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Quem diz não gostar de dinheiro é geralmente falsa santidade

Título original: Patético

por Luiz Felipe Pondé
para Folha
Quando não ter nada é fácil
dizer que não dá valor a nada

O que é mais importante na vida: ter ou ser? O que adianta ganhar o mundo e perder a alma? Para aqueles que não creem na alma, pode ser uma boa, não?

Se a vida não tiver sentido, quero passá-la num hotel cinco estrelas com uma mulher bonita do lado. E elas são caras. Amaldiçoados somos todos nós, mas é melhor ser infeliz com grana.

Sou do time de Nelson Rodrigues (em tudo): dinheiro só compra amor verdadeiro.

Uma forma fácil de você fingir que é legal é passar por alguém "superior" ao dinheiro. Eu, que sou um miserável mortal, confesso: adoro dinheiro. E confio mais em quem confessa que faria (quase tudo) por dinheiro. Desconfio de quem diz não dar valor ao dinheiro. Normalmente se trata de uma falsa santidade.

Os cínicos costumam dizer que perder a alma pode ser divertido se você tiver bastante grana.

Outros afirmam que só quem pode comprar tudo o que o dinheiro pode comprar sabe o que o dinheiro não pode comprar. Lembremos a excelente campanha publicitária do Mastercard "priceless": só quem tem Mastercard sabe o que não tem preço. Promessas de pobres sobre a própria integridade são bravatas.

Quando você não tem nada, é fácil dizer que não dá valor a nada.

Diante de questões como essas, gosto de citar uma passagem (supostamente verdadeira) da vida de Napoleão Bonaparte, o cavaleiro da modernidade.

Napoleão estaria conversando com o czar da Rússia sobre o futuro das relações entre a França revolucionária e a Rússia quando o czar disse (um tanto horrorizado com a "gula pelo poder" daquele falso imperador Napoleão, um reles novo rico): "Eu luto pela honra, o senhor luta por dinheiro". Ao que Napoleão teria respondido: "Cada um luta pelo que não tem".

Suspeito que muito do desprezo por dinheiro é na realidade falsa virtude. E falsa virtude é uma das qualidades humanas mais democráticas: todo mundo tem. É sempre chique você desprezar dinheiro e acusar de ganancioso quem não o faz. Mas a verdade é que dinheiro nunca é apenas dinheiro. Faz parte da estratégia da falsa virtude dizer que é.

Dinheiro traz consigo amigos, mulheres, poder, satisfação, emoções, restaurantes bons, reconhecimento, segurança, remédios, psicoterapia, tempo livre, cultura, arte, vida familiar estável, boas casas, lareiras, vinho francês, férias, bons hotéis, filhos felizes, mulheres generosas na cama, sorrisos largos, poesia, romances avassaladores em cenários paradisíacos, uma maior expectativa de vida.

Fala-se muito dos ganhos da ciência, mas estes só foram possíveis porque a indústria farmacêutica existe e ganha dinheiro "vendendo" mais expectativa de vida e daí reinveste na pesquisa.

Adultos infantis dizem: "Maldita seja a indústria farmacêutica!". Quero ver quando eles precisarem de remédios. Claro que grana não impede você de ter um câncer, mas pode garantir mais acesso à quimioterapia, a melhores hospitais e a médicos mais atenciosos. Claro que você pode deprimir numa BMW, mas ainda assim você estará numa BMW, não? Coitado de você, tão triste numa BMW...

Sou do time de Nelson Rodrigues (em tudo): dinheiro só compra amor verdadeiro. Só almas superficiais não têm um preço. Só elas não sabem de nossa tragédia: sempre estivemos à venda.

Haveria algo que dinheiro não compra? Amizade sincera, fidelidade, felicidade? Uma grande desgraça na vida é que, sim, você pode ter muita grana, mas não ter nada disso. Mas dificilmente a culpa será do dinheiro. Este sempre facilita as coisas e não o contrário.

A maior parte daqueles que falam mal do dinheiro é porque simplesmente não o tem. E aí está a falsa virtude, aquela mesma que atrapalha qualquer "crítica" verdadeira a um mundo miseravelmente submetido ao dinheiro.

Os que se afirmam livres do desejo pelo vil metal são os piores quando têm a chance de tê-lo. Só quem abre mão da própria vida está acima do dinheiro, o resto é conversa mole.

