Para Analice, o ideal é que
haja um tratamento laico
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A psiquiatra Analice Gigliotti (foto), vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas, lamentou que quatro das sete clínicas de tratamento de dependentes selecionadas pelo governo do Rio de Janeiro tenham vínculos religiosos.
Para ela, esses estabelecimentos são “questionáveis” porque misturam fundamentos da ciência médica com dogmas de crenças religiosas.
“O ideal é que o centro de recuperação seja laico”, disse ela ao jornal “O Dia”. Afirmou que, no caso de o paciente ser ateu, o impulso dele será abandonar o tratamento.
Analice falou que não há clínicas privadas e muito menos públicas suficientes para o internamento desses pacientes. São tantas pessoas que, disse, “o governo não sabe onde colocar essas pessoas.”
Por isso, segundo a psiquiatra, surgiram as comunidades terapêuticas — entre elas as religiosas —, que são uma forma econômica de tratar dependentes químicos, mas não é a mais recomendável.
Com informação de O Dia.
Para ela, esses estabelecimentos são “questionáveis” porque misturam fundamentos da ciência médica com dogmas de crenças religiosas.
“O ideal é que o centro de recuperação seja laico”, disse ela ao jornal “O Dia”. Afirmou que, no caso de o paciente ser ateu, o impulso dele será abandonar o tratamento.
Analice falou que não há clínicas privadas e muito menos públicas suficientes para o internamento desses pacientes. São tantas pessoas que, disse, “o governo não sabe onde colocar essas pessoas.”
Por isso, segundo a psiquiatra, surgiram as comunidades terapêuticas — entre elas as religiosas —, que são uma forma econômica de tratar dependentes químicos, mas não é a mais recomendável.
Com informação de O Dia.
Clínica religiosa da Sérvia espanca dependente químico (vídeo).
maio de 2009
Dependência química.
Comentários
Leandro
Os especialistas nisso são de longe os alcoólicos, clientes experientes com muitos anos por tudo quanto é clinica. Deles ouvi em muitas conversas as histórias malucas que contam em clinicas religiosas. Os alcoólicos nível "pro" são bem malandros e se adaptam a todas situações, rezam, contam casos, emocionam os monitores, falam que vão mudar agora que encontraram o "Senhor Jezuis", se deixarem até falam em línguas e profetizam para a alegria geral. Eles contam essas façanhas morrendo de rir, de como levam bebidas para esses lugares e como fogem de lá assim que se enchem e comem o bastante. Mas o problema maior são os casos onde a pessoa é mentalmente debilitada, onde existem quadros alem do vicio como alguns tipos de psicose. Aí a coisa muda de figura e a abordagem religiosa é extremamente nociva para eles em minha opinião. Nesse hospital que trabalhava como enfermeiro já se notava a desproporcional quantidade de doentes com manifestações ligadas a religião do que em relação aos outros. Sempre se via um ou outro fazendo discursos bíblicos, tirando ou recebendo demônios, abençoando pessoas, se achando profeta ou mesmo Jesus, vendo anjos, Jesus ou santos, vendo espíritos, recebendo espíritos, citando compulsivamente a bíblia e coisas assim. Este quadro é muito comum nas psiquiatrias. Imaginem então um lugar onde se impõem ao doente diversas idéias religiosas como ajuda para cura. Esses vulneráveis são bombardeados com mais estímulos a delírios, alucinações visuais, auditivas, paranóias e todo tipo de confusão mental. Oras se as clinicas laicas já estão cheias de gente que "pirou" nas igrejas, imaginem levar as igrejas para esses. Meu ponto é que essas religiões não proporcionam um ambiente saudável nem para quem ainda esta mentalmente bem, então são muito mais danosas para quem já tem algum problema.
Muitas religiões tentam arrebanhar mais membros sempre nos lugares onde as pessoas estão mais vulneráveis a influencia, em geral não mostram nenhuma restrição ética ou moral que freio a evangelização.
O estado deveria ter critérios mais exigentes e científicos para repassar verbas a clinicas para viciados. Lugares onde se misturam doutrina religiosa no tratamento de viciados e doentes mentais não deveriam receber apoio do estado. Desconfio inclusive que dinheiro dado para esses lugares não é apenas dinheiro perdido, mas manutenção do problema e futuro mais gasto de verba.
