Título original: Meu agradecimento aos criacionistas
por Fernando Reinach, biólogo, para o Estadão
Fazia 25 anos que eu não passava um dia no Museu de História Natural em Nova York. Lá, as crianças correm entre elefantes, leões, esqueletos de enormes dinossauros e baleias em tamanho real pendurados em um oceano profundo. E os pais correm atrás. Era a hora de levar meu filho mais novo.
No táxi, como sempre ocorre quando revisitamos um lugar muito querido, fiquei com medo de me decepcionar. Será que áudios, vídeos e jogos interativos teriam substituído as cenas bucólicas criadas no início do século 20? Será que ainda encontraria o grupo de hienas e abutres empalhados, devorando um zebra embalsamada, sobre um palco de areia manchada de sangue, montado na frente de um fundo infinito pintado com a paisagem de uma savana africana? Teriam sobrevivido à avalanche politicamente correta que cobriu o território norte-americano? Mas o museu não decepcionou. Está melhor, não por causa das novas tecnologias, mas porque montou um contra-ataque eficaz ao movimento criacionista.
Há 25 anos, paleontólogos, geneticistas, ecologistas e estudiosos da evolução das espécies tinham uma vida tranquila. O darwinismo, após as décadas de polêmicas que sucederam à publicação dos primeiros livros de Darwin, parecia ter sido aceito. Focos de resistência ainda existiam entre os seguidores de algumas religiões, mas eram cada vez mais raros. A Suprema Corte dos EUA, com base na separação do Estado e da religião, havia banido o ensino do criacionismo nas escolas.
Mas foi então que surgiu um movimento nos EUA que pregava o direito dos alunos de aprender que a evolução das espécies e o processo de seleção natural não passavam de uma entre as diversas explicações para a origem da biodiversidade existente na Terra. A estratégia visava a burlar a decisão da Suprema Corte.
Como nos EUA cada comunidade pode decidir o que é ensinado nas suas escolas, os adeptos do "design inteligente" passaram a influenciar os conselhos de cada distrito escolar - não com o objetivo de abolir o ensino da evolução darwiniana, mas forçando os professores a ensinar que poderia haver outras explicações para o surgimento de animais e órgãos tão complexos.
E, claro, uma dessas explicações seria o design inteligente, a ideia de que algo tão complexo como a vida só poderia ter sido criada por um ser superior.
Os cientistas resolveram que não bastava lutar na Justiça e em cada distrito escolar. Era necessário usar o poder de convencimento da observação direta, da explicação e da educação e convencer a população de que o darwinismo era uma explicação melhor, baseada em dados e experimentos.
O Museu de História Natural foi um dos líderes nessa contrainsurgência. Grande parte do material exposto foi reorganizado para demonstrar como os fósseis sugerem que as espécies mudam. A sequência dos ancestrais do cavalo, mostrando como cada um dos quatro dedos das patas foi atrofiando, sobrando o dedo médio com uma enorme unha que hoje chamamos de casco, não está mais em um corredor lateral: ganhou um espaço mais nobre e um rico material audiovisual.
Um filme narrado por Merryl Streep serve de introdução à arvore evolutiva dos vertebrados, representada nos corredores das salas de esqueletos. Dezenas de pequenas modificações na forma como o material está exposto fazem com que o visitante examine um a um os argumentos usados por Darwin para formular a teoria da evolução. O material que antes parecia alojado nas diversas salas agora conta uma história, com a integração das mudanças morfológicas às do meio ambiente, as interações entre as espécies e sua fisiologia.
O Museu de História Natural ficou melhor. E grande parte dessa melhora se deve à pressão exercida pelo movimento a favor do design inteligente. Ele forçou os cientista e museólogos a encontrar maneiras didáticas de contar como e por que Darwin e seus sucessores concluíram que a seleção natural é ainda a melhor explicação para o que ocorreu na Terra desde que a vida surgiu, há cerca de 3 bilhões de anos. Assim, só me resta expressar aqui meu agradecimento aos criacionistas.
Escolas brasileiras ensinam criacionismo em aulas de ciência.
abril de 2010
Religião ajudou a evolução humana, mas 'secou', afirma psiquiatra.
junho de 2011
Ciência versus religião. Teoria da evolução.
Museu de Nova Iorque é considerado o melhor do mundo |
Fazia 25 anos que eu não passava um dia no Museu de História Natural em Nova York. Lá, as crianças correm entre elefantes, leões, esqueletos de enormes dinossauros e baleias em tamanho real pendurados em um oceano profundo. E os pais correm atrás. Era a hora de levar meu filho mais novo.
