Título original: Do batom vermelho no trabalho
por Luiz Felipe Pondé
para Folha
Muitas leitoras me perguntam se sou contra a emancipação feminina. Como alguém pode ser contra uma mulher fazer o que quiser da vida e se desenvolver livremente? Ser contra a emancipação feminina é como ser contra aviões ou computadores.
O que leva muitas leitoras a pensarem que sou contra a emancipação feminina é porque não poupo o feminismo de seus excessos teóricos e de sua desmedida negação ideológica dos sofrimentos que a emancipação causou.
Não acredito na afirmação de que a sexualidade seja mero fenômeno social (teoria de gênero na sua versão hard), sou darwinista até a última gota de sangue: acho que nossas fêmeas (não apenas elas) carregam sobre suas almas o peso de milhares de anos de adaptação a condições específicas de cada sexo.
Por exemplo, para que serviria um macho chorão e covarde, em meio à savana africana, se escondendo atrás de "sua" fêmea grávida, no momento em que um predador fosse comê-los como janta? Para nada.
Provavelmente as mais inteligentes se recusaram a reproduzir com tais frouxos. E elas legaram às suas filhas essa percepção aguda contra o macho fracassado.
Resultado, as fêmeas da espécie não suportam homens pobres, fracassados e deprimidos, mesmo que mintam por aí dizendo o contrário, porque ficou bonitinho mentir para deixar todo mundo feliz.
O pensamento público hoje em dia flerta com o jardim da infância. A mentalidade de classe média (covarde e mesquinha) devora a inteligência viril.
Lembro quando estava na sétima série do então "ensino fundamental", por volta de 1974. Estudava num colégio da elite branca de Salvador. Colégio jesuíta, que só tinha meninos. Naquele ano, os padres colocaram quatro meninas em cada classe. No ano seguinte, mais quatro. No seguinte, a sala estava cheia de meninas, todas lindas, pelo que me lembro. Com seus cabelos longos e cacheados.
Foi uma mudança cósmica. Novas hierarquias foram criadas. Os hábitos mudaram, passamos a brigar menos no recreio, não só o futebol contava, mas também com quem as meninas falavam. Quem comia o lanche com uma delas estava no paraíso.
Quem ganhava um sorriso de uma delas virava celebridade. Grande parte dos meninos morria de medo de falar com elas. Chegar perto era um ato heroico porque a indiferença era como a morte.
Os grupos de trabalho em classe disputavam cada uma delas. Grupos só de meninos eram a assinatura do fracasso.
É assim que vejo a emancipação feminina: um presente para nosso cotidiano, na escola, no trabalho, nos aeroportos, nos congressos, nas ruas. Com suas saias, calças justas, saltos altos, batons vermelhos, elas pintam nosso cotidiano com o desejo. E, com o desejo, o clássico inferno da insegurança de cada um de nós.
Imagino o horror que era trabalhar numa universidade onde todo o corpo docente fosse apenas de homens e as classes fossem cheias de rapazes. Que tédio.
Ou uma empresa onde apenas homens trabalhassem. Como seria uma reunião sem uma colega de pernas lindas resolvendo problemas sérios com um toque de charme inigualável? Claro, as mais chatinhas me acusarão de machista quando pareço "defender" a emancipação feminina porque gosto de ver o mundo do trabalho cheio de saias curtas e batons vermelhos. Podem achar, não ligo para o que elas pensam. Dirão que sou um egoísta. Será culpa da minha mãe?
O erro das mais chatinhas está em supor que a percepção da beleza feminina implica em exclusão da percepção da capacidade feminina. Não, a beleza feminina torna a parceria com as mulheres no trabalho um oásis em meio ao deserto da violência profissional cotidiana.
Outro erro é não perceber o escopo da beleza feminina no cotidiano do trabalho. A beleza feminina inclui uma série de fatores que vai do corpo à voz doce ao dizer "bom dia", das ancas à forma sutil com que elas enxergam coisas para as quais os homens são cegos, surdos e mudos, da "intuição feminina" ao erótico de ter "um chefe" mulher.
A vida sem Eros é uma vida menor. Um mundo só de homens é em branco e preto. Prefiro o batom vermelho na boca à burca no corpo.
