Igreja Católica tentou impedir aborto em menina estuprada pelo padrasto

A gravidez da menina de 9 anos (foto) de Alagoinha (PE) estuprada pelo padrasto foi interrompida na manhã desta quarta (4).

Em uma maternidade vinculada à Universidade de Pernambuco, Recife, os médicos lhe deram um medicamento que induz a expulsão do feto. No caso dela, foram fetos, porque estava grávida de gêmeos. À tarde, ela foi submetida a uma raspagem do útero.

No caso de gravidez de alto risco, a lei permite do aborto.
Apesar disso, o arcebispo de Olinda e do Recife, dom José Cardoso Sobrinho, tentou impedir o aborto. “A menina engravidou de maneira totalmente injusta, mas devemos salvar vidas”, disse ele antes de a gravidez ser interrompida.

Ao saber que o procedimento médico já tinha sido realizado, dom Sobrinho falou que tal atitude é passível de ex-comunhão. Não especificou a quem.

O Jornal Hoje, da TV Globo, informou na tarde de hoje que o advogado da arquidiocese estava reunido com o arcebispo para analisar as medidas jurídicas que podem tomadas.

O arcebispo tinha tentado entrar em contato com familiares da menina para fazê-las desistir do aborto, mas ele só teria conseguir falar com o pai da menina, o qual teria assinado um documento dizendo não aceitar a interrupção.

A menina contou à polícia que sofria violência sexual desde os 6 anos. A irmã dela, de 14 anos, também era abusada pelo padrasto. A mãe disse que não sabia da violência, mas a polícia investiga a versão dela.

O padrasto, que tem 23 anos, foi preso e enviado para a cadeia de uma cidade vizinha por correr o risco de linchamento. Ele confessou à polícia que tinha relações sexuais com as duas enteadas porque elas o “provocavam”.

A gravidez estava na sexta semana. Ela foi descoberta quando a menina foi a um posto de saúde para se queixar de dores.

Os médicos concluíram que, pelo fato de a menina ser franzina, de ter pouca idade e de a gestação ser de gêmeos, a gravidez, caso mantida, poderia matá-la ou prejudicar a saúde dela para sempre. Ela tem 36 quilos e 1,33m.

Aparentemente, dom Sobrinho (foto) estava mais preocupados com os fetos do que com a menina.

ATUALIZAÇÃO

Márcio Miranda, advogado da arquidiocese, informou na noite desta quarta que vai apresentar ao Ministério Público denúncia de homicídio com a mãe da menina. Ele disse que a mulher deve ser penalizada por permitir o aborto.

Se voltasse, Cristo seria excomungado por Bento 16.
do filósofo francês Frédéric Lenoir, em março de 2009

Caso da gravidez e aborto da menina estuprada.