No táxi, como sempre ocorre quando revisitamos um lugar muito querido, fiquei com medo de me decepcionar. Será que áudios, vídeos e jogos interativos teriam substituído as cenas bucólicas criadas no início do século 20? Será que ainda encontraria o grupo de hienas e abutres empalhados, devorando um zebra embalsamada, sobre um palco de areia manchada de sangue, montado na frente de um fundo infinito pintado com a paisagem de uma savana africana? Teriam sobrevivido à avalanche politicamente correta que cobriu o território norte-americano? Mas o museu não decepcionou. Está melhor, não por causa das novas tecnologias, mas porque montou um contra-ataque eficaz ao movimento criacionista.
Há 25 anos, paleontólogos, geneticistas, ecologistas e estudiosos da evolução das espécies tinham uma vida tranquila. O darwinismo, após as décadas de polêmicas que sucederam à publicação dos primeiros livros de Darwin, parecia ter sido aceito. Focos de resistência ainda existiam entre os seguidores de algumas religiões, mas eram cada vez mais raros. A Suprema Corte dos EUA, com base na separação do Estado e da religião, havia banido o ensino do criacionismo nas escolas.
Mas foi então que surgiu um movimento nos EUA que pregava o direito dos alunos de aprender que a evolução das espécies e o processo de seleção natural não passavam de uma entre as diversas explicações para a origem da biodiversidade existente na Terra. A estratégia visava a burlar a decisão da Suprema Corte.
Como nos EUA cada comunidade pode decidir o que é ensinado nas suas escolas, os adeptos do "design inteligente" passaram a influenciar os conselhos de cada distrito escolar - não com o objetivo de abolir o ensino da evolução darwiniana, mas forçando os professores a ensinar que poderia haver outras explicações para o surgimento de animais e órgãos tão complexos.
E, claro, uma dessas explicações seria o design inteligente, a ideia de que algo tão complexo como a vida só poderia ter sido criada por um ser superior.
Os cientistas resolveram que não bastava lutar na Justiça e em cada distrito escolar. Era necessário usar o poder de convencimento da observação direta, da explicação e da educação e convencer a população de que o darwinismo era uma explicação melhor, baseada em dados e experimentos.
O Museu de História Natural foi um dos líderes nessa contrainsurgência. Grande parte do material exposto foi reorganizado para demonstrar como os fósseis sugerem que as espécies mudam. A sequência dos ancestrais do cavalo, mostrando como cada um dos quatro dedos das patas foi atrofiando, sobrando o dedo médio com uma enorme unha que hoje chamamos de casco, não está mais em um corredor lateral: ganhou um espaço mais nobre e um rico material audiovisual.
Um filme narrado por Merryl Streep serve de introdução à arvore evolutiva dos vertebrados, representada nos corredores das salas de esqueletos. Dezenas de pequenas modificações na forma como o material está exposto fazem com que o visitante examine um a um os argumentos usados por Darwin para formular a teoria da evolução. O material que antes parecia alojado nas diversas salas agora conta uma história, com a integração das mudanças morfológicas às do meio ambiente, as interações entre as espécies e sua fisiologia.
O Museu de História Natural ficou melhor. E grande parte dessa melhora se deve à pressão exercida pelo movimento a favor do design inteligente. Ele forçou os cientista e museólogos a encontrar maneiras didáticas de contar como e por que Darwin e seus sucessores concluíram que a seleção natural é ainda a melhor explicação para o que ocorreu na Terra desde que a vida surgiu, há cerca de 3 bilhões de anos. Assim, só me resta expressar aqui meu agradecimento aos criacionistas.
Escolas brasileiras ensinam criacionismo em aulas de ciência.
abril de 2010
Religião ajudou a evolução humana, mas 'secou', afirma psiquiatra.
junho de 2011
Ciência versus religião. Teoria da evolução.
Comentários
Grande abraço,
Rama na Vimana
http://ramanavimana.blogspot.com/
"Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta. Tiago 2:26". Sendo assim preferimos confiar em Deus e continuarmos a orar. Porque a seu tempo tenho certeza absoluta, Ele nos iluminará os olhos do entendimento. "O SENHOR, com sabedoria fundou a terra; com entendimento preparou os céus. Provérbios 3:19".