Fracassados não pegam ninguém ou só as feias
por Luiz Felipe Pondé em dezembro de 2009
Artigos de Luiz Felipe Pondé.
por Luiz Felipe Pondé
para Folha
"As mais inteligentes legam às filhas a repulsa ao macho fracassado" |
O que leva muitas leitoras a pensarem que sou contra a emancipação feminina é porque não poupo o feminismo de seus excessos teóricos e de sua desmedida negação ideológica dos sofrimentos que a emancipação causou.
Não acredito na afirmação de que a sexualidade seja mero fenômeno social (teoria de gênero na sua versão hard), sou darwinista até a última gota de sangue: acho que nossas fêmeas (não apenas elas) carregam sobre suas almas o peso de milhares de anos de adaptação a condições específicas de cada sexo.
Por exemplo, para que serviria um macho chorão e covarde, em meio à savana africana, se escondendo atrás de "sua" fêmea grávida, no momento em que um predador fosse comê-los como janta? Para nada.
Provavelmente as mais inteligentes se recusaram a reproduzir com tais frouxos. E elas legaram às suas filhas essa percepção aguda contra o macho fracassado.
Resultado, as fêmeas da espécie não suportam homens pobres, fracassados e deprimidos, mesmo que mintam por aí dizendo o contrário, porque ficou bonitinho mentir para deixar todo mundo feliz.
O pensamento público hoje em dia flerta com o jardim da infância. A mentalidade de classe média (covarde e mesquinha) devora a inteligência viril.
Lembro quando estava na sétima série do então "ensino fundamental", por volta de 1974. Estudava num colégio da elite branca de Salvador. Colégio jesuíta, que só tinha meninos. Naquele ano, os padres colocaram quatro meninas em cada classe. No ano seguinte, mais quatro. No seguinte, a sala estava cheia de meninas, todas lindas, pelo que me lembro. Com seus cabelos longos e cacheados.
Foi uma mudança cósmica. Novas hierarquias foram criadas. Os hábitos mudaram, passamos a brigar menos no recreio, não só o futebol contava, mas também com quem as meninas falavam. Quem comia o lanche com uma delas estava no paraíso.
Quem ganhava um sorriso de uma delas virava celebridade. Grande parte dos meninos morria de medo de falar com elas. Chegar perto era um ato heroico porque a indiferença era como a morte.
Os grupos de trabalho em classe disputavam cada uma delas. Grupos só de meninos eram a assinatura do fracasso.
É assim que vejo a emancipação feminina: um presente para nosso cotidiano, na escola, no trabalho, nos aeroportos, nos congressos, nas ruas. Com suas saias, calças justas, saltos altos, batons vermelhos, elas pintam nosso cotidiano com o desejo. E, com o desejo, o clássico inferno da insegurança de cada um de nós.
Imagino o horror que era trabalhar numa universidade onde todo o corpo docente fosse apenas de homens e as classes fossem cheias de rapazes. Que tédio.
As mais chatinhas dirão
que sou egoísta. Será
culpa da minha mãe?
|
O erro das mais chatinhas está em supor que a percepção da beleza feminina implica em exclusão da percepção da capacidade feminina. Não, a beleza feminina torna a parceria com as mulheres no trabalho um oásis em meio ao deserto da violência profissional cotidiana.
Outro erro é não perceber o escopo da beleza feminina no cotidiano do trabalho. A beleza feminina inclui uma série de fatores que vai do corpo à voz doce ao dizer "bom dia", das ancas à forma sutil com que elas enxergam coisas para as quais os homens são cegos, surdos e mudos, da "intuição feminina" ao erótico de ter "um chefe" mulher.
A vida sem Eros é uma vida menor. Um mundo só de homens é em branco e preto. Prefiro o batom vermelho na boca à burca no corpo.
Fracassados não pegam ninguém ou só as feias
por Luiz Felipe Pondé em dezembro de 2009
Artigos de Luiz Felipe Pondé.
Comentários
O mundo não é preto e branco, como você faz parecer. Tem muita mulher que se transforma num poço de ressentimento quando termina um relacionamento e transforma a vida do ex num inferno.
