por John Dupré
Aqueles que acreditam que um ser sobrenatural criou o universo nunca constituíram um desafio intelectual à teoria evolucionista. Mas os criacionistas, quer sejam fundamentalistas bíblicos ou crentes no “design inteligente”, representam uma ameaça ao pensamento científico. Na verdade, o talento especial traiçoeiro do criacionismo reside na sua capacidade de reinventar a evolução à sua própria imagem, como um sistema de crenças dogmáticas — e, portanto, a antítese da ciência.
Os criacionistas estão certos numa coisa: ao contrário da impressão que é dada em muito o que se escreve sobre o assunto, a teoria da evolução está em crise. Mas isto é um desenvolvimento positivo, pois reflete o progresso não linear do conhecimento científico, caracterizado por aquilo que Thomas Kuhn descreveu no seu influente livro The Structure of Scientific Revolutions como “mudanças de paradigma”.
Durante os últimos 70 anos, o paradigma dominante na ciência evolucionista tem sido a chamada “nova síntese”. Amplamente divulgada nos últimos anos pelo biólogo evolucionista de Oxford, Richard Dawkins, a nova síntese combina a teoria de Darwin da seleção natural com a genética mendeliana, o que explica a hereditariedade.
A atual crise na ciência evolucionista não implica a completa rejeição deste paradigma. Em vez disso, ela ocasiona uma reorganização progressiva, muito importante, do conhecimento existente, sem comprometer os princípios fundamentais da teoria evolucionista: os organismos vivos de hoje desenvolvem-se a partir de organismos significativamente diferentes do passado distante; os organismos diferentes podem partilhar antepassados comuns; e a seleção natural tem desempenhado um papel crucial neste processo.
Outras suposições estão, no entanto, sob ameaça. Por exemplo, na representação tradicional da evolução, “árvore da vida”, os ramos se afastam sempre, nunca se fundem, o que implica que a linhagem das espécies segue um caminho linear e que todas as mudanças evolucionistas ao longo deste caminho ocorrem dentro da linhagem que está a ser traçada. Mas um exame de genomas — particularmente dos micróbios — mostrou que o movimento dos genes entre organismos com relações de parentesco afastadas é um importante catalisador da mudança evolucionista.
Além disso, a nova síntese presume que os principais motores da evolução são pequenas mutações geradas ao acaso dentro de uma espécie. Mas indícios recentes sugerem que as grandes mudanças, causadas pela absorção de uma porção de material genético estranho, podem ser significativas. Na verdade, a absorção de organismos inteiros — tais como as duas bactérias que formaram a primeira célula eucariótica (o tipo de célula mais complexa encontrada em animais multicelulares) — pode gerar uma grande e crucial mudança evolucionista.
O que desestabiliza ainda mais a teoria evolucionista é a crescente percepção de que muitos fatores, não apenas o genoma, determinam o desenvolvimento de um organismo individual. Ironicamente, tal como a descoberta da estrutura do DNA — inicialmente elogiada como o ato final no triunfo da nova síntese — levou a uma melhor compreensão do funcionamento dos genomas, também acabou por enfraquecer a crença no seu papel único em orientar o desenvolvimento biológico.
Aqueles que durante muito tempo lamentaram a omissão do desenvolvimento a partir de modelos evolucionistas — uma crítica antiga feita durante décadas sob a bandeira científica da biologia evolucionista do desenvolvimento (“evo-devo”) — juntamente com a persistência de que o desenvolvimento de organismos se baseia numa grande variedade de recursos, têm sido ilibados.
Recentes desenvolvimentos na biologia molecular pregaram o último prego no caixão do determinismo genético tradicional. Por exemplo, a epigenética — o estudo das modificações hereditárias do genoma que não envolvem alterações do código genético — está aumentando. E os vários tipos de pequenas moléculas RNA são cada vez mais reconhecidos como formadores de uma camada reguladora por cima do genoma.
Além de enfraquecer as teorias da evolução centradas no gene que têm dominado a consciência pública por várias décadas, estes desenvolvimentos exigem novas estruturas filosóficas. As tradicionais visões reducionistas da ciência, com os seus pontos de convergência nos mecanismos “em pirâmide”, não são suficientes na busca da compreensão da causalidade dedutiva e circular e de um mundo de processos aninhados. Isto nos traz de volta ao ponto por onde começamos.
