por Marco Tosatti, do Vatican Insider
Os comentaristas do jornal Yedioth Ahronoth se questionam: "Estamos prestes a testemunhar um novo fenômeno em Israel, nos próximos anos, o de um homem casado com várias mulheres? O fenômeno era comum no povo de Israel nos tempos antigos". O rei Salomão era casado com 1.000 (mil) mulheres, o rei Roboão tinha 78, e o rei Davitinha "só" 18.
Cerca de mil anos atrás, o rabino Gershom emitiu uma proibição da bigamia, proibindo essa prática entre os judeus asquenazes. Os sefardistas, nos séculos passados, também abandonaram a tradição de ter mais de uma esposa. Mas agora panfletos distribuídos nas sinagogas apareceram no jornal semanal Shabbat B'Shabbato, e incentivam os sefarditas a retomar a prática, citando um documento haláquico (isto é, relativo à aplicação da lei), escrito há vários anos pelo rabino Yosef Ovadia, em que não se exclui o fenômeno da poligamia.
"As cortes que impõem agravantes aos sefarditas nesse campo estão erradas". Não está claro se o rabino Ovadia apoiaria a poligamia hoje, mas os autores do folheto defendem, com base nessa visão, que, segundo a Halachá, ter mais de uma mulher não seria mais proibido nos círculos sefarditas atuais.
Os panfletos remetem os leitores a um site, o da organização Jewish Home, onde estão publicadas as citações de uma série de autoridades religiosas ao longo dos séculos, quase como se quisessem dizer que a regra que proíbe a poligamia não é mais válida. E o site também oferece testemunhos e histórias de homens e de mulheres com experiências de poligamia.
Outro site defende que os panfletos e toda a campanha foram financiados e patrocinados por um grupo de mulheres religiosas e solteiras, que abandonaram a esperança de encontrar uma alma gêmea. Uma delas, de 39 anos, disse: "Sou uma solteira religiosa e tenho medo de perder a possibilidade de me tornar mãe". Ela acrescentou que existem outras 27 mulheres como ela, que ficariam felizes em se casar com um homem já casado.
Mas o que é surpreendente é que o fenômeno, quase ao mesmo tempo, faz a sua aparição no campo oposto, isto é, entre os beduínos do Negev. Nos jornais locais, aparecem conselhos para as mulheres com mais de 30 anos, e ainda solteiras, para que levem em consideração a poligamia: "É a solução da Sharia". Uma vez que a poligamia é ilegal no estado de Israel, as pessoas que deram início à campanha preferem permanecer anônimas e serem conhecidas só como "Comitê do Negev para os direitos das mulheres".
Embora a poligamia seja ilegal, e qualquer homem que se case com mais de uma mulher corre o risco de ser preso, o fato é que a lei é aplicada muito raramente. Um anúncio publicado no jornal Al Haddat, da cidade de Rahat, de maioria beduína, defende que o objetivo da campanha é ajudar as mulheres com mais de 30 anos e não encontram marido.
A propaganda mostra uma mulher beduína de 34 anos que conta como se sente, dizendo que "o futuro é deprimente", porque todas as suas amigas já estão casadas e ela não sabe se conseguirá ser mãe. Depois vem a pergunta: "Qual é a solução para 7.514 mulheres do Negev que têm mais de 30 anos e ainda estão solteiras?", colocada abaixo da imagem da mulher, seguida da resposta: "Poligamia, a solução da Sharia". O anúncio coloca uma condição importante (prevista, além disso, pela tradição islâmica), ou seja, que a poligamia é permitida se o homem puder tratar cada mulher da mesma maneira. Quem não se sente preparado, que se limite a uma esposa.
Mas o fenômeno, embora ilegal, parece estar crescendo, pelo menos na comunidade beduína. Segundo a Associação para os Direitos Civis em Israel entre os beduínos do Negev, tem havido, nos últimos anos, um crescimento de 30% a 40% nas uniões poligâmicas. Obviamente, cobertas por grande discrição.
Rei Salomão teve mil mulheres
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Cerca de mil anos atrás, o rabino Gershom emitiu uma proibição da bigamia, proibindo essa prática entre os judeus asquenazes. Os sefardistas, nos séculos passados, também abandonaram a tradição de ter mais de uma esposa. Mas agora panfletos distribuídos nas sinagogas apareceram no jornal semanal Shabbat B'Shabbato, e incentivam os sefarditas a retomar a prática, citando um documento haláquico (isto é, relativo à aplicação da lei), escrito há vários anos pelo rabino Yosef Ovadia, em que não se exclui o fenômeno da poligamia.
