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Padres pedófilos hoje parecem um batalhão internacional

por Maureen Dowd (foto), do New York Times

Maureen Dowd
Não parece correto que a Igreja Católica passe a Semana Santa praticando a nada santa arte da manipulação da informação.

A igreja iniciou uma blitz de relações públicas defendendo um papa que foi conivente com a cultura perversa de proteger abusadores e a reputação da igreja em vez de proteger crianças abusadas.

A Quinta-Feira Santa e a Sexta-Feira da Paixão viraram a quinta-feira do encobrimento e a sexta-feira de colocar a culpa nos outros.

Essa semana especial de confissões e penitências se desdobrou enquanto o papa resistia à pressão para que ele próprio se confessasse e se penitenciasse pela avalanche de casos de abuso sexual de menores que foram ignorados.

O Vaticano parece surpreso de se deparar com esse tipo de problema, mas seus funcionários poderiam facilmente saber o que acontecia. Cínico, o Vaticano simplesmente não quis lidar com a questão.

E agora a igreja continua a se esconder atrás de sua mística. Deixando o catecismo de lado, ela adotou o livro de bolso de Washington para reagir a pecados políticos.

Primeira regra: declare qualquer nova revelação velha e desimportante. Na missa do Domingo de Ramos, o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, reclamou que "o recente tsunami de manchetes sobre o abuso de menores por alguns poucos padres na Irlanda e na Alemanha, além de uma velha história de Wisconsin desencavada, nos colocou de joelhos outra vez".

Alguns padres? Hoje parece um batalhão internacional.

Uma velha história desencavada? Um único padre, Lawrence Murphy, que não mostrou nenhum remorso e não sofreu nenhuma punição do cardeal Ratzinger, abusou de 200 crianças surdas em Wisconsin.

O arcebispo Dolan comparou o papa a Jesus, dizendo que ele está "sofrendo as mesmas acusações injustas, gritos da multidão e cuspes na cruz".

Segunda regra: culpe outra pessoa -mesmo se for o popular antecessor do atual papa.

O cardeal de Viena, Christoph Schoenborn, defendeu o papa Bento 16 dizendo que a tentativa do então cardeal Ratzinger de investigar um ex-arcebispo de Viena por supostamente molestar jovens num monastério foi barrada por assessores do papa João Paulo 2º.

Terceira regra: diga uma coisa e faça outra. O arcebispo Dolan atacou os críticos da igreja, mas disse: "A igreja precisa de críticas, nós as queremos, elas são bem-vindas. Nós mesmos fazemos uma boa dose de críticas. Não esperamos nenhum tratamento especial". Certo...

Quarta regra: demonize os gays. Num anúncio no "New York Times", Bill Donohue, presidente da Liga Católica, ofereceu essa iluminação: "O "Times" continua a editorializar a "crise de pedofilia" quando ela não passa de uma crise de homossexualismo. Oitenta por cento das vítimas de abusos de padres são homens e a maioria passou da puberdade. Embora o homossexualismo não cause um comportamento predatório, e a maioria dos padres gays não sejam abusadores, a maioria dos abusadores é gay".

Donohue ainda fala sobre o problema como uma indiscrição, em vez de um crime. Se ele envolve majoritariamente homens e meninos, isso acontece em parte porque os padres por muito anos tiveram acesso irrestrito a esses meninos.

Quinta regra: ponha a culpa nas vítimas. "O padre Lawrence Murphy aparentemente começou seu comportamento predatório nos anos 50, mas as famílias das vítimas não avisaram a polícia até meados da década de 70", disse Donohue.

E finalmente, a sexta regra: use a defesa da onipotência de Cheney, notoriamente empregada no caso da revelação de que Valerie Plame era uma agente da CIA. O então vice-presidente Dick Cheney disse que seu alto cargo significava que o simples fato de que ele desfizesse um segredo, mesmo com intenções malignas, desclassificava esse segredo.

Os advogados do Vaticano argumentarão nos processos de negligência impetrados por vítimas de abuso que o papa, por ser chefe de Estado, tem imunidade, e que os bispos que permitiram que se criasse uma cultura de abusos não eram funcionários do Vaticano.

Talvez eles trabalhassem para a Enron.