Repensar radicalmente a teoria evolucionista atrai, invariavelmente, a atenção dos criacionistas, que alegremente anunciam que se os profissionais defensores do darwinismo não chegam a um acordo, o conceito deve ser afastado. E, os evolucionistas, confrontados com esta reação, tendem a colocar as carroças em círculo e a insistir que todos estão de acordo.
Mas nada mais demonstra tão claramente que a ciência e o criacionismo são polos opostos do que a última suposição de que os sinais do desacordo falharam. De fato, o desacordo — e as percepções mais profundas que resultam dele — permite novas abordagens para a compreensão científica. Para a ciência, ao contrário dos sistemas de crenças dogmáticas, o desacordo deve ser incentivado.
O atual contratempo na teoria evolucionista — e a nossa incapacidade de prever onde é que a área do saber estará em 50 anos — são um motivo de comemoração. Devemos deixar os criacionistas com as suas convicções ocas e encarar com felicidade as incertezas inerentes, numa abordagem verdadeiramente empírica para compreender o mundo.
Este texto foi publicado no jornal português Público. John Dupré é professor de Filosofia da Ciência e diretor do ESRC Center for Genomics in Society, na Universidade de Exeter, no Reino Unido.
Filósofo questiona a concepção neodarwinista da natureza
novembro de 2012
Cientistas de genética criticam difusão do 'criacionismo científico'
junho de 2012
Evolução e criacionismo.
Filósofo questiona a concepção neodarwinista da natureza
novembro de 2012
Cientistas de genética criticam difusão do 'criacionismo científico'
junho de 2012
Evolução e criacionismo.
Comentários
Pois então: se por ventura o Evolucionismo, a seleção natural e tudo mais descoberto no campo científico for um "grande engano da ciência".
Então qual de fato é a origem da vida e principalmente a origem do homem? - o que de fato pode substituir todas as conclusões científicas do evolucionismo??? - como se deu o "aparecimento" do homem na face da terra?
Será que os criacionistas tem respostas convincentes do ponto de vista da lógica?
"... Deus fez o homem do barro e pronto..." - "Grande" explicação...!!!
Estou cansado de ver criacionistas defecando milhões de supostas teses falsamente científicas para tentar derrubar o EVOLUCIONISMO, mas não vi ainda nenhum deles mostrar cientificamente como funcionou o tal criacionismo no aparecimento da vida e suas formas o qual eles tanto defendem.
Para o bem da ciência, eu acredito que deveriam proibir de se falar em dogmas religiosos em público... Isso deveria ser colocado no plano dos atentados violentos ao pudor e á ordem pública.
É um absurdo que cientistas, pesquisadores, estudiosos da biologia e outras matérias correlatas, passem suas vidas inteiras se dedicando e se aprofundando em pesquisas, trocando informações com outros pesquisadores, batendo teses com teses de frente para no fim da história vir esse bando de anacéfalos tentar prejudicar o desenvolvimento da ciência onde ELES MESMOS SÃO BENEFICIÁRIOS. TODAS as vacinas que protegem a saúde também desses dogmáticos são desenvolvidas nos princípios evolucionistas... Eis a grande contradição.
Dizem os mais sábios que nenhum livro deve ser queimado, mas eu não considero a bíblia um livro. Eu a considero como um amontoado de palavras duvidosas, mentirosas, arrogantes, infundadas que tem menor importância na vida do que a própria pornografia.
"É um teste de fé. A ciência moderna é a mão e o olho que pertuba e estes deve ser removidos. Deus é amor mas é justiça e os pecadores e neo-ateus sodomitas serão punidos."
'Mateus, capítulo 5, versículo 29: "Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno."'
kkkkkkkkk
O artigo até traz algumas informações e especulações interessantes, mas o autor o estragou com uma antipatia pessoal sua, que não tem nada a ver com o conteúdo principal: se empenhou rm abrir e fechar o texto dando chilique contra os criacionistas, de quem ele tem raivinha.
Não.
Regards
Deu vontade de queimar a Bíblia também, queridinha?
Esses crentes quando ficassem doentes deveriam se curar através da fé, ao invés de procurar médicos. Taí um bom teste de fé.
Essa passagem em Mateus não se refere aos adúlteros?
Eles não sabem, ou não procuram saber, que a verdadeira ciência consiste em seus métodos, e não em seus “produtos” finais.
Crendices e suas suposições frágeis teriam quem passar da mesma forma pelo método científico, e a probabilidade de alguma delas sobreviver a isso é muito pequena.
