Título original: Em busca de significado
Hoje, gostaria de abordar uma questão que, a meu ver, está no cerne do antagonismo entre a ciência e a religião: será que o desenvolvimento científico criou um vazio espiritual? Será que a ciência só serve para gerar fatos e dados sobre o mundo natural?
Ou será que pode ir mais fundo, talvez criando uma nova forma de espiritualidade?
Para começar, cito meu livro "O Fim da Terra e do Céu":
"O desenvolvimento da ciência nos séculos 18 e 19, baseado na interpretação racional dos fenômenos naturais, foi seguido, ao menos no Ocidente, por um abandono progressivo da religião. O conforto espiritual encontrado na fé foi gradualmente abandonado, em nome de um sistema de pensamento secularizado. O historiador da religião S. G. F. Brandon expressou claramente tal preocupação quando escreveu: 'Para os pensadores do Ocidente, nenhuma missão pode ser mais urgente do que a resolução desse dilema, se possível produzindo uma filosofia da história adequada, isto é, que justifique o sentido da vida dos homens dentro de sua duração temporal finita'."
Explicações da ciência descartam a 'hipótese Deus', diz filósofo italiano.
dezembro de 2011
Logo a seguir, pergunto se, ao vermos a ciência além de seu papel de quantificadora da Natureza, podemos talvez encontrar ao menos parte desse "sentido": "Talvez fosse isso que Einstein tinha em mente quando introduziu o seu 'sentimento cósmico religioso', a inspiração essencialmente religiosa por trás do ato racional de compreendermos o Cosmos. A ciência e a religião nascem das mesmas ansiedades que torturam e inspiram o espírito humano. E a conexão entre as duas é a nossa existência finita em um Cosmos aparentemente infinito".
Obviamente, o tempo também complica as coisas, pois a perda dos que amamos e a nossa própria mortalidade são causas de muita dor.
Nessas horas, encontro consolo em muitas coisas. Mas uma das mais significativas é o que a ciência nos ensina sobre nossa íntima relação com o Universo: a matéria da qual somos feitos é também a matéria das estrelas, dos planetas e de suas luas, e de todos os seres vivos.
O tempo que usamos para descrever as transformações que experimentamos é o mesmo da expansão cósmica.
Não existe uma solução única para os nossos anseios. Não sei onde você encontra sentido para a sua vida. No meu caso, a busca se desdobra em muitas trilhas.
Ao tentar entender um pouco mais sobre os mistérios do mundo natural; na convivência com minha família e amigos; em saber que sou um ser humano no nosso raro planeta Terra. Para mim, o sentido não está na ciência em si, mas na busca pelo conhecimento. Talvez seja assim também com um músico, que dá sentido à sua busca tocando o seu instrumento. As técnicas nos dão os meios, mas não são um fim em si mesmas. É tocar, e dividir a música com os outros, que importa.
por Marcelo Gleiser para Folha
Abordamos tanto questões mais imediatas, como o aquecimento global e a crise energética, como as mais fundamentais, como o significado do tempo e o debate entre a ciência e a religião.
Abordamos tanto questões mais imediatas, como o aquecimento global e a crise energética, como as mais fundamentais, como o significado do tempo e o debate entre a ciência e a religião.
Hoje, gostaria de abordar uma questão que, a meu ver, está no cerne do antagonismo entre a ciência e a religião: será que o desenvolvimento científico criou um vazio espiritual? Será que a ciência só serve para gerar fatos e dados sobre o mundo natural?
Ou será que pode ir mais fundo, talvez criando uma nova forma de espiritualidade?
Para começar, cito meu livro "O Fim da Terra e do Céu":
"O desenvolvimento da ciência nos séculos 18 e 19, baseado na interpretação racional dos fenômenos naturais, foi seguido, ao menos no Ocidente, por um abandono progressivo da religião. O conforto espiritual encontrado na fé foi gradualmente abandonado, em nome de um sistema de pensamento secularizado. O historiador da religião S. G. F. Brandon expressou claramente tal preocupação quando escreveu: 'Para os pensadores do Ocidente, nenhuma missão pode ser mais urgente do que a resolução desse dilema, se possível produzindo uma filosofia da história adequada, isto é, que justifique o sentido da vida dos homens dentro de sua duração temporal finita'."
Explicações da ciência descartam a 'hipótese Deus', diz filósofo italiano.
dezembro de 2011
Logo a seguir, pergunto se, ao vermos a ciência além de seu papel de quantificadora da Natureza, podemos talvez encontrar ao menos parte desse "sentido": "Talvez fosse isso que Einstein tinha em mente quando introduziu o seu 'sentimento cósmico religioso', a inspiração essencialmente religiosa por trás do ato racional de compreendermos o Cosmos. A ciência e a religião nascem das mesmas ansiedades que torturam e inspiram o espírito humano. E a conexão entre as duas é a nossa existência finita em um Cosmos aparentemente infinito".
Obviamente, o tempo também complica as coisas, pois a perda dos que amamos e a nossa própria mortalidade são causas de muita dor.
