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Leitora, você namoraria o porteiro do seu prédio?

Título original: Adivinhe quem vem para o jantar?

por Luiz Feliz Pondé
para a Folha de S. Paulo

Você namoraria o porteiro do seu prédio?  "O quê?!" Assusta-se a leitora, nesta segunda-feira, dia 31 de janeiro.

Hoje, o ano novo já mergulha na corrida sonambúlica de todos os anos velhos. Claro que seus planos para 2011 não darão certo.

Provavelmente você continuará menos amada do que gostaria, ganhando menos do que gostaria, com os mesmos amigos chatos, os mesmos namorados bobos (os melhores já estão "ocupados", como sempre, ainda que você possa, como sempre, tentar tomá-los das suas melhores amigas) e pegando o trânsito idiota de todo feriadão para ir a praias que são cheias de gente brega e mal-educada. Aquelas mesmas que invadem os aeroportos com seus quilos de bagagem e sua alegria de praça de alimentação.

Calma, talvez eu esteja apenas enganado, e em 2011 aconteça tudo que aquela vidente picareta disse para você que ia acontecer.

"Que diabos este colunista está querendo dizer com essa história de eu namorar o porteiro do meu prédio?" Mas, claro, ela não responde a minha pergunta, porque uma pergunta como essa pode revelar que ela não é tão legal quanto gosta de fazer parecer em jantares inteligentes.

Essa pergunta não é minha propriamente, mas de um amigo meu bem esquisito. Ele fez essa pergunta em meio a uma discussão sobre ter ou não ter preconceitos, e achei que era muito bem pensada. Na realidade, a conversa nasceu do meu desgosto com o estilo de vida "praça de alimentação". Esse meu desgosto deixa muita gente "legal" indignada. Pessoalmente, suspeito fortemente de gente "legal" e "indignada", confio mais em gente blasé.

Imagine você, toda bonita, magra na medida certa, dieta de baixo impacto calórico e bem-sucedida na profissão, mãe de um filho de 12 anos preocupado com o aquecimento global, enquanto deixa o quarto sempre desarrumado, até que você se descabele e comece a berrar "arrume esse quarto, menino!". Agora imagine você saindo com o porteiro de seu prédio, de mãos dadas, num desses restaurantes chiquinhos que você frequenta.

Do que vocês conversariam? Que tal sobre sua revolta contra preconceitos e contra injustiça social? Que tal um beijo na boca bem gostoso em nome da igualdade social? Você já viu aquele filme "Adivinhe Quem Vem para Jantar", com Sydney Poitier? Veja.

Antes que o plantão dos humilhados e ofendidos grite, também sou contra injustiça social e contra preconceito. Hoje todo mundo que sabe comer de boca fechada também sabe sofrer pelas criancinhas da África. Atualmente, ser contra injustiça social e contra preconceitos é tão banal quanto ler horóscopo todo dia de manhã.

Incrível como, suavemente, todos os ideais sociais modernos tombam, como o cristianismo já tombara desde a Antiguidade tardia, à hipocrisia social de salão.

Agora, imagine você, caro leitor, homem moderno, sensível, machista nem pensar, que acredita em redes sociais, que diz por aí que não tem medo de mulher (mentiroso, todo homem tem medo de mulher, principalmente quando está interessado nela).

Imagine que sua filha está a fim do porteiro do seu prédio. Imagine ela saindo com ele. Ele dirigindo o carro que você deu para ela. Que tal eles irem a algum churrasco na laje que ele frequenta? Ou, quem sabe, ir a alguma dessas igrejas por aí onde o Espírito Santo "baixa" e as pessoas pulam e gritam feito loucas "Aleluia, aleluia!"?

Que tal se sua filha quiser se casar com ele? Você paga pelo casamento? Que tal um filhinho com a cara dele? Você visitará a família dele no Nordeste?

Mas, atenção: nada de resort cinco estrelas ou pousadinhas de um holandês doidão que se cansou da Europa e veio em busca de uma natureza selvagem. Hospede-se na casa da família dele.

