por
Stéphanie le Bars
para Le Monde
Cristianofobia, islamofobia, blasfêmia. Essas palavras, novas ou retomadas do passado, parecem encontrar novamente um efeito raramente igualável. Desejo das religiões de estabelecer "fronteiras 'intransponíveis' e de responder golpe contra golpe", como sugere o antropólogo das religiões Malek Chebel? Sintoma do estado de ânimo de grupos minoritários? Discriminações reais, ou percebidas, dos crentes? Enrijecimento vitimista ou visualização identitária diante de uma secularização inédita? Hipóteses não faltam para explicar as atitudes, mais ou menos espetaculares, assumidas pelos crentes há algum tempo.
Por julgarem-na "blasfema", às vezes até mesmo sem tê-la visto, integristas católicos perturbam há semanas a representação de um espetáculo teatral em Paris. Por ter anunciado a publicação de um número com a imagem do profeta Maomé, o jornal Charlie Hebdo viu o seu site ser hackeado em nome de Alá, e as suas instalações serem incendiadas, na quarta-feira, 2 de novembro. A investigação vai esclarecer as motivações dos incendiários, mas a nova provocação da revista satírica foi a oportunidade para que os muçulmanos lembrassem que a representação do profeta do Islã é considerada pela maioria deles como uma ofensa a Deus, uma blasfêmia.
"Para a maior parte dos crentes, o profeta, mensageiro de Deus, se beneficia por derivação da sacralização outorgada a Deus. Mas não está escrito em nenhum lugar do Alcorão que a sua representação é proibida", lembra Chebel, tradutor do Alcorão. Em sua opinião, o grito de blasfêmia também é "um grito de adesão das pessoas que se sentem minoritárias ou anatematizadas". Mas ele aposta na "maturidade dos muçulmanos" franceses "para encontrar o justo equilíbrio entre o ridículo e a blasfêmia".
"A reabilitação da noção de blasfêmia pode parecer anacrônica para os não crentes, cada vez mais numerosos, enquanto historicamente o blasfemo era necessariamente um fiel", explica o sociólogo das religiões Olivier Bobineau. "Hoje, denunciar uma blasfêmia é um meio para que os crentes recordem, aos olhos, a importância do sagrado. Isso também pode ser interpretado como um sobressalto de fé em uma sociedade desconfessionalizada".
As violências provocadas por obras ou por palavras julgadas blasfemas por crentes não são uma novidade. Em 1988, integristas católicos tinham incendiado o cinema Saint-Michel, em Paris, que projetava "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese, ferindo 13 pessoas. Mas esses modos de ação violentos, executados por grupos ultraminoritários, são geralmente rejeitados pelos seus correligionários.
Em compensação, o que parece ser mais novo é que o sentimento de difamação da religião denunciado por esses militantes exaltados é amplamente compartilhado pelo resto dos crentes. "Tendo se tornado uma minoria na sociedade francesa, os católicos não aceitam mais sofrer diante de um denegrimento que era suportável quando eles eram uma maioria mais sólida", analisa Herve-Pierre Grosjean. Este jovem padre provocou um debate na blogosfera católica, distanciando-se dos integristas que se manifestam contra a peça de Romeo Castellucci.
Diante da percepção de serem "os malvistos" de uma sociedade em grande parte indiferente, os católicos buscam novas formas para se fazerem ouvir. Sinal dessa preocupação é o colóquio previsto para o dia 9 de novembro em Paris, intitulado "O cristianismo ainda terá lugar na Europa?". Organizado pelo movimento Aide à l'Eglise en Détresse (AED) [Ajuda à Igreja que Sofre, em português], reconhecido pelo Vaticano e fundado para apoiar os cristãos perseguidos, especialmente nos países de maioria muçulmana, esse dia de reflexão pretende denunciar "as discriminações contra os cristãos e a rejeição do cristianismo na Europa, onde a fé cristã e a Igreja são regularmente ridicularizadas ou ostracizadas".
"Trata-se de promover a liberdade religiosa", afirma Marc Fromager, diretor nacional da AED, que constata "um movimento de fundo de renegação da nossa cultura". "A cristianofobia também toca ao Ocidente", considera, citando o exemplo da "cultura ou do ambiente da saúde em que as equipes encontram cada vez mais dificuldades para afirmar a objeção de consciência".
Denunciado pelo papa, cujos colaboradores falam abertamente de "cristianofobia", o risco de "marginalização do cristianismo" na Europa tem suscitado a criação de um Observatório Europeu da Intolerância e da Discriminação contra os Cristãos, apoiado pelo Vaticano. Ele pretende chamar a atenção para a "retirada dos símbolos religiosos do espaço público, os estereótipos negativos na mídia" ou as profanações de igrejas e de cemitérios, que os católicos consideram ser insuficientemente denunciados pelos poderes públicos e pela mídia com relação aos mesmos atos cometidos contra lugares judeus ou muçulmanos.
