Depois dos enxovalhos, decepções e constrangimentos, resolvi partir. Fiz consciente. Redigi um texto em que me despedia do convívio do Movimento Evangélico. Eu já não suportava o arrocho que segmentos impunham sobre mim. Tudo o que eu disse por alguns anos ficou sob suspeita. Eu precisava respirar. Sabedor de que não conseguiria satisfazer as expectativas dos guardiões do templo, pedi licença.
Depois de tantos escarros, renunciei. Notei que a instituição que me servia de referencial teológico vinha se transformando no sepulcro caiado descrito pelos Evangelhos. Restou-me dizer chega por não aguentar mais.
Eu havia expressado minha exaustão antes. O sistema religioso que me abrigou se esboroava. Notei que ele me levava junto. Falei de fadiga como denúncia. Alguns interpretaram como fraqueza. Se era fraqueza, foi proveitosa, pois despertava para uma realidade: o Movimento Evangélico vinha se transformando em cabide de oportunistas; permitindo que incompetentes, desajustados emocionais e – por que não dizer? — vigaristas, se escorassem nele.
Não há sentido em gastar os poucos dias que me sobram em remendar panos rotos. Para que continuar no mesmo arraial de pessoas que me desconsideram e que eu desconsidero? Deixei de tolerar os bons modos de moralistas (sexuais) que não se incomodam em transformar a casa de Deus em feira-livre.
Verdade, desisti. Desisti, porém, de apenas um segmento religioso. Que eu já não trato como lídimo representante do caminho do Nazareno. Larguei o esforço de recauchutar um movimento carcomido de farisaísmo.
Mas saio assustado. A fúria dos severos defensores da reta doutrina, confesso, me surpreendeu. Há alguns anos experimento o peso do rancor religioso.
Nada mais perigoso do que um crente assustado; e nada que assuste mais um crente do que a transgressão da ortodoxia. Amigos me voltaram as costas. Estranhos se intrometeram em minha vida particular. Fui traído. Antigas invejas se fantasiaram de zelo pela verdade, e parceiros se transformaram em inimigos. Senti o escarro do desdém.
Embora tenha repetido, não me deram atenção. Eu nunca me atrevi solucionar os paradoxos filosóficos ou os mistérios teológicos que se arrastam há séculos. Não sou ingênuo: as Esfinges modernas, iguais as míticas, devoram o fígado de incautos que se imaginam donos da verdade.
Meu adeus foi ético. Passei a evitar a parceria de gente a quem eu jamais confiaria a carteira. Eu tinha que partir. Se critérios éticos não bastarem para definir o acampamento onde cravamos nossa tenda, há algo muito errado em nossa credibilidade. Nervoso com o carreirismo de gente que não hesita em vender a alma, preferi caminhar por outra estrada.
Rejeito a bitola que qualquer grupo - fundamentalista ou não – chancelou e recomendou. Não aceito que tradição, escola ou cânone, cerceiem a minha capacidade de arrazoar. Rechaço obediência servil. Odeio timidez intelectual. Aliás, a única chancelaria que admito é da consciência. Creio que posso ser movido pelo mesmo Espírito que inspirou, e capacitou, homens e mulheres no passado. Erros teológicos, enquanto não produzirem intolerância, ódio ou preconceito, tenho certeza, estão perdoados.
Quero reaprender a viver. Vou buscar a trilha onde menos homens e mulheres andam de dedo em riste. Anseio por fazer-me amigo de gente espirituosa, leve, risonha, que sabe desafogar a alma.
Por condescendência, alguém disse que não sou teólogo, apenas poeta. Apesar de não me achar digno de ser chamado poeta, sorri de felicidade. Que honra! Poetas não acendem fogueira. Tenho certeza de que Miguel de Serveto gostaria de ver-se na companhia de trovadores.
Pretendo amar e apreciar, sem extravagância, as coisas mínimas: o tirocínio dos meninos, o desabrochar da paixão na menina em flor, a conversa de bons amigos. E no final do dia, ao rever as horas, saber celebrar a paixão de simplesmente existir.
Saio para instruir-me na adoração. Necessito transformar genuflexão em serviço. Quero descer do alto dos meus privilégios e estender a mão ao mortiço que jaz em alguma estrada poeirenta. Desisti de uma espiritualidade que se contenta em implorar favores à Divindade. Em minha partida, acalento o desejo de encarnar Deus. E assim dizer: não vivi em vão./
Embora tenha repetido, não me deram atenção. Eu nunca me atrevi solucionar os paradoxos filosóficos ou os mistérios teológicos que se arrastam há séculos. Não sou ingênuo: as Esfinges modernas, iguais as míticas, devoram o fígado de incautos que se imaginam donos da verdade.
