por Tariq Saleh para BBC Brasil
A vitória do líder islâmico Mohamed Mursi na eleição presidencial do Egito trouxe medos diferentes às brasileiras que vivem no país. Elas temem desde o aumento da violência nas ruas à implementação da sharia (lei islâmica) — que poderia trazer restrições às estrangeiras ocidentais.
Em um país extremamente polarizado, Mursi conquistou 51,7% dos votos no segundo turno da eleição, mas seu rival, o general reformado da Força Aérea Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro no regime de Mubarak, ficou com 48,3%.
A carioca Susy Sobrinho, que é cristã, afirmou que durante a campanha eleitoral egípcia ouviu discursos de políticos seculares acusando a Irmandade Muçulmana de planejar a transformação do Egito em um Estado governado pela lei islâmica.
“As pessoas comentavam no Facebook e conhecidos egípcios também falavam sobre as restrições que o candidato Mursi poderia fazer (a seculares e mulheres)”, disse.
Mas Susy falou que, após refletir sobre Mursi como presidente, chegou à conclusão de que os militares usaram de sua influência para que o secularismo fosse preservado qualquer que fosse o candidato vitorioso. “Não tenho medo do Egito se transformar em Estado islâmico.”
“Vejo que há pessoas dentro da Irmandade com a verdadeira intenção de reconstruir o Egito. Para isso, eles sabem que é necessário manter investimentos de capital estrangeiro para geração de emprego e renda e fazer a indústria do turismo voltar a funcionar como antes, ou até melhor”, afirmou Susy.
Para convencer os eleitores de que era um candidato de todos, e não apenas da parcela islâmica conservadora, Mohamed Mursi adotou um discurso em favor da união nacional.
Mas os discursos moderados e de reconciliação não a deixaram a baiana Rosemira Silva (foto acima) menos ansiosa e preocupada com a insegurança e instabilidade no Egito.
“Eu sinto o povo mais agressivo e radical desde a revolução e a queda de Hosni Mubarak. As pessoas falam do temor de partidos extremistas dominarem a política”.
Ela afimou ter medo do aumento da violência no país devido ao clima político instável. “Nas ruas, mulheres vêm sendo agredidas verbalmente. Já tenho medo de sair de casa, uma amiga minha foi roubada em pleno dia na frente de casa. Tenho medo até de pegar um táxi sozinha.”
Rosemira, que é cristã e já esteve na Líbia com o namorado e teve que deixar o país às pressas por conta da guerra civil do ano passado, revelou que pretende deixar o Egito em breve. “Não sei o que pode acontecer no Egito daqui para a frente. O país ainda está em caos e poderá piorar”.
Para a carioca e também cristã Josiane Marques (foto ao lado), a situação no Egito está preocupante e um confronto entre Mursi e os militares parece ser “inevitável”.
“Estou muito ansiosa e preocupada com a situação que nos encontramos atualmente, sem saber o que será do nosso futuro”, disse. Ela é casada com um egípcio e mora há oito anos no país.
“O que mais me preocupa aqui é como será a liberdade das mulheres, se haverá restrições. Não deixo de pensar se Mursi será presidente para todos ou apenas para um certo grupo”.
Já Susy acredita que, no final, tudo será resolvido de forma pacífica, já que o povo foi às ruas para derrubar um regime sem usar violência. Mesmo assim ela e o marido egípcio devem deixar o país em breve por acreditar que a crise demorará para passar.
“Não sairemos por medo de algum evento que possa gerar violência, mas porque o custo de vida no país está ficando mais alto para o nosso padrão. Não há muitas perspectivas por aqui no momento”.
Slogan do presidente eleito do Egito é 'Islã é a solução'.
junho de 2012
Religião na política.
A baiana Rosemira Silva disse que as
mulheres estão ofendidas nas ruas
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Em um país extremamente polarizado, Mursi conquistou 51,7% dos votos no segundo turno da eleição, mas seu rival, o general reformado da Força Aérea Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro no regime de Mubarak, ficou com 48,3%.
A carioca Susy Sobrinho, que é cristã, afirmou que durante a campanha eleitoral egípcia ouviu discursos de políticos seculares acusando a Irmandade Muçulmana de planejar a transformação do Egito em um Estado governado pela lei islâmica.