Empenhada na denúncia das discriminações que se presumem estar relacionadas à religião, a comunidade muçulmana também elevou o tom nos últimos anos. Organizado pelo Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF), um congresso também reuniu centenas de pessoas no dia 30 de outubro, com o objetivo de "decretar o estado de emergência perante atos islamofóbicos".
O Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) promete para dezembro um balanço desses atos e denuncia regularmente um "clima antimuçulmano".
Por capilaridade, uma mesma evolução parece se delinear dentro dos grupos religiosos para defender a visibilidade das religiões no espaço público, revivificar a noção de "sagrado" e (re) estabelecer seus "valores inegociáveis".
Geração incrédula mostra que cristianismo se tornou obsoleto
outubro de 2011
para Le Monde
Fúria em nome de Deus em momento de secularizarão |
Por julgarem-na "blasfema", às vezes até mesmo sem tê-la visto, integristas católicos perturbam há semanas a representação de um espetáculo teatral em Paris. Por ter anunciado a publicação de um número com a imagem do profeta Maomé, o jornal Charlie Hebdo viu o seu site ser hackeado em nome de Alá, e as suas instalações serem incendiadas, na quarta-feira, 2 de novembro. A investigação vai esclarecer as motivações dos incendiários, mas a nova provocação da revista satírica foi a oportunidade para que os muçulmanos lembrassem que a representação do profeta do Islã é considerada pela maioria deles como uma ofensa a Deus, uma blasfêmia.
"Para a maior parte dos crentes, o profeta, mensageiro de Deus, se beneficia por derivação da sacralização outorgada a Deus. Mas não está escrito em nenhum lugar do Alcorão que a sua representação é proibida", lembra Chebel, tradutor do Alcorão. Em sua opinião, o grito de blasfêmia também é "um grito de adesão das pessoas que se sentem minoritárias ou anatematizadas". Mas ele aposta na "maturidade dos muçulmanos" franceses "para encontrar o justo equilíbrio entre o ridículo e a blasfêmia".
"A reabilitação da noção de blasfêmia pode parecer anacrônica para os não crentes, cada vez mais numerosos, enquanto historicamente o blasfemo era necessariamente um fiel", explica o sociólogo das religiões Olivier Bobineau. "Hoje, denunciar uma blasfêmia é um meio para que os crentes recordem, aos olhos, a importância do sagrado. Isso também pode ser interpretado como um sobressalto de fé em uma sociedade desconfessionalizada".
As violências provocadas por obras ou por palavras julgadas blasfemas por crentes não são uma novidade. Em 1988, integristas católicos tinham incendiado o cinema Saint-Michel, em Paris, que projetava "A Última Tentação de Cristo", de Martin Scorsese, ferindo 13 pessoas. Mas esses modos de ação violentos, executados por grupos ultraminoritários, são geralmente rejeitados pelos seus correligionários.
Em compensação, o que parece ser mais novo é que o sentimento de difamação da religião denunciado por esses militantes exaltados é amplamente compartilhado pelo resto dos crentes. "Tendo se tornado uma minoria na sociedade francesa, os católicos não aceitam mais sofrer diante de um denegrimento que era suportável quando eles eram uma maioria mais sólida", analisa Herve-Pierre Grosjean. Este jovem padre provocou um debate na blogosfera católica, distanciando-se dos integristas que se manifestam contra a peça de Romeo Castellucci.
Diante da percepção de serem "os malvistos" de uma sociedade em grande parte indiferente, os católicos buscam novas formas para se fazerem ouvir. Sinal dessa preocupação é o colóquio previsto para o dia 9 de novembro em Paris, intitulado "O cristianismo ainda terá lugar na Europa?". Organizado pelo movimento Aide à l'Eglise en Détresse (AED) [Ajuda à Igreja que Sofre, em português], reconhecido pelo Vaticano e fundado para apoiar os cristãos perseguidos, especialmente nos países de maioria muçulmana, esse dia de reflexão pretende denunciar "as discriminações contra os cristãos e a rejeição do cristianismo na Europa, onde a fé cristã e a Igreja são regularmente ridicularizadas ou ostracizadas".
"Trata-se de promover a liberdade religiosa", afirma Marc Fromager, diretor nacional da AED, que constata "um movimento de fundo de renegação da nossa cultura". "A cristianofobia também toca ao Ocidente", considera, citando o exemplo da "cultura ou do ambiente da saúde em que as equipes encontram cada vez mais dificuldades para afirmar a objeção de consciência".
