O religioso disse que o atual modelo de laicidade não é neutro |
O Estado que tem a marca do “laicismo” francês, em vez de ser verdadeiramente “neutro”, acaba por “exercer um poder negativo em relação às demais identidades, sobretudo as religiosas, que se encontram nas sociedades civis e tende a marginalizá-las, quando não as expulsa, do âmbito público”. A afirmação foi feita pelo cardeal Angelo Scola (foto), de Milão, no tradicional discurso à cidade que pronunciou na vigília da festa de Santo Ambrósio, que este ano abre as celebrações pelos 1700 anos do Edito de Constantino.
Scola recordou que o edito tem um significado histórico porque representa a ata de nascimento da liberdade religiosa e do Estado laico. O cardeal também recordou a passagem fundamental do Concílio Vaticano II que, com a declaração Dignitatis Humanae, acrescentou a liberdade religiosa aos direitos inalienáveis da pessoa. Notou que, atualmente, o tema segue tendo muita atualidade: um recente estudo demonstra que entre 2000 e 2007 “foram 123 os países em que se verificou alguma forma de perseguição religiosa e, infelizmente, o número está em constante aumento”.
Para dom Scola, Estado laico favorece a cultura secularista |
A questão da relação entre a liberdade religiosa e a orientação do Estado foi o tema sobre o qual o cardeal refletiu mais profundamente. Scola recordou que a evolução dos Estados democrático-liberais mudou “o equilíbrio sobre o qual tradicionalmente se sustentava o poder político”. Com esta mudança, desapareceram algumas “estruturas antropológicas”, reconhecidas como “dimensões constitutivas da experiência religiosa”, como o nascimento, o matrimônio, a procriação, a educação, a morte. Foram se “absolutizando as políticas dos procedimentos de decisão que tendem a se autojustificar incondicionalmente”.
O cardeal explicou que “o pressuposto teórico” desta evolução nasceu com o modelo francês de laicité e se “baseia na ideia da indiferença, definida como “neutralidade”, das instituições estatais em relação ao fenômeno religioso”.
Uma forma para favorecer, à primeira vista, a liberdade religiosa de todos, mas esta concepção “muito difundida na cultura jurídica e política europeia” acabou por se converter em “um modelo hostil em relação ao fenômeno religioso”. E hoje, acrescentou o arcebispo de Milão, “nas sociedades ocidentais, e sobretudo europeias, as divisões mais profundas são aquelas que há entre a cultura secularista e o fenômeno religioso, e não – como se pensa muitas vezes de maneira errada – entre os crentes de diferentes religiões”.
Ao não reconhecer este dado, “a justa e necessária aconfessionalidade do Estado acabou por dissimular, sob a ideia da ‘neutralidade’, o apoio do Estado a uma visão de mundo que se baseia na ideia secular e sem Deus”. O Estado fez sua uma cultura específica, a secular, que “através da legislação se converte na cultura dominante” e acaba por “exercer um poder negativo em relação às demais identidades, sobretudo as religiosas”.
“Sob a aparência da neutralidade e da objetividade das leis – explicou Scola – se sela e se difunde, pelo menos nos fatos, uma cultura fortemente conotada por uma visão secularizada de homem e de mundo, que não tem abertura para o transcendente”. Se é o Estado que faz sua esta visão, limita-se “inevitavelmente a liberdade religiosa”.
Ao não reconhecer este dado, “a justa e necessária aconfessionalidade do Estado acabou por dissimular, sob a ideia da ‘neutralidade’, o apoio do Estado a uma visão de mundo que se baseia na ideia secular e sem Deus”. O Estado fez sua uma cultura específica, a secular, que “através da legislação se converte na cultura dominante” e acaba por “exercer um poder negativo em relação às demais identidades, sobretudo as religiosas”.
“Sob a aparência da neutralidade e da objetividade das leis – explicou Scola – se sela e se difunde, pelo menos nos fatos, uma cultura fortemente conotada por uma visão secularizada de homem e de mundo, que não tem abertura para o transcendente”. Se é o Estado que faz sua esta visão, limita-se “inevitavelmente a liberdade religiosa”.
Segundo o cardeal, é preciso questionar a aconfessionalidade do Estado, que não deve ser interpretada como “afastamento”. Ao contrário, deve “abrir espaços em que cada sujeito pessoal e social possa contribuir para a construção do bem comum”.
Tweet
Shermer afirma haver avanço das democracias laicas
novembro de 2012
Secularização Religião no Estado laico
Comentários
Nenhuma novidade...
O que ele quer é um estado teocrata, discurso muito chorão do bispo ai.
Pois de fato, esse é o verdadeiro significado de um Estado religiosamente neutro. Se as religiões tivessem participação no âmbito público, estariam promovendo sua diferenciação e superioridade em relação às outras. Se transformariam em partidos políticos, não instituições religiosas.
Mais uma vez, ocorre a má interpretação do papel da religião na vida do homem moderno: ela agora se restringe ao âmbito particular. Não se estende para o resto da sociedade, é restrita àquilo que cada um acredita; portanto, é particular.
"De fato, quanto mais vínculos o Estado impõe, mais aumentam os contrastes religiosos, porque 'impor ou proibir por lei práticas religiosas' provoca o aumento dos 'ressentimentos e frustrações que depois se manifestam no cenário público como conflitos'"
Cercear a existência de religiões não consiste prática laica, consiste uma prática tolerante. O que o Estado laico faz é cercear a presença da religião no espaço público. Tendo retirado sua presença deste, ela está livre para existir no espaço particular.
Perseguir religiões não consiste um estado laico. O objetivo deste é diferenciar o público do particular. Tendo-se o público como secular, neutro, o particular está livre para tomar o caminho que quiser.
Os romanos catolicos cristão