por Daniela Fernandes, da BBC Brasil
A francesa muçulmana Hind Ahmas (foto), que foi a primeira pessoa a ser condenada pela Justiça francesa por usar o niqab, um véu que deixa apenas os olhos à mostra, diz “ser insultada todos os dias” ao caminhar pelas ruas com o rosto coberto.
O uso da vestimenta em locais públicos foi proibido por lei na França desde abril passado.
“São insultos pessoais ou contra os muçulmanos. Normalmente, as pessoas gritam grosserias pelas janelas dos carros ou esperam que eu me distancie delas nas calçadas para me ofender”, contou Ahmas.
“Sou chamada de lixo, de terrorista, extremista ou me dizem para eu voltar para o Afeganistão”, diz ela. Hind afirma que não sofre pressões por parte de membros da família ou homens muçulmanos para cobrir o rosto.
“Vivo como qualquer mulher, a única diferença é a minha escolha de vestimenta”, afirma Ahmas, que é divorciada e mãe de uma garota de quatro anos.
A França é o primeiro país europeu a aplicar a proibição do uso do véu que cobre parcialmente ou totalmente o rosto em qualquer espaço público, como transportes, lojas, parques, escolas e repartições.
Na semana passada, a Justiça condenou Ahmas, 32 anos, e Najate Naït Ali, 36 anos, a multas de 120 e 80 euros, respectivamente (cerca de R$ 300 e R$ 200). A multa máxima prevista na lei é de 150 euros.
Segundo Ahmas, a lei francesa “viola o direito europeu, que garante a liberdade de convicções religiosas”.
Por esse motivo, ela continua usando normalmente o niqab - que deixa apenas os olhos à mostra.
“Retirar o niqab significaria renegar minha fé”. Faz quase sete anos que uso o véu integral, muito antes das discussões sobre a lei. Não cubro o rosto por provocação ou porque o assunto está na moda”, diz ela, que mora em Aulnay-sous-Bois, uma periferia pobre de Paris.
Mas, por enquanto, ela só foi parada nas ruas pela polícia “quatro ou cinco vezes”, sendo que em um dos casos foi algemada e levada para a delegacia.
“Eles queriam me revistar e exigi que fosse uma policial feminina. Mas não precisavam me algemar, foi abuso de autoridade.” Nos outros controles de identidade, ela aceitou ir à delegacia ou mostrou seu rosto na rua aos policiais em áreas de menor movimento.
Ahmas considera que a condenação na Justiça é “uma excelente notícia porque dá destaque para o assunto e representa o ponto de partida para conseguir a revogação da lei.”
Ela já entrou com recurso contra a decisão dada na semana passada e prevê levar o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos.
Ahmas criou a associação “Cidadãs da Liberdade” para defender a anulação da lei. Sua amiga Kenza Drider, que usa o niqab e na semana passada anunciou sua candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, também integra a associação.
Mas para se tornar oficialmente candidata, Drider precisará recolher 500 assinaturas de políticos franceses, o que dificilmente deverá ocorrer.
Ahmas afirma que o governo francês criou a lei do véu integral por motivos eleitorais, “para desviar a atenção em relação aos reais problemas do país e para que o islamismo seja menos visível na França”.
“O islamismo passou a ser sinônimo de terrorismo, de Bin Laden e de bombas. Estou tão longe disso tudo. Só aspiro a ter uma vida tranquila e poder levar minha filha ao zoológico sem ser insultada”, diz ela.
Holanda anuncia proibição ao uso da burca em lugares públicos
setembro de 2011
Religião contra religião.
A francesa muçulmana Hind Ahmas (foto), que foi a primeira pessoa a ser condenada pela Justiça francesa por usar o niqab, um véu que deixa apenas os olhos à mostra, diz “ser insultada todos os dias” ao caminhar pelas ruas com o rosto coberto.
O uso da vestimenta em locais públicos foi proibido por lei na França desde abril passado.
Hind é divorciada
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“Sou chamada de lixo, de terrorista, extremista ou me dizem para eu voltar para o Afeganistão”, diz ela. Hind afirma que não sofre pressões por parte de membros da família ou homens muçulmanos para cobrir o rosto.
“Vivo como qualquer mulher, a única diferença é a minha escolha de vestimenta”, afirma Ahmas, que é divorciada e mãe de uma garota de quatro anos.
A França é o primeiro país europeu a aplicar a proibição do uso do véu que cobre parcialmente ou totalmente o rosto em qualquer espaço público, como transportes, lojas, parques, escolas e repartições.
