Polícia Civil gravou conversa por telefone do PM pedófilo

A polícia civil tem farto material que prova que o tenente Fernando Neves Braz (foto), 34, da PM, praticava sexo com crianças e estava envolvido com uma rede de pedofilia de São Paulo. Braz se suicidou sexta-feira diante de policiais que foram ao apartamento dele para uma busca e apreensão de documentação, incluindo o seu computador.

Foi o tenente que comandou a busca por um suposto invasor ao edifício London na noite em que Isabella, 5, foi jogada pelo sexto andar da janela do apartamento do pai dela, Alexandre Nardoni.

A Corregedoria da Polícia garante que não há nenhuma ligação entre um caso e outro. Quando o tenente chegou ao edifício, o corpo da menina já estava estirado no jardim.

As conversas telefônicas de Braz vinham sendo monitoradas há algum tempo, com autorização judicial.

O Jornal da Record desta segunda reproduziu um trecho em que o tenente acerta com o operador de telemarketing e pai de santo Márcio Aurélio Toledo, 36, o encontro com uma menina de 9 anos. “A gente brinca legal, sem stress”, disse Braz a Toledo.

Braz e Toledo relacionavam-se sexualmente.

O corpo de tenente foi enterrado sábado em Penapólis (SP), onde nasceu. Ali transcorreu-se a maior parte de sua carreira de policial militar de 11 anos.

Braz foi enterrado como civil, na presença de poucas pessoas. O pai dele passou mal e preciso de atendimento médico.

Toledo oferecia encontros e fotos de crianças em salas virtuais de bate-papo.

A Record informou que ele acessava com freqüência um dos maiores provedores brasileiros de internet, mas não revelou o nome da empresa.

Em suas conversas, Toledo usa três apelidos: “Família Feliz”, “Tio Ama Sobrinhos” e “Tio Quer”. Ele foi denunciado à polícia por um freqüentador da sala de bate-papo a quem ofereceu fotos.

O Diário de São Paulo informa que os vizinhos de Toledo ficaram surpresos ao saberem que ele era o responsável por uma rede de pedófilos. Ele é descrito como pessoa discreta e que pouco sai à rua.

Na Força Tática do 5º Batalhão da PM, o tenente Braz também era tido como discreto e de reputação 'ilibada', segundo o capitão Marcelino Fernandes, da Corregedoria da PM.

Nesta terça (3), o senador Magno Malta (PR-ES), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pedofilia, chega a São Paulo para acompanhar as investigações do caso.

Com Toledo, foi encontrada lista com 600 nomes de supostos pedófilos. Nos próximos dias, deverá haver mais prisões, a partir das investigações e do depoimento de Toledo.

ATUALIZAÇÃO em 4/6/2008 - Da Folha: "A pedido da Polícia Civil de São Paulo, a CPI da Pedofilia quebrará o sigilo de cerca de 600 internautas que acessaram a sala de bate-papo da internet chamada "Incesto". Segundo a polícia, foi por meio da comunidade virtual que o tenente da Polícia Militar Fernando Neves Braz, 34, conheceu o pai-de-santo Márcio Aurélio Toledo, 36, suspeito de distribuir imagens de sexo com crianças e de oferecer programas com menores de idade.

O senador Magno Malta (PR-ES), presidente da CPI, pedirá ao UOL, que hospedava a sala, explicações. Gil Torquato, do UOL, informou que atenderá Malta e que as salas são criadas por assinantes identificados."