Agora, um ano depois de ter desaparecido no céu dependurado em mil balões coloridos, o padre Adelir de Carli, 41, sumiu do site da Pastoral Rodoviária, para o qual trabalhava, exceto em uma única e rápida referência. A entidade tenta, assim, desvincular-se do acervo de piadas sobre o “padre avoado” que na época se proliferou na internet.
Chamado de São Balão, entre outros nomes, Adelir e seus balões, em montagens fotográficas e em vídeos postados no Youtube (um deles abaixo), foram colocados na estratosfera ao lado de Super-Homem, no centro da via Láctea, ao lado de uma nave especial do filme Guerra nas Estrela, junto com a bicicleta voadora do filme ET, na ilha de Lost, no display do game Flight Simulator e assim por diante.
No começo deste ano, 2009, em votação pela internet, o padre ganhou um concurso internacional por ter tido a morte campeã em estupidez.
Os restos mortais de Adelir foram encontrados em 4 de julho de 2008, 76 dias após de ter alçado o voo, na costa de Maricá, município do Rio, bem distante do local onde tinha planejado pousar, em Dourados, no Mato Grosso do Sul.
O padre, que tinha partido de Paranaguá (PR), não contava com uma brusca mudança da direção dos ventos. Além disso, quando em voo, demonstrou que não sabia como funcionava o aparelhinho GPS que tinha levado para se guiar. Os zombeteiros não o perdoaram por isso.
Com sede em Curitiba, a Pastoral Rodoviária renega a memória do padre para facilitar a obtenção de doações.
O jornalista Maurício Savarese, do Uol Notícias, apurou que a entidade teve de encerrar as suas atividades por alguns meses porque, com a credibilidade afetada pela desventura do padre, faltaram-lhe recursos para percorrer o país.
Os padres da pastoral viajam pelas estradas celebrando missas em postos de gasolina. A entidade tem três caminhões em cuja carroceria há uma capela.
Agora, fiéis e motoristas retomaram as doações, mas os padres da Pastoral evitam falar de Adelir. E quando têm de se manifestar por solicitação de jornalistas, o fazem com constrangimento.
Em Paranaguá, alguns fiéis acham que a Pastoral Rodoviária está sendo injusta com o padre colocando-o no esquecimento.
Lembram que o padre era o responsável pelas finanças da entidade e que, com o voo dos balões, ele pretendia arrecadar verba para a construção de 100 quartos a caminhoneiros em trânsito por Paranaguá.
“O padre merecia ser lembrado por isso”, disse o fiel.
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