Título original:
Iurd demoniza igrejas concorrentes para tentar impedir perda de fiéis.
setembro de 2011
Universal versus Mundial.
Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação
Assistimos, nesta semana, a mais um capítulo não-inédito do espetáculo da religião nas mídias: a reportagem de Marcelo Rezende (e toda a repercussão dela), veiculada no programa Domingo Espetacular, da Rede Record, na noite de 18 de março, que denunciou supostas práticas de uso ilícito das arrecadações financeiras da Igreja Mundial do Poder de Deus, especialmente da parte do líder maior, o apóstolo Valdemiro Santiago.
Explicar o porquê dos termos-chave da frase que abre este pequeno artigo - capítulo não-inédito, espetáculo, religião nas mídias - é, ao mesmo tempo, buscar compreender o significado deste componente do cenário evangélico no Brasil.
Denúncias e ataques que envolvem lideranças religiosas que têm presença nas mídias não são novidade: no rádio são muitos os exemplos de pregadores referindo-se negativamente a outros, há várias décadas; na TV, exposição pública mais destacada por conta das imagens, o fato considerado mais marcante aconteceu em 1995: o desencadeamento de uma série de ataques, da Rede Globo contra o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O bispo Macedo e a IURD já haviam sido alvo de reportagens-denúncia em 1989, pouco tempo depois da aquisição da TV Record (1987), no programa Documento Especial, da Rede Manchete, e de uma série de matérias no mesmo teor em vários veículos, com acusações de desvio e lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito com arrecadações financeiras da igreja.
Quando, em 1992, o bispo Macedo foi preso sob acusações de charlatanismo, curanderismo e envolvimento com o tráfico de drogas, as mídias deram farta cobertura. Em 1995, a Rede Globo deu início aos ataques à IURD e ao bispo com reportagem-denúncia no Jornal Nacional sobre a exploração dos fieis com os dízimos e ofertas da igreja, processo que culmina com a veiculação da minissérie de ficção Decadência, sobre a vida de um pastor evangélico corrupto e devasso, identificado explicitamente com Edir Macedo.
Esse foi também o ano do episódio do "chute na santa", que rendeu novas matérias críticas à IURD e ao bispo: durante a edição do programa de TV O Despertar da Fé, pela Rede Record, no ar no feriado de 12 de outubro, um dos bispos, de nome Sergio von Helder, falou contra a figura de Nossa Senhora e deu chutes numa imagem da santa colocada no estúdio. A Globo acaba ficando a "inimiga número um" da IURD e do bispo Macedo, e a programação da Rede Record tornou-se espaço de contra-ataque. Em 2009, a Globo desfere novos ataques contra a IURD, com matéria no Jornal Nacional que classifica seus líderes como máfia. O duelo ganhou terreno com repercussão em outras mídias.
Em 2002, foi a Igreja Renascer em Cristo o alvo de críticas nas mídias, especialmente das mesmas Organizações Globo. A partir de matérias-denúncia, de capa, publicadas na Revista Época, da Editora Globo, em duas semanas consecutivas, com repercussão em jornais, no rádio e na TV, a Renascer e seus fundadores, o casal Estevan e Sonia Hernandes, passam a ser alvo de matérias-denúncia quanto a desvio de fundos arrecadados pela igreja e pela fundação que leva o mesmo nome. Em 2006, a Justiça bloqueou os bens do casal sob acusações de estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Os episódios culminaram, no ano seguinte, com a prisão do casal Hernandes nos Estados Unidos, para onde viajaram com valores em espécie não declarados. Houve ampla cobertura das mídias ao fato. Eles foram julgados pela acusação de contrabando de divisas, conspiração e falso testemunho e ficaram presos por 140 dias, passaram cinco meses em prisão domiciliar e mais um período em liberdade condicional. Estevan e Sonia Hernandes foram liberados e voltaram ao Brasil em 2009, mas continuam respondendo a processos no Brasil por ilegalidade na gestão financeira da igreja.
O capítulo desta semana, portanto, não é inédito, como também não é inédito que personagens religiosos midiáticos protagonizem combates entre si. Em 2010, entrando por 2011, os embates entre o bispo Macedo e o pastor da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, se intensificaram e tiveram espaço na TV, no rádio e na internet por meio dos sites e blogs dos religiosos, de vídeos no Youtube e das redes sociais com manifestações de partidários.