Agora, imagine nosso belo casal, tirando seus filhos dessas escolas chiquinhas que ensinam aos seus filhos "consciência social" ao preço de quase R$ 2.000 mensais, em bairros "nobres". Agora pense neles matriculando seus filhos em 2011 (afinal, ano novo, vida nova) numa escola pública onde o filho do seu porteiro estuda.

Agora convide seu porteiro para jantar. Qual é o nome dele mesmo?

Quem diz não gostar de dinheiro é geralmente uma falsa santidade.
outubro de 2010

>Artigos de Luiz Felipe Pondé.

Comentários

Anônimo disse…
Que texto mais infeliz.....com tanta gente boa para escrever na folha colocam um ser tão pobre. Que pena.
J. Irineu disse…
Por que um 'ser tão pobre'? É mentira o que Pondé escreve? Prove que não. Coloque seus argumentos e recorra às suas leituras. Porque, se não fizer, como não fez, o pobre mental é você.
Viviane disse…
Texto PÉSSIMO. Quanto não se algo bom para dizer, o melhor é ficar quietinho, "pianinho, mano".
Anônimo disse…
Eu aposto que o ondé nunca namorou a copeira do prédio dele...
Unknown disse…
Não sei em qual cidade vivem as pessoas que criticaram o Pondé por esse texto. Dou aula de inglês para o público adulto classe média/alta da cidade de São Paulo e moro ao lado de um shopping center. Isso me da a oportunidade de perceber diversas dessas características em boa parte das pessoas daqui. O texto pode não ser brilhante, mas é pertinente e bem humorado.
Anônimo disse…
...realmente não é brilhante...
Anônimo disse…
Pressinto que o texto incomodou certos namoradores de porteiros e copeiras que andam na high society...
Anônimo disse…
Em paises europeus, a diferença de classe não incomoda em um relacionamento, basta ver até como as realezas européias se envolvem com plebeus. Num Brasil que se desenvolve, os doutores e dondocas vão ter que se acostumar com que verão na velhice...
Regina disse…
O problema do Brasil, é mais a diferença cultural entre classes. Lá na Europa, uma pessoa de classe alta pode muito bem se relacionar com alguém de classe inferior, sendo que não haverá muita discrepância quanto ao nível de conhecimento entre eles. Afinal, o acesso à educação e a cultura é muito diferente da do Brasil. E é esta a diferença. A diferença é que existe muita desigualdade cultural, o que leva a desigualdade social e econômica em nosso povo.
Anônimo disse…
A regina Acertou em cheio...
Ricardo disse…
Até quando esse sujeito vai ficar reclamando da "alegria de praça de alimentação", de "jantarzinho inteligente" ou do que ele acha "brega"? Pelo amor de Deus, muda o repertório!
E pensar que ele ainda É PAGO para escrever essas nulidades. Como assinante da Folha de São Paulo é triste ver o espaço que ela cede para alguém escrever tanta besteira.
Pensa comigo: se fosse a empregada, teria problema? quanto machismo nesse texto! Um Fail pro amigo!
Rafael disse…
E quem disse que um texto curto desses tem que ser perfeito?
Aliás, o que seria um texto perfeito?
Eu acho a abordagem válida.
Meu pai mesmo não ficaria muito contente com minhas irmãs nesse cenário, admito.
Primaluce disse…
Os comentários ruins são tão inúteis quanto aquilo que pretendem criticar. O que eu gostaria mesmo de ver dentre os comentários é um texto bem escrito criticando um texto que o comentador diz ser mal escrito. Mas, dada a dificuldade em escrever da maioria que dispara críticas ao Pondé, acho que nunca veremos tal façanha, não é mesmo?
Anônimo disse…
Que porcaria, hein?
Ricardo disse…
Primaluce,