Com os avanços do tempo e do darwinismo, atualmente o criacionismo é uma espécie de limbo pseudocientífico que, sem querer, está a afirmar o darwinismo como sendo a melhor teoria para explicar a realidade na Biologia. Os ditos neo-darwinistas - que são criacionistas religiosos e numerosos no Brasil - não têm argumentos para defender o próprio criacionismo a não ser pela estratégia de atacar o darwinismo epistemicamente, e isto, sempre com a falácia do Deus das Lacunas para assim perfazer o conhecido (e mágico) Design Inteligente. Ensinar criacionismo em escolas públicas (com o argumento falacioso e anticientífico de que os alunos devem "escolher" entre aprender ciência e pseudociência) é induzir os alunos à ignorância e a falsa dicotomia científica, bem como também promover a religião ao invés da ciência. É fornecer uma educação cientificista (vulgar, contrária e dicotômica à própria ciência), e não, científica.
http://ceticismo.net/ciencia-tecnologia/evolucao-vs-criacionismo/
http://ceticismo.net/comportamento/tipicos-erros-criacionistas/
Vá estudar !
Vc sabia que o DEUS BIBLICO YAVÉ [ deus dos hebreus] é o deus dos desertos e que ele tinha até esposa qdo surgiram os primeiros relatos...
Cultuar deus ou deuses faz parte da evolução biologica do ser humano que vem da imaginação do cerebro humano....
a GIBIBLIA é o livro mais imbecil do mundo pra quem quer ter uma noção real e racional de como começou a vida no planeta terra...
PERGUNTA pro FERNANDO GIBIBLIA ?
ONDE FORAM PARAR OS DINOSSAUROS na GIBIBLIA ?? já que DEUS adorava um sacrificio animal.......e chegava a classificar animais em puros e impuros etc e tal ?
Eles nao couberam na arca de NOÉ ????
Eles são obras do CAPETA ??
Como deus deixou eles passarem batido ???
Eles seriam o BEHEMOT citado na gibiblia ???
se o fato de milhões crerem em Deus tivese alguma importância, isto teria uma implicação terrível: os judeus estavam certos em clamar por Barrabás.
Se para o cristão a perspectiva de sermos produtos da evolução é ofensiva. Para mim a idéia de um Deus que oferece seu próprio filho como sacrifício para pagar pelo erro de outros. É eticamente inaceitável.
Qualquer um que queira saber mais sobre a disputa entre evolução e DI deveria ver o julgamento de Douver o documentário: http://www.youtube.com/watch?v=cEOYTJczY4M
Recomendo a todos.
Imagina na sala de aula ensinando isto pra uma criança TRAGICO u.u , ah senhor yhwh tu é um cagão mesmo como pode dar uma tarefa tão dificil para teu povo.
ACAMTALABAXURIA LOL UH DERERE SALVE MONSTRO DO ESPAGUETI VOADOR KAKAKA
"Já que desprezastes todos os meus conselhos
e não destes ouvidos às minhas repreensões,
também eu me rirei da vossa ruína, e zombarei, quando vos sobrevier o que temíeis, quando cair sobre vós o terror, como um temporal, quando vos surpreender a desgraça, como um furacão e quando vierem sobre vós a tribulação e a angústia. Então chamar-me-ão, mas não responderei, procurar-me-ão, mas não me encontrarão. Porque aborreceram o saber e não escolheram o temor do Senhor; repeliram os meus conselhos e desprezaram todas as minhas repreensões; comerão, pois, do fruto das suas obras, e ficarão fartos dos seus conselhos."
está escrito: "Xumbalacatumba tumba tá."besouro azul 1:71
Mas é lá também onde a ciência tem seu paraíso.Muita grana investida e centros de excelência: MIT,Stanford,Harvard,Columbia,NASA,Vale do Silício,etc.
A ciência já venceu, aliás.
Crendo ou não,a verdade de Aquaman não muda.Se creres verás a glória de Aquaman.
Crendo ou não,a verdade de Tarzan não muda.Se creres verás a glória de tarzan.
Que falacioso ele é...
Porque nao vai no Museu, entao ? La tem o que vc pediu. Vai la.
"Porque nao vai no Museu, entao ? La tem o que vc pediu. Vai la."
> Não será mais um daqueles, como o crânio que montaram até com queixada que continha dente de porco, para parecer tratar-se de um hominídeo de milhões de anos?
> Por que será que evolucionistas também não falam dessas tramóias dos ateus/evolucionistas?
PS.: Eu não sou o Valerio.
Maravilhoso.
qualquer cristao ficaria de boca aberta, mas iria duvidar de tudo, jah que a principio somos apresentados ao tempo da origem do universo e da vida na terra.
confronto certo entre provas e crencas ridiculas.
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