Em 2011, a Record reforçou a disputa com matéria no programa Domingo Espetacular, de 13 de novembro, com crítica à prática de "cair no Espírito", ou "Bênção de Toronto", respeitada e adotada por vários grupos evangélicos. Nessa etapa de confrontos, outros religiosos midiáticos também foram envolvidos, como o pastor do Ministério Tempo de Avivamento e deputado federal Marcos Feliciano, até os cantores gospel, classificados por Edir Macedocomo "endemoniados". Não é surpresa que o pastor Silas Malafaia tenha se pronunciado, de imediato, pela Internet, sobre a matéria deste domingo, 18 de março, não isentando Valdemiro Santiago, mas acusando o bispo da IURD com a seguinte frase: "O resumo da historia é este: o sujo falando do mal lavado. Todos farinha do mesmo saco".
A matéria do Domingo Espetacular contra a Igreja Mundial deixa claro que o apóstolo Valdemiro Santiago, pastor dissidente da IURD, tem por prática pregar contra a IURD e fazer acusações contra o bispo Edir Macedo em seus programas na TV. Durante os dias posteriores ao programa da Rede Record, Valdemiro Santiago tem apresentado sua defesa, garantido aos fieis da igreja que já entrou com processo contra a Rede Record para obter direito de resposta e desferido novos ataques à IURD e ao bispo Macedo, a quem trata como "eles".
Essas constatações levam a um outro termo usado na primeira frase deste texto: espetáculo. Não se pode assistir a esses acontecimentos sem ter a compreensão de que eles são um espetáculo, uma demonstração pública, o sentido mais lato do termo. O filósofo Guy Debord chama a atenção para isso em sua análise da sociedade contemporânea: o espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. Dessa maneira, por meio da ação das mídias, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e espetáculos. O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.
Segundo Debord, tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação. Por exemplo, a violência, uma das faces mais cruas do relacionamento humano, entra nas casas por meio de imagens-espetáculo, assim como a sexualidade ou o convite ao consumo de bens e serviços e as pessoas-espetáculo (as celebridades). Dar espetáculo é provocar, convidar ao consumo de conteúdos; por vezes, o escândalo é uma forma espetacular de atrair audiência e consumidores de conteúdos. Programas que expõem brigas de família ou fatos inusitados que envolvem a vida de celebridades atraem um público significativo.
Com a religião nas mídias não é diferente: essa presença consolida-se na trilha cultural das mídias, que é a lógica do espetáculo: os milagres , os exorcismos, os cultos-imagem, a exposição dos religiosos espetaculares, e... as brigas e os fatos inusitados... Tudo isso em torno da lógica midiática que passa pela visibilidade dos emissores e a captação de receptores, e, consequentemente, de consumidores. Afinal, as mídias são veículos da "indústria cultural", termo nascido em meados do século XX para denominar a lógica que rege o lugar social das mídias. Nos tempos de hoje, mais coerente é nomear o fenômeno como "mercado cultural", já que ele não passa somente pela indústria e a venda de produtos, mas também de serviços e todos os derivados.
Religião midiática é mercado cultural, é religião de mercado. A fé, nesse caso, é uma produção ao redor da qual circulam produtos, bens e serviços, oferecidos para financiar a presença dos grupos que têm poder financeiro nas mídias, e as consequentes ampliação de visibilidade e busca de hegemonia no cenário religioso. No sentido estabelecido pela sociedade do espetáculo em que para ser visto, conhecido e acreditado é preciso estar nas mídias, grupos religiosos já são formados com essa compreensão e com esse projeto pastoral de visibilidade social e ocupação de espaços, tendo seus públicos-alvo previamente determinados. Não é difícil visualizar, no crescimento da presença midiática da Igreja Mundial, que Valdemiro Santiago é discípulo de Edir Macedo e dos outros líderes da IURD e, na prática, segue seus passos.
Na lógica do mercado cultural cabe a concorrência, o uso do espaço para minar concorrentes e ganhar a apoio do público (audiência). Não é preciso recordar as análises sobre os casos Globo-IURD e Globo-Renascer que classificaram os embates como de concorrentes. Não foi à toa que, no caso Renascer, em 2002, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) abriu imediato espaço no Programa do Gugu, no mesmo domingo 20 de maio, para Estevan Hernandes apresentar sua defesa. Concorrência é valor do mercado.
