por Andrés Beltramo Álvarez, do Vatican Insider
Luis Garza Medina (foto) está vivendo seus últimos dias como vigário-geral dos Legionáriosde Cristo. No próximo dia 1º de agosto, ele deixará o posto e todas as suas responsabilidades em Roma. Na sexta-feira, 15 de julho, a congregação informou que o sacerdote mexicano será o futuro superior nos EUA. Sua transferência é, de fato, uma degradação de nível.
Há alguns meses, Garza era o personagem mais poderoso da Legião e concentrava inúmeros postos. Era vigário desde 1992 e fazia parte da cúpula quando o diretor-geral ainda era o fundador, Marcial Maciel Degollado, o sacerdote que, de acordo com o Vaticano, viveu uma vida "sem escrúpulos" e cometeu todos os tipos de atos imorais, entre eles abusos sexuais contra menores.
> Herdeiros do legado de padre devasso perdem poder de decisão.
dezembro de 2010
Garza Medina era uma peça chave do entramado da congregação, não só pela sua proximidade com o "nuestro padre" (assim Maciel era chamado pelos seus seguidores), mas também porque, nos últimos anos, conseguiu atribuir-se quatro cargos. Além de ser vigário-geral, era prefeito de estudos, diretor territorial na Itália e delegado do diretor-geral para as consagradas do Regnum Christi, o movimento leigo.
Mas seu poder se estendeu além: ele controlava as finanças do instituto religioso através de uma estrutura paralela que ele mesmo criou, o Grupo Integer, cujos chefes substituíram totalmente os legítimos superiores territoriais da Legião, pelo menos em matéria administrativa. Essa anomalia também está destinada a desaparecer, por decisão do delegado pontifício para a reforma dos Legionários, Velasio De Paolis.
Tudo parece indicar que o próprio cardeal De Paolis quis "ajeitar as peças" dentro da congregação e, por exemplo, pressionou pela saída do vigário-geral, poucos dias depois de proferir uma dura repreensão contra os "dissidentes": sacerdotes e seminaristas inconformados com o rumo tomado pelo processo de renovação do instituto religioso que dura um ano. Reforma desejada por Bento 16 depois dos escândalos de Maciel.
Mas Garza não será marginalizado definitivamente. Ele se encarregará de uma nova região legionária: o "Território da América do Norte", construído graças à unificação dos antigos territórios de Atlanta e de Nova York.
Por uma simples incompatibilidade, ele também se viu forçado a deixar o Conselho Geral, o órgão máximo de governo da congregação. Só temporariamente ele irá manter seu título de delegado do diretor-geral para as consagradas do Regnum Christi, enquanto seu sucessor é encontrado.
De acordo com a postura oficial, divulgada em um comunicado, a decisão da saída do vigário foi tomada pelo diretor-geral, Álvaro Corcuera, com o consentimento do conselho geral e a aprovação do delegado De Paolis.
O anúncio da mudança foi comunicado em uma carta a todos os legionários e os membros consagrados do Regnum Christi. Nesse texto, o sacerdote afirmou que, durante o mês de junho passado, um dos membros do conselho-geral viajou para os Estados Unidospara recolher o parecer de sacerdotes, religiosos de os votos perpétuos e membros do movimento leigo. Uma espécie de "lobby". Dado importante se considerarmos que os legionários norte-americanos estavam relutantes em ter um superior mexicano.
> Destino do dinheiro da Legionários de Cristo continua um mistério.
março de 2011
A missiva acrescentou que os resultados da consulta mostraram um "amplo consenso" em favor da unificação dos territórios e da nomeação de Luis Garza como futuro diretor territorial.
A marginalização do vigário coincide com a iminente saída do ainda secretário-geral,Evaristo Sada, que deveria deixar seu posto no outono, de acordo com o que foi anunciado oficialmente em janeiro passado. A rede dos superiores começa a ser desmontada, embora não de forma brusca. Eles ainda irão manter certa influência em seus novos papéis, mas não concentrarão o mesmo poder de antes.
Os dissidentes, recém repreendidos por De Paolis, insistiram que, como parte do processo de reforma vivida pelo Legião, o vigário-geral deveria sair de cena por ser considerado um cúmplice dos abusos do fundador. De uma forma ou outra, conseguiram o que queriam. Para alguns deles, com Garza e Sada fora, as esperanças de uma mudança real se fortalecem. Outros são menos otimistas. A vida depois de Maciel continua.
Luis Garza Medina (foto) está vivendo seus últimos dias como vigário-geral dos Legionáriosde Cristo. No próximo dia 1º de agosto, ele deixará o posto e todas as suas responsabilidades em Roma. Na sexta-feira, 15 de julho, a congregação informou que o sacerdote mexicano será o futuro superior nos EUA. Sua transferência é, de fato, uma degradação de nível.
Há alguns meses, Garza era o personagem mais poderoso da Legião e concentrava inúmeros postos. Era vigário desde 1992 e fazia parte da cúpula quando o diretor-geral ainda era o fundador, Marcial Maciel Degollado, o sacerdote que, de acordo com o Vaticano, viveu uma vida "sem escrúpulos" e cometeu todos os tipos de atos imorais, entre eles abusos sexuais contra menores.
> Herdeiros do legado de padre devasso perdem poder de decisão.
dezembro de 2010
Garza Medina era uma peça chave do entramado da congregação, não só pela sua proximidade com o "nuestro padre" (assim Maciel era chamado pelos seus seguidores), mas também porque, nos últimos anos, conseguiu atribuir-se quatro cargos. Além de ser vigário-geral, era prefeito de estudos, diretor territorial na Itália e delegado do diretor-geral para as consagradas do Regnum Christi, o movimento leigo.
