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Teóloga comenta a morte do deus tecno-humano da religião Apple

pela teóloga Elizabeth Drescher para Religion Dispatches

Messias dos tempos modernos
Steve Jobs morreu aos 56 anos de idade.

Ainda em 1994 – alguns anos antes que Steve Jobs fizesse a sua própria ressurreição completa retornando à então vacilante Apple –, Umberto Eco postulou que o mundo estava dividido por "uma nova guerra religiosa subterrânea" opondo os usuários de Macintosh contra os da Microsoft. Além disso, Eco afirmou: "Minha profunda persuasão é de o Macintosh é católico e o DOS [sistema operacional da Microsoft] é protestante". E continuou:

Na verdade, o Macintosh é católico contrarreformista e revela a influência da ratio studiorum dos jesuítas. É festivo, amigável, conciliador, diz ao fiel como deve proceder passo a passo para alcançar – se não o reino dos céus – o momento da impressão final do documento. É catequético, a essência da revelação é resolvida em fórmulas compreensíveis e em ícones suntuosos. Todos têm direito à salvação.


O DOS é protestante, ou até calvinista. Prevê uma livre interpretação das escrituras, pede decisões pessoais e sofridas, impõe uma hermenêutica sutil, dá por descontado que a salvação não está ao alcance de todos. Para fazer com que o sistema funcione, exigem-se atos pessoais de interpretação dos programas: longe da comunidade barroca dos foliões, o usuário está encerrado na solidão do seu próprio tormento interior.

Eco não foi nem o primeiro nem o último a destacar as dimensões religiosas ou espirituais das nossas afeições tecnológicas. De fato, uma verdadeira indústria artesanal de estudiosos surgiu para rastrear a religiosidade dos usuários da Apple em particular, grande parte deles se focando em Steve Jobs como a pedra rejeitada que se tornou a pedra angular, não apenas do tremendo sucesso da Apple, mas também de uma nova cultura tecnológica que colocou as pessoas, suas necessidades e desejos no centro, em vez dos geeks [pessoas obcecadas por tecnologia] e suas ideias por demais “legais” e tecnológicas.

Jobs tornou os dispositivos tecnológicos em extensões da experiência humana, assim como Marshall McLuhan mostrou que eles eram, enquanto a era digital estava surgindo. Ele elevou seu status de modestas ferramentas a conectores digitais, fazedores de relacionamentos, cruzadores de fronteiras globais. Jobs ajudou a tornar o nosso mundo maior, aproximando-nos.

Com relação a tudo o que se diz da Apple enquanto culto e de Jobs enquanto seu deus perfeccionista, é bom lembrarmos que ele teve uma morte muito humana, depois de viver uma vida notavelmente humana e inspiradora. De fato, são as falhas humanas, os retrocessos e as perdas de Jobs que tornaram as suas contribuições e seus triunfos tão extraordinários. Que os pixels brilhem perpetuamente sobre ele.

A teóloga americana Elizabeth Drescher é professora de professora da Santa Clara University. A tradução deste artigo é de Moisés Sbardelotto para o IHU Online.

Comentários

Anônimo disse…
foi tarde esse arrogante de merda
Anônimo disse…
Quanto tóxico, você já procurou ajuda? :-P
Anônimo disse…
Temos que procurar o nosso SENHOR JESUS. ELE é a única sáida para nossas dores, angústias, decepções, só ELE resolve todos os nossos conflitos internos e externos.

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas." Mateus 11:28-29

Anísio
Rodrigo plei disse…
.

Teólogos realmente são pessoas desocupadas...