O Pondé até tem acertado a mão, vez ou outra. Mas quando erra, como neste texto, fica insuportável. Pode ser só uma fase, vai saber.
Só a título de exemplo e comparação, eu me lembro que o Carlos Heitor Cony, há alguns anos, se meteu a escrever somente sobre sua maldita cachorrinha de estimação. Ficou um saco, mas depois passou. E, mais recentemente, temos o caso do cartunista Laerte, cujas tirinhas ficaram incompreensíveis e chatíssimas. Sem mencionar o fato de que agora ele se veste de mulher! Parece que entrou numa crise que está difícil de passar.
Trocando em miúdos, espero sinceramente que o Pondé volte a escrever como no início, lá pelos idos de 2008. Provocador, sim, mas sem o ranço preconceituoso e elitista que tem mostrado ultimamente.
Anônimo disse…
Pondé é a reencarnação de Schopenhauer, nota -se perfeitamente a semelhança!
Duduziuz disse…
Pois é... também não entendi muito bem este texto. Meio sem pé, nem cabeça. Uma espécie de revolta... só que ao avesso.

Duvido muito que o texto seja superficial como aparenta, vindo de um filósofo com o gabarito de Pondé. Neste caso, o texto deve ter um brilhantismo "oculto". Caso contrário, é dispensável e incompatível com os títulos de "doutor" do autor...
Ricardo disse…
Duduziuz,

Não creio que haja algum significado "oculto" no texto. Muito pelo contrário, o que eu percebo é que o Pondé está finalmente "pondo as manguinhas de fora" e dizendo exatamente o que sempre quis dizer, pois ele sabe muito bem que a Folha de São Paulo jamais vai dispensá-lo e correr o risco de ser acusada de policiamento politicamente correto. Perceba que ele está cada vez mais "à vontade" em suas colunas.
Podemos esperar mais elitismo e preconceito escancarado por parte do "filósofo" nas colunas que virão.
Ricardo disse…
Anônimo das 08:48,

Deve ser a 42ª vez que você diz que o Pondé é a reencarnação de Schopenhauer! Você poderia explicar o que quer dizer com isso, pelo menos? Por favor?
Anônimo disse…
Praça de alimentação tem gostosas, cheirosas, melhor que boteco que essas petistas frequentam com seus suvacos cabeludos, as ressentidas, burguesa cheirosa de Shopping é tudo de bom,rsrsr!
Anônimo disse…
Concordo com a Regina: o problema no Brasil é a diferença cultural entre as classes sociais. "Lá na Europa uma pessoa de classe alta pode muito bem se relacionar com alguém de classe inferior, sendo que não haverá muita discrepância quanto ao nível de conhecimento entre eles. Afinal, o acesso à educação e à cultura é muito diferente da do Brasil. E é esta a diferença." O problema não é o churrasco na laje, o problema é o pagode que toca nesses churrascos. E conversar sobre o que, com quem nunca comprou um livro na vida e só assiste a futebol?
Ricardo disse…
Vocês estão supervalorizando a Europa, minha gente. É o maldito complexo de Terceiro Mundo. Lá não é tão diferente assim, não.
O príncipe William vai casar com uma "plebeia", não vai? Sim, mas ela não é uma plebeia qualquer, a família dela tem grana, o problema é que ela não é da realeza, só isso. Mas ela ainda está muuuuuito longe da base da pirâmide social.
Anônimo disse…
Belo texto! Cáustico, mas verdadeiro. Um tapa na hipocrisia social do "politicamente correto"! Somos politicamente corretos? Somos verdadeiramente igualitários? Na real, pra consumo interno e na esfera privada ainda somos conservadores do tipo cada um na sua?!
Quem se arrisca normalmente não se arrepende e isto faz mais sentido quando parte de uma mulher em relação a um homem. Se for um homem negro, então... O mito da cinderela, embora machista, ainda predomina. O contrário, o mito do Cinderelo negro, é raro! É preciso coragem ! É preciso atitude para casar, ter uma união estável com homem de outra classe e/ou outra cor! Só tirar ondinha é fácil e não vale jogador de futebol com salário trilionário não!