Na semana passada, a Justiça condenou Ahmas, 32 anos, e Najate Naït Ali, 36 anos, a multas de 120 e 80 euros, respectivamente (cerca de R$ 300 e R$ 200). A multa máxima prevista na lei é de 150 euros.
Segundo Ahmas, a lei francesa “viola o direito europeu, que garante a liberdade de convicções religiosas”.
Por esse motivo, ela continua usando normalmente o niqab - que deixa apenas os olhos à mostra.
“Retirar o niqab significaria renegar minha fé”. Faz quase sete anos que uso o véu integral, muito antes das discussões sobre a lei. Não cubro o rosto por provocação ou porque o assunto está na moda”, diz ela, que mora em Aulnay-sous-Bois, uma periferia pobre de Paris.
Mas, por enquanto, ela só foi parada nas ruas pela polícia “quatro ou cinco vezes”, sendo que em um dos casos foi algemada e levada para a delegacia.
“Eles queriam me revistar e exigi que fosse uma policial feminina. Mas não precisavam me algemar, foi abuso de autoridade.” Nos outros controles de identidade, ela aceitou ir à delegacia ou mostrou seu rosto na rua aos policiais em áreas de menor movimento.
Ahmas considera que a condenação na Justiça é “uma excelente notícia porque dá destaque para o assunto e representa o ponto de partida para conseguir a revogação da lei.”
Ela já entrou com recurso contra a decisão dada na semana passada e prevê levar o caso à Corte Europeia de Direitos Humanos.
Ahmas criou a associação “Cidadãs da Liberdade” para defender a anulação da lei. Sua amiga Kenza Drider, que usa o niqab e na semana passada anunciou sua candidatura às eleições presidenciais do próximo ano, também integra a associação.
Mas para se tornar oficialmente candidata, Drider precisará recolher 500 assinaturas de políticos franceses, o que dificilmente deverá ocorrer.
Ahmas afirma que o governo francês criou a lei do véu integral por motivos eleitorais, “para desviar a atenção em relação aos reais problemas do país e para que o islamismo seja menos visível na França”.
“O islamismo passou a ser sinônimo de terrorismo, de Bin Laden e de bombas. Estou tão longe disso tudo. Só aspiro a ter uma vida tranquila e poder levar minha filha ao zoológico sem ser insultada”, diz ela.
Holanda anuncia proibição ao uso da burca em lugares públicos
setembro de 2011
Religião contra religião.
Comentários
Poderiam argumentar que é questão de segurança e tal, mas isso não faz muito sentido; se um(a) terrorista quisesse mesmo se explodir, não precisaria se esconder a tal ponto, na verdade, assim ele chamaria ainda mais a atenção. Esconder as bombas debaixo da roupa é o suficiente, não tem necessidade de tampar o rosto.
E se o motivo é a degradação feminina e etc, a lei poderia ser diferente, e em vez de proibir o véu de ser usado, proibir que homens forçassem as esposas a usar contra a vontade ou algo assim, isso sim seria uma lei para proteger a liberdade feminina.
Enfim... Tem cara mesmo de ser jogada política para mudar o foco dos eleitores. Conhecemos essa estratégia muito bem aqui no Brasil.
Liberdade religiosa o c@r@lh0. Respeito sim.
Ao mesmo tempo, ela deve mesmo ser presa, se a lei assim determina, e acho que a lei que assim determina, lei francesa, está correta.
Os que alegam que é uma "agressão" e uma "ofensa" a cultura dela, dos muçulmanos, parecem não entender que na verdade é a postura dela, de desrespeito pela cultura e pela forma de pensar do país em que decidiu ir viver, que é ofensiva, agressiva e autoritária.
Aceitem meus costumes, pois isso é correto, mas eu me recuso a aceitar os seus, pois é "imposição".
Eu não penso que mulheres ocidentais devam ter direito de se vestir como se vestem em seus países, nos países islâmicos (ou africanos, ou onde for que os hábitos e costumes sejam diferentes).
Por favor, não me entendam mal, eu lutaria para que TODAS as mulheres tivessem a liberdade, legal, de se vestir sem o "saco de enfiar mulheres" do Islã. Todas. Ou nenhuma, até que a lei mude.
Assim como mulheres ocidentais, francesas, devem andar em países islâmicos como a lei destes países determina, as mulheres islâmicas devem andar na França como a França assim determinar.
Além disso, símbolos são poderosos. Esta mulher, que alega vestir o "saco de enfiar mulheres" voluntariamente, parece não ligar a mínima para o que ele simboliza, as milhares, centenas de milhares, de mulheres submetidas, sem escolha,a dominação masculina, a viver dentro de "sacos", e tudo que isso representa.