O que assistimos nesta semana é nada menos do que mais um episódio da prática da concorrência de mercado tanto midiático quanto religioso. O que parece ser um duelo entre líderes e preceitos religiosos é, de fato, um duelo pela conquista de visibilidade, de espaço, em busca do público consumidor. E isso coloca a religião num patamar que, talvez, não estivesse na sua razão de ser (o re-ligar o ser humano ao divino), mas que é construído socialmente a partir dos sentidos estabelecidos pela sociedade do espetáculo: religião torna-se bem de mercado, elemento de barganha, estratégia de marketing. E assim, como se diz no popular, tudo isso "torna-se briga de cachorro grande", pois extrapola o espaço do estritamente religioso, uma disputa entre grupos religiosos, no caso, pentecostais, e ganha dimensões mais amplas.
Por exemplo, quando um personagem por vezes protagonista, por vezes coadjuvante, como o pastor Silas Malafaia, que assume o papel da pessoa controvertida em todo esse contexto e constrói sua imagem midiática como "aquele que diz as verdades", é convidado para uma conversa com o vice-diretor das Organizações Globo, João Roberto Marinho, temos um sinal do patamar em que se encontra a religião nas mídias. Segundo depoimento do pastor depois da conversa (Revista Piauí, 66, set 2011), Marinho teria alegado precisar conhecer mais o mundo dos evangélicos já que a emissora teria percebido que Edir Macedo não seria "a voz" dos protestantes no Brasil.
O pastor Malafaia ganhou, então, trânsito em um canal destacado de comunicação e já teve cinco aparições no programa de maior audiência da Rede Globo, o Jornal Nacional. Além do contato com Malafaia, as Organizações Globo, por meio da gravadora Som Livre, já contrataram grandes nomes do mercado da música evangélica que têm, a partir daí, espaço garantido na programação da Rede Globo, e tiraram da Rede Record o evento de premiação dos melhores da música evangélica, o Troféu Promessas (o que talvez explique a referida classificação de "endemoniados" aos cantores, incluída a popular Ana Paula Valadão). É preciso ficar atentos aos próximos passos nesse interessante embate pela hegemonia nas mídias, tendo como barganha a religião.
Criticar Edir Macedo e Valdemiro Santiago e classificar de "baixaria" ou de "falso testemunho" o que assistimos nesta semana, com prorrogação certa por outras tantas, e inserir novas denúncias a uma ou a outra parte do duelo, é muito pouco e é desviar do ponto que dá sentido a esse capítulo não-inédito, que não é isolado, como vimos, dentro deste processo da relação entre religião e sociedade. Quem se interessa por esse cenário social, por motivações religiosas ou acadêmicas, é desafiado a desenvolver uma visão macro e reivindicar atitudes dos produtores midiáticos, religiosos ou não, que passem pelo campo da ética - a ética nas mídias e a ética na religião - senão estaremos fadados a ver cumprida "a profecia" de Dostoievski, registrada no conto O Grade Inquisidor (no livro Os Irmãos Karamazov).
Na história, Cristo volta à terra e é interpelado por um líder cristão com críticas: Cristo não deveria ter voltado trazendo de novo aqueles valores de misericórdia e justiça e andando no meio do povo apregoando-lhe a liberdade. O líder pergunta a Cristo por que voltou para atrapalhar o que a igreja estava fazendo: "Fica sabendo que jamais os homens se acreditaram tão livres como agora, e, no entanto, eles depositaram a liberdade humildemente a nossos pés". O líder religioso, então, acusa Cristo de haver fracassado na sua missão por ter recusado a tentação do deserto: não distribuiu pão (milagres) para atrair público, não realizou espetáculos (jogar-se do pináculo do templo para ser aparado por anjos) e não aceitou as riquezas do mundo que lhe dariam glória e poder facilmente. No conto, o líder religioso diz que agora a igreja estava consertando esse erro que Cristo cometeu porque era perda de tempo esperar discípulos por amor: as pessoas querem mesmo é encontrar Deus por meio do pão, dos milagres, das maravilhas e do poder econômico. Por isso, no conto, Cristo é preso novamente.
Ética nas mídias e ética na religião: quem se habilita?
Magali do Nascimento Cunha é jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, professora da Universidade Metodista de São Paulo (Faculdade de Teologia e Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação), autora do livro "A Explosão Gospel. Um Olhar das Ciências Humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo" (Ed. Mauad).
Assistimos, nesta semana, a mais um capítulo não-inédito do espetáculo da religião nas mídias: a reportagem de Marcelo Rezende (e toda a repercussão dela), veiculada no programa Domingo Espetacular, da Rede Record, na noite de 18 de março, que denunciou supostas práticas de uso ilícito das arrecadações financeiras da Igreja Mundial do Poder de Deus, especialmente da parte do líder maior, o apóstolo Valdemiro Santiago.