> Casos de padres pedófilos.

Comentários

Concí Sales disse…
Sabemos da FORMAÇÃO ímpar que recebem os servidores da instituição vaticana. São três anos de filosofia e quatro de teologia, mais alguns chamados de propedêuticos, onde línguas clássicas, literatura e música aculturam o funcionário papista na historiografia e ética da civilização. São adestrados na LÓGICA, manipuladores da DIALÉTICA. Sem contar com as teorias da psicologia e psicanálise, ANTROPOLOGIA, sociologia, direito, etc. Essa "boa-gente" é preparada para lidar com a FORMAÇÃO de CASAIS, CRIANÇAS E JOVENS, sabem como ninguém os segredos da sexualidade, da homossexualidade, das diferenças e nuances de todas as tendências, mesmo as transitórias, como as dos ADOLESCENTES. Supor que tais escândalos sejam consequência de que tais indivíduos versados no humanismo clássico e na disciplina, devam seus desatinos ao fato de serem HOMOSSEXUAIS, é golpe de mestre da politicalha, mas é pura má-fé. Não vemos homossexuais sem batina praticarem com tanta largueza e facilidade essas seduções, aliciamentos e corrupções de menores; os poucos que o fazem sofrem a vindita dos abusados ou as penas da Lei POR QUE OS PADRES NÃO?
Anônimo disse…
Como ja relatei em outro topico...

No meu estado, certa vez, um padre foi denunciado por abuso e 'etc.', como punição, o arcebispo o transferiu para o interior onde não era conhecido; já imaginaram? um safado transferido para o interior no meio de gente simples e que não conhecia seu caráter...
E a própria igreja que 'julga' seus criminosos e, com condescendência.

Wander

Wander
Pangéia disse…
Só sei de uma coisa: Pedofilia é crime e pode e deve levar à cadeia qualquer pedófilo, seja ele homem ou mulher, negro ou branco, padre ou não.

CHEGA DE ACOBERTAMENTO!!!
endim mawess disse…
já que você é um jornalista imparcial publique casos de pastores evangelicos pedofilos para que seus leitores não pensem que isso é um mal catolico.
Paulo Lopes disse…
Endim: os casos de pastores pedófilos estão neste link: http://e-paulopes.blogspot.com/2009/06/casos-de-pastores-evangelicos-pedofilos.html

Desse menu, o post mais lido é "Condenado o pastor que estuprou garota em nome de Jesus", de novembro de 2008.
Anônimo disse…
Só sei que está se fechando o cerco contra esses lobos em pele de ovelhas... Chegou a hora de cabar com esse absolutismo da Igreja. Penso que é preciso agir com rigor contra estes irresponsáveis que deturpam o nome da Igreja. é preciso dar um basta a tudo isso, seja qual for a causa, mas as crianças não podem sofrer mais com esses abusos que os martiriza e deixa uma imensa ferida na alma.
realmente, é triste o quadro, nao sabia que tinha chegado a esse ponto. só uma revolução na mente da humanidade, pra acabar com esse tipo de coisa. está mais do que claro que é um reflexo da ignorancia e da inconsciencia religiosas...fanatismo, atraso, que mais poderemos nomear!
Anônimo disse…
Por que razão é que proibem os padres de se casarem? Proibi-los de se casarem é como proibir alguém de urinar ou comer. A relação sexual é uma necessidade biológica como outra qualquer. Façam como diz o Islão: permitam que se casem para que possam satisfazer suas necessidades sexuais com sua(s) esposa(s) e não andem molestando crianças. Se assim fizerem, poderão servir melhor a Deus.
Anônimo disse…
Eh, tem que casar.O casamento é o remédio da castidade. Solução pra tudo que é problema. Tah sozinho, solitário, viciado numa pornografia, pedofilia? Casa. Quem casa quer casa. Tem que casar. O casamento é uma instituição divina. A Igreja também, neh? Por isso nenhuma dessas duas drogas prestam.
Anônimo disse…
Manipulação dos intolerantes e irresponsáveis:
http://www.acidigital.com/noticia.php?id=18882
Anônimo disse…
Ironicamente, a Igreja é chamada de a "A Noiva de Cristo"

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