O jornal de maior circulação de Portugal, o Correio da Manhã, publicou em sua edição de sexta (19) que o crime organizado brasileiro, com o nome de PCP (Primeiro Comando Português), se instalou por lá, na margem sul do rio Tejo. Trata-se, diz o jornal, de um clone do PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que nasceu em presídios do São Paulo no início da década de 90.
“O PCP é formado por jovens provenientes das favelas brasileiras, para quem a violência é um modo de vida. Têm hino no Youtube e agregam-se na internet, onde mostram alguns dos produtos do crime. Desafiam as autoridades e congregam o gosto pelas armas”, relatou o jornal.
A reportagem, com o título “Máfia das Favelas entra em Portugal” na primeira página [reprodução acima], ocupa quatro páginas do jornal. Ela foi escrita por Tânia Laranjo, que contou à BBC Brasil que, com um perfil falso, foi aceita como amiga de Orkut por integrantes do PCP.
No Orkut, há (ou havia até o começo da noite de sexta) o perfil de uma pessoa que se assina PCP – Primeiro Comando de Portugal [reprodução abaixo].
No espaço do “quem eu sou”, ele escreve, entre outras coisas: “respeita pois o comando chegou!! Eu sou do pcp. [...] o comando ta formando nos já se reunimos pra sair.” Ele cita nomes que seriam de participantes do grupo. Também há uma comunidade com o nome de Primeiro Comando de Portugal, com 17 membros e criada no dia 1º de agosto de 2007.
Esses brasileiros estariam morando em Setúbal, distrito que é uma espécie de cidade-dormitório de Lisboa.
Escreveu Tânia: “Nas conversas entre estes grupos de brasileiros, a palavra de Deus é evocada com muita frequência, para o bem e para o mal. Quase todos se assumem como cristão e alguns fazem referência a Igreja Universal do Reino de Deus. O bispo Edir Macedo reúne muitos admiradores nesta comunidade brasileira de Setúbal. Também escrevem pensamentos e música rap com referência a Jesus e a Deus”.
A jornalista disse que descobriu a existência do PCP a partir da prisão de um brasileiro acusado de cometer vários crimes que faria parte da facção.
Autoridades policiais portuguesas mininizaram a suposta existência do PCP. Afirmaram que não se pode comparar qualquer cidade portuguesa com as grandes cidades do Brasil.
Os brasileiros constituem a maior comunidade de estrangeiros em Portugal. Os legalizados são 66, 4 mil. Os clandestinos seriam de 20 mil. Em Setúbal, tanto de um como de outro grupo, o número seria de 30 mil – uma grande concentração, portanto.
De uma parte da população portuguesa, sempre houve preconceito contra os estrangeiros e em especial contra os brasileiros. Episódios como o da recente tentativa de assalto a um banco de Lisboa por dois brasileiros alimentam esse preconceito.
Aliás, observa-se, ao se julgar pela manchete espalhafatosa do Correio da Manhã, o Brasil tem exportado para lá também a estigmatização de que as favelas são, preferencialmente, lugares de bandidos, e não de pessoas honestas.
> Brasileiros se tornam o maior grupo de estrangeiros em Portugal. (julho de 2008)
> Brazucas.
Comentários
Ontem foi um dia em que os médias,jornais e televisões,falavam desta noticia,ela deixou todos surpreendidos,pois não sabia-se de tal situação.
Foi minimizada pela policia,pois é uma noticia como diz bem "espalhafatosa" e sensacionalista,e de facto há uma certa razão nisso pois não é um grupo mafioso e criminal de grande expressão,mas jovens perigosos e exibicionistas que querem assemelhar-se aos seus "heróis".
O que mais despertou-me o interesse foi constatar esta "cultura" da violência e marginalidade como heróica e trágica,sem outro rumo na vida melhor.
A página do Orkut revela também isso,de como a criminalidade é um fim de vida,em lugar de uma existência em busca da felicidade.
Abraço amigo,um bom sábado,
joao
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