Dinheiro reúne em si todas as qualidades humanas. Brilha, emociona, trai, acumula, se vinga, projeta, constrói, destrói, oprime, esmaga, ergue, resolve e cria problemas, sufoca, faz respirar, faz chorar, faz promessas, mente.

Cheio de paixões, patético, como você e eu.

Comentários

Anônimo disse…
kkkkkkkkkkk...depois de um artigo desse só me resta o riso...um provocador esse Pondé...kkkkkk
Ricardo disse…
Eu concordo com tudo o que está escrito nesse texto. Se eu ler esse texto para um analfabeto ele vai concordar com tudo. Se minha avó ler esse texto vai concordar com tudo. É a mais pura expressão do senso comum.
Mas o cara precisou estudar filosofia e teologia para chegar a essas conclusões?!? É realmente patético, ele deve estar mesmo precisando muito de grana... E também deve ter as costas muito quentes para continuar escrevendo essas trivialidades na Folha de São Paulo. Ou talvez eu esteja supervalorizando a Folha.
Anônimo disse…
Eu também concordo e muitas outras pessoas também, mas ninguém até agora tinha escrito talvez, sei lá, por falta de coragem. Pondé foi a exceção.
Ricardo disse…
Ninguém tinha escrito antes porquê é algo estupidamente óbvio. Qualquer zé ruela sabe que dinheiro resolve 99% dos problemas humanos.
Eu só não concordo que isso faça do "filósofo" Pondé um corajoso ou provocador, mas apenas um oportunista. Afinal, ele foi pago para escrever estas grandes "verdades" que (ele quer fazer pensar) que ninguém conheceria se não fosse por suas palavras "corajosas".
Pelo menos ele foi honesto em assumir que é patético.
Anônimo disse…
Eu já diria que qualquer estúpido acha isso óbvio! Ateus, laicistas e cia, por mais que não concordem, sois crentes também... Eis o vosso deus:O dinheiro!
Thiago
Ricardo disse…
Porquê diabos as pessoas aqui têm a irritante mania de comentar como anônimos? É só inventar um maldito apelido, não precisa colocar nome verdadeiro completo e CPF! E escrever o nome no final é pura preguiça.
Mas vamos lá. Ao Anônimo Thiago aí de cima: por acaso você acha que gostar de dinheiro é privilégio de ateus, laicistas e cia? Pessoas religiosas não gostam de dinheiro também? Por favor...
E que m#$@& é essa de "sois", "eis"? É pra parecer superior, melhor ou mais inteligente? Desculpe dizer, mas não funcionou.
Unknown disse…
(Ariadne - adne.faro@gmail.com)
Ateus, eis o vosso deus? E os TEUS? É desculpável em se tratando de um garoto, e ainda pior, um...crente. A mais simplória, a mais ignorante das castas...Que não sabe, ingênuos e místicos que são...que os guiadores dos rebanhos de TEUS, são ATEUS...e ateus de um ateísmo pragmático, daí gostarem tanto de dinheiro...Mas exigir que um pobre garoto entenda de diplomacia, de política, de como funciona o "governo" e a "economia" da instituição que reputa por sua religião, sua fé, quando é apenas um estado, um principadozinho cujo monarca não dispõe de exército, porém de poder beligerante ideológico incomum...Aliás, como todo nazistazinho, ele se orgulha disso, o tal thiago, pois num outro link do blog, ele se ufana de que AS IGREJAS continuarão influindo sim (e nesse ponto , é claro é, concordante com os inimigos, os protestantes) e que nós ...ENGULAMOS FAROFA...KKKKK....Sem querer jogá-la no ventilador, quem engole -a aos montões são os farofeiros-devotos da santa sé...Agora que junto com os bilhões de indenização a serem pagos nos EUA e na Bélgica, e mais recentemente em Portugal, aumentarão das espórtulas O QUINTO DA DERRAMA, para custear as BMW dos pobrezinhos dos cardeais...tsc! tsc! Deve ser este o castigo do inferno, pois como diz SANTO TOMÁS DE AQUINO, As delícias que gozam os bemaventurados, aumentam os tormentos dos condenados...e vice-e-versa, os tormentos dos condenados, aumentam as alegrias dos bemaventurados...Vô-te!!!Cada um com a "fé" que merece! Santa chiesa romána!!!
Anônimo disse…
No dia 13 de setembro de 2010, uma leitora anônima, aparentemente encerrando um QUID PRO QUO com o comentador do post logo acima do dela, de 18:47 do referido dia, fez uma profecia, precisamente postando-a as 00:41; vaticinou de modo tão exato e com tirocínio infalível (como costuma ser na maioria das vezes a intuição feminina); a causa oculta da amargura destilaria do mago e alquimista das letras,Pondé. (sic)..."não é a perda da vida (em relação ao título "VIROU PRAGA A ESPIRITUALIDADE DE TER DE PERDER A VIDA PARA SALVÁ-LA) que ameaça o "novo crente" da felicidade onipotente e ilusoria...É A ABSOLUTA IMPOSSIBILIDADE DE GANHÁ-LA...COM TANTAS EXIGÊNCIAS inatingíveis e expectativas irrealizáveis..."Perdida a fé no "deus vingador", o temor divino pela culpa do sexo, RESTAM ESTAS MEDÍOCRES SENSAÇÕES culposas, "baratas"; remorso rasteiro e vulgar, MATERIALISMO INCOMPLETO E NÃO SATISFEITO...NÃO SER RICO...EIS O QUE O CORRÓI..."
Brilhante diagnóstico!
Ricardo disse…
Anônimo(a) logo acima (põe um nome, gente, pelo amor de Deus!)