Símbolos. Suponha que minha cultura adote um símbolo, digamos a suástica, que originalmente nada tem de ofensivo, como vestimenta cultural. Suponha que eu vá a uma sinagoga vestido com minha "vestimenta cultural".
Suponha que eu alegue que as reações, e a proibição, sejam "violações" a meu direito de vestir, ou a minha cultura pessoal.
Alguém acharia razoável (além, claro, de nazistas querendo confronto)?
O Islã, a vestimenta em forma de "saco de enfiar mulheres", não está relacionada a terrorismo à toa, por "perseguição do ocidente". Não é algo arbitrário, decido por um punhado de pessoas sem mais o que fazer.
É uma ligação exibida com orgulho, arrogância, etc, pelos terroristas, e difundida por estes em todas as mídias e ocasiões possíveis. Andar dentro de um saco, simbolicamente uma ligação com o fundamentalismo islâmico, entre pessoas que tem sido atacadas por estes, que tiveram parentes mortos por bombas, que tiveram seu país e cidades explodidas, é uma provocação.
(continua...)
Não admira que seja xingada nas ruas. Não justifica, claro, como disso no início, mas explica.
Não suporto ver mulheres vivendo dentro de um saco. Podem dizer que é um "preconceito" ocidental meu, que não é tão ruim assim, que muitas o fazem por escolha, etc.
Não sei, não me parece que seja assim. Nada, em nossa espécie, história evolutiva, sociedades atuais e passadas, indica que alguém "goste" de viver em um saco, ou que escolheria abrir mão do mais forte comportamento humano, de animais gregários, ler o rosto do outro, e permitir que este o leia de volta.
Nossa mente "vê" rostos por toda parte, gostamos de rostos, rostos nos acalmam.
Talvez, hoje, depois de séculos de opressão feminina, uma burca seja um ornamento voluntário, em alguns casos. Mas sua origem é clara, submissão feminina, dominação, abuso, perda da identidade, violência contra mulheres.
A França tem direito, e tem razão, em proibir o "saco de enfiar mulheres" em seu território. Se eu quisesse viver nu, iria procurar uma sociedade em que isso fosse permitido. Se quisesse viver dentro de um saco, idem.
Querer viver sem respeitar as regras da sociedade que o acolhe, é ofensivo e pouco razoável ou civilizado.
Cognite Tute
Em varios paises muçulmanos, se uma mulher sair a rua sem usar a burka, pode ser apedrejada até a morte, mesmo sendo ela turista ou não muçulmana. Então, porque devemos deixar que usem essa vestimenta em outros paises ??
agora que é paia é viu, uma burca, só atiça a curiosidade da gente, tem umas afegas que sao bonitas sabe, agora se isso for fruto de submissao, quem tem que fazer a revoluçao sao eles e nao nós com uma lei pra obrigar se enquadrar naquilo que as vezes nao querem.
certas leis servem só pra criar confusao.acho que a violencia tem que ser combaatida com concientizaçao, com denuncias, com cursos pra essas mulheres, mostrando pra elas que alí naquele país nao necessita daquilo,nao ja ir proibindo, isso ai ta igual a lei da vadiagem, vadia quem quer p* só nao vale roubar.
izaque
A questão é o motivo dessa lei ter sido criada. Eu acho difícil que não seja por interesse político. Então, mesmo que a lei esteja certa, por ela ter sido criada por motivos errados, ela se torna questionável (o que não quer dizer que não deva ser cumprida enquanto estiver em vigor).
Vc, realmente, esta totalmente desinformado. Usa a burca como um tipo de fetiche.
É sim, uma forma de subjugar as mulheres. Leia mais e se informe sobre leis em paises muçulmanos. Um pouco mais de conhecimento não irá lhe fazer mal.
Sim, concordo, acho que todos concordamos, ser mal educado, agressivo, ofensivo, etc, sempre é ruim e condenável.
Apenas é preciso entender o conjunto de fatores, o panorama mais geral, da situação. Equivale, neste momento em que estações de metro são explodidas, e que as sociedades tem de viver em estado de alerta devido a ameaças do terrorismo (ameaças que, segundo os que as fazem, só deixarão de serem cumpridas se o ocidente se submeter as suas regras, que incluem "saco de enfiar mulheres" para todas), essa mulher e sua "burca por livre vontade" servem de provocação.
Como escrevi acima, por mais que a suástica seja um simbolo indu normal e ancestral, ninguém pensa que entrar em uma sinagoga com uma camiseta com ele, em nome de sua "cultura ancestral" seja razoável.
