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Desembargadora é acusada de chamar servidores de ‘imbecis’

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Na semana passada, o Sintrajud (Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal no Estado de São Paulo) colocou em seu site o áudio da reunião onde uma voz supostamente da desembargadora Marisa Santos (foto) chama servidores de ‘idiotas’, ‘imbecis’ e ‘péssimos’, entre outros xingamentos.

Antes de divulgar o áudio, o sindicato submeteu-o a um perito para confirmar a sua autenticidade. Até agora, a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 3ª Região não se manifestou sobre a gravação, embora tenha sido procurada pela imprensa.

A presidente do TRF-3, a desembargadora Marli Marques Ferreira, atribuiu a Marisa a tarefa de obter  dos servidores produtividade. Que eles executassem, nas palavras de Marli, “o trabalho para o qual são pagos”.

É fato que parte dos servidores públicos – não só os do Judiciário – tem desempenho abaixo da expectativa da população, principalmente em comparação com os trabalhadores da iniciativa privada.

Portanto, se esse for o caso do pessoal do TRF-3, as desembargadoras Mari e Marisa agiram de maneira correta e exemplar. E a população só tem a agradecer.

O problema é que, a se julgar pelo áudio da reunião realizada no dia 29 de setembro de 2007, a desembargadora Marisa elevou demais o tom, foi inábil, arrogante e prepotente, proferiu ofensas.

Ela poderia ser firme como foi – ou até mais --, mas sem baixar o nível.

Observa-se também que reuniões de ‘aperto’ a funcionários não obtêm eficiência. É preciso adotar uma aferição de desempenho do funcionário, com a fixação de prazos e metas e por aí vai. Qualquer chefe de seção de uma fábrica sabe que é dessa forma que se consegue produtividade.

Pela gravação, a desembargadora Marisa já começa a reunião assim:  “Nosso dia tá péssimo hoje e vai ficar pior para várias pessoas”.

A uma servidora (cujo nome vou omitir, assim como o de outras pessoas supostamente citadas por Marisa) que não tinha faltado ao trabalho por um mal-estar, Marisa perguntou: “Passou a sua tontura, Fulana? Continua tonta?”

A outra servidora, referiu-se desta forma: “Coitada. Porque você é a única que trabalha e trabalha mal”.

Sobre um servidor, falou: “O Beltrano deve ter batido a cabeça em algum lugar. [...] Não faz mais do que a sua obrigação” [trabalhar até tarde].

Dirigindo-se a uma diabética: “Quer dizer que você a cada três horas pára duas para se alimentar? Isso é um escândalo. Eu não estou lhe perguntando nada. Eu não vim aqui pra perguntar nada. Vocês é que vão ouvir o que eu vou falar.”

Chamou de “cretino” um funcionário que se queixou à diretoria do Foro de assédio moral por parte dela.

A todos: “Vocês são péssimos”.

A desembargadora pode estar certa essa sua avaliação. Mas ela também se revela despreparada: não desse jeito que se lida com pessoas, sejam ou não subalternos. Exige-se um mínimo de respeito. Até para tê-lo de volta.

O sindicato encaminhou ao Conselho Nacional de Justiça reclamação contra a desembargadora por assédio moral.

Seguem os links do site do Sintrajud da gravação em mp3 da reunião: áudio1, áudio2, áudio3, áudio4 e audio5.

> Casos de assédio moral.

Comentários

Anônimo disse…
A sociedade é refém do poder judiciáro, são salários milionários mais vantagens, os gabinetes,cheios de parentes e amigos.Usam pilhas de processos como justificativa para não trabalhar´, são fiscalizados por seus próprios colegas de corporação tornando-se intocáveis.
Na pior das hípoteses recebem como punição a aposentadoria compulsória com todos os vencimentos. Tenho mêdo de ter algum problema com
um membro do judiciário, os promotores estão matando, os seguranças de filhos de promotora no Rio mataram um rapaz.Eles tem o braço armado da polícia pronta para prender,matar,torturar.
simone andrea disse…
Pois fiquem sabendo que quem faz a Justiça Federal funcionar são os funcionários, e não juízes e desembargadores. Essa é a regra geral. Sou advogada e posso dar o testemunho.
O TRF da 3a. Região é exemplar na hora de cometer seus muitos atos de exceção.
O que acontece na iniciativa privada - assédio moral, prepotência, ameaças - é desumano e não deveria acontecer em lugar algum.
O que a Presidente do TRF3 e essa Desembargadora Marisa fizeram outra coisa não foi que tentar "tirar sangue" dos servidores, para exibirem resultados em esferas mais altas, e levarem todos os méritos, é claro, porque o trabalho do servidor da Justiça não aparece; o magistrado leva todos os méritos.
Temos que desmilitarizar o serviço público civil, isto sim.
Por isso, que nenhum Presidente da República tenha a insensatez de promover essas duas senhoras a Ministras, JAMAIS. Elas, definitivamente, deram provas de que não merecem.
Unknown disse…
Quero deixar meus parabens à desembargadora, os servidores acham que tem poder e mandam em tudo, eles fazem o judiciario funcionar, mas ganham para isso, essa é a função deles e eles sabem disso, ou tem outro motivo para estarem trabalhando? parabens desembargadora, se todos que tem poder tomassem sua iniciativa viveriamos em país melhor, vc é como um suspiro de nossa sociedade, obrigado!
Eliana disse…
Felipe,
Os servidores são concursados, pagos para trabalhar (e estavam trabalhando) e não para serem humilhados. O seu comentário é de quem não conhece a realidade dos tribunais. Espero que vc e sua família nunca precisem trabalhar com uma pessoa assim para sobreviver. Não esse tipo de atitude que fará o país melhor, mas sim o trabalho e o respeito pela dignidade humana.
Anônimo disse…
Eu não consigo entender o porque de notícias como estas não irem parar na televisão. Isso deveria ser amplamente divulgado para que "imbecis" como esta "Marisa" fossem expurgados da face da Terra. O problema dos juízes é que eles "acham" que são diretores ou presidentes de multi nacionas. Mas, tem um detalhe: Diretores e presidentes de grandes empresas trabalham, e muito!! Coisa que talvez, sendo muito bonzinho, 1/10 dos juízes faça. Em qualquer lugar do mundo, chefe é exemplo para os subordinados e, no caso da Justiça Federal o exemplo é: entrar para trabalhar às 2 horas e ir embora, no máximo às 18 horas. É lógico, afinal tem um monte de "mula de carga" para fazer o trabalho. E eles ainda tem que ouvir comentários deste tipo de uma pessoa notavelmente insana. E ela não queria ver risinhos de deboche (na "reunião" ela comenta que "não quer ver risinhos de deboche")? É o mínimo que se poderia fazer neste "circo" montado por esta "cidadã".
Anônimo disse…
Verdade Eliana. Os servidores da Justiça Federal não ganham nem 1/3 do salário desses desembargadores, mas trabalham o triplo, sem a respectiva contraprestação. A Justiça Federal não paga horas extras àqueles servidores que trabalham até mais de 12 horas diárias, enquanto a União paga salários astronômicos, carro, combustível, e outras mordomias a parlamentares que só sabem fazer leis que não tem aplicabilidade. O pior é ouvir pessoas despreparadas, ignorantes que não conhecem a realidade do Poder Judiciário e ficam a jogar pedra exatamente naqueles que mais trabalham. Lamentável.

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