Creio que existem já muitas pesquisas vinculando doenças mentais a religiões, como falei no meu caso bastava dar uma passeada pelo pátio e comprovar isso.
Viciados e doentes mentais se tornam um tipo de rebanho mantido pelo estado, gerenciado por pastores e assegurado pelo psiquiatra Jesus Cristo, que não tem CRM para ser processado.
Aqui em Teresina todas as comunidades terapêuuticas são confessionais, seja católica ou evangélicas. É uma praga. A Gerencia estadual de saúde mental, da SESAPI, tenta orgaizar a rede de atenção psico-social, sem dar enfase a esses espertalhões da fé, cujo uncio objetivo é aumentar seus rebanhos idiotizados e massa de manobra pras eleições municipais e estaduais. Ñão é a toa que este éum eleitorado e parlamentares que contaminam o estado laico no Congresso Nacional.
Nelson
Eu também não conheço muitas instituições de caridade ateístas ou administrados por ateus, o que não quer dizer que não exista ou que ateus não fazem caridade. Talvez porque nós ateus, ao contrário de certos crentes presunçosos, não gostamos de atrelar hipocritamente o nosso ateísmo às nossas ações.
Ah, e só para lembrar: o Bill Gates tem uma fundação destinada à caridade, e ele é ateu. No Brasil, pode-se citar o sociólogo Betinho, que se engajou bastante nas causas sociais e que também era ateu.
Hipócrita desgraçado.
De minha experiencia pessoal posso dizer que não conheci um verdadeiro recuperado, apenas pessoas que se diziam e voltavam pouco depois muito, mas muito pior mesmo. Alias cansei de ver gente claramente lesada dizer com voz mole ou muito agitada e um tanto desconexo que Jesus mudou sua vida.
Não se esqueça que toda melhora no campo da psiquiatria vieram de pesquisas sobre o cérebro humano e as inteirações químicas nele, não de exorcismo, ou orientação espiritual. Desconheço o que a religião ajudou de fato no conhecimento do funcionamento do cérebro alem da manipulação pelo medo.
Não se esqueça que o psiquiatra e pai da psicanálise Sigmund Freud foi um ateu que muito contribuiu para o tratamento de doentes mentais e a formação dos profissionais de hoje. Ele acerca da religião:
"A religião é comparável com uma neurose da infância."
"Um homem que está livre da religião tem uma oportunidade melhor de viver uma vida mais normal e completa."
Tendo em vista isso, certamente ele concorda que clinicas que usam religião para curar pacientes com problemas mentais estão apagando fogo com gasolina.
Só por não participar de uma denominação não significa "não ser religioso". Não é cristão? De qualquer forma isso não é coisa da qual me deva satisfação, mas sua defesa das clinicas religiosas e ao mesmo tempo não querer se identificar como religioso é contraditório e também um exemplo de como o cristianismo não tem inspirado muito orgulho. Talvez não seja seu caso, mas muitos cristãos tem preferido atacar sem mostrar a cruz em sua bandeira.
- Eu realmente não faço nada contra quem quer ajuda os outros, por que faria isso? Está ajudando uma pessoa, por que eu me incomodaria com isso? Eu hein!
E pro seu governo, sou universitário, mas minha universidade acabou de entrar em greve. O que significa que a partir de hoje terei muuuuuuuito tempo para comentar aqui.
E pro seu governo, não interessa o que eu faço para ajudar as pessoas. Não sou um hipócrita, que fica expondo suas ações e fazendo propaganda de si próprio.
Usavam e abusavam do proselitismo, gritavam aos quatro ventos que "Jesus mudou a vida deles", tentavam converter os outros da familia e amigos proximos, berravam versiculos biblicos a esmo, davam testemunhos em igrejas, etc.
Mas acabavam sempre caindo novamente na mesma doenca mental que os afligia, acabavam piorando, desenvolviam mais doencas, entupiam-se de remedios e drogas, tornavam-se mais agressivos e mais depressivos, agrediam os outros atraves de intolerancia e preconceito, etc.