Mas seu poder se estendeu além: ele controlava as finanças do instituto religioso através de uma estrutura paralela que ele mesmo criou, o Grupo Integer, cujos chefes substituíram totalmente os legítimos superiores territoriais da Legião, pelo menos em matéria administrativa. Essa anomalia também está destinada a desaparecer, por decisão do delegado pontifício para a reforma dos Legionários, Velasio De Paolis.
Tudo parece indicar que o próprio cardeal De Paolis quis "ajeitar as peças" dentro da congregação e, por exemplo, pressionou pela saída do vigário-geral, poucos dias depois de proferir uma dura repreensão contra os "dissidentes": sacerdotes e seminaristas inconformados com o rumo tomado pelo processo de renovação do instituto religioso que dura um ano. Reforma desejada por Bento 16 depois dos escândalos de Maciel.
Mas Garza não será marginalizado definitivamente. Ele se encarregará de uma nova região legionária: o "Território da América do Norte", construído graças à unificação dos antigos territórios de Atlanta e de Nova York.
Por uma simples incompatibilidade, ele também se viu forçado a deixar o Conselho Geral, o órgão máximo de governo da congregação. Só temporariamente ele irá manter seu título de delegado do diretor-geral para as consagradas do Regnum Christi, enquanto seu sucessor é encontrado.
De acordo com a postura oficial, divulgada em um comunicado, a decisão da saída do vigário foi tomada pelo diretor-geral, Álvaro Corcuera, com o consentimento do conselho geral e a aprovação do delegado De Paolis.
O anúncio da mudança foi comunicado em uma carta a todos os legionários e os membros consagrados do Regnum Christi. Nesse texto, o sacerdote afirmou que, durante o mês de junho passado, um dos membros do conselho-geral viajou para os Estados Unidospara recolher o parecer de sacerdotes, religiosos de os votos perpétuos e membros do movimento leigo. Uma espécie de "lobby". Dado importante se considerarmos que os legionários norte-americanos estavam relutantes em ter um superior mexicano.
> Destino do dinheiro da Legionários de Cristo continua um mistério.
março de 2011
A missiva acrescentou que os resultados da consulta mostraram um "amplo consenso" em favor da unificação dos territórios e da nomeação de Luis Garza como futuro diretor territorial.
A marginalização do vigário coincide com a iminente saída do ainda secretário-geral,Evaristo Sada, que deveria deixar seu posto no outono, de acordo com o que foi anunciado oficialmente em janeiro passado. A rede dos superiores começa a ser desmontada, embora não de forma brusca. Eles ainda irão manter certa influência em seus novos papéis, mas não concentrarão o mesmo poder de antes.
Os dissidentes, recém repreendidos por De Paolis, insistiram que, como parte do processo de reforma vivida pelo Legião, o vigário-geral deveria sair de cena por ser considerado um cúmplice dos abusos do fundador. De uma forma ou outra, conseguiram o que queriam. Para alguns deles, com Garza e Sada fora, as esperanças de uma mudança real se fortalecem. Outros são menos otimistas. A vida depois de Maciel continua.
agosto de 2010
Comentários
O que vai acontecer, pela longa experiência que tenho em casos semelhantes, pois fui numerário, é que os visitadores vêm premunidos de hábeis manipulações para conduzirem a negociações de modo a trocar a "permanência do dinheiro nalguma outra fonte segura e religiosa", sem que a Igreja perca monetariamente com isso; e por outro lado se articulem transferências, reintegrações e até excardinações. Conheci vários adversários meus e de minhas denúncias, que depois desses escândalos obtiveram a excardinação, e posteriormente vi-os em Igrejas Ortodoxas, com certeza após terem obtido dos Eparcas a Incardinação. E como há comunhão apostólica entre muitas dessas Igrejas, e têm eles muita formação científica, teológica e doutrinária, podem celebrar também em Igrejas Católicas Romanas como "irmãos em comunhão".
Portugal, Espanha, o nordeste do Brasil, são cheios dessas paróquias, sobretudo em subúrbios e periferias aonde a Sagrada Igreja Romana não tem interesse em ir, pois o lucro é muito baixo.
Na verdade, quando se diz que algum desses potentados eclesiásticos do Opus Dei, ou dos LC ou Regnum Christi caiu, queira se entender que seu sistema de sustentação apresentou brechas. Sanadas estas, podem até retornar se quiserem. Isso porque os visitadores, quanto a Santa Sé, estão interessados no dinheiro e não no zelo moral ou devocional doutrinário. Quando se lê que um deles caiu, deve-se compreender que a razão da queda são os recursos estarem fora do controle mínimo que o Vaticano exige, e tem meios quase insondáveis , quanto os desígnios divinos, de sabê-lo. Quando os fiéis devotos, aqueles de consciência mais escrupulosa, começam a parar com as ofertas e levarem a "Deus" seus pecados de avareza mais amiúde, ou seja, mais pecados confessados de não dar as ofertas, etc. Subentendido. A bom leitor, meia palavra basta.
Pelo que entendi voce foi da opusdei. Voce deve ter seus desencantos pela entidade, deve ter seus motivos, mas creio que seja um tanto injusto generalizar, sobretudo no tocante aos legionários e aquele monstro do Pe.Maciel e igualmente monstros todos clérigos que sabiam e acobertavam, tão devassos qnto ele. Mas veja que em consideração aos membros sérios da entidade, a santa sé tem que proceder com cautela. E esse caráter argentário que voce acusa a santa sé ao tentar resolver essa questão, é igualmente injusto. Voce sabe o qnto as congregações têm autonomia em suas finanças, o que acho errado.
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