Inquérito de 127 páginas relata morte e esquartejamento de Cara

Jovem levou facada nas costas

Inquérito de 127 páginas da polícia de Goiânia descreve em detalhes como Mohammed D’Ali Carvalhos dos Santos (foto ao lado), 20, matou e esquartejou a Cara Marie Burke (foto), 17. O documento tem como base a confissão do próprio acusado, informou o Carlos Raimundo Batista, da Delegacia de Homícios de Goiània (GO).

"Açougueiro", para 

imprensa londrina

A facada que matou a inglesa foi dada pelas costas, atingindo o coração. Antes, Mohammed atingiu as nádegas da jovem, de baixo para cima. A faca estava muito bem afiada (foto abaixo). O desmembramento do corpo foi feito com poucos cortes, com facilidade -- a imprensa sensacionalista de Londres refere-se ao suspeito como "açougeiro". Os braços e as pernas não apresentam sinais de ferimentos que possam indicar uma reação de Cara.

O assassinato foi no dia 26 de julho, um sábado, e o retalhamento do corpo ocorreu no domingo.
O texto final do inquérito ficará pronto na próxima  segunda ou terça, para incluir os laudos do Instituto Médico Legal (IML) de Goiânia.

Ademar Cândido de Souza, diretor-geral do instituto, adiantou ao Diário da Manhã algumas conclusões da causa da morte. Após o esfaqueamento nas costas, disse, “o coração deixou de bombear o sangue, causando falência imediata dos órgãos”, disse ao jornal.

Faca bem afiada

A demora para localizar as partes do corpo prejudicou os exames. Foi encontrado sêmen no útero de Cara, mas ele não pôde ser analisado porque os espermatozóides estavam em estado de decomposição. “O tronco da inglesa só foi achado cerca de 48 horas após o crime”, lembrou o médico.

Pelo mesmo motivo, a extração dos músculos da cabeça e da perna esquerda (que estavam a 30 quilômetros de Goiânia) não fornece a comprovação científica de que eram da inglesa. Mas impressões digitais dos braços e da perna direita revelam que são da Cara.

Souza vai enviar para o Instituto de Criminalística da Polícia Civil de Brasília amostras de dentes e de ossos da inglesa para que seja levantado o perfil genético.

Os laudos ficarão prontos o mais rápido possível, mas não antes de 15 dias. “Temos de liberar logo o corpo para a mãe, de modo a evitar tanto sofrimento.”

O delegado Batista vai ressaltar no texto do inquérito a frieza e a crueldade de Monhammed. "Ele tirou fotos [do corpo], mandou torpedos, mostrou para seus amigos e relatou a eles, em detalhes, tudo o que fizera", disse ele ao Estadão. 

"Tudo isso enquanto o corpo estava jogado num boxe frio do banheiro da casa, e enquanto bebia cerveja e participava de festas. E ele não se arrependeu de nada, embora agora diga que esteja  muito arrependido.”
Até o final da próxima semana, o delegado enviará o inquérito à Justiça, quando será aberta uma ação penal; e Mohammed passará da condição de suspeito para a de réu.

Batista acredita que, no julgamento do júri popular, o acusado possa ser condenado até a 36 anos de prisão em regime fechado.

ATUALIZAÇÃO em 21 de agosto de 2008

O delegado Carlos Raimundo Batista pediu nesta quinta (21) mais trinta dias para a conclusão do inquérito, para acrescentar os laudos periciais, que ainda não estão prontos, e fazer novas diligências. A primeira versão do texto do inquérito tem 127 páginas, mas o documento deverá ficar mais encorpadao. Batista não disse por que entende que há necessidade de novas diligências. Provavelmente, é para detalhar o inquérito. Conforme esperado, ele solicitou também a manutenção da prisão de Mohammed dos Santos.

Caso Cara Marie Burke.