Criacionismo não é ciência; é crença.
De novo. Criacionismo não substitui a TE. Uma teoria científica só pode ser substituída por outra teoria científica. E criacionismo não é teoria científica.
Na ciência não há nem pode haver verdade absoluta, idéias devem ser postas em confronto sempre, para o bem do conhecimento e da própria ciência, que sempre esteve em constante desenvolvimento.
Na contramão vem o criacionismo, formulado na Antigüidade pelo povo do deserto por meio de tradição oral, que nunca foi posto em teste, afirmando ser a verdade absoluta porque os mesmos afirmam ser uma revelação de deus... (qual deus? existem tantos!)
A escolha é sua: de que lado você fica?
Winston Smith
Cientistas e aqueles que apoiam a Ciência devem se incomodar com isso?
Eis aí o motivo do chilique.
Não. "do ponto de vista da lógica" é incompatível com a cabeça oca dos criacionistas.
Beijos Morrigan XD
Ainda que o Evolucionismo estivesse totalmente errado, de modo algum o Criacionismo iria substituí-lo, como parecem pensar alguns.
Sentimos a mesma coisa quando admiramos o universo.
Obs.: Alguém por pura tolice pode dizer: "o nosso corpo é podre". Não o corpo que Deus fez, podre são os virós , bactérias e as doenças.
"Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. Salmos 139:14"
É coisa nova, da década de 70...
É apenas mais-do-mesmo: uma lógica baseada na nossa vaidade de achar que "as coisas 'perfeitas' precisaram ser construídas".
A vaidade do Homem de se achar "especial", "perfeito" e que como ele mesmo constrói coisas, tudo isso "tem de ser feito por um Criador, um Designer".
Infelizmente, só na mente dos criacionistas somos "perfeitos".
A conversa com um Criacionista SEMPRE vai cair nas famosos questionamentos do "olhe à sua volta...", "Quem fez tudo isso...", "A causa primeira", o Argumento Cosmológico.
Uma pesquisa recente mostrou que a rejeição pela Teoria da Evolução tem como foco a falta de "sentido na vida", como se a vida perdesse o propósito, como se o crédulo nas lendas do deus de Abraão não tivesse controle da sua vida.
A crença de que rezando pra um deus com déficit de atenção, ele estará "guiando sua vida".
fotos e um livro? Ok, tente outra vez.
O Boson higgs foi publicado oficialmente.
http://hypescience.com/resultados-da-busca-pelo-boson-de-higgs-oficialmente-publicados/
Será que os criacionistas tem respostas convincentes do ponto de vista da lógica?
Os criacionistas não tem.
Mas os caras do "Design Inteligente" tem respostas bem lógicas e muito convincentes.
Dogmatismo religioso sempre foi uma pedra no sapato da Ciência .
O que faz mal são os donos da verdade afrontando a liberdade de pensamento. Donos de certezas esdruxulas , argumentos infantis e ingenuos, ainda procuram matar quem duvide, querem punir ou zombar de quem quer apenas aprender.
“Creio na evolução não porque haja evidência coerente, mas porque é a única alternativa à Criação.” D. Watson, professor de Evolução, Universidade de Londres
“A evolução não é provada e é improvável; acreditamos nela porque é a única alternativa à Criação, que é impensável.” Arthur Keith, antropólogo
“Não quero crer em Deus. Assim, escolho crer no que sei ser cientificamente impossível: evolução.” George Wald, prêmio Nobel, Harvard
“A razão de nos lançarmos sobre a Origem das Espécies é que a ideia de Deus interfere com nossos hábitos sexuais.” Julian Huxley, Unesco
Primeiro que essa hipótese furada exige a existência de um deus, assim você tem que provar primeiro esse deus CIENTIFICAMENTE, pois isso é ciência natural meu caro e não estorinhas da carochinha.
Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2012/09/criacionistas-tentam-tirar-proveito-da-crise-da-teoria-da-evolucao.html#ixzz26muYsvay
Paulopes informa que reprodução deste texto só poderá ser feita com o CRÉDITO e LINK da origem.
Em 1984, três ex-evolucionistas, com doutorados em química, ciência dos materiais e geoquímica, escreveram a primeira crítica relevante da evolução química – “The Mystery of Life’s Origin: Reassessing Current Theories”. Com páginas de equações matemáticas e fórmulas químicas, aplicou golpes sérios à teoria que a vida começou por acaso.
