Maxim Schrogin, 64, é um dos membros mais ativos da sinagoga da Congregação Beth El, em Berkeley, na Califórnia. Ele paga mensalidade em dia, participa das reuniões de estudo do Torá e é o responsável por um comitê de ação social. Nas noites de sexta-feira, ele e sua mulher acendem velas de Shabat e recitam orações hebraicas.
Com esse engajamento, pode-se afirmar que Schrogin é um judeu devoto, um temente a Deus. Mas ele é ateu.
Schrogin não é exceção. Há entre os judeus radicados nos Estados Unidos muitos que são descrentes e outro tanto maior que afirma não ter certeza da existência divina.
O livro American Grace: How Religion Divides and Unites Us, de Robert Putnam e David Campbell, sustenta que metade dos judeus americanos duvida da existência de Deus. Em outros grupos étnicos, o percentual daqueles que balançam entre a crença e a descrença chega a 15%, no máximo, dependendo da religião.
Uma edição recente da Moment, uma revista judaica, perguntou a judeus influentes se o judaísmo pode sobreviver sem Deus. As respostas ficaram divididas, o que reforça o estudo reproduzido pelo livro.
Schrogin afirmou que, para ele, não existe contradição entre judaísmo e ateísmo. “[Porque] faz parte de nossa tradição cultural questionar a existência de Deus.” Por isso, disse, um ateu frequentar uma congregação religiosa “não é um problema ou um desafio”.
É o que explica a presença de judeus descrentes e humanistas seculares em festas como Rosh Hashaná e Yom Kipur. A maioria deles aparece em uma sinagoga uma vez por ano, como os cristãos que vão à igreja apenas no Natal ou Páscoa. Uma minoria, como Schrogin, se envolve nas atividades da sinagoga.
O entrincheiramento do ateísmo no judaísmo não é uma questão nova porque está posto há séculos e por vezes tem balançado como um pêndulo. No século 17, por exemplo, Spinoza foi expulso de sua comunidade judaica por causa de seus questionamentos sobre Deus. Hoje o filósofo holandês é respeitado e estudado com afinco por muitos judeus.
Na década de 1920, o rabino Mordecai Kaplan desenvolveu a ideia de que Deus não é um ente pessoal, mas, sim, a soma de todos os processos naturais. Kaplan propôs, assim, uma “reconstrução” do judaísmo. Quatro décadas depois, o rabino Sherwin Wine, também um reformador, se declarou ateu e anunciou a criação do “judaísmo humanístico”.
Jonathan Sarna, professor de história judaica americana na Universidade de Brandeis, disse algo que pode parecer estranho aos sacerdotes cristãos que vivem ameaçando com o inferno os impios: os rabinos americanos não discutem muito o ateísmo e por isso não ficam questionando os féis se têm certeza de sua crença em Deus.
Sarna afirmou que, quando aparece na sinagoga um ateu assumido, ele é bem vindo não só pela possibilidade de haver uma nova conversão, mas também pela oportunidade de a fé dos devotos ser questionada.
“Eu adoro quando um ateu pergunta por que sigo alguns rituais”, disse o rabino Naomi Levy, da congregação de Los Angeles. “Esse tipo de perguntas nos leva a pensar, a dar respostas bem argumentadas e, enfim, a reavaliar nossas próprias crenças e convicções.”
Essa diferença entre o judaísmo e outras religiões é que ele não é tão dogmático quanto o cristianismo e o islamismo, que exigem de seus seguidores a adesão cega a uma crença.
Schrogin disse que certa vez o seu rabino lhe disse: “Deus não se importa se você acredita Nele ou não. Tudo com o que Ele se importa é se você faz direto as coisas, porque é a nossa ação neste mundo que vale”.
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Com esse engajamento, pode-se afirmar que Schrogin é um judeu devoto, um temente a Deus. Mas ele é ateu.
Schrogin não é exceção. Há entre os judeus radicados nos Estados Unidos muitos que são descrentes e outro tanto maior que afirma não ter certeza da existência divina.