Meu adeus foi ético. Passei a evitar a parceria de gente a quem eu jamais confiaria a carteira. Eu tinha que partir. Se critérios éticos não bastarem para definir o acampamento onde cravamos nossa tenda, há algo muito errado em nossa credibilidade. Nervoso com o carreirismo de gente que não hesita em vender a alma, preferi caminhar por outra estrada.
Rejeito a bitola que qualquer grupo - fundamentalista ou não – chancelou e recomendou. Não aceito que tradição, escola ou cânone, cerceiem a minha capacidade de arrazoar. Rechaço obediência servil. Odeio timidez intelectual. Aliás, a única chancelaria que admito é da consciência. Creio que posso ser movido pelo mesmo Espírito que inspirou, e capacitou, homens e mulheres no passado. Erros teológicos, enquanto não produzirem intolerância, ódio ou preconceito, tenho certeza, estão perdoados.
Quero reaprender a viver. Vou buscar a trilha onde menos homens e mulheres andam de dedo em riste. Anseio por fazer-me amigo de gente espirituosa, leve, risonha, que sabe desafogar a alma.
Por condescendência, alguém disse que não sou teólogo, apenas poeta. Apesar de não me achar digno de ser chamado poeta, sorri de felicidade. Que honra! Poetas não acendem fogueira. Tenho certeza de que Miguel de Serveto gostaria de ver-se na companhia de trovadores.
Pretendo amar e apreciar, sem extravagância, as coisas mínimas: o tirocínio dos meninos, o desabrochar da paixão na menina em flor, a conversa de bons amigos. E no final do dia, ao rever as horas, saber celebrar a paixão de simplesmente existir.
Saio para instruir-me na adoração. Necessito transformar genuflexão em serviço. Quero descer do alto dos meus privilégios e estender a mão ao mortiço que jaz em alguma estrada poeirenta. Desisti de uma espiritualidade que se contenta em implorar favores à Divindade. Em minha partida, acalento o desejo de encarnar Deus. E assim dizer: não vivi em vão./
> Esse texto foi publicado originalmente no blog do Gondim.
Comentários
Emil M. Cioran
”
(Senhor, dá-me a faculdade de
jamais rezar, poupa-me a
insanidade de toda adoração, afasta
de mim essa tentação de amor que
me entregaria para sempre a Ti. Que
o vazio se estenda entre meu
coração e o céu! Não desejo ver
meus desertos povoados com Tua
presença, minhas noites tiranizadas
por Tua luz, minhas Sibérias
fundidas sob Teu sol. Mais solitário
do que Tu, quero minhas mãos
puras, ao contrário das Tuas que
sujaram-se para sempre ao modelar
a terra e ao misturar-se nos assuntos
do mundo. Só peço à Tua estúpida
onipotência respeito para minha
solidão e meus tormentos. Não
tenho nada a fazer com Tuas
palavras. Concede-me o milagre
recolhido antes do primeiro
instante, a paz que Tu não pudeste
tolerar e que Te incitou a abrir uma
brecha no nada para inaugurar esta
feira dos tempos, e para condenar-
me assim ao universo, à humilhação
e à vergonha de existir.)
É sempre conveniente ter um quinta-coluna infiltrado, tipo lobo em pele de ovelha, atacando o Cristianismo por dentro, como um câncer.
Entendi, Olog-Hai, em sua sapientíssima concepção sobre os religiosos, estes não podem ser tolerantes e amáveis, eles devem ser odiosos, preconceituosos e intolerantes.
Sua conversinha mansa e sonsa engana muita gente desavisada, não há dúvida. Outros entendem muito bem qual é o seu papel de Judas. E, claro, ateus e gays dão o maior apoio.
-Falácia do Escocês Detected!
"Sua conversinha mansa e sonsa engana muita gente desavisada, não há dúvida. Outros entendem muito bem qual é o seu papel de Judas. E, claro, ateus e gays dão o maior apoio."
-Belíssima analogia com Judas, prova de seu preconceito mor contra pessoas tolerantes, para você religiosos devem ser ignorantes, preconceituosos e segregacionistas. Possuo uma imensa curiosidade, este pastor é um ser tolerante e você o ataca por isso, por quê?
É um "pastor" muito "tolerante", mas tolerante apenas a quem ataca o Cristianismo.