Porém, a ciência pode distinguir as causas naturais das causas inteligentes, afirma Thaxton. Por exemplo, através de nossos sentidos podemos concluir que as faces (de 4 presidentes americanos) no Monte Rushmore teve uma causa inteligente e que as marcas das ondas na orla da praia tiveram uma origem natural. Semelhantemente, a ciência pode concluir que a vasta casa de armazenagem de informação registrada ao longo da molécula do DNA de até a mais simples célula deve ter tido uma causa inteligente (vide “Signature of Intelligence”, p. 27).
O evolucionista Paul Davies admitiu:
Ninguém sabe como é que uma mistura de químicos sem vida espontaneamente se organizou de modo a gerar a primeira célula.
(Davies, Paul, Australian Centre for Astrobiology, Sydney, New Scientist 179(2403):32, 2003.)
Andrew Knoll, professor de Biologia em Harvard, disse:
Na verdade, nós não sabemos como é que a vida se originou neste planeta.
(Knoll, Andrew H., PBS Nova interview, How Did Life Begin? July 1, 2004)
Por mais pequena que a célula possa ser, ela necessita de centenas de proteínas para poder levar a cabo as funções mais básicas. Mesmo que todos os átomos do universo fossem uma experiência com todos os aminoácidos presentes para todas as vibrações moleculares possíveis na suposta idade evolutiva do universo, nem uma única proteína funcional se formaria.
Como tal, como é que a vida, com centenas de proteínas, se originou apenas como efeito das forças da química (sem design inteligente)?
2. Como é que o código genético surgiu?
Um código é um sistema de linguagem sofisticado com letras e palavras onde o significado das palavras é independente das propriedades químicas das letras – tal como a informação neste texto não é produto das propriedades químicas da tinta (ou pixeis no ecrân)
Que outro sistema de código existe que não tenha sido efeito de design inteligente? Como é que o sistema de código do ADN surgiu sem ser obra de design inteligente?
3. Como é que as mutações – acidentes na cópia (“letras” do ADN trocadas, apagadas ou acrescentadas, duplicação de genes, inversão cromossómica, etc) – geraram os enormes volumes de informação de ADN nos sistemas biológicos?
Como é que tais erros poderiam gerar 3 mil milhões de letras de informação ADN de modo a modificar um micróbio num microbiólogo? Há informação para construir proteínas mas também para controlar o seu uso – tal como um livro de culinária possui os ingredientes mas também a forma como usar os ditos ingredientes. Um se o outro não serve para nada.
As mutações são conhecidas pelo seu poder destrutivo, incluindo mais de 1,000 doenças tais como a hemofilia. Muito raramente elas são fonte de algum tipo de ajuda. Como é que a mistura de informação ADN existente poderia gerar novos caminhos bioquímicos ou nano-máquinas biológicas?
4. Porque é que a selecção natural, um princípio aludido por um criacionista 25 anos antes de Darwin, é ensinada como “evolução” como se isso explicasse a origem e diversidade da vida?
Por definição, a selecção natural (SN) é um processo selectivo (escolhendo entre informação genética que já existe) e como tal, não é um processo criativo. A SN pode explicar a sobrevivência dos mais aptos (como certos genes beneficiam um certo tipo de criaturas a viver num ecossistema específico) mas não a origem dos mais aptos
A morte de formas de vida mal-adaptadas a um ecossistema, bem como a sobrevivência dos melhor adaptados, não explica a origem das características que tornam um organismo melhor ajustado a um meio ambiente.
5. Como é que as novas reacções bioquímicas, que envolvem múltiplos enzimas a operarem em sincronia, se originaram?
Todas as reacções químicas (bem as nano-máquinas) requerem múltiplos componentes “proteína + enzima” para funcionarem. Como é que acidentes fortuitos criaram apenas uma das tais estruturas?
O bioquímico evolucionista Franklin Harold escreveu:
Temos que admitir que actualmente não existe nenhuma explicação darwiniana em torno da evolução de qualquer sistema bioquímico ou celular – apenas uma variedade de especulações esperançosas.
(Harold, Franklin M. (Prof. Emeritus Biochemistry, Colorado State University) The way of the cell: molecules, organisms and the order of life, Oxford University Press, New York, 2001, p. 205.)
Porque é que as escolas públicas – pagas por todos – escondem este tipo de declarações?
Postar um comentário