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Assassino usa Justiça há 9 anos para ter vida boa em liberdade

A justiça atrasada não é justiça, senão injustiça qualificada e manifesta. (Rui Barbosa)

pimenta No dia 20 de agosto de 2000, no Haras Setti, em Ibiúna (SP), Antonio Pimenta Neves puxou um revólver 38 do bolso e deu um tiro em sua ex-namorada Sandra Gomide, 32, também jornalista. Ele se aproximou do corpo tombado e disparou outro tiro, no ouvido, em uma tentativa que teria sido para simular um suicídio.

Momentos antes, Pimenta pediu a Sandra para se reconciliar com ele. Ela disse não. Aí o então diretor de redação d’O Estado de S.Paulo adotou a lógica  do “se não pode ser minha, ela não vai ser de ninguém”.

Sandra já teria um novo namorado. “Vou ser honesta: estou apaixonada por outra pessoa”, ela teria dito a ele dias antes, de acordo com uma testemunha. Em ato contínuo, Pimenta a demitiu da jornal com a alegação de que era profissional incompetente.

Após os disparos e de uma fuga para não ser pego em flagrante, Pimenta, sob orientação de seu advogado, confessou o crime. Seis anos depois foi condenado por um júri popular a 19 anos de prisão. A sentença foi confirmada pelo TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo e pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça). Mas ele ficou apenas sete meses em cana.

Assistido por um bom advogado, o ex-jornalista valeu-se dos incontáveis recursos de apelação para responder em liberdade, até que saia – sabe-se lá quanto -- uma condenação definitiva.

É como se, na prática, Pimenta, um assassino covarde e cruel, tenha sido condenado a ter uma vida tranquila em liberdade. Se um dia voltar para a cadeia, já terá adquirido o direito de cumprir a pena em regime semiaberto.

Aos 72 anos, entre um pedido e outro de recurso, Pimenta leva a vida como quem se aposentou por ter cumprido bons serviços à sociedade.

Ele passa o dia navegando na internet, informa Veja. Mora na Chácara Santo Antônio, em uma casa de 930 metros quadrados em um bairro nobre de São Paulo. Tem a companhia afável de uma cadela dachs-hund de nome Channel. Em alguns fins de semana, promove um churrasco para os amigos ou almoço requintado.

Recentemente, foi visto em um supermercado comprando duas garrafas de vinho. Parou de tomar antidepressivos, está com boa saúde. Duas aposentadorias garantem o seu salário.

Depois de ter matado a Sandra, Pimenta, divorciado, escreveu uma carta as suas duas filhas que moram nos Estados Unidos. “Vocês sabem o que significam para mim. Cometi uma insensatez pela qual tenho de pagar. Destruí duas vidas, a de Sandra e a minha, num momento de pânico.”

Nove anos depois, Pimenta ainda não pagou pela sua insensatez criminosa e nem a sua vida foi tão destruída como ele dizia ao comparar o seu destino como o da jovem baleada pelas costas, em mais uma covardia.

Os recursos judiciais existem para garantir a presunção da inocência. Mas, no caso de Pimenta, ele próprio se diz culpado.

A Justiça brasileira também é insensata. Porque se todos os assassinos tivessem advogados tão hábeis quanto o de Pimenta, e ele próprio é bem preparado, as prisões não estariam tão lotadas.

Pimenta-Neves-Sandra-Gomide
Pimenta matou Sandra, foi condenado e, solto, leva vida tranquila
> Sofrimento aniquila pais de Sandra; assassino continua livre.
agosto de 2010

> Ex-cirurgião esquartejador aguarda sentença em liberdade.
setembro de 2009

> Casos de violência contra a mulher.

Comentários

Lucio Ferro disse…
Estou vendo um programa sobre este crime abominável, na rede tv, em que a Rábula do crápula alega que o bandido está "pagando pelo crime há anos" e "quem era" este safado. Tão safado quanto o criminoso é o amigão celso de melo, ministro que acha que assassino confesso não oferece risco para a sociedade. Ainda aparece uma cretina amiga do sujeito que acha que todos devem ter pena do pobre coitado.

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