E é por isso mesmo que vocês, ateus, morrem de amores por ele.
-Cadê as Gaitas de Fole?
Você diz que ele é intolerante com os cristãos, porém não apresenta provas.
Lembre-se de um dos princípios gerais do direito:
-Falar e não provar é o mesmo que não falar.
Portanto, se não possui provas para tais acusações, cale-se.
Exija tudo isso de seu pastorzinho de araque querido, bom servidor da causa ateísta, e depois me conta.
-Uh, o religioso fanático e adestrado por um livro presbiofrênico, começou seu ritual abléptico, achando que apenas sua palavra basta e fazendo acusações sem fundamentos.
Exija tudo isso de seu Deus mortiço, bom servidor da causa religiosa fanática, e depois conte-me seu encontro com Deus, querido.
PS: Dica do Baphomet: Não sou ateu, sou agnóstico.
Qualquer outra manifestação contrária a vocês precisa de "provas".
Não culpe os outros. São os ateus que gostam de se associar e de estabelecer parcerias e conchavos com comunistas e gays, como demonstram a História e os fatos recentes.
-Uuuuuuuuh! Parece que alguém está perdendo o debate. Até agora quem fez acusações foi você, portanto você é quem deve mostrar provas, não tente inverter o jogo, querido.
O messias Gondim seja louvado!
No mais, que Satã lhe forneça suas bênçãos.
Necessito transformar genuflexão
em serviço. Quero descer do alto dos
meus privilégios e estender a mão
ao mortiço que jaz em alguma
estrada poeirenta. Desisti de uma
espiritualidade que se contenta em
implorar favores à Divindade. Em
minha partida, acalento o desejo de
encarnar Deus. E assim dizer: não
vivi em vão"
Ricardo Gondim.
Anderson ateu
Cadê as provas?
O Shiroyasha já explicou isso antes...
Parece que eles têm um mantra que recitam sobre os gays, que é assim:“my own, my love... my... preciousssss”
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=QLsQroiqlbE
tem lá no blog (além de outras coisas bem legais)
http://ateismoepeitos.tumblr.com/
Charles
Se ele estudar e ler a Biblia de verdade talvez no proximo texto vai estar rindo do que acreditava.
Por incrível que pareça seu gesto é de um verdadeiro cristão. Um livre pensador. Parabéns.Força.
Nossa, esse só sabe repetir Olavo de Carvalho. Fanatismo puro.
Interessante, muito interessante.
O Deus Cristão é puro amor.
Malafaia representa o cristão que queria a morte do herege porque essa “Verdade Bíblica” precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em não matar o herege.
Malafaia representa o cristão que queria a permanência da escravidão porque essa “Verdade Bíblica” precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em não escravizar ninguém.
Malafaia representa o cristão que queria a mulher “sem direitos” porque essa Verdade Bíblica precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em dar direitos as mulheres.
Mas hoje Malafaia não quer a morte do herege, nem a escravidão e nem a mulher “sem direitos”?
Ver o Bem Maior depois que uma Verdade Bíblica foi exterminada é fácil. Repudia-la depois que, através de outras interpretações, ganhou o rótulo de “isso não é e nunca foi Verdade Bíblica” é fácil.
Porem Gondim representa o cristão que vê o Bem Maior enquanto uma Verdade Bíblica ainda esta com o rótulo de Verdade Bíblica.
Por isso sou mais Gondim.
E infelizmente as marionetes de Malafáia não querem ver ... e pior, consideram-se marionetes de Jesus.
Malafaia representa o cristão que queria a morte do herege porque essa “Verdade Bíblica”
precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em não matar o herege.
Malafaia representa o cristão que queria a permanência da escravidão porque essa “Verdade Bíblica” precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em não escravizar ninguém.
Malafaia representa o cristão que queria a mulher “sem direitos” porque essa Verdade Bíblica precisava ser obedecida e Gondim o cristão que via um Bem Maior em dar direitos as mulheres.
Mas hoje Malafaia não quer a morte do herege, nem a escravidão e nem a mulher “sem direitos”?
Ver o Bem Maior depois que uma Verdade Bíblica foi exterminada é fácil. Repudia-la depois que, através de outras interpretações, ganhou o rótulo de “isso não é e nunca foi Verdade Bíblica” é fácil.
Porem Gondim representa o cristão que vê o Bem Maior enquanto uma Verdade Bíblica ainda esta com o rótulo de Verdade Bíblica.
Por isso sou mais Gondim.