Não é um ato incomum, ou único, nós aqui no Brasil estamos sendo levados a controlar, e proibir, torcidas organizadas, e proibir que torcedores vão aos estádios vestidos com as camisetas de seus times.
Não por ser uma "imposição ditatorial" do estado, mas por responsabilidade primeira das torcidas, que tem usado a identificação como base para violência e agressões, e mortes.
A mulher deste caso, como muitos torcedores pacíficos e razoáveis, não tem culpa da violência de seus pares. Mas precisa entender que sua escolha de vestimenta reforça, simboliza, para muitos franceses, essa violência.
E tem de entender principalmente que está vivendo no pais dos outros, em outra cultura e sociedade, e que deve respeitar essa cultura, como espera que respeitem a sua, em seu país de origem.
Pense em uma mulher de mini-saia, e decote, andando pelas ruas de um país islâmico, e reclamando por ter sido presa e ofendida nas ruas.
Observe que NÃO estou defendendo que devemos er tão bárbaros quanto "os outros", estou defendendo inclusive o direito do país islâmico de prender uma mulher ocidental de mini-saia em suas ruas, pois é a lei local.
Claro que minha luta, esperança, é que esses países se tornem mais tolerantes, inclusive com mini-saias. Nesse momento provavelmente países ocidentais se tornarão mais tolerantes com véus (não burcas, "sacos de enfiar mulheres"), claro.
Mas se mulheres africanas podem andar pelas ruas da França, com seus coloridos e diferentes trajes culturais, o que torna a burca, o "saco de enfiar mulheres" tão diferente?
É o simbolismo, a afronta, a clara intenção de se manter "separado" da cultura francesa, por considera-la "suja", impura, menor, etc.
Pense nisso, Elisa, pense em como seria receber em sua casa um grupo de pessoas que, por todos os meios e símbolos e atitudes, demonstre considerar você porca, inferior, suja, bárbara e uma fonte de contaminação, tanto de costumes quando de doenças.
Como você reagiria?
E antes que diga que essa mulher não fez nada disso, pense, se alguém que não pensa nada disso de você, mas que se veste e se comporta como as pessoas que pensam tudo isso de você, fosse a sua casa, como você reagiria?
Nada disso justifica as agressões, mas explica melhor o contexto.
Cognite Tute
nao faço fetiche disso, só acho que uma lei pra proibir usar isso é absurda, e fere o direito da pessoa usar o que quiser, e disse mais, se houver obrigaçao, eles que façam suas revoluçoes.
izaque
Eu entendo a força do simbolismo da burca, principalmente na Europa, e concordo em grande parte com todas as suas colocações. Mas tem um outro viés aí, sabe. Acho que essa mulher está sendo agredida não apenas por ser estrangeira e de uma religião, pra dizer o mínimo, super polêmica, mas também por ser mulher. Será que um homem sofreria o mesmo tipo de ataque na rua? Não sei, não.
Nem questiono os motivos que os franceses têm pra se sentirem afrontados por uma mulher de burca. O problema é rebater essa forma de violência (porque pra mim é uma violência) com mais violência. Não dou nenhuma razão pra mulher detida, acho que as emburcadas por "vontade própria" sofrem, aliás, de uma variante da Síndrome de Estocolmo. E é claro que ela tem que seguir a lei do país onde mora (seja o país natal dela ou não). Mas sinto vergonha alheia pelas atitudes agressivas dos outros, sim.
Se essa mulher está passando por intensas humilhações ela merece no minimo respeito. Agora, como ela vai conseguir isso?
Eu também acho, concordo totalmente. É constrangedor ver ou ler sobre esse tipo de agressão idiota a quem quer que seja.
Eu tenho, na verdade, pena, muita pena, com relação a essa mulher, não apenas por ser agredida por gente descontrolada, mas por pensar que sua vestimenta, sem "saco de enfiar mulher" é algo "opcional", que ela "escolheu".
Sei que a lavagem cerebral feita por uma cultura, por séculos, tem a maior parte da culpa. Que a ideia de um ser sobrenatural que cria seres vivos, humanos, para depois desejar que estes, metade deles, vivam dentro de sacos, é totalmente irracional.
Apenas tentei analisar o quadro geral, e identificar o ponto original do problema, o que em direito se chama "conditio sine qua non" - a condição sem a qual não há - do conflito.
Esta é muito mais a intolerância e desrespeito básico da cultura islâmica, sua recusa em viver no século XXI, sua teimosia em tomar superstições da idade média como "regras divinas", sua posição pouco civilizada em resumo, do que na cultura francesa, por mais xenófoba que esta esteja se portando.