“As pessoas comentavam no Facebook e conhecidos egípcios também falavam sobre as restrições que o candidato Mursi poderia fazer (a seculares e mulheres)”, disse.
Mas Susy falou que, após refletir sobre Mursi como presidente, chegou à conclusão de que os militares usaram de sua influência para que o secularismo fosse preservado qualquer que fosse o candidato vitorioso. “Não tenho medo do Egito se transformar em Estado islâmico.”
“Vejo que há pessoas dentro da Irmandade com a verdadeira intenção de reconstruir o Egito. Para isso, eles sabem que é necessário manter investimentos de capital estrangeiro para geração de emprego e renda e fazer a indústria do turismo voltar a funcionar como antes, ou até melhor”, afirmou Susy.
Para convencer os eleitores de que era um candidato de todos, e não apenas da parcela islâmica conservadora, Mohamed Mursi adotou um discurso em favor da união nacional.
Mas os discursos moderados e de reconciliação não a deixaram a baiana Rosemira Silva (foto acima) menos ansiosa e preocupada com a insegurança e instabilidade no Egito.
“Eu sinto o povo mais agressivo e radical desde a revolução e a queda de Hosni Mubarak. As pessoas falam do temor de partidos extremistas dominarem a política”.
Ela afimou ter medo do aumento da violência no país devido ao clima político instável. “Nas ruas, mulheres vêm sendo agredidas verbalmente. Já tenho medo de sair de casa, uma amiga minha foi roubada em pleno dia na frente de casa. Tenho medo até de pegar um táxi sozinha.”
Rosemira, que é cristã e já esteve na Líbia com o namorado e teve que deixar o país às pressas por conta da guerra civil do ano passado, revelou que pretende deixar o Egito em breve. “Não sei o que pode acontecer no Egito daqui para a frente. O país ainda está em caos e poderá piorar”.
A carioca Josiane está preocupada
com a liberdade das mulheres
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“Estou muito ansiosa e preocupada com a situação que nos encontramos atualmente, sem saber o que será do nosso futuro”, disse. Ela é casada com um egípcio e mora há oito anos no país.
“O que mais me preocupa aqui é como será a liberdade das mulheres, se haverá restrições. Não deixo de pensar se Mursi será presidente para todos ou apenas para um certo grupo”.
Já Susy acredita que, no final, tudo será resolvido de forma pacífica, já que o povo foi às ruas para derrubar um regime sem usar violência. Mesmo assim ela e o marido egípcio devem deixar o país em breve por acreditar que a crise demorará para passar.
“Não sairemos por medo de algum evento que possa gerar violência, mas porque o custo de vida no país está ficando mais alto para o nosso padrão. Não há muitas perspectivas por aqui no momento”.
Slogan do presidente eleito do Egito é 'Islã é a solução'.
junho de 2012
Religião na política.
Comentários
Ela tem razão mesmo, no Brasil essas coisas não acontecem.
Valdo.
http://www.sbg.org.br/ManisfestoCriacionismo.html
Att.
Paulo Thiago
Sim, esse nosso belo país cristão, muito melhor e mais civilizado do que esses bárbaros e atrasados muçulmanos! Não é mesmo?
Meu caro, esse argumento "vestida assim, ela pediu para ser estuprada" é uma CONSTANTE por aqui, inclusive entre pessoas de nível superior. Cansei de escutar coisas parecidas aqui no trabalho. É grotesco? Vergonhoso? Sim, com certeza. Grotesco e vergonhoso como nos países muçulmanos. Temos um dos maiores índices do mundo de violência contra a mulher, e a coisa só não piora por conta do resquício de estado laico que ainda temos por aqui. O cristianismo não fica nada a dever em machismo e misoginia ao islamismo, ao contrário do que sua santa alienação imagina. E se vc acha que apenas o texto constitucional muda essa triste realidade, explica muito bem porque as coisas estão como estão.
O Egito não é problema nosso, vivemos no Brasil e aqui os perseguidores são os cristãos, em especial os evangélicos com sua visão de mundo tacanha e estereotipada.
Valdo.
Parece com aquelas historias de ficcao cientifica de segunda classe, mas e' tristemente real.
Tenho amigos egipcios (ateus) que logicamente fugiram de la', e me solidarizo com eles.
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