Explicar o porquê dos termos-chave da frase que abre este pequeno artigo - capítulo não-inédito, espetáculo, religião nas mídias - é, ao mesmo tempo, buscar compreender o significado deste componente do cenário evangélico no Brasil.
Capítulo não inédito
Denúncias e ataques que envolvem lideranças religiosas que têm presença nas mídias não são novidade: no rádio são muitos os exemplos de pregadores referindo-se negativamente a outros, há várias décadas; na TV, exposição pública mais destacada por conta das imagens, o fato considerado mais marcante aconteceu em 1995: o desencadeamento de uma série de ataques, da Rede Globo contra o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). O bispo Macedo e a IURD já haviam sido alvo de reportagens-denúncia em 1989, pouco tempo depois da aquisição da TV Record (1987), no programa Documento Especial, da Rede Manchete, e de uma série de matérias no mesmo teor em vários veículos, com acusações de desvio e lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito com arrecadações financeiras da igreja.
Quando, em 1992, o bispo Macedo foi preso sob acusações de charlatanismo, curanderismo e envolvimento com o tráfico de drogas, as mídias deram farta cobertura. Em 1995, a Rede Globo deu início aos ataques à IURD e ao bispo com reportagem-denúncia no Jornal Nacional sobre a exploração dos fieis com os dízimos e ofertas da igreja, processo que culmina com a veiculação da minissérie de ficção Decadência, sobre a vida de um pastor evangélico corrupto e devasso, identificado explicitamente com Edir Macedo.
Esse foi também o ano do episódio do "chute na santa", que rendeu novas matérias críticas à IURD e ao bispo: durante a edição do programa de TV O Despertar da Fé, pela Rede Record, no ar no feriado de 12 de outubro, um dos bispos, de nome Sergio von Helder, falou contra a figura de Nossa Senhora e deu chutes numa imagem da santa colocada no estúdio. A Globo acaba ficando a "inimiga número um" da IURD e do bispo Macedo, e a programação da Rede Record tornou-se espaço de contra-ataque. Em 2009, a Globo desfere novos ataques contra a IURD, com matéria no Jornal Nacional que classifica seus líderes como máfia. O duelo ganhou terreno com repercussão em outras mídias.
Em 2002, foi a Igreja Renascer em Cristo o alvo de críticas nas mídias, especialmente das mesmas Organizações Globo. A partir de matérias-denúncia, de capa, publicadas na Revista Época, da Editora Globo, em duas semanas consecutivas, com repercussão em jornais, no rádio e na TV, a Renascer e seus fundadores, o casal Estevan e Sonia Hernandes, passam a ser alvo de matérias-denúncia quanto a desvio de fundos arrecadados pela igreja e pela fundação que leva o mesmo nome. Em 2006, a Justiça bloqueou os bens do casal sob acusações de estelionato, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.
Os episódios culminaram, no ano seguinte, com a prisão do casal Hernandes nos Estados Unidos, para onde viajaram com valores em espécie não declarados. Houve ampla cobertura das mídias ao fato. Eles foram julgados pela acusação de contrabando de divisas, conspiração e falso testemunho e ficaram presos por 140 dias, passaram cinco meses em prisão domiciliar e mais um período em liberdade condicional. Estevan e Sonia Hernandes foram liberados e voltaram ao Brasil em 2009, mas continuam respondendo a processos no Brasil por ilegalidade na gestão financeira da igreja.
O capítulo desta semana, portanto, não é inédito, como também não é inédito que personagens religiosos midiáticos protagonizem combates entre si. Em 2010, entrando por 2011, os embates entre o bispo Macedo e o pastor da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia, se intensificaram e tiveram espaço na TV, no rádio e na internet por meio dos sites e blogs dos religiosos, de vídeos no Youtube e das redes sociais com manifestações de partidários.
Em 2011, a Record reforçou a disputa com matéria no programa Domingo Espetacular, de 13 de novembro, com crítica à prática de "cair no Espírito", ou "Bênção de Toronto", respeitada e adotada por vários grupos evangélicos. Nessa etapa de confrontos, outros religiosos midiáticos também foram envolvidos, como o pastor do Ministério Tempo de Avivamento e deputado federal Marcos Feliciano, até os cantores gospel, classificados por Edir Macedocomo "endemoniados". Não é surpresa que o pastor Silas Malafaia tenha se pronunciado, de imediato, pela Internet, sobre a matéria deste domingo, 18 de março, não isentando Valdemiro Santiago, mas acusando o bispo da IURD com a seguinte frase: "O resumo da historia é este: o sujo falando do mal lavado. Todos farinha do mesmo saco".
