Para Alani, não
existe Estatuto
da Criança
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Até agora, Alani, 6, não mereceu a mesma atenção das autoridades, e ela continua sendo explorada como milagreira pelo seu pai, o pastor Adauto Santos, da Igreja Pentecostal dos Milagres, da periferia do Rio de Janeiro. O pastor leva a filha aos cultos desde quando ela tinha um ano. Aos três, a menina começou a ser usada para fazer milagres. [ver vídeo abaixo].
A igreja fez um site para “missionarinha Alani” onde diz que quando “ela louva ou toca [as pessoas] como suas mãos, o sobrenatural tem acontecido: paralíticos andam e cancerosos e aidéticos são curados”. Do lado de fora da igreja, há fotos da menina com as mãos estendidas e cartazes nos quais supostos deficientes estão se livrando de muletas e de cadeiras de roda.
O pastor Santos admitiu ao jornalista Roberto Cabrini, do programa Conexão Repórter, do SBT, que a filha tem atraído ultimamente mais fiéis para a igreja e que as ofertas têm aumentado, “mas não muito”.
Também entrevistada pelo Cabrini, a menina disse tudo o que o seu pai gostaria que ela dissesse. Falou que acredita ter o poder de cura, que gosta do que faz, que não deixa de frequentar a escola, que faz a lição de casa direitinho etc.
Ela falou que na escola – cursa o primeiro ano do ensino fundamental – se relaciona normalmente com as amiguinhas, com naturalidade, de igual para igual.
Mas antes de o programa Conexão Repórter ir ao ar na semana passada, Época publicou que Alani é tratada na escola como a “menina superpoderosa”, numa alusão ao desenho animado de três meninas irmãs com poderes extraordinários.
Sandra, a mãe de Alani, disse ao programa do SBT que é uma alegria ter uma filha que recebeu de Jesus o dom de fazer milagre, deixando entendido que não se opõe à participação da menina nos cultos.
Contudo, pela reportagem da Época, em uma determinada época ela chegou a pedir a Santos que mantivesse a menina longe da igreja, o que ocorreu por três anos. Mas o pastor acabou trazendo-a de volta, reforçando o suposto dom de milagre da filha.
Santos costuma contar a história de que Alani começou a fazer milagre já no útero da mãe, que teria se livrado de miomas graças ao poder das mãozinhas da menina. De acordo com a revista, o pastor disse que, quando sua mulher estava grávida de Alani, as pessoas, ao tocar na barriga dela, “sentiam coisas estranhas” e "começavam a chorar".
A psicóloga Rose Araujo não tem dúvida de que a menina foi condicionada pelo pai a agir como milagreira. Ela disse que a Alani pode ter traumas quando der conta de que não possui dom algum ou ao tentar provar pelo resto da vida que de fato é uma pessoa com poderes divinos.
No site da igreja, há em vídeos depoimentos de pessoas que afirmam que obtiveram cura por intermédio da Alani. Se esses vídeos forem levados a sério, Alani já proporcionou mais milagres do que Jesus no decorrer de todo o Novo Testamento. Os "curados", como ocorre em outras igrejas evangélicas, são pessoas pobres que não conseguem cuidar de suas doenças pelo sistema de saúde governamental, o SUS, e muito menos comprar remédios.
Em seu programa, Cabrini mostrou um rapaz que, ao ser tocado pelas mãos da menina, acreditou estar curado de um câncer que, segundo os médicos, tinha se espalhado pelo corpo dele. “Quem me curou foi Jesus por intermédio de Alani”, afirmou o rapaz, que foi abraçado por parentes emocionados. Dias depois, ele morreu.
Para casos como esse, Santos recorre ao argumento que todos os pastores usam: só se curam as pessoas que têm fé o bastante. Ou seja, o rapaz não obteve a cura por culpa dele mesmo.
A própria Alani parece não ter tanta fé, se é que se pode exigir tal coisa de uma criança, porque, quando brinca com suas bonecas, ela as cura não com o toque de suas mãozinhas milagrosas, mas com injeções e remédios. A menina disse que quando crescer quer ser médica e talvez porque deseja curar de verdade as pessoas.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) protege crianças como a Maísa, mas não como Alani, porque as autoridades temem ser acusadas de discriminação religiosa.
Por isso Alani corre o risco de não ter salvação.
Com informação do Conexão Repórter, Época e do site da Igreja Pentecostal dos Milagres.
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Comentários
Ela foi "voluntária" porque um espertalhão, o seu pai, assim quis.
Infelizmente, as autoridades responsáveis pela aplicação do ECA não estão atentas para "detalhes" como esse.
Abraço e parabéns pela saudável discussão
Quer dizer que os índios matarem um menino com síndrome de Down ou torturarem uma criança com formigueiro é mais perdoável que "lucrar com a ignorância alheia"...
O cara já perdeu a noção, não tem hierarquia de valores.
É ainda mais lamentável o crime estar acontecendo com o incentivo dos próprios pais realmente para mim pode ser comparável ao crime de abuso sexual, talvez seja ainda mais grave pois a os danos psicológicos são TALVES IRREVERSIVEIS.
HIPOCRITASSSSSSSSSSSSS
Ora, que bobagem. Isto sim é que é hipocrisia.
Saí às ruas contra a ditadura militar, protestei, lutei pelo meu e pelo seu direito de livre opinião.
Liberdade de expressão, meu caro, não é uma questão do acaso, de sorte, mas de conquista.
Se você não entende isso, é natural que não entenda outras coisas, incluindo a exploração religiosa.
E está cometendo um violento atentado contra a consciência dessa criança, que não faz a mínima idéia do que seja ser "missionária" e tampouco dos objetivos dos supostos milagres realizados por ela. Não tem idéia da dimensão dos ideais que Cristo tentou passar para as pessoas, posto que sempre buscou o anonimato a cada milagre realizado nas narrativas bíblicas, é só ler a bíblia e observar o quanto esses supostos milagreiros andam na contra-mão daquele a quem eles afirmam servirem, a saber Jesus Cristo.
Para esse senhor que é o pai da Alani penso que um bom par de algemas e uma boa temporada numa cela refrescariam sua consciência...
Gostaria que tivesse dispensado o mesmo tratamento dado aqui ao anônimo mal educado, "4ª Legião da fé", também ao Anônimo que por várias vezes me agrediu descabidamente nesse espaço, o qual mesmo como minhas reclamações, não foi moderado pelo senhor.
mas vejo tanta criança esquecida no farol,vendendo e o pai ou familiar fica a espreita e ninguém liga,só porque a midia mostrou esta criança,porque não aumentar o foco?
tem crianças em situações piores e não vejo lei nenhuma e nem autoridade fazendo nada.
tudo pelo marketing.
Não teve fé $uficiente... ¬¬
As coisas que acontece dentro da igreja deve ficar dentro da igreja
Isso é cultura e ela tem um dom de Deus, um chamado e uma missão a cumprir
Bom seria que nossas crianças fizesse do que essa menina ta fazendo
pois se assim fosse não teria tantos jovens e crianças perdidos no mundo da
criminalidade e da prostituição.
Eu acho que vcs tem mais com o que se importar, pois falar mau de crente é realmente repugnante
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