Farah: Condenado, mas em liberdade |
No dia 24 de janeiro de 2003, uma sexta, Farah esquartejou sua amante Maria do Carmo Alves, 46, com quem manteve um relacionamento de 20 anos.
“O que fiz foi de maneira impensada. Houve luta. O estresse foi tão grande, que minha cabeça balança até hoje, ainda estou confuso. Quando Jesus voltar, talvez Ele me faça entender o que aconteceu”, disse Farah a Solange Azevedo, de Época.
À polícia e à Justiça, conforme consta nos autos judiciais, ele falou que naquele dia Maria apareceu em sua clínica de surpresa e, durante uma discussão, tentou esfaqueá-lo. Contou que a empurrou para se defender. Maria bateu a cabeça na parede, e ele lhe tomou a faca. Na manhã do dia seguinte, quando acordou, estava diante de sacos de lixos com o corpo esquartejado. Farah disse não se lembrar da dissecação por causa de uma amnésia temporária.
Para a polícia e o Ministério Público, Farah marcou encontro com Maria na clínica já com a intenção de matá-la. Ele aplicou um sedativo na mão direita dela e começou a esquartejá-la ainda viva com bisturi e pinças. Para que o corpo não fosse reconhecido, tirou a pele das pontas dos dedos das mãos e dos pés, dos seios e de parte do rosto e tórax. O coração e o fígado nunca foram encontrados.
Um dia depois do crime, Farah se internou em uma clínica. No domingo, ele recebeu a visita de sua sobrinha Tânia Maria Homsi, a quem contou o crime e disse onde estavam os sacos com o corpo espedaçados da Maria – no porta-mala de seu carro. Naquele mesmo sábado, Tânia o denunciou à polícia. Na terça, ele confessou o assassinato e contou a história da amnésia.
Farah foi condenado em primeira instância a 13 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado – matou por motivo torpe e sem ter dado chance de defesa à vítima – e por ocultação de cadáver. Mas ele se encontra em liberdade. Depois de quatro anos de prisão, Farah obteve um habeas corpus do STF (Supremo Tribunal Federal) por ser réu primário.
Enquanto espera pelo julgamento definitivo, Farah, cujo registro de médico foi cassado pelo Conselho de Medicina, cursa direito na Unip e filosofia na Unifesp.
Ele reclamou da incompreensão para com o ser humano que é. “Os seres humanos são intempestivos”, disse. Argumentou que todo mundo comete pecados e, no entanto, o povo quer que ele seja punido eternamente.
Sente-se discriminado pelos olhares, gracejos e pré-julgamento das pessoas. [Tudo é] “uma constante punição.” Por isso não se sente totalmente livre, disse.
Ele é descrito como um solitário, mas, em suas atividades, convive com pessoas na escola, na igreja, na família. Além disso, está namorando ou, em suas palavras, tem “um relacionamento sem muitas cobranças” em fase de adaptação.
Disse não ter condições de responder se a sua condenação foi justa e demonstrou esperança de que possa continuar em liberdade. “Confio que os magistrados decidirão com justa ponderação”.
Maria do Carmo Alves |
Em entrevista à Época, Farah se colocou o tempo todo como uma pessoa boa que foi vítima da condição humana. Falou muito sobre si, e pouco, muito pouco sobre Maria do Carmo (foto), a esquartejada.
> Jornalista assassino usa a Justiça há nove anos para ter vida boa em liberdade. (setembro de 2009)
> Caso do esquartejador de Cara Marie Burke.
> Casos de violência contra a mulher. > Gente.
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abs
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