A matéria do Domingo Espetacular contra a Igreja Mundial deixa claro que o apóstolo Valdemiro Santiago, pastor dissidente da IURD, tem por prática pregar contra a IURD e fazer acusações contra o bispo Edir Macedo em seus programas na TV. Durante os dias posteriores ao programa da Rede Record, Valdemiro Santiago tem apresentado sua defesa, garantido aos fieis da igreja que já entrou com processo contra a Rede Record para obter direito de resposta e desferido novos ataques à IURD e ao bispo Macedo, a quem trata como "eles".
A lógica do espetáculo
Essas constatações levam a um outro termo usado na primeira frase deste texto: espetáculo. Não se pode assistir a esses acontecimentos sem ter a compreensão de que eles são um espetáculo, uma demonstração pública, o sentido mais lato do termo. O filósofo Guy Debord chama a atenção para isso em sua análise da sociedade contemporânea: o espetáculo é a aparência que confere integridade e sentido a uma sociedade esfacelada e dividida. Dessa maneira, por meio da ação das mídias, as relações entre as pessoas transformam-se em imagens e espetáculos. O espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens.
Segundo Debord, tudo o que era vivido diretamente tornou-se uma representação. Por exemplo, a violência, uma das faces mais cruas do relacionamento humano, entra nas casas por meio de imagens-espetáculo, assim como a sexualidade ou o convite ao consumo de bens e serviços e as pessoas-espetáculo (as celebridades). Dar espetáculo é provocar, convidar ao consumo de conteúdos; por vezes, o escândalo é uma forma espetacular de atrair audiência e consumidores de conteúdos. Programas que expõem brigas de família ou fatos inusitados que envolvem a vida de celebridades atraem um público significativo.
Com a religião nas mídias não é diferente: essa presença consolida-se na trilha cultural das mídias, que é a lógica do espetáculo: os milagres , os exorcismos, os cultos-imagem, a exposição dos religiosos espetaculares, e... as brigas e os fatos inusitados... Tudo isso em torno da lógica midiática que passa pela visibilidade dos emissores e a captação de receptores, e, consequentemente, de consumidores. Afinal, as mídias são veículos da "indústria cultural", termo nascido em meados do século XX para denominar a lógica que rege o lugar social das mídias. Nos tempos de hoje, mais coerente é nomear o fenômeno como "mercado cultural", já que ele não passa somente pela indústria e a venda de produtos, mas também de serviços e todos os derivados.
A religião de mercado
Religião midiática é mercado cultural, é religião de mercado. A fé, nesse caso, é uma produção ao redor da qual circulam produtos, bens e serviços, oferecidos para financiar a presença dos grupos que têm poder financeiro nas mídias, e as consequentes ampliação de visibilidade e busca de hegemonia no cenário religioso. No sentido estabelecido pela sociedade do espetáculo em que para ser visto, conhecido e acreditado é preciso estar nas mídias, grupos religiosos já são formados com essa compreensão e com esse projeto pastoral de visibilidade social e ocupação de espaços, tendo seus públicos-alvo previamente determinados. Não é difícil visualizar, no crescimento da presença midiática da Igreja Mundial, que Valdemiro Santiago é discípulo de Edir Macedo e dos outros líderes da IURD e, na prática, segue seus passos.
Na lógica do mercado cultural cabe a concorrência, o uso do espaço para minar concorrentes e ganhar a apoio do público (audiência). Não é preciso recordar as análises sobre os casos Globo-IURD e Globo-Renascer que classificaram os embates como de concorrentes. Não foi à toa que, no caso Renascer, em 2002, o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) abriu imediato espaço no Programa do Gugu, no mesmo domingo 20 de maio, para Estevan Hernandes apresentar sua defesa. Concorrência é valor do mercado.
Discernindo...