"As cortes que impõem agravantes aos sefarditas nesse campo estão erradas". Não está claro se o rabino Ovadia apoiaria a poligamia hoje, mas os autores do folheto defendem, com base nessa visão, que, segundo a Halachá, ter mais de uma mulher não seria mais proibido nos círculos sefarditas atuais.
Os panfletos remetem os leitores a um site, o da organização Jewish Home, onde estão publicadas as citações de uma série de autoridades religiosas ao longo dos séculos, quase como se quisessem dizer que a regra que proíbe a poligamia não é mais válida. E o site também oferece testemunhos e histórias de homens e de mulheres com experiências de poligamia.
Outro site defende que os panfletos e toda a campanha foram financiados e patrocinados por um grupo de mulheres religiosas e solteiras, que abandonaram a esperança de encontrar uma alma gêmea. Uma delas, de 39 anos, disse: "Sou uma solteira religiosa e tenho medo de perder a possibilidade de me tornar mãe". Ela acrescentou que existem outras 27 mulheres como ela, que ficariam felizes em se casar com um homem já casado.
Mas o que é surpreendente é que o fenômeno, quase ao mesmo tempo, faz a sua aparição no campo oposto, isto é, entre os beduínos do Negev. Nos jornais locais, aparecem conselhos para as mulheres com mais de 30 anos, e ainda solteiras, para que levem em consideração a poligamia: "É a solução da Sharia". Uma vez que a poligamia é ilegal no estado de Israel, as pessoas que deram início à campanha preferem permanecer anônimas e serem conhecidas só como "Comitê do Negev para os direitos das mulheres".
Embora a poligamia seja ilegal, e qualquer homem que se case com mais de uma mulher corre o risco de ser preso, o fato é que a lei é aplicada muito raramente. Um anúncio publicado no jornal Al Haddat, da cidade de Rahat, de maioria beduína, defende que o objetivo da campanha é ajudar as mulheres com mais de 30 anos e não encontram marido.
A propaganda mostra uma mulher beduína de 34 anos que conta como se sente, dizendo que "o futuro é deprimente", porque todas as suas amigas já estão casadas e ela não sabe se conseguirá ser mãe. Depois vem a pergunta: "Qual é a solução para 7.514 mulheres do Negev que têm mais de 30 anos e ainda estão solteiras?", colocada abaixo da imagem da mulher, seguida da resposta: "Poligamia, a solução da Sharia". O anúncio coloca uma condição importante (prevista, além disso, pela tradição islâmica), ou seja, que a poligamia é permitida se o homem puder tratar cada mulher da mesma maneira. Quem não se sente preparado, que se limite a uma esposa.
Mas o fenômeno, embora ilegal, parece estar crescendo, pelo menos na comunidade beduína. Segundo a Associação para os Direitos Civis em Israel entre os beduínos do Negev, tem havido, nos últimos anos, um crescimento de 30% a 40% nas uniões poligâmicas. Obviamente, cobertas por grande discrição.
Com tradução de Moisés Sbardelotto para IHU On-Line.
julho de 2011
novembro de 2010
Comentários
Seu blog é muito bacana! Muito bom mesmo!
Abraço!
E amor?
Alguém me explica?
Sol com estrelas
seu nome já diz tudo.
Como na bíblia não há previsão para termo final da vigência desse mandamento (ou seja, ele é definitivo, para sempre) e, ainda, como estamos vendo uma tentativa, ainda velada, de tomada do poder político pelos religiosos fundamentalistas, suponho que estejamos condenados a abreviar nossa existência como espécie humana submetidos a uma tragédia sócio-ambiental muito mais difícil de reverter do que as mais pessimistas notícias do jornalismo raso que as redes de TV veiculam durante as nossas refeições.
A supervalorização da maternidade inconsequente não é produto exclusivo das religiões. Basta vermos a popularização das técnicas de reprodução assistida, divulgads de maneira acrítica e bastante acessíveis.
Fazer é fácil, criar depois é que são elas...
Talvez nao seja tão ruim assim. Provavelmente eu tenha nascido por causa desse tipo de mentalidade careta e anti-ecológica.
por que exatamente poligamia é errado? Se tanto o homem como as mulheres (ou os homens e a mulher) estão de acordo, então por que achamos isso errado?
a monogamia não existe por razões religiosas (mas de controle social), mas é mantida com argumentos religiosos.
Sou heterossexual, mas respeito a condição de homossexual.
Os monogâmicos como eu deviam respeitar os poligâmicos.
Bigamia só é legal se liberar pra geral.
Conversei com um xeique mulçumano, ele me disse que na Siria, a maioria dos casamentos plurais, o homem tem no máximo duas esposas, é necessário toda uma infraestrutura e recursos financeiros para sustentar as mulheres e as crianças, por isso, a maioria se casa com uma apenas.
Cada um casa com quem e quantos quiser.
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