Africanos, de muitas culturas, e muitas vestimentas, tem vivido e visitado a França há séculos, sem provocar o mesmo tipo de reação.
A diferença é que islâmicos acreditam, e insistem em demonstrar, que são melhores, mais puros, mais superiores, mais próximos de deus, que a "decadente civilização ocidental". Não cumprimentam mulheres, pois são impuras, ou podem estar menstruadas.
Não aceitam nem as mais básicas regras do convívio entre culturas, respeitar as regras do pais que o abriga.
Mesmo os não fundamentalistas, os moderados, so o são dentro de limites que, em outras crenças e culturas, também seria considerado extremismo. São moderados "por comparação" aos seus extremos, não por serem realmente tolerantes.
É isso que torna quase impossível a convivência entre essa mulher dentro do saco, e os cidadãos de outras culturas.
Cognite Tute
Essas três religiões são imperialistas, isto é, têm fortes características culturais que confere a seus adeptos, o "poder" de entrar em sociedades para "difundir a palavra" ou difundir costumes. Assim, consegue-se adeptos e socialmente falando, altera toda a identidade de um povo a bem de outra: a que está chegando com novas crenças e costumes. O Islã é a religião que mais possui essa característica imperialista. De alteração de idéias e costumes.
Esse é o atual cenário europeu e que não é novidade. A história (principalmente européia) está recheada de conflitos e guerras a bem de identidades culturais, crenças e costumes. Como exemplos, temos o recente caso de Anders Brevik e os casos de terrorismo da Al-Qaeda. Exemplos mais antigos são as cruzadas cristãs e as expansões árabes a partir da unificação islâmica na idade média.
É importante observar que essas três religiões também merecem atenção especial a um detalhe muito claro: são antagônicas. Isto é: seus adeptos interpretam seus códigos morais e de identidade à maneira como querem. Isso vai de suas divindades (que até possuem idéias similares a exemplo de Deus, Allah, Jesus, Mohammed e outros) aos costumes, vestes, morais e afins.
E além dessa importância a ser analisada, há outra mais crucial: todo esse conjunto de relativas similaridades e muitas diferenças e arbitrariedades (escolhas) é fator decisivo para conflitos e discórdias.
Ao mesmo tempo que noto abuso das autoridades francesas a bem da lei, há um aspecto principal e muito relevante: o vitimismo de ordem religiosa por parte de Hind Ahmas. E por que? Porque a França é um país que tem seus códigos de leis. E lei, independentemente de estar em França ou Espanha ou Brasil ou Argentina, tem de ser obedecida e praticada. Independentemente de cor, sexo, credo ou descredo e tudo o que os governantes fazem é colocar em prática a separação entre Igreja (e entenda-se por crenças, fés) e Estado. É a lei deles, um país laico.
Isso não significa que os religiosos têm de abdicar-se de suas crenças e sim, adaptar-se ao estado. Pois o estado não viola o direito de crença, mas também não permite qualquer abuso ou falso vitimismo a bem da crença.
E é este o problema da situação. Não é a lei, e sim, o abuso. Que é notório tanto por parte das autoridades francesas, do povo que está extrapolando na exigência de atitude de cidadania a bem da prática da lei e principalmente por parte de Hind Ahmas que não quer obedecer as leis a bem de sua crença que não está sendo violada, apenas exige uma simples mudança: a retirada do véu em locais públicos.
Isso faz com que ela seja uma gratuita contraventora. O contraventor é aquele que não respeita a lei, e sim, respeita seu interesse próprio a bem do descumprimento dela.
Há uma frase popular bem interessante, apesar de eu não gostar muito da idéia central dela:
"Direitos humanos são para humanos direitos".
Parece que compartilhamos a mesma visão do Islã e a mesma opinião sobre o assunto principal: que um sistema de crenças preconceituoso (pra não dizer criminoso) não deve ser defendido nem tolerado. Não é esse tipo de mundo que queremos. Sou contra a xenofobia que existe de ambos os lados.
Headbanger, eu detesto essa máxima, porque eu não sei o que são humanos direitos. Tampouco sei o que são "pessoas de bem".
Também acho que concordamos em tudo que importa, e não há desculpa para agredir uma mulher, ainda mais uma que já tem seus próprios, e sérios, problemas.
Elisa: "Headbanger, eu detesto essa máxima, porque eu não sei o que são humanos direitos. Tampouco sei o que são "pessoas de bem"."
Eu também tenho restrições a frase, especialmente porque alguém terá de apontar quem é ou não "direito". E voltamos ao ponto de partida.