Denunciado pelo papa, cujos colaboradores falam abertamente de "cristianofobia", o risco de "marginalização do cristianismo" na Europa tem suscitado a criação de um Observatório Europeu da Intolerância e da Discriminação contra os Cristãos, apoiado pelo Vaticano. Ele pretende chamar a atenção para a "retirada dos símbolos religiosos do espaço público, os estereótipos negativos na mídia" ou as profanações de igrejas e de cemitérios, que os católicos consideram ser insuficientemente denunciados pelos poderes públicos e pela mídia com relação aos mesmos atos cometidos contra lugares judeus ou muçulmanos.
Empenhada na denúncia das discriminações que se presumem estar relacionadas à religião, a comunidade muçulmana também elevou o tom nos últimos anos. Organizado pelo Coletivo contra a Islamofobia na França (CCIF), um congresso também reuniu centenas de pessoas no dia 30 de outubro, com o objetivo de "decretar o estado de emergência perante atos islamofóbicos".
O Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) promete para dezembro um balanço desses atos e denuncia regularmente um "clima antimuçulmano".
Por capilaridade, uma mesma evolução parece se delinear dentro dos grupos religiosos para defender a visibilidade das religiões no espaço público, revivificar a noção de "sagrado" e (re) estabelecer seus "valores inegociáveis".
outubro de 2011
Comentários
Depois eles veem com a conversinha fiada de que a religiao é fonte de moral e etica..
Pra mim é conversa fiada este sentimento de minoria que muitos religiosos estão tendo.
Mas concordo que é muito pior a difusão do islamismo do que do cristianismo. E me parece que a religiãomuçulmana está cada vez ganhando mais adeptos.
[1] http://www2.fpa.org.br/o-que-fazemos/editora/teoria-e-debate/edicoes-anteriores/intolerancia-diversidade-sexual
...
...
...
EU SOU ATEU! \o/
http://conservador.blog.br/2011/11/mas-quem-e-romeo-castellucci.html
André
A igreja católica e o islã irão se juntar, vão acabar com as outras religiões, "hereges" e qualquer um outro que eles julgarem "improprios".
Depois da "faxina", só terá no mundo católicos e islamicos (mesmo que a força) e então, começarão a guerra entre as duas religiões.
Como eles não se importam de matar, irão usar alta tecnologia na guerra, usando até mesmo bombas nucleares.
Enfim, a religião toma conta e eles mesmo irão acabar com o mundo.
=3
Eu achei que esse blog fosse de ateu, mas pelo visto o dono do blog está apoiando um diretor da religião satânica.
O que mostra essa notícia é exatamente o que se dizia em 1848: que a religião é o ópio do homem, numa atualização de minha parte, a religião é o crack da humanidade.
Mas, os muçulmanos enviam suas facções Terroristas, sob o pretexto que são "Fundamentalistas islâmicos" para matar no Ocidente!!!
Porém, todos os muçulmanos recolhem dízimos nas Mesquitas, para o Terrorismo, então todos eles são cúmplices.
No Oriente Médio, constantemente estupram, mutilam e matam cristãos e membros de outras religiões.
Por que temos que os tolerar no Ocidente, se eles nos odeiam e nos chamam de "Cães Infiéis, ao Maomé"?
Os islamitas seguem ao pé da letra, o que está escrito no CORÃO ( escrito pelo pedófilo Maomé, que chamam de Profeta), por esse motivo a PEDOFILIA é legalizada pela lei do ISLÃ.
Ainda, nesse livro Satânico que chamam de Sagrado, o CORÃO, todos os ocidentais ou orientais são considerados "Cães infiéis, ao Maomé", e todos têm que ser convertidos aos islamismo, ou assassinados.
É somente seguir os noticiários, e ver o que fazem nas indefesas aldeias e pequenas cidade da África: estupram suas meninas e jovens, e matam todos os homens, para que não gerem mais: os "infiéis". Em seguida obrigam as suas vítimas a colocarem véus, transformando-as em islamitas, contra a vontade.
Depois alegam, cínicamente, que islamismo é a "religião" que mais cresce no mundo.
Entre outras atrocidades, tais como estupros de meninas e jovens, obviamente virgens, como aconteceu na Itália, entre outros países, onde estão infiltrados.
Ainda, pixam todas as Igrejas nos países europeus, que os acolheram, onde podemos observar que apenas as Mesquitas, não estão pixadas. Se fosse obra de pixadores, as Mesquitas também seriam pixadas.
Depois reclamam da ISLAMOFOBIA?
E, viva a ISLAMOFOBIA, que varrerá do Ocidente, a chaga da humanidade, o islamismo, e sua aberrações sexuais: a pedofilia
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