1 - todas as mulheres precisam de homens para se proteger
2 - que não ligamos para beleza fisica. "desde que o cara não seja covarde e frouxo tá tudo bem"... aham, vai pensando.
Há mulheres e mulheres. Eu sempre percebi uma clara distinção entre: a)aquelas que vêm o homem como um todo, incluindo a beleza física, mas não fazendo disso algo indispensável (a menos que o cara seja o Corcunda de Notre Dame, aí não dá mesmo!); b)aquelas que se desmancham por qualquer bonitinho sujo e descabelado que veem pela frente, sem se importar com o resto.
Pode ser mera questão de gosto, mas a mulher "a" me parece ser bem mais inteligente do que a mulher "b".
Fabiana, homem também só vive atrás de mulher, o que muda entre os sexos é só o estilo eu acho.. :)
Ricardo, muita mulher transforma a vida do ex num inferno mas sem se auto-destruirem, já alguns homens por aí fazem merdas inacreditáveis com a própria vida.
A Emancipação feminina foi uma coisa necessária mas muitas mulheres perverteram o sentido da evolução.Acharam que deviam ser como os homens,parecer com eles,não precisar deles para nada!Impossível, pois sempre precisaremos dos homens assim como els precisam de nós.É uma coisa natural, não imposta.Mas como toda mudança geralmente parte de uma revolução beeem dramática...
Nao acho que seja preciso vulgaridade para se conquistar espaço,não foi assim que conquistamos nossos direitos,mas com sabedoria e amor.Pois a mulher tem a grandeza de muitas vezes ficar em silêncio nas horas certas e dar um conselho para os homens,filhos,maridos etc e deixar que eles sigam e pensem que sozinhos conquistaram tudo.Isso pode parecer burrice nossa , mas é sabedoria e nobreza.
O mundo evoluiu , e sentiu falta dessa sabedoria e nobreza mais viva, mais presente em vários setores,não apenas no seio familiar.Assim os homens mesmo abriram espaço para nós, sem saber.E graças á Deus , hoje na maior parte do planeta temos terreno e escolha.
Ainda temos que lutar muito, mas antes precisamos nos educar, para que não lutemos com armas erradas e acabemos ferindo a nós mesmas.Afinal,para os homens, uma bela noitada, uma pose com os amigos ao lado de uma gostosa,um beijo quente valem tanto que eles não se importam de ceder o lugar,trocar uma lâmpada, etc.Mas a sensualidade,a sexualidade para nós está muito relacionada ao amor.Então temos que nos preservar.
O lado bom é que o homem também evoluiu.Pois está buscando mais os valores da família.Prova disso é que têm se assustado com o comportamento das mulheres, que andam mais frias, pensando mais na carreira, nas amigas em seu bem estar e deixando os homens de lado.
Quem sabe um dia entraremos numa era de equilíbrio, onde os homens respeitem as mulheres de fato e todos convivam tranquilamente com suas diferenças?Ah, e que o amor na sua essência finalmente reine verdadeiro e fiel...
Duvido que o Pondé fosse defender o eroticismo da chefe mulher se ela fosse acima do peso, por exemplo. Do jeito que ele fala, parece que vive em um comercial de lingerie.
A beleza feminina vem de dentro e do esforço e de coisas que fazem mulheres o que elas são (assim como a beleza masculina vem de dentro e de coisas que os homens são) e não um batom vermelho e um sapato alto.
A percepção da beleza feminina não exclui a percepção da capacidade feminina, mas a beleza feminina quando é apenas considerada física deve ser sim excluída da capacidade. Uma chefe bonita, porém inútil não deve ser chefe apenas para servir ao eroticismo de homens como o Pondé.
A emancipação feminina não aconteceu para deixar homens com uma ereção.
-
Júlia
Mas sinceramente, cara... tenho a impressão de que vc viveu sua vida dentro de uma bolha, ou melhor, na internet...
Vc fala de "macho alpha", homens frouxos, etc... haha... olhe pra vc... vc é um velhote digno de pena com uma aparência de ridícula que não inspiraria nem a femêa de um preá se sentir "darwinianamente" atraída a cópula.. rs
Mas continue mandando os texta, pf... são bem divertidos... me divirto muito.
Abs
Postar um comentário