Mas acho compreendo o que o Headbanger tentou colocar, é preciso que os envolvidos em um relacionamento, mesmo entre sociedades e culturas, aceitem os parâmetros desse relacionamento, os parâmetros básicos de civilidade, respeito a leis e regras, e a conceitos como direitos humanos, estado de direito, etc.
Se uma cultura deseja respeito a seus modos de viver, deve concordar em respeitar os modos de viver da outra, para começar.
Há uma discussão interessante, e complexa, na rede e em meios acadêmicos sobre os limites da tolerância, e quando essa tolerância apresenta risco para o próprio sistema que a aplica.
Por exemplo, um exemplo clássico, pode uma democracia permitir, em nome da liberdade ideológica e de ação, permitir um partido cujo objetivo declarado seja, caso chegue ao poder, eliminar a própria democracia?
Seria autoritarismo impedir que esse tipo de partido, de ação, usasse a própria tolerância da democracia para destruir a mesma?
A discussão, muito interessante, é, onde colocar os limites? Um cultura deve ser integralmente respeitada, tolerada, mesmo se um de seus costumes seja violentamente intolerante ou cruel (como cortar o clítoris de meninas de 10 anos e costurar seus lábios vaginais)?
Muçulmanos na França tem TODOS os direitos de franceses, inclusive votar, ser eleitos, se manifestar, escrever em jornais, dizer praticamente tudo que desejarem, mesmo que seja ofensivo aos franceses, em um alcance que nem de longe pode ser comparado com os direitos que tem em seu próprio pais.
É justo reclamar de uma restrição como a de não enfiar suas mulheres em sacos sem rosto? É justo arrumar e protestar na França, de forma que jamais fariam em seu próprio pais, por não terem essa liberdade toda?
Cognite Tute
Teoria da conspiração/fanatismo?
Me parece ser o mesmo tipo de coisa estúpida que algumas pessoas falam de imigrantes nordestinos, que estão "tentando dominar" outros estados. Isso é tão ridículo que nem vale comentar, e o mesmo vale para esses povos muçulmanos. Para que diabos eles iriam querer dominar a Europa? Isso é coisa de gente xenófoba que fica com medinho quando começa a ver muitos muçulmanos na rua.
É cada uma...
“Assim como mulheres ocidentais, francesas, devem andar em países islâmicos como a lei destes países determina, as mulheres islâmicas devem andar na França como a França assim determinar.”
Há um ditado milenar que diz: "Em Roma, como os romanos". Nunca ninguém achou que houvesse algo de errado em ter que aprender inglês para viver na Inglaterra ou mulher ter que usar véu para andar na rua na Arábia Saudita. Faz parte do direito de uma sociedade soberana ter seus costumes e cultura. Recentemente, porém, foi que se criou a ideia de que algumas culturas precisariam ser "progredidas" por outras (por causa dos direitos humanos) e aí surgiu a ideia de que aferrar-se ao atraso é uma forma de resistência à dominação estrangeira. Para mim, uma tal postura é como o doente recusar-se ao tratamento para não renunciar à sua fé no milagre (se bem que Bob Marley famosamente fez isso!).
Mesmo que essa mulher não saiba disso, é uma provocação. Algo como "eu ajo como eu quiser, dentro de seu país, e sua 'fraqueza' ocidental nada pode fazer a respeito".
É uma provocação porque é uma imposição de uma relação assimétrica entre as duas culturas. Uma francesa que vá ao Irã nunca poderá deixar sequer seu cabelo solto, mas a iraniana que vai à frança exige andar na rua e até entrar em banco usando véu.
Normalmente esse tipo de assimetria é tolerado como uma forme de proteção de uma cultura fragilizada. Você não exige que um índio se assimile totalmente na cultura brasileira a fim de evitar a desestabilização de sua sociedade. Mas não existe essa fragilidade na relação entre a Europa e o Islã.
Então, de certa forma, as exigências dos muçulmanos europeus são colonialistas. Tal como os ingleses exigiam (e os americanos ainda exigem) foros privilegiados para seus soldados e servidores nos países "amigos", os muçulmanos exigem poder viver à margem da sociedade europeia. Querem, inclusive, o direito de aplicar a Sharia entre si na Grã Bretanha.
Nós, que somos esquerdistas e condenamos essa doutrina diplomática ianque, não podemos simultaneamente achar natural a relação que se desenha na Europa.
Seria autoritarismo impedir que esse tipo de partido, de ação, usasse a própria tolerância da democracia para destruir a mesma?