E os religiosos ficam fazendo propaganda nas igrejas de que recuperam viciados, que curam os doentes, que fazem caridade, etc.
Que nada.
Instituicoes mantidas ou associadas por religiosos, nao estao comprometidas com a recuperacao do doente. Apenas os utilizam para fins de proselitismo, conversao enquanto estao em estado de fragilidade fisica e mental, utilizacao do espaco para propaganda institucional, etc.
E muitos "psicologos e psiquiatras" desses se "formaram" em instituicoes de ensino, de má qualidade, ligadas às igrejas. É so ver o caso da Marisa Lobo... Nao ha profissionalismo e nem comprometimento com o verdadeiro trabalho de um psicologo de verdade. E ainda querem modificar o Codigo de Etica, para atender os seus interesses obscuros.
No fim, quem perde sao os individuos que precisam de ajuda. E os problemas se perpetuam, piores do que ja eram.
E a religiao (juntamente com seus seguidores), mais uma vez, é culpada de causar mal às pessoas.
Se alguem conhecido precisar de ajuda, eu recomendaria JAMAIS procurar uma instituicao ligada a religiosos (principalmente evangelicos).
Meu sogro era alcoolatra. Espancava os filhos, agredia a esposa, quase que diariamente. Tentou matar o próprio irmão a tiros durante uma bebedeira, era muito violento e temido no bairro. Enfim, era o cão chupando manga.
Há 10 anos ele se converteu e hoje é diácono da Congregação Cristã, e mudou a vida da família. Hoje, é um homem admirado por todos.
Eu sou ateu, mas tenho que concordar que prefiro vê-lo do jeito que está, mesmo achando errado, do que do jeito que ele era (bêbado e violento). Dos males, o menor.
Meu pai também foi alcoolatra, e foi muito violento durante minha infância. O vi espancar minha mãe várias vezes por causa da bebida. Foram muitos anos de sofrimento, até minha mãe resolver se separar e eu e meus irmãos fomos viver com ela em outra casa, deixando ele sozinho.
Diferente do meu sogro, meu pai não procurou ajuda espiritual. E quando todos achavam que ele ia se afundar mais na bebida depois de abandonado, veio a grande surpresa: ele parou de beber, sem precisar recorrer a clínicas de tratamento, e hoje é uma outra pessoa.
Mesmo sendo ateu, eu levo em consideração cada situação. Só quem passou por problemas desse tipo na vida, tendo em casa algum ente querido transtornado por vícios como alcool ou qualquer outra droga, sabe o quando é difícil.
Mesmo não acreditando em deus, prefiro ver um ente querido adorando a ele sem causar mal a ninguém do que vê-lo entregue a esses vícios malditos, que destroem a vida não apenas deles, mas de toda a família.
Eu apoio essa greve.
Se um paciente é evangélico ou católico, pode-se nessas clínicas usar a fé dessa pessoa para ajudá-la a sair do buraco.
O foda é vc tentar fazer isso com uma pessoa que não segue essas religiões.
Eu sei disso por experiência própria: cheguei a consultar um profissional da saúde mental que - mesmo sabendo que eu era atéia - ficava falando em toda sessão que eu deveria frequentar uma igreja, procurar deus, etc. Nesse sentido ele estava mais atrapalhando do que ajudando pq ele não soube trabalhar comigo dentro do meu contexto. Ele usava o contexto dele no meu tratamento. Obviamente que não deu certo, fiquei de saco cheio e parei de ir no terceiro mês.
Na minha cidade tem duas clínicas para dependentes químicos e as duas são mantidas por instituições religiosas. Uma delas é mantida pela igreja católica e é mais estruturada, tem acompanhamento psicológico, os dependentes só saem qdo o tratamento acaba e se saem antes (no caso de fuga) perdem a vaga, as visitas são regradas, eles tem atividades como cuidar da horta.
A outra é mantida por uma igreja evangélica, não sei qual. Pessoas que eu conheço e que trabalham com encaminhamento de dependentes químicos já me falaram que essa clínica não tem acompanhamento psicológico e nem psiquiátrico, só religioso. É toda administrada por pastores, não tem rotina e estrutura e os dependentes podem entrar e sair a hora que quiserem. O que é verdade...um dos internos já apareceu na locadora que eu trabalho para alugar uns filmes pra galera de lá.