.
Se, conforme disse Arthur C Clarke ""Qualquer tecnologia suficientemente avançada não se distingue de mágica.", não é de surpreender que alguns vejam Steve Jobs como Deus.
Anônimo disse…
Temos que procurar o nosso
SENHOR THOR. ELE é a única
sáida para nossas dores,
angústias, decepções, só ELE
resolve todos os nossos
conflitos internos e externos.
"Vinde a mim, todos os vagabundos e preguiçosos,
e eu vos molestarei.
Tomai sobre vós o meu pênis,
e aprendei de mim, que sou
uma muleta
; e encontrareis
descanso para as vossas
almas vagabundas." januario 11:28-29
Leandro Santiago disse…
@Anônimo, seu Jesus ficou 33 anos na Terra e não criou tão belo quanto uma tela touch do iPhone, nem algo tão colorido e belo quanto um machintosh. hauahhaua (sim, foi uma piada, acho que a moça que escreveu o artigo estava meio dopada)
Steve Jobs teve mais importância pra história e pra ciência do que Jesus Cristo. Fato.
Anônimo disse…
Religião é um osso que os cachorros não querem largar de jeito nenhum, e se você tenta lhes tirar o osso eles rosnan e te morde.
Custo a acreditar em pessoas que não conseguem entender que escrevem o que quer devido a tecnologia que Steve Jobs idealizou. Esta teóloga é mesquinha e hipócrita, pois para escrever a sua arrogância ela se esqueceu que o celular dela, e o computador dela no mínimo só foram comprados por ser barato devido a disponibilização da tecnologia para o mundo. Cala a boca sua songa monga, não sabe nem o que é um computador para falar tanto.

Steve Jobs foi um cientista, que deveria ganhar o Nobel.
LEGIÃO disse…
Jobs era um bom vendedor. Ele sabia também como vampirizar as pessoas à sua volta. Seu sucesso foi obtido ao custo de muitas noites mal dormidas de programadores e gerentes da Apple.

Nada disso, incluindo as drogas e o problema de reconhecer sua filha, apaga o fato de que ele contribuiu grandemente, com sua inspiração, para que cada um de nós pudesse ir mais longe, em termos de expressão e conhecimento.
Avelino Bego disse…
Sou da área de informática, e Jobs RECENTEMENTE fez um excelente trabalho na Apple que ele QUASE levou à falência antes de ser demitido dela.

Antes de 1997, poucos sabia da existência da Apple.

Portanto, "menas", sem essa de transformá-lo em um deus...
Anônimo disse…
Esta observação teológica tem o poder de mexer com as estruturas do mundo como o conhecemos...
Antes de 1997, poucos sabia da existência da Apple.

Nossa mãe do céu. Essa doeu...

e Jobs RECENTEMENTE fez um excelente trabalho na Apple que ele QUASE levou à falência antes de ser demitido dela.

Essa doeu ainda mais. RECENTEMENTE, Avelino. Ele ter criado a Apple e iniciado um monte de tecnologias ainda nos anos 80 não foi um bom trabalho?

Ele não fez um bom trabalho nem com a NeXT ? E com a Pixar?

O que andam ensinando na "área de informática" atualmente? Clicar em ícones bonitinhos?
Steve Jobs teve mais importância pra história e pra ciência do que Jesus Cristo. Fato.

Ainda é cedo para afirmar que ele foi realmente importante, mas há indícios fortes de que sim. Quanto a ser mais importante que Jesus Cristo, a comparação é totalmente indevida, pois não se pode comparar categorias diferentes (pessoas existentes com personagens mitológicos). ;-)
Avelino Bego disse…
José Geraldo Gouvêa disse...
Antes de 1997, poucos sabia da existência da Apple.

Nossa mãe do céu. Essa doeu...
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Avelino
Não, não doeu, poucos conheciam a Apple. Ela só venho a ser coqueluche com o iPod, IPhone, etc..


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José Geraldo Gouvêa disse...
e Jobs RECENTEMENTE fez um excelente trabalho na Apple que ele QUASE levou à falência antes de ser demitido dela.

Essa doeu ainda mais. RECENTEMENTE, Avelino. Ele ter criado a Apple e iniciado um monte de tecnologias ainda nos anos 80 não foi um bom trabalho?

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Avelino
Jobs QUASE levou a Apple à falência. Foi demitido e só depois veio a fazer o trabalho que o levou ao estrelato.
Não estou discutindo a qualidade do Jobs e sim o sucesso do seu trabalho naquela época.
Sei muito bem que sucesso não é sinônimo de qualidade.

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José Geraldo Gouvêa disse...
Ele não fez um bom trabalho nem com a NeXT ? E com a Pixar?
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Avelino
Com a NeXT não sei, mas com a Pixar foi um excelente trabalho também mais recente, pois, ele não criou a Pixar, ele comprou da LucasArts.


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José Geraldo Gouvêa disse...
O que andam ensinando na "área de informática" atualmente? Clicar em ícones bonitinhos?

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Avelino

Hoje provavelmente, mas na época que trabalhava com DOS e Clipper, lá nos anos 80, não havia isso em quantidade.
Hoje, beirando os 40 anos, noto o quão notável é a evolução da informática.
Avelino Bego disse…
Jobs foi fantástico ao criar o computador pessoal, ele foi um visionário que teve muitos erros e acertos (como todos os humanos).