Em geral os líderes autoritários contam com a "fragilidade da democracia" para impor-se, tal como o bandido conta com o fato de o cidadão de bem não saber brigar e nem ter arma para poder cometer o seu crime. Existe uma frase boa sobre isso: "tudo é tolerável, menos a intolerância". Acho justo erradicar aqueles que propõem a erradicação das dissensões. O problema está na medida.
Não apenas Bob Marluy, isso é bastante comum. Espantoso, mas comum.
Alguns anos atrás eu li sobre um cidadão americano, negro, que se recusava a tomar remédios "de negros", e exigia, inclusive entrando com um processo contra seus médicos, para que fosse receitado "remédio não racista".
O que acontecia era que os médicos, com base em estudos de ponta sobre diferenças de metabolismo, genéticos, e hereditariedade, tinham desenvolvido drogas específicas, mais eficientes em pessoas negras que em brancas, e estavam receitando esses medicamentos para ele.
E ele se "recusava" a ser tratado de forma "discriminatória", mesmo que fosse por sua saúde e pela eficiência maior dessas drogas.
É espantoso, absurdo, quase insano.
Jose Geraldo: "Existe uma frase boa sobre isso: "tudo é tolerável, menos a intolerância". Acho justo erradicar aqueles que propõem a erradicação das dissensões. O problema está na medida."
Perfeito. Não encontraria palavras melhores para explicar o problema.
Cognite Tute
A meu ver, o caso de Hind Ahmas não é passível de retorno positivo das autoridades de Direitos Humanos. Uma vez que ela insiste em se colocar como contraventora e o máximo que ela está demonstrando, é um vitimismo gratuito onde ela não está sendo lesada pelo lei e sim, o contrário: ela quer lesar as leis a bem de um conceito de liberdade que ela cria para si e que é incompatível com a laicidade.
Um governante patético e medíocre como Sarkozy precisa recorrer aos preconceitos dos seus eleitores, por meio de políticas discriminatórias. Seus eleitores, ao ofender essa pobre mulher nas ruas, demonstram bem que possuem o governante que merecem. Não sou favorável ao uso do véu para cobrir o rosto, mas também não sou favorável a proibi-lo, e muito menos a agredir uma mulher por utiliza-lo. E ainda acusam os trabalhadores imigrantes de bárbaros! Além disso, temos que lembrar que os países árabes foram vítimas de inúmeras guerras coloniais desde 1990, com um saldo de milhões de mortos, mutilados e torturados. Para justificar este imperialismo genocida, é conveniente apresentar os "inimigos" como desumanos, inferiores, etc. Os nazistas sabiam disso tanto quanto os liberais-imperialistas da atualidade.
Falar de opressão da mulher muçulmana é ambíguo nesta situação. Então vão oprimi-la mais ainda, pela coerção estatal? Não seriam a educação laica, a liberdade de expressão (inclusive religiosa) e o respeito pela pessoa humana, independente da sua raça, sexo e religião, as melhores ferramentas para combater o fanatismo religioso? Usar a coerção estatal como instrumento da intolerância religiosa apenas transformará o véu em um símbolo de resistência.
kkkkkkk serio que aquele véu te falou tudo isso?? isso esta mais pra laicismo fundamentalista, são leis laicistas lamentaveis como essa que mostram quão atrasados estamos em relação ao respeito às diferenças e a discriminacao
Abbud
Abbud
OBS. Antes de falar de alguém olha de onde você veio, de uma mulher ela não deve ser uma mulher de respeito ou sim.
Ass. Clayton
Corrigindo a sua falta de conhecimento: o "saco de enfiar mulheres" como você disse, ela usa se ela quiser! Nenhum homem tem o direito de obrigar a mulher a nada no Islam. O hijab é definido por Deus no Corão, mas mesmo assim, ela não é forçada a usar. Esta muçulmana francesa usa o niqab que é algo altamente opcional, nem no Corão e na Sunnah pedem para usá-lo. Era apenas um costume da época do profeta em que alguma mulheres usavam, outras não. E algumas mulheres atuais usam por se SENTIREM BEM assim! E eu conheço várias munaqabas (mulheres que usam o niqab) e elas amam usá-lo e se sentem super bem assim. E foi escolha delas!
O hijab NÃO FAZ PARTE DE UMA CULTURA! É RELIGIÃO! NÃO É CULTURA! Obrigar uma mulher a tirar o hijab é desrepeitar a sua religião... não é desrespeito a cultura do país em que vive se a mulher decide usar o hijab, é o respeito à sua religião!