Quem sabe dá certo?!

Bom feriado!
Anônimo disse…
Descobri o Pondé ontem, numa entrevista na rádio e me identifiquei com suas ideias livres de hipocrisia e falso moralismo!
Sou uma nova fã!
Rodrigo Marucco disse…
Pondé sempre diz a verdade.Sou, sem falsa modéstia, bastante culto, porém ganho pouco. Sei bem do que trata esse texto.
Anônimo disse…
Eu também sou um Acadêmico, fui do CNPq, e sei que esse cara não está mentindo!

Acho que essas reações só demonstram que o Brasil não andou para a frente, em termos de pensamento, nesses últimos 30 anos.
Ricardo disse…
Para quem conheceu o Pondé ontem e já está achando que ele é o máximo, tomo a liberdade de transcrever a opinião de um leitor habitual da Folha de São Paulo, publicada no Painel dos Leitores, da mesma:

"O colunista Luiz Felipe Pondé, em "Adivinhe quem vem para jantar", inaugura uma nova categoria política em nosso jornalismo diário: o populismo para os ricos. Esse novo argumento consiste em afirmar enfaticamente os preconceitos usualmente utilizados pelos endinheirados como se fossem um antídoto contra nossa intolerável hipocrisia social. Há nesse país -e nessa cidade em particular- uma segregação social, cultural e econômica acintosa e desumana. A mesma segregação que faz troça e piada dos desassistidos, sob a anuência dos intelectuais acostumados às delícias e aos afagos das sempiternas cruéis elites endinheiradas."
EDUARDO OYAKAWA (São Paulo, SP)


Não digo mais nada.
Anônimo disse…
Nunca li Pondé "fazer troça e piada dos desassistidos". Ele diz que o bom mesmo é estar do lado dos "assistidos". O que, aliás, é óbvio ululante.
Ricardo disse…
Como dizia o saudoso Tim Maia:

"O Brasil é o único país onde, além de puta gozar, cafetão ter ciúme e traficante ser viciado, pobre é de direita”.

Quando ele estava sóbrio sabia do que falava.
Anônimo disse…
Num pais capitalista a pessoa ser pobre é por preguiça. se ganha dinheiro com tudo que se inventa, vender cigarro solto e café na estação de metrô em um ano se tem casa própria, mas brasileiro quer andar bonitinho e ganhar mixaria trabalhando em escritório rsrsrs!
maniacsT disse…
Pondé quer destruir o "politicamente correto" com qual intenção? se tornar um filosofo odiado e assim ganhar fama ,então vem um imbecil e diz "ele é o novo Schopenhauer".
Ricardo disse…
maniacsT

Ele começou a posar de "rebeldinho da direita" e, pelo jeito, está adorando. A fama (para o bem ou para o mal) que ele conseguiu na FSP ele nunca iria conseguir na academia. Essa é a intenção dele. Tanto é assim que ele escreveu um livro, chamado (adivinhe?) "Contra Um Mundo Melhor", onde ele reúne os textos da folha e mais alguns, todos do mesmo naipe.
Suspeito que ele tirou a ideia de "O Livro Dos Insultos", de H.L. Mencken (um de seus ídolos, por sinal). Mas Mencken era um jornalista e um crítico social feroz e genial, e não um acadêmico ressentido.
Que os fãs me desculpem, mas eu não "compro" o Pondé, se é que vocês me entendem.
Anônimo disse…
Pondé é o maior pensador em quinhentos anos de Brasil, qto ele ser reencarnação de Schopenhauer discordo, mas ele é melhor que Nietzsche!
Anônimo disse…
Luíz feliz?
Jenivaldison disse…
Sou porteiro e comi a filhinha do Pondé.
Por isso ele tá puto.
Jenivaldison disse…
Aliás, não sou qualquer porteiro não...
dou meus corres por fora
tiro R$ 6.000, 7.000,00 por mês, o suficiente pra levar a princesinha filha dele num bom motel e descer a madeira...
ele vai ter que me aguentar tomando uma skol bem gelada nos domingos na casa dele, vendo futebol na TV e soltando uns peido pra infectar os livros da sala dele
Aliás, só pode ser o porteiro a lhe comer a filha, porque os boyzinhos hoje em dia tão numa pegada mais emo, chorando e se beijando
homem mesmo só na Crasse C!
kkkkkkkkkkkkk