O que assistimos nesta semana é nada menos do que mais um episódio da prática da concorrência de mercado tanto midiático quanto religioso. O que parece ser um duelo entre líderes e preceitos religiosos é, de fato, um duelo pela conquista de visibilidade, de espaço, em busca do público consumidor. E isso coloca a religião num patamar que, talvez, não estivesse na sua razão de ser (o re-ligar o ser humano ao divino), mas que é construído socialmente a partir dos sentidos estabelecidos pela sociedade do espetáculo: religião torna-se bem de mercado, elemento de barganha, estratégia de marketing. E assim, como se diz no popular, tudo isso "torna-se briga de cachorro grande", pois extrapola o espaço do estritamente religioso, uma disputa entre grupos religiosos, no caso, pentecostais, e ganha dimensões mais amplas.
Por exemplo, quando um personagem por vezes protagonista, por vezes coadjuvante, como o pastor Silas Malafaia, que assume o papel da pessoa controvertida em todo esse contexto e constrói sua imagem midiática como "aquele que diz as verdades", é convidado para uma conversa com o vice-diretor das Organizações Globo, João Roberto Marinho, temos um sinal do patamar em que se encontra a religião nas mídias. Segundo depoimento do pastor depois da conversa (Revista Piauí, 66, set 2011), Marinho teria alegado precisar conhecer mais o mundo dos evangélicos já que a emissora teria percebido que Edir Macedo não seria "a voz" dos protestantes no Brasil.
O pastor Malafaia ganhou, então, trânsito em um canal destacado de comunicação e já teve cinco aparições no programa de maior audiência da Rede Globo, o Jornal Nacional. Além do contato com Malafaia, as Organizações Globo, por meio da gravadora Som Livre, já contrataram grandes nomes do mercado da música evangélica que têm, a partir daí, espaço garantido na programação da Rede Globo, e tiraram da Rede Record o evento de premiação dos melhores da música evangélica, o Troféu Promessas (o que talvez explique a referida classificação de "endemoniados" aos cantores, incluída a popular Ana Paula Valadão). É preciso ficar atentos aos próximos passos nesse interessante embate pela hegemonia nas mídias, tendo como barganha a religião.
Criticar Edir Macedo e Valdemiro Santiago e classificar de "baixaria" ou de "falso testemunho" o que assistimos nesta semana, com prorrogação certa por outras tantas, e inserir novas denúncias a uma ou a outra parte do duelo, é muito pouco e é desviar do ponto que dá sentido a esse capítulo não-inédito, que não é isolado, como vimos, dentro deste processo da relação entre religião e sociedade. Quem se interessa por esse cenário social, por motivações religiosas ou acadêmicas, é desafiado a desenvolver uma visão macro e reivindicar atitudes dos produtores midiáticos, religiosos ou não, que passem pelo campo da ética - a ética nas mídias e a ética na religião - senão estaremos fadados a ver cumprida "a profecia" de Dostoievski, registrada no conto O Grade Inquisidor (no livro Os Irmãos Karamazov).
Na história, Cristo volta à terra e é interpelado por um líder cristão com críticas: Cristo não deveria ter voltado trazendo de novo aqueles valores de misericórdia e justiça e andando no meio do povo apregoando-lhe a liberdade. O líder pergunta a Cristo por que voltou para atrapalhar o que a igreja estava fazendo: "Fica sabendo que jamais os homens se acreditaram tão livres como agora, e, no entanto, eles depositaram a liberdade humildemente a nossos pés". O líder religioso, então, acusa Cristo de haver fracassado na sua missão por ter recusado a tentação do deserto: não distribuiu pão (milagres) para atrair público, não realizou espetáculos (jogar-se do pináculo do templo para ser aparado por anjos) e não aceitou as riquezas do mundo que lhe dariam glória e poder facilmente. No conto, o líder religioso diz que agora a igreja estava consertando esse erro que Cristo cometeu porque era perda de tempo esperar discípulos por amor: as pessoas querem mesmo é encontrar Deus por meio do pão, dos milagres, das maravilhas e do poder econômico. Por isso, no conto, Cristo é preso novamente.
Ética nas mídias e ética na religião: quem se habilita?
Magali do Nascimento Cunha é jornalista, doutora em Ciências da Comunicação, professora da Universidade Metodista de São Paulo (Faculdade de Teologia e Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação), autora do livro "A Explosão Gospel. Um Olhar das Ciências Humanas sobre o cenário evangélico contemporâneo" (Ed. Mauad).
Iurd demoniza igrejas concorrentes para tentar impedir perda de fiéis.
setembro de 2011
Universal versus Mundial.
Comentários
O que me me chama a atenção nestes líderes mídiaticos é que eles são inimigos entre eles.
