Shige vigia penhascos para salvar pessoas do suicídio

Shige e seus voluntários evitaram 222 mortes

Os penhascos de Tojimbo atraem os suicidas

O ex-policial Yukio Shige, 65, é um frequentador assíduo dos penhascos de Tojimbo, na cidade japonesa de Sakai.

Ele vai lá não por causa da beleza das rochas que se erguem diante do mar, mas para impedir que pessoas façam dessa atração turística um trampolim para a morte.

Tojimbo é um dos locais preferidos dos japoneses para se matar. O outro é uma floresta em Yamanashi.

Neste ano de 2009, Shige e seus companheiros voluntários conseguiram convencer 54 pessoas a desistirem da morte. Ao menos ali, em Tojimbo.

A polícia de Sakai informa que, além das pessoas salvas pelo grupo de Shige, outras 140 deixaram de pular dos penhascos. Tal número é o dobro da média dos últimos anos.

As mortes evitadas em Tojimbo não impediram que o Japão apresentasse este ano o recorde de suicídios, com o total até hoje de 34.427, quase 95 mortes por dia, superando o boom de 2003.

Shige atribui esse o recorde à inércia da sociedade japonesa em relação a esse tipo de violência e sobretudo à tradição de que o suicídio é, muitas vezes, uma capitulação honrosa diante do fracasso -- e muitas pessoas têm se sentido como tal nestes tempos de declínio econômico do país.

Apesar disso, Shige e seus voluntários têm salvado pessoas apenas com uma conversa amistosa.
“Elas [as pessoas com intenção de cometer o suicídio] estão sentados ali nos penhascos, sozinhas, esperando que alguém converse com elas”, disse Shige a Martin Fackler, do New York Times.

Na maioria dos casos, os suicidas em potencial são homens. Durante a conversa com Shige, eles falam de seus sofrimentos, choram e voltam para a casa.

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