Mas devemos reconhecer que ele teve SIM a capacidade e a visão de RECENTEMENTE, perceber o que o público queria em termos de entretenimento.

Mas eu também tenho de reconhecer que posso estar errado na minha análise, pois, o Brasil viveu uma época de Mercado Fechado e não sei como seria se os computadores da Apple estivessem entre nós por mais tempo.

Não darei aqui uma de fanático no meu ponto de vista.

Eu posso estar errado.
Olha, Avelino, eu vou tentar ser breve e o menos ofensivo possível, se bem que isso é difícil, considerando que você realmente disse uma besteira e é difícil expor isso de uma forma que não seja constrangedora.

1 - Steve Jobs foi simplesmente o responsável pela criação do primeiro computador pessoal que teve sucesso enquanto produto. O sucesso da Apple, fundada por ele em 1976, abriu caminho para toda a informática que conhecemos.
2 - Mais do que fazer um computador portátil, Jobs dotou-o das características que definem hoje um pc: interface gráfica de usuário, com fontes vetoriais proporcionais, acesso a comandos através de ícones, clicáveis através de um mouse. Esse produto revolucionário, o Macintosh, já existia em 1983, anos antes do Windows 1.0, a primeira interface gráfica para DOS.
3 - Pelas duas razões acima, Jobs já era um ícone da tecnologia nos anos 80 e a Apple tinha uma fama enorme (embora não no Brasil, por causa da nossa restrição de mercado).
4 - Jobs não causou a crise da Apple, ele foi demitido devido a divergências em relação a John Sculley (e o resto dos sócios) quanto à maneira de reagir a ela. Quem quase levou a Apple à falência foi o John Sculley, embora inicialmente ele tenha levado a empresa a grandes lucros. Ele foi o responsável por vários produtos que falharam e por uma decisão estratégica equivocada, que foi a de levar o sistema Macintosh para a arquitetura PowerPC, abandonada pelos fabricantes alguns anos depois. Sculley é considerado um dos "20 piores" administradores de empresas do século XX segundo um site de avaliação.
5 - A atuação de Jobs na Pixar não é "mais recente" que na NeXT. Ambas as empresas foram criadas em 1986.
6 - Jobs não comprou a Pixar da LucasFilm, ele a criou a partir de uma parte da LucasFilm que ele comprou. Mas o conceito da Pixar foi desenvolvido por ele: a empresa original não era produtora de filmes, mas desenvolvedora de efeitos especiais.
7 - Sem o sucesso do NeXT o Linux não existiria. Embora não haja código NeXT no Linux, há muita inspiração conceitual.
8 - Todos os sete filmes produzidos pela Pixar até 2006 (ano em que Jobs a vendeu para a Disney) estão entre os 50 maiores sucessos de todos os tempos.

Por fim, tudo depende do sentido que você der à palavra "recentemente". Para mim, isso quereria dizer de uns anos para cá. Porém você pode argumentar que 1977 ainda é recentemente...

Infelizmente suas observações refletem uma grande deficiência dos profissionais técnicos: a falta de perspectiva de longo prazo. Você conhece apenas a realidade imediata com que trabalha, o que lhe impede uma compreensão mais ampla do mercado e o leva a fazer estas observações altamente "questionáveis" (para ser educado) em relação ao Steve Jobs.
Anônimo disse…
Fundamentalismo é algo que as pessoas deveria evitar, mas é como diz o ministério da saúde: não use drogas, então, o que dizer das crenças fundamentalistas cristãs? Até onde se sabe, nada mais são do que um crack para a humanidade carregado de intolerância e falta de racionalidade.
Anônimo disse…
Essa reverencia a Jobs/Apple é ridícula.A diferença dos produtos da apple para concorrentes é que estes são bonitinhos, parecem 'cool' e custam ate 3 vezes mais caro.O grande mérito da apple nos últimos anos foi a publicidade, em particular a criação da figura mítica de Steve Jobs, o gênio da computação super 'muderno' e descolado.
Exatamente anonimo, gênio da propaganda, da capacidade de vender "status" a pseudo-designers e descoladinhos em geral, isso sem duvida; gênio da computação? Nunca será, nunca será, nem aqui, nem na fabrica da Foxconn.

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