Porque o valdomiro não pode fazer uma visita na igreja do edir macedo o edir macedo não pode fazer uma visita na igreja do silas malafaia o rr soares não vai fazer uma visita na igreja do davi miranda. Qual o problema que eles não podem ser unidos porque quem prega a união são desunidos e não se bicam.
Eu acho que se eles se tocarem eles se explodem deve ser isto.
Ah mais já sei eles não são cristãos verdadeiros.
Hahahahahah! Que piada!
Se o MP só investigar o safado do Valdomiro e deixar o safado do Edir em paz, vai mostrar para quem queira ver como a seita Universal do Edir já tem muita infiltração dentro de orgãos da Justiça brasileira.
Os dois safados devem ser investigados e punidos com cadeia.
Mas será que é isso que vai acontecer?
Graças a Deus porque tenho ciencia de que a Igreja de Jesus não se resume a Igreja Mundial ou Igreja Universal, Ela, a Igreja rompe fronteiras, ou seja, rompe o vínculo denominacional.
O que me deixa perplexo é que no caso dos ataques promovidos pela Rede Globo em várias ocasiões cotra a Igreja Universal poderiámos afirmar que foram promovidos por descrentes ou talvez inimigos.
Mas o que esse tal "bispo" Edir Macedo está fazendo e ir cotra os próprios irmãos, e deste modo em sua arrogancia expondo ao ridículo a IGREJA como um todo. Ele Macedo tem se comportado pior do que o descrente, pior de que a rede Globo.
O lado bom de tudo isso é que mais uma profecia de Jesus Cristo está sendo cumprida nos revelando que estamos nos últimos dias e sua vinda está muito próxima.
"E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai ao filho; e levantar-se-ão os filhos contra os pais, e os farão morrer. Marcos 13:11"
"Mas o irmão vai a juízo com o irmão, e isto perante infiéis. 1 Coríntios 6:6"
Frase dita pelo picareta Silas Malafaia. Parceiro de safadeza e roubo como os seus irmãos Edir Macedo e Valdomiro Santiago.
"Filho de Abraão", não seja cretino. A verdade é que a Globo não foi a primeira emissora a desmascarar o Edir Macedo e sua seita Universal. A Rede Manchete fez duas reportagens mostrando a picaretagem da seita do Edir no programa "Documento Especial" em 1988 e 1989: Isso muito tempo antes da Rede Globo.
A Rede Globo, por mais que eu não goste dessa emissora, fez um grande favor para todos os brasileiros quando desmascarou esse cretino do Edir Macedo em reportagens (algumas tiradas até mesmo das reportagens da Rede Manchte) que mostraram a pilantragem we safadeza do Edir, Malafaia, e outros cretinos como eles.
Aprenda a ter caráter rapaz.
Aliás, o Edir Macedo foi o mesmo homem que pessoas como você quando viram a safadeza desse homem nas reportagens da Rede Globo, sairam com bíblias nas mãos dizendo que o canalha do Edir Macedo era um "homem de Deus sendo perseguido".
A constituição brasileira faculta a liberdade de religião ou credo CONTUDO, não apresenta mecanismos para fiscalização quanto ao uso dos recursos financeiros auferidos TANTO QUANTO dos ditos milagres que acontencem a granel tais como cego vendo o tetraplegico correr!
No meu entendimento, tudo nao passa de bussines
Quém disse que voce é um homem de carater, rapaz?
Tanto faz se foi a Globo ou outra emissora qualquer, isto não muda o entendimento do meu cometário.
Porém sei que isto é coisa de ateu menino que não sabe o que diz.
Ovelhas são mais inteligentes do que se pensava
Ovinos podem servir como modelos animais para o estudo de doenças neurológicas
2011-03-09
Inteligência das ovelhas era menosprezada (Foto: James Bowe)
Apesar de terem o cérebro de tamanho semelhante ao de outros animais mais evoluídos, os ovinos têm sido vistos como pouco inteligentes, pelo que não eram considerados bons modelos animais para estudar doenças que afectam a aprendizagem e a memória.
No entanto, uma investigação da Universidade de Cambridge mostra que estes animais são mais inteligentes do que se acreditava anteriormente. Sete ovelhas estudadas por Jennifer Morton e Laura Avanzo "passaram, com distinção", num conjunto de testes realizados para avaliar a sua inteligência.
Além de terem uma "impressionante capacidade de aprendizagem", segundo um artigo publicado na "PLoS ONE" , são capazes de reconhecer e memorizar rostos familiares. De acordo com as investigadoras, estes animais podem servir como modelos para estudar alguns problemas neurológicos que comprometem a capacidade cognitivia, como a doença de Huntington ou o Alzheimer.