Otário! kkkkkkkkkk
Anônimo disse…
'baixa' o espirito santo? esse 'baixar' nas pessoas seria o que? diabo? santo?
Luiz Canaes disse…
O mais triste nisso tudo é ver que a maioria das pessoas nem consegue sequer entender a idéia de uma pessoa que pensa e sente com um mínimo de senso de realidade como o L F Pondé. Tá difícil mesmo a comunicação hoje em dia, nem sei se vale a pena ficar aquí escrevendo alguma coisa porque o pensamento generalizado é : "Eu sou bom, eu sei tudo"... Ôh época ...
lobz disse…
A critica do pondé não é com o porteiro ou com a pessoa nojinho que não namoraria um porteiro jamais, é com a hipocresia desse povo que È SIM preconceituoso, mas finge que não e defende a "igualdade social" - Pura hipocresia.

Eu não gostaria que minha filha namorasse o porteiro do meu prédio, quero muito mais pra ela, podem me crucificar por dizer isso em público.
Diogo e disse…
Realmente fico muito triste, quando vejo é percebo, que apesar de tantos comentarios de pessoas que se dizem '' cultas,eruditas até mesmo formadores de opiniões'' analisarem o ser humano apenas pelo o que ele possue ou pelos seus titulos ou pela sua classe social. queridos, devemos sempre olhar para o proximo é enxergamos unicamente a sua condição humana. condição essa que todos nós carregamos, as mesmas fragilidades,limimitações. E tudo aquilo que a nossa condição ''Humana'' nos oferece principalmente o dom de ''AMAR'' um grande abraço a todos. Que Deus nos abençoe
Anônimo disse…
Pondé é só mais um clicheteiro de sempre, com a mesma conversinha fiada de quem critica aquilo que na verdade faz bem pior, ele é o legítimo retrato do pretencioso, com muita enganação e pouquíssimo conteúdo. Agora só falta sugerir cotas para namoro...e se você não seguir as cotas você não é legal. Esse texto do Pondé foi pura perda de tempo.
O texto é superficial e mal escrito, mas o questionamento é importantíssimo e não está sendo debatido aqui. Há inúmeras questões legítimas que se podem levantar do contexto:

1 - A natureza da separação entre as classes no Brasil
2 - A realidade de tal separação
3 - A sinceridade dos valores humanistas de nossa elite
4 - Os problemas reais adivindos de um tal relacionamento
5 - Os problemas adivindos de tal relacionamento exclusivamente pela existência do preconceito

entre outros mais.
video porteiros disse…
Brilhante! O que uma boa leitura. Que foi um bom post - informativo, mas não muito pesado. Obrigado por ter tempo para escrevê-lo! Eu acho que a espiritualidade é também muito importante, certamente concordo com esse ponto. Um líder sem espiritualidade está faltando um elemento chave.
Anônimo disse…
Muito bom! Pondé só disse a verdade que ninguém quer ver ou tem medo de admití-la.
[thg] disse…
Curiosos é ver a galera daqui achando que o Pondé reinventou a ironia com esse texto bobo.
Esse negócio de ficar ironizando a hipocrisia da "elite" brasileira é coisa de quem não tem mais sobre o que escrever. Acho que eu fazia isso na minha sexta série do ensino fundamental.
melissa disse…
eu protesto,porque eu sou apixonada por um porteiro "amor a primeira vista". e não podem falar assim, dos porteiro.pondé é a mãe e o apai(claro) de cada um,desses que falou(pondé).tenha mais muito mais,respeito com os porteiros.o coração de um serumano dói,com uma coisa dessas.
Anônimo disse…
O Filho do Porteiro.