Eu acho que você fez uma pequena confusão a respeito da identidade do(a) comentador(a) de 13/09.
Até onde eu sei a leitora anônima que estava discutindo comigo (no bom sentido) não é a mesma pessoa que comentou às 00:41. Que, aliás, não podemos nem saber se era homem ou mulher, por causa dessa mania irritante de se postar como Anônimo!
Viram só a bagunça que causa a simples preguiça de colocar (ou inventar, tanto faz) um simples nomezinho?
Ticiano disse…
Concordo plenamente com o acordo geopsíquico celebrado entre a psique coletiva e o emergente raio da décima segunda casa, sendo esta a última oportunidade de realizar-se a configuração esperada, desde o século dezoito, quando ruiu a casa de bourbon, e também neste século, quando caíram as torres fulminadas pelo raio islâmico, o papa conspira, tudo conspira contra o estado laico, que entronizado pelo anticristo, se antepara agora na legalização do aborto e do casamento dos pervertidos...???é muito fácil fazer doutorado sanduíche e tudo pago pela santa sé, na nova sociedade que mentalizamos, onde o peripatético e o neoplatônico finalmente se reconciliarão, ninguém sem conhecer realmente geometria será admitido aos estudos filosóficos.
Ricardo disse…
Ticiano,

Que eu saiba não há uma regra criada pelo dono deste blog a respeito de qual idioma deve ser usado nos comentários. Mas creio que seja de bom tom usar apenas o português.
Thiago disse…
Ariadne, vce conseguiu se eroscar até ao pescoço no seu "novelo de linhas" incoerentes, hipócritas e extremistas, pois nesse outro link do blog, vce mesma diz estudar em universidade católica, pelomenos vce deixa entender,parazitando desavergonhadamente no "covil de corruptos". Nazismo é voce generalizar a questão da pederastia de forma intolerante, como se não houvessem exceções... Depois farizaicamente, como se voces fossem de uma castidade ilibada...(ridículo!)Já dizia o grande filósofo Blaise Pascal:"Apresentai-me um ateu não-devasso e eu acreditarei nele"... No tocante aos protestantes, usei palavras do autor, e adianto que não os admiro, sei que são precursores de voces. Eles e voces são farinha do mesmo saco, ou por outra, lama do mesmo pântano... Lembrei-me que farinha pode ser util como alimento... São Tomás de Aquino diz também que acreditar em Deus é questão de inteligencia e dá 5 razões, as quais podemos nos aprofundar um dia desses... vce que se ufana tanto em ser da casta dos "inteligentes" ateus... Quem sabe vce um dia queimará o que hje adora e adorará o que hje queima?! O Grande Pascal também diz que se Deus não existe, uma pessoa não perde nada ao acreditar, enquanto se Ele existe, uma pessoa perde tudo ao não acreditar...
Ricardo disse…
Thiago

Existem canalhas em todas as religiões e em todo o espectro político. Mas associar ateísmo a devassidão é de um simplismo assustador. Quanto a dizer que os protestantes são precursores dos ateus... Bem, nem vou comentar.
Anônimo disse…
ora, direis, ouvir estrelas! pois se não há maior tolerância à pederastia que nos seminários e mosteiros masculinos de vossa Igreja!? sabes pelo menos onde fica FARO, oh discípulo neoescolástico tomista? e por que usamos estas ridículas becas negras? por acaso ouviste dizer, ouviste as estrelas contarem-te que a universidade de faro É LAICA? Quanto à inteligência do teu santo aquinata, nada mais do que compilação aristotélica, as 5 razões são as mesmas da filosofia clássica, apenas batizadas antes que avicena(averróis) recebesse o mérito de ressuscitar o estagirita. Queres um conselho, oh, neófito? Antes de posares como remígio e eu clodovina, a curvar minha cabeça sicambra e adorar o que queimei; lede mais, meu caro, lede mais(NUNQUAM SATIS).
Anônimo disse…
que lixo! vai tomar no meio do olho do seu chobas seu cronista de merda
Anônimo disse…
Caída a máscara do nazikatholik que de piedoso não tem nada, como já supúnhamos, pois vê-se claramente que o diabo e não o amor habita em seus pensamentos, fazemos uma breve reflexão sobre o artigo do senhor Poné. Atribui indevidamente ao filósofo e jornalista brasileiro o militante da juventude ratzitlerista, a responsabilidade da atual idolatria universal pelo dinheiro ao presuntivo e hipotético ateísmo do pensador literato. Um equívoco, pois ninguém mais católico do que este, o que obriga à razão admitir, como perfeitamente coerente com a doutrina que professa, o amor ao dinheiro. Pois se não é o dinheiro que financia os dosséis e os cobre com ouropéis...Não é o tilintar das moedas que faz as almas subirem do purgatório ao céu, segundo Tetzel, quando pelos mortos se transforma o dinheiro em sacrifícios sufragantes? Não são os milhares de dólares que apressam as canonizações, e ANULAM os indissolúveis matrimônios nas sagradas rotas? Comparai o processo de uma simples mortal com o da filha da princesa-ex hollywood, e, salvaguarda da honra do argumento, não é anulado, mas declarado nulo desde o princípio...Em outras palavras, com dinheiro, até a santidade e a indissolubilidade do casamento é revogada, pois segundo a hierática declaração...nunca existiu. Pois sim.
Ticiano disse…
Creio porque é absurdo, creio porque não compreendo, creio porque é inteligivel, há uma confusão no esquemático cibório onde ostenta a fé no indizível, inegável, esclera da cave visionário intumescida pelo granulo cismático, hiperbóreo halo irizado que lhe oprime a enganadora sede de estímulos policromáticos, sem que com isso o acordo geodésico político seja negado, antes pelo contrário, matematicamente falando, o raio da décima segunda casa outrora astrológica, agora é ocultismo puro, com resquícios vestigiais anacrônicos do sacrifício de infantes. Paramentos, incenso e panóplias, misto de tortura e ferro e fogo dos incendiários, com misto de emolumentos vernais. Para onde convergem esses materialismos da psique, nenhum psicopompo sabe traduzir.
Anônimo disse…
Impressionante a novidade que Pondé revela.
Francisco disse…
Eu tive aula com o Pondé na faculdade, e é de uma ofensa sem tamanho referir-se a ele como filósofo entre aspas. Foi um dos professores mais brilhantes que eu já tive na vida, e com uma história que deixariam a grande maioria classe média aí de queixo caído.

Quanto ao excelente texto, eu adorei! Eu assim como ele, eu não vou fazer parte da turma hipócrita que diz que dinheiro não traz felicidade. Se não traz, ele manda buscar. Eu sempre usei o dinheiro para o meu melhor, para ter uma educação de nível, e aprendi também que dinheiro deve ser seu meu melhor amigo, e não seu dono.

É que no Brasil, infelizmente, rico é visto como vilão. Num país onde ter vale mais do que ser, os valores são esses, não é a toa que brasileiro adora um Big Brother, ou uma Tieta, que vem rica se vingando do passado pobre.

Quem gosta de pobreza é ONG, meus caros. Parem de pregar o evangelho e a moral da alma quando na verdade, vocês todos querem ter um IPhone que eu sei.
Mari disse…
Eu gosto de dinheiro e queria ganhar na loteria *-*

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