Ao longo de 21 dias, entre Março e Junho de 2010, sete ovinos Welsh Mountain foram submetidods a diferentes testes cognitivos, cada vez mais complexos. As ovelhas foram seleccionadas com cinco meses e os testes foram realizados quando tinham um ano de idade. Apenas seis das sete seleccionadas completaram todos os testes, visto que uma delas magoou-se numa pata e não realizou algumas provas.
Superação do "trocadilho" de cubos
No primeiro teste, as ovelhas tinham de escolher entre dois cubos, um azul e outro amarelo, aquele que continha um prémio em forma de comida. Depois de aprenderem que a recompensa estava no azul, esta foi trocada, passando a estar no amarelo. Contudo, esta troca não "enganou" os animais, que detectaram a mudança e passaram a associar o cubo amarelo ao seu prémio.
Trata-se de um processo denominado de aprendizagem reversa, que foi dificultado em testes mais complexos com cubos de cores iguais, mas localizados em sítios com cores diferentes. Mais uma vez, os ovinos aprenderam o procedimento correcto para escolher aquele que continha a comida.
Noutra fase da investigação, os cientistas modificaram a forma e a cor dos cubos. Passaram a ser roxos e verdes. As ovelhas escolheram novamente aquele que guardava a recompensa.
Outras habilidades dos ovinos foram verificadas, como a capacidade de classificarem famílias de vegetais e de reconhecerem as ovelhas do seu rebanho. Quando se encontravam assustadas, os investigadores mostravam-lhes fotografias de outros elementos do seu rebanho, para tranquilizá-las
O efeito era maior quando as ovelhas eram conhecidas. Também conseguiam reconhecer os rostos de pessoas com quem tinham convivido e de recordar a sua própria cara.
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=47785&op=all
Será que você vai querer realmente mostrar os fatos ou vai continuar induzindo os maus informados que esse idiota do Edir Macedo era um homem de Deus e foi perseguido pela GLobo?
Você vai mostrar as patifarias do Malafaia?
Dúvido.
Vou recapitular uma parte do seu comentário:
"O que me deixa perplexo é que no caso dos ataques promovidos pela Rede Globo em várias ocasiões cotra a Igreja Universal poderiámos afirmar que foram promovidos por descrentes ou talvez inimigos."
Só mesmo um protestante sem caráter para dizer que a Globo perseguiu o Edir Macedo. A Globo não perseguiu esse canalha rapaz.
Vai continuar insistindo com isso?
E Se de fato, tais disputas são premeditadas para gerar mais audiências, como a professora sugere em suas palavras, então, o escândalo ao Evangelho é ainda maior e pior, pois além do pecado da usura, ganância e do amor ao dinheiro, pratica-se o pecado da difamação manipuladora.
Estes senhores não serão aqueles acerca dos quais Jesus declarou que lhes dirá naquele dia: "apartai-vos de mim para o fogo eterno" ?
tenho mesmo quase a certeza que tal sentença destina-se a estes que tais atos praticam, no Brasil e no mundo.
Edir Marcedo vs Valdemiro Santiago
Eu também não concordo com essa " guerra " entre os dois bispos.Pensem bem, ambos dirigem duas igrejas enormes,e de conhecimento mundial,é uma coisa muito imprudente de ambos falar mal de outras igrejas.E mais,são duas igrejas que falam mal uma das outras em rede nacional,o que é pior ainda.Em vez dos dois bispos brigarem entre si,deveriam unir-se,para ganhar as pessoas para Deus,as pessoas que vêem esta guerra de fora concerteza se indignam com servos de Deus com tamanha fama se " estranhando ".
Eu respeito muito o Soares,eu pelo menos nunca vi e nem ouvi falar que aquele homem falou mal de alguma igreja,ou bispo ou pastor.
Dízimos e ofertas
" Trazei todos os dízimos à casa do tesoura,para que haja mantimento na minha casa,e depois fazei prova de mim,diz o Senhor dos Exércitos,se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal,que ela vos advenha a maior abastança "(Malaquias:3:10).
Algumas igrejas usam muito este texto de Malaquias para ganhar os dízimos e ofertas.Eu não concordo em explorar o povo,porém,o dízimo é sim obrigatório, Deus lhe deu o ar,a água e a vida,é demais,se você ganhar R$500,00,e dar apenas R$50,00 para a casa do Senhor,para que ela seja mantida?
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