Saia jeans não é cultura brasileira, e a maioria das brasileira que conheço acham super brega - mas as evangélicas usam! E aí? Não deveriam também ser proibidas de usarem aquelas saias nos joelhos estilo "sou evangélica"? E os cabelos compridos delas? Deveriam ser obrigadas a cortarem os cabelos por isso? E os católicos, porque eles podem usar crucifixos nos colares, então? E os judeus porque usam o kipá?
E terrorismo islâmico é a maior palhaçada já inventada na face da terra! Sem contar que é engraçado como o Islam é acusado de pregar o terrorismo, só porque existem 'supostos' terroristas 'supostamente' muçulmanos. Ok, então se tiver um terrorista cristão eu vou culpar a Bíblia e todos os cristãos e toda as denominações cristãs do mundo pelo terrorismo? Não faz sentido e não é justo!
Quer conhecer o verdadeiro Islam? Vá numa mesquita em vez de ler sites tendenciosos da internet!
Mah Salam.
"eu ajo como eu quiser, dentro de seu país, e sua 'fraqueza' ocidental nada pode fazer a respeito".
Ô queridinho, não sei se você leu... mas ela é FRANCESA! Ela está dentro do país dela. Não é porque a mulher é muçulmana que ela é obrigatoriamente árabe ou seja lá qual nacionalidade for, ok?
Ela usa o niqab porque ela quer! O niqab, não é aconselhado e nem obrigação à nenhuma mulher em nenhum livro sagrado islâmico! Entenda.
Evolução? Queria eu saber porque a minha liberdade está ligada a usar uma mini-saia! Não entendo vocês. Se quanto menos roupas alguém usar, mais evoluída ela for, então os animais são os seres mais evoluídos da terra - porque eles não fabricam roupas para usar.
Repetindo: ela usa o niqab porque ela quer! Nem toda muçulmana usa o niqab, e algumas até gostariam de usar, mas não usam por medo da cabeça ignorante e preconceituosa de muitos ocidentais.
As mulheres ocidentais são altamente livres em países de maioria muçulmans e sei disso porque vivo em um, não li em nenhum sitezinho de internet! Até nas nossas praias, quando elas querem usar seus biquínis, elas usam e ninguém faz nada! Não acredite em falácias que postam na internet. Se quer saber como as mulheres são tratadas em países muçulmanos, vá em um!
"A França tem direito, e tem razão, em proibir o "saco de enfiar mulheres" em seu território. Se eu quisesse viver nu, iria procurar uma sociedade em que isso fosse permitido. Se quisesse viver dentro de um saco, idem." Então esteja preparado para aceitar um país de imposição religiosa onde você não seja permitido para praticar sua religião ou seu ateísmo. E AÍ?
Mah Salam.
Olha anônimo, eu já li todos os mais tipos pavorosos de mentiras - mas uma mentira feito essa?
Não é você que está mentindo, pois você com certeza nunca foi em nenhum país de maioria muçulmana para saber como é - mas você acreditou numa grande mentira!
Eu moro no Oriente Médio e posso dizer que as mulheres que não são muçulmanas e que moram aqui, assim como as turistas quando querem usar biquini na praia, elas usam e ninguém faz nada em relação a isso! Elas tem sim liberdade de usarem o que quiserem aqui. Para entrar num país de maioria muçulmana, pela população, é aconselhável seguir algumas regrinhas como usar roupa com mangas compridas, calças ou saias longas e de preferência, cabelo preso - mas só 0,00001% obedecem esta regra. As outra se vestem a seu bel prazer sem nem se importar com a cultura local.
Nenhuma mulher não muçulmana é ordenada a obedecer a Sharia. Isso vai totalmente contra as regras desta lei! E nenhuma mulher muçulmana será apedrejada se sair sem hijab, niqab ou a burka.
E não existe país islâmico, existe apenas país com a maioria da população muçulmana.
Mah Salam.
Eu concordo com você que apesar de errado, a lei deve ser cumprida! Se eu ainda estivesse na França, não estaria de hijab para obedecer a lei. Mas cada um tem seus motivos, e acredito que os delas tenham sido bons e em defesa da religião.
A lei deve ser cumprida, porém a lei não pode ser injusta e nem favorecer A e desfavorecer B.
Mah Salam.
(Que a paz esteja com você)
Há muita falta de conhecimento em muitos comentários e como sou francesa e vivo no Oriente Médio gostaria de quebrar os paradigmas e mitos e ler todos, respondendo todos. Fiz apenas alguns comentários em respostas aos outros.
Mas é muita coisinha e tô com preguicinha :(
Se quiserem conhecer o verdadeiro Islam e a verdadeira essência do véu, lhe convido a irem numa mesquita e não a ficar lendo notícias que recebem comentários de quem nem conhece o Islam!
Mah Salam.
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