Nessas horas, encontro consolo em muitas coisas. Mas uma das mais significativas é o que a ciência nos ensina sobre nossa íntima relação com o Universo: a matéria da qual somos feitos é também a matéria das estrelas, dos planetas e de suas luas, e de todos os seres vivos.
O tempo que usamos para descrever as transformações que experimentamos é o mesmo da expansão cósmica.
O tempo passa para o Universo também. Como escreveu o naturalista americano John Muir, "ao movermos uma única coisa na Natureza, descobrimos que ela está presa ao resto do Universo".
Não existe uma solução única para os nossos anseios. Não sei onde você encontra sentido para a sua vida. No meu caso, a busca se desdobra em muitas trilhas.
Ao tentar entender um pouco mais sobre os mistérios do mundo natural; na convivência com minha família e amigos; em saber que sou um ser humano no nosso raro planeta Terra. Para mim, o sentido não está na ciência em si, mas na busca pelo conhecimento. Talvez seja assim também com um músico, que dá sentido à sua busca tocando o seu instrumento. As técnicas nos dão os meios, mas não são um fim em si mesmas. É tocar, e dividir a música com os outros, que importa.
Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor do livro "Criação Imperfeita"
Religião ajudou a evolução humana, mas 'secou', afirma psiquiatra.
Religião ajudou a evolução humana, mas 'secou', afirma psiquiatra.
junho de 2011
Comentários
Gleiser é "brega". rsrsrs
Muito claro ao expor seus conhecimentos...
Não acredito que Ponde seja seu algoz mental...
Acredito que estes dois pensadores se somam...
A diluição homeopática do sentimento religioso...
Parece ser irreversível e inevitável...
Admiro a filosofia budista...
Substituir deus pela boa conduta...
Boa conduta não significa deus...
Então, basta ficarmos com a boa conduta...
O que é boa conduta...?
Nada mais paradoxal diante do livre arbítrio...
Parece que todos sabem a resposta...
Então por que vivemos em conflito...?
Assim como já disse Gouvêa em “Fast food da fé” ...
As vertentes ideológicas já se diversificaram tanto...
Que transformaram correntes de fé em frágeis barbantes...
Incapazes de sustentar as próprias escolhas...
Assim interpreto Gouvêa em "fast food da fé"
a MENTE HUMANA evoluiu muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito ao longo dos anos, o que vc nao entende e que EVOLUÇÃO BIOLÓGICA leva tempo muuuuuuuuuuito tempo, e nem sempre podemos observar as mudanças....
Vc deveria parar de ler gibiblia e ler um livro de biologia
Espírito não existe.
É um bom texto, mas no Brasil tenho como o maior comunicador da ciência o Doutor Drauzio Varella no mundo o título vai para o Carl Sagan.
Carl Sagan, começo a babar só de lembrar dos seus textos tais como o: O Dragão na minha garagem. Ou o: O pálido ponto azul.
É, o "evangelho" nao evoluiu. Estagnou ha milhares de anos.
E se fosse em outro planeta como diz o Cristão, ele está certo seria tudo a mesma coisa e com ele não seria diferente.
A evolução verdadeira acontece sem Deus.
(e pessoas com mentes como a dele)
Podemos dizer que todos evolui menos o Cristão.(2)
Sucinto, claro e cristalino..:-)
Cognite Tute
Devemos questionar sempre
Nem espera ser canonizada...
Os maiores benfeitorias mundiais...
Decorrem das suas descobertas...
Ela não aprisiona o cérebro...
Nem acorrenta o pensamento...
portanto, devemos conhecê-la...
Para eliminarmos os mitos...
Não devemos confundir progresso da ciência...
Com o mau uso que fazemos dela...
Pois entraremos em um ciclo tão perigoso...
Que seria melhor aprender só a bíblia...
É apenas melhor que a religião^^
ROBERT GREEN INGERSOLL (1833 - 1899)
PROCURADOR, ADVOGADO E ORADOR POLÍTICO NORTE-AMERICANO......................................."Porém agora diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram honrarei, porém os que me desprezam serão desprezados. 1 Samuel 2:30". Paulo Roberto Lopes. Obrigado!
Aqui a parada é dura...
Acho que já sabias disto...
Uma questão de fé para ti...
Uma ausência de deus para nós...
A intenção nunca foi arrancá-lo de ti...
E sim, fazer você enxergar além dele...
Não pense em derrota...
Afinal, você foi muito convicto...
Serviu para abrir os olhos de alguns...
E fechar de vez o de outros...
Vai com deus...!
Realmente, o texto é ótimo...
Infelizmente Cristão limitou-se a...
Reproduzir os textos bíblicos...
Este ato o tornou massante...
E, mal líamos seus textos...
Como sempre, de forma displicente...
Só passei o olho sobre o texto...
Num frágil momento de distração...
Pensei que as frases eram dele...
Sua despedida é digna de mérito...
Pois escolheu este belo texto...
Além de despedir-se gritando...
Colocando as frases em caixa alta...
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