E infelizmente as marionetes de Malafáia não querem ver ... e pior, consideram-se marionetes de Jesus.
Talvez este Ricardo Gondim com toda sua intelectualidade não teve olhos para isso.
"Em Deus está a minha salvação e a minha glória; a rocha da minha fortaleza, e o meu refúgio estão em Deus." Salmos 62:7
Vc apenas limitou-se a critica-lo, com as suas palavras raivosas e cheias de odio.
É por causa de pessoas como VOCE, que Ricardo Gondim prefere se desligar do meio evangélico.
Vc é apenas um reles crente com muito odio por quem nao compartilha de suas crenças e superstições.
É so ler as palavras que vc deixou neste blog.
Cada dia pior, com as suas palavras de odio, raiva, intolerancia, discriminacao, preconceito, injurias, insultos, calunias, mentiras, falsidades, maldade, perversidade, vingança, desonestidade, ignorancia, estupidez, etc..
Vc é tudo isso. Ninguem te considera boa pessoa.
Todo mundo te conhece e sabe que tipo de gente vc é. O seu conceito perante a todos é bem baixo. Muito baixo.
Hora de vc se reavaliar e mudar a sua postura moral e etica. Vai levar muitos anos ate vc chegar ao nivel moral de uma pessoa decente.
Nem vale a pena perder seu tempo com esse fda.
Nem interpretação de texto ele consegue compreender.
Esse fda acha que o Gondim se tornou ateu.
Me odeia por falar a verdade?
Não me dirigi em meus comentarios ao Ricardo Gondim o personagem do post em questão? Coisa que voce não fez.
Mas agora me dirijo a voce.
Vai procurar a tua turma, pois quando o diabo não vem, manda o secretario.
Os ateus, que normalmente desprezam/odeiam o cristianismo, agora resolveram eleger o Ricardo Gondim como "messias", "cristão autêntico", representante do "verdadeiro cristianismo".
Gondim é o tipo de "cristão" que os ateus amam.
Não é à toa, já que o pseudo-pastor gosta de puxar o saco de ateus e gays também, além de atacar bastante os cristãos e o próprio cristianismo.
Afinidade total.
Anônimo Apr 20, 2012 10:07 PM
"Eu já estou de saco cheio de associarem ateus a comunistas e gays"
Não culpe os outros. São os ateus que gostam de se associar e de estabelecer parcerias e conchavos com comunistas e gays, como demonstram a História e os fatos recentes.
Como é possível que, em pleno século 21, alguém ainda diga que o certo é "o" fulan@ em vez de "a" fulan@??
Isso é preconceito, discriminação de gênero, homofobia! Não pode!
Os papéis de gênero são construções sociais preconceituosas, e nosso trabalho é desconstruí-las! "o" e "a" são a mesma coisa, são equivalentes e têm os mesmos direitos!
Não podemos mais aceitar nenhum tipo de discriminação!
Direitos iguais!
Esses trolls multifacetados me fazem rir. ;)
Creio que Gondim foi convencido da palavra de Deus; mas ele não teve a revelação da palavra -- o que é diferente.
Uma pessoa que viveu no meio evangélico e realmente teve experiêcia com o Espirito Santo, crer piamente na existência do Deus Altíssimo.
É muito comodo achar que algém vai se tornar evangélico e todos os seus problemas vão acabar; não é bem assim. Jesus suportou as afrontas: de ser traído, de ser cuspido na cara, de ser chicoteado, de levar o peso da cruz e, por fim, de ser crucificado.
Então, voçê pastorsinho, não quer sofrer afronta nenhuma, é? Muito, muito cômodo!
"11Palavra fiel é esta: que, se morremos com Ele, tmabém com Ele viveremos; 12Se sofrermos, também com Ele reinaremos; se o negarmos, também Ele nos negará. 2Timóteo 2:11-12"
E mais:
"E dizia a todos: Se algém quer vir após mim, negue-se a si mesmo e tome cada dia a sua cruz, e siga-me. Lucas 9:23"
Pastorsinho, Gondim, Servir a Jesus requer renúncia e até sacrificio -- coisas que o senhor, pelo jeito, não está disposto a fazer.
É isso mesmo, Gondim: voçê fugiu, voçê caiu fora!
Nós evangélicos somos perseguidos por todos os lados, inclusive dentro da própria Igreja por pessoas que ainda não foram totalmente libertas. O que devemos fazer é ficarmos firmes no nosso lugar, e cotinuarmos a pregar e a difundir o Evangelho para a conversão e salvação das almas. Precisamos fazer a diferença.
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