O livro American Grace: How Religion Divides and Unites Us, de Robert Putnam e David Campbell, sustenta que metade dos judeus americanos duvida da existência de Deus. Em outros grupos étnicos, o percentual daqueles que balançam entre a crença e a descrença chega a 15%, no máximo, dependendo da religião.
Uma edição recente da Moment, uma revista judaica, perguntou a judeus influentes se o judaísmo pode sobreviver sem Deus. As respostas ficaram divididas, o que reforça o estudo reproduzido pelo livro.
Schrogin afirmou que, para ele, não existe contradição entre judaísmo e ateísmo. “[Porque] faz parte de nossa tradição cultural questionar a existência de Deus.” Por isso, disse, um ateu frequentar uma congregação religiosa “não é um problema ou um desafio”.
É o que explica a presença de judeus descrentes e humanistas seculares em festas como Rosh Hashaná e Yom Kipur. A maioria deles aparece em uma sinagoga uma vez por ano, como os cristãos que vão à igreja apenas no Natal ou Páscoa. Uma minoria, como Schrogin, se envolve nas atividades da sinagoga.
O entrincheiramento do ateísmo no judaísmo não é uma questão nova porque está posto há séculos e por vezes tem balançado como um pêndulo. No século 17, por exemplo, Spinoza foi expulso de sua comunidade judaica por causa de seus questionamentos sobre Deus. Hoje o filósofo holandês é respeitado e estudado com afinco por muitos judeus.
Na década de 1920, o rabino Mordecai Kaplan desenvolveu a ideia de que Deus não é um ente pessoal, mas, sim, a soma de todos os processos naturais. Kaplan propôs, assim, uma “reconstrução” do judaísmo. Quatro décadas depois, o rabino Sherwin Wine, também um reformador, se declarou ateu e anunciou a criação do “judaísmo humanístico”.
Jonathan Sarna, professor de história judaica americana na Universidade de Brandeis, disse algo que pode parecer estranho aos sacerdotes cristãos que vivem ameaçando com o inferno os impios: os rabinos americanos não discutem muito o ateísmo e por isso não ficam questionando os féis se têm certeza de sua crença em Deus.
Sarna afirmou que, quando aparece na sinagoga um ateu assumido, ele é bem vindo não só pela possibilidade de haver uma nova conversão, mas também pela oportunidade de a fé dos devotos ser questionada.
“Eu adoro quando um ateu pergunta por que sigo alguns rituais”, disse o rabino Naomi Levy, da congregação de Los Angeles. “Esse tipo de perguntas nos leva a pensar, a dar respostas bem argumentadas e, enfim, a reavaliar nossas próprias crenças e convicções.”
Essa diferença entre o judaísmo e outras religiões é que ele não é tão dogmático quanto o cristianismo e o islamismo, que exigem de seus seguidores a adesão cega a uma crença.
Schrogin disse que certa vez o seu rabino lhe disse: “Deus não se importa se você acredita Nele ou não. Tudo com o que Ele se importa é se você faz direto as coisas, porque é a nossa ação neste mundo que vale”.
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Comentários
Nem os inventores do mito acreditam nele.
Att.,
Espancador de Pastores
E pelo que vi desses judeus é exatamente isto que vi, eles só permanecem com o judaísmo e seus ritos não como um louvor a uma divindade mas sim como uma identidade cultural que os determine como judeus em meio aos gahins (não-judeus).
http://www.youtube.com/watch?v=jP8dC8E6Emk&feature=relmfu
- O cara fala como se convertesse decenas de ateus, como se fosse brincadeira. Mas é ele que tá perdendo fiéis, então acho que o tiro está saindo pela culatra. Acho que estão reavaliando MUITO bem as crenças deles, ainda bem. Pelos menos questionam, por isso estão largando a religião tão facilmente.
Aliás, não sei por que raios um ateu convicto vai fazer numa sinagoga.
Einsten não era ateu, ele era deísta.
Charles
Charles
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