Maciel foi citado como exemplo por João Paulo 2 |
para revista católica francesa La Vie
O escândalo dos Legionários de Cristo é o maior já registrado na Igreja desde, digamos, a época da venda das indulgências. Ele combina quase tudo o que há de mais grave: subornos passivos até no Colégio dos Cardeais, plágio, omissão, abusos sexuais, abusos de confiança, deturpação da confissão, busca obscena e obstinada do dinheiro e da influência. Tudo assentado sobre uma piedade ostentatória
Em Roma, a combinação fatal da teoria da conspiração, da cultura do segredo, de um anticomunismo de guerra fria, e da obsessão produtivista das vocações permitiu a um pervertido, Marcial Maciel, de se fazer passar por um santo e de enganar Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. Agora, o Vaticano resume a carreira do homem que foi um fantástico sargento de recrutamento da seguinte forma: ‘Uma vida sem escrúpulos e sem autêntico sentimento religioso’.
Os sacerdotes e os fiéis que fazem parte dos Legionários de Cristo ou do seu ramo leigo, a Regnum Christi, são as primeiras vítimas. Tirando um punhado de cúmplices e lacaios, o seu compromisso sincero e generoso não pode ser posto em questão.
As medidas cautelares podem parecer justas para salvar o que pode ser uma rede da maior envergadura, em que muitas coisas boas foram feitas. E parece que é nesse sentido que os esforços devem ser vistos.
Mas não se pode pretender ‘refundar’ uma casa que tem, sob belas paredes, fundações tão ruins.
Concordo aqui com o norte-americano George Weigel, um católico conservador, durante muito tempo próximo desta congregação e biógrafo autorizado de João Paulo II. Como ele, também penso que deveríamos dissolver os Legionários de Cristo e propor àqueles que o desejarem entrar no clero diocesano ou em outras ordens religiosas. Em seguida, um pequeno grupo, talvez, poderia criar algo diferente, sobre outras bases que não aquelas do sigilo, do poder e do dinheiro.
Por que eu sou tão radical? Em parte por causa do contexto. O catolicismo atravessa uma crise de credibilidade. O processo feito sistematicamente contra a Igreja tem algo de irritante, e eu já escrevi sobre isso. Mas nossa época rebelde à moral é puritana à sua maneira. Ela é menos tolerante à contradição entre um discurso virtuoso e uma prática ineficiente viciada ou viciosa. Isto, ela está exigindo um preço bem alto.
Mas Bento XVI assumiu um papel ingrato e corajoso ao tentar cortar o abscesso dos escândalos de pedofilia ou, mais recentemente, ao criar uma comissão da verdade sobre as “aparições” de Medjugorje.
A impressionante pesquisa de Jean Mercier, na La Vie, mostra como o ainda cardeal Ratzinger quis fazer a limpeza entre os Legionários, mas foi impedido por conta do apoio que o seu fundador havia granjeado nas fileiras de um João Paulo II envelhecido. Ratzinger deve agora ir até o final.
E tem mais. Todas as grandes ordens religiosas estão assentadas sobre o carisma de um santo ao qual é preciso continuamente voltar para se refontalizar. Mas, aqui, o santo é um impostor, cuja adoração derivou em idolatria. Os Legionários não se desviaram, mas trabalharam desde os primeiros anos sobre uma mentira, uma cultura da dissimulação dessa mentira e sobre o culto do gênio de um mentiroso.
De uma perversão tão diabólica não pode surgir nada que seja evangélico. Não se pode ‘desmacielisar’ [de Maciel] os Legionários de Cristo como não se pode ‘desestalinizar’ [de Stalin] ou ‘desleninisar’ [de Lênin] o comunismo. Não podemos fundar um futuro sobre uma pintura retocada ou sobre um buraco.
Com tradução do Cepat para o IHU Online.
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Padre Maciel teria estuprado dois de seus filhos
março de 2010
Caso do padre Maciel, o devasso.
Comentários
O Papa finge que está querendo fazer uma limpeza e remover o legado secular deixado pela pedofilia.
A revista católica francesa ataca os casos de abusos sexuais infantis.
Não sou eu quem irá defender os FDPs abusadores acobertados pelas igrejas e pelas seitas religiosas diversas.
Os miseráveis que gostam de “la vie en rose” devem pagar pelo mal que causaram.
Pau neles!!!
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