que vos respeitar, vocês têm de se dar ao respeito”, reclamou. Irritado, Juan Carlos acabou por abandonar a sala, tendo voltado ao plenário apenas após o hino, para a sessão de encerramento.
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