A religiosidade, a espiritualidade e o consumo de drogas
Zila van der Meer SanchezI; Solange Aparecida NappoII
IDoutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid)
IIProfessora adjunta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid)
RESUMO
CONTEXTO: A religiosidade e a espiritualidade vêm sendo claramente identificadas como fatores protetores ao consumo de drogas em diversos níveis.
OBJETIVO: A presente revisão da literatura pretendeu descrever os principais estudos científicos que tratam do papel da religiosidade no tratamento e na prevenção do consumo de drogas.
MÉTODO: As fontes citadas neste artigo de revisão são indexadas nas bases de dados PubMed e Scielo, entre 1976 e 2006, tratando de questões relativas à religiosidade, à espiritualidade e ao consumo de drogas.
RESULTADOS: Estudos têm apontado para evidência de que as pessoas que freqüentam regularmente um culto religioso, ou que dão relevante importância à sua crença religiosa, ou ainda que praticam, no cotidiano, as propostas da religião professada, apresentam menores índices de consumo de drogas lícitas e ilícitas. Além disso, os dependentes de drogas apresentam melhores índices de recuperação quando seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente por meio médico.
CONCLUSÕES: Devido ao forte papel de assistência social das religiões no Brasil, a exploração deste tema no contexto brasileiro seria de grande relevância para a saúde pública.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832007000700010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
A religiosidade, a espiritualidade e o consumo de drogas
Zila van der Meer SanchezI; Solange Aparecida NappoII
IDoutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid)
IIProfessora adjunta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Pesquisadora do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid)
RESUMO
CONTEXTO: A religiosidade e a espiritualidade vêm sendo claramente identificadas como fatores protetores ao consumo de drogas em diversos níveis.
OBJETIVO: A presente revisão da literatura pretendeu descrever os principais estudos científicos que tratam do papel da religiosidade no tratamento e na prevenção do consumo de drogas.
MÉTODO: As fontes citadas neste artigo de revisão são indexadas nas bases de dados PubMed e Scielo, entre 1976 e 2006, tratando de questões relativas à religiosidade, à espiritualidade e ao consumo de drogas.
RESULTADOS: Estudos têm apontado para evidência de que as pessoas que freqüentam regularmente um culto religioso, ou que dão relevante importância à sua crença religiosa, ou ainda que praticam, no cotidiano, as propostas da religião professada, apresentam menores índices de consumo de drogas lícitas e ilícitas. Além disso, os dependentes de drogas apresentam melhores índices de recuperação quando seu tratamento é permeado por uma abordagem espiritual, de qualquer origem, quando comparados a dependentes que são tratados exclusivamente por meio médico.
CONCLUSÕES: Devido ao forte papel de assistência social das religiões no Brasil, a exploração deste tema no contexto brasileiro seria de grande relevância para a saúde pública.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-60832007000700010&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Um tratamento de dependência química tem que levar em consideração o paciente. Se ele tem uma crença religiosa e dá importância à ela, é válido que o profissional de saúde mental deixe o paciente livre para recorrer à essa crença religiosa caso o paciente ache que ela o ajudará na recuperação.
O problema está na evangelização forçada. Um tratamento de dependência química focada em crença religiosa não vai funcionar com um dependente químico ateu. Um tratamento de dependência química focada na crença cristã não vai funcionar com um dependente químico judeu ou budista.
Sei disso por experiência própria. Não em caso de vício. Fui encaminhada à um psiquiatra e um psicológo pra tratar do meu transtorno de ansiedade. O psiquiatra chegou a fazer perguntas sobre se eu tinha alguma crença religiosa como se isso fosse relevante ao tratamento. Mesmo assim eu respondi que sou atéia. Mas praticamente em todas as sessões ele me recomendava que procurasse deus, que eu frequentasse uma igreja e ficava no proselitismo por alguns minutos antes de me dar a receita do remédio. Se isso não é uma certa tentativa de evangelização forçada, não sei mais o que é.
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