A despeito do povo aqui que em vez de comentar as ideias comentar a qualidade da escrita, isso me chama a atençao por ter sentido na pele o dito preconceito.


Não sou porteiro mas sou filho dum. Vivemos uns 14 morando no apartamento terreo do porteiro. Meu pai um homem que conheceu a fome de doer na barriga, trabalhando desde menino com o seu pai na enxada em terra alheia foi pra uma grande metropole. E lá trabalhava com vigor limpando sozinho todo bloco as escada etc, fazendo manunteção o dia e a noite de faxineiro até umas 12. De madrugada entregava jornais e ainda fazia bicos lavando carros etc.
Tenho ótima memória. Quando criança conheci gente bacana sem preconceito e uns malditos que subestimam o poder que o preconceito (e semelhantes como xenofobia, racismo etc) tem de incutir ódio e revolta profundos.
Mas não me tornei por pouco um tal revoltado por ter uma pai muito forte mentalmente e fisicamente resistente. Ele não era um matuto ainda bem, embora estudasse pouco mais que a 5 série e fosse dócil e as vezes ingenuo e muito muito generoso. Tenho orgulho dele e ódio quando lembro algumas humilhações dos da classe mérdia que sabiam da dependencia de seu meio de vida.

Eu tinha amigos dessa tal classe média, e de uns a mãe repreendia na minha cara o filho dizendo: "não quero voce andando com esse menino! Ele é filho de porteiro". Depois as vinha aquilo que as lindas criancinhas sempre fizeram que é hoje chamado de bullying. Eu quase arrumava um namoradinha e as outras meninas cantavam pra ela:"tá namorando filho do porteiro! Tá namorando filho do porteiro!". E olha que eu modestia a parte era e sou bonito e limpinho.

E tinha uns folgados que batiam na porta nossa moradia/senzala eu abria a porta e a "madame" dizia: "me ajuda aqui a carregar minhas compras". E intimidado eu ia levar do carro ao apartamento. Minha obrigação!
Anônimo disse…
O Filho do Porteiro conclui:

Certa vez numa das brigas de minha mãe que era doente com meu pai um distinto "morador" negro classe média disse ao meu pai na nossa porta: "O senhor então vai morar numa favela por aqui e vem trabalhar!" "Seus filhos vão virar bandidos."
Sem resposta num momento um tanto ingenuo meu pai se vira pra mim com 8 anos de idade e diz:"Ai, ele tá dizendo que voce vai virar bandido, olha ai?!" Eu não sabia o que responder. Mas eu não virei bandido por que tive um pai abnegado e trabalhador diante de adversidades negras como poucos homens nesse mundo. Disso eu tenho evidencias e certeza e testemunho de terceiros. E se eu virasse bandido faria questão de mostrar aquele senhor que nos ofereceu a favela pra morar como pode um filho de porteiro ter uma crueldade culta, inspirado em Augusto dos Anjos, Nietsche etc, sabendo quebrar ossos bem qualificadamente ao contrário dos pit boy classe mérdia. Afinal eu já o vi por ai nos anos de minha vida adulta.
Lembro de um certo sindico que entrava na nossa casa sem bater o pedir licenca, de repente ele estava lá dentro procurando meu pai. Um certo filho da puta do bloco, sem mais nem menos uma vez conversava com minha mãe me ameaçando de da uma coça. Uma ganguezinha classe mérdia uma vez cercaram nossa moradia e chutaram a porta me chamando pra rua. Ainda bem que meu pai não estava presente na hora. Um moleque que fazia karate gostava de me buscar para praticar e humilhar.

Mas foi mesmo na pré adolescencia que percebi o quanto era profundo o preconceito de classe. Tal preconceito presume e faz suas vitimas se sentirem intrisecamente feios, nojentos, ridiculos, burros, fracos, incapazers de aprender e se desenvolver mentalmente. Um meio de subjugar outros seres humanos. De faze-lo se sentirem apenas máquinas de trabalhar pra sobrevivencia sua e da prole e dispostos a se rebaixarem a qualquer humilhação, de se sentirem animais, pois o intelecto, o desenvolvimento fisico, artisitico, tecnico e intelectual e sabedoria e espirtualidade são testemunhos da humanidade que lhes é desdenhada, posta em duvida. Sendo semelhantes a animais sem o serem, podem se tornar incontrolavemmente selvagens como o são por baixo do verniz a muito culta e sofisticada classe mérdia e até rica também. Mas é claro que estou falando muito genericamente, não vou cair no mesmo preconceito que esses que tem nojo de porteiro.

Meu pai quando foi demitido as pessoas pensavam que morariamos numa favela. Nunca moramos numa, nem de alugel. Ele a custo de sofrimento que ia além do mundo do trabalho injustamente mau remunerado, conseguiu casa própria onde muitos de classe media moram.

Quer saber se a mulher que diz que te ama fala a verdade? Diga e prove a ela que voce é porteiro, trabalhe um tempo nisso e veja se ela continua convicta.


O preconceito é burro e perigoso. Mas se nós vivemos mesmo numa sociedade construida sobre as doutrinas "intelecutais" do Dawirnismo social onde os animais mais fortes e aptos dominam o restante, não é a classe média que domina e talvez nem dos ricos. Mas sim daqueles que derramam sangue, sejam pelas próprias mãos,seja por seus "soldados", seja por desviar dinheiro de hospitais publicos, da educação, etc, sejam os lideres do PCC, CV, sejam alguns psicopatas que comandam grandes corporações. Esses não se fazem de rogados ao devorarem os fracos e desprezarem os oprimidos. E acreditem, muitos desses animais mais aptos também podem emergir das classes mais desprezadas do nosso povo sem precisar ter uma estante de livros, ouvir Bosta Nova e outros emblemas da classe mérdia. Os cariocas e outros bem o sabem.
cara,sou casado, desempregado.. sou formado em historia social.. e trabalhei de porteiro dps de formado e minha mulher continuou comigo.
Já vi muita gra fina, qnd morava no predio dos meus pais dando em cima dos porteiro...
Anônimo disse…
kero trabalhar de porteiro nesse prédio, onde fika?
Anônimo disse…
aqui a questão não é a social, quando se ama de verdade nada disso importa!!
Anônimo disse…
Sim,eu casaria com o porteiro do prédio....se ele não fosse casado!=(
Anônimo disse…
é verdade!=)
Anônimo disse…
E o que é ou quem é o "muito mais"?é essa a questão?e o que te faz pensar que sua filha "é muito mais" pra ti querer um cara "muito mais" pra ela?
O cara "muito mais" é o famoso "príncipe encantado"!Aquele rapaz educado,elegante,rico que paga todas as contas dela e que amará sua filhinha com devoção!Aquele rapaz amigo do Papai Noel e do Coelho da páscoa que só aparecem nos livros infantis!E mesmo que esse "príncipe encantado"ou esse cara "muito mais" existisse,o que te faz pensar que ele vai vai querer a tua filha?
Seja realista amigo!!!=D
Anônimo disse…
Cara fenomenal sua percepção empregada no texto.
Afinal quem paga as contas em dia são mesmo os porteiros.
Anônimo disse…
Sou casada c um porteiro, não é fácil diante da sociedade, porém mt, mais mt feliz mesmo, comparada a mts mulheres casadas c "homens bem sucedidos". A questão aqui não é a classe social, mas caráter, e p se ter isto não é necessário conhecimentos, riquezas, ser analfabeto ou pobre. É difícil, por diversos fatores, pela questão social já disse, mas qto a pessoa do meu marido q é MT inteligente, charmoso, bonito, carinhoso e amoroso, c tudo isto e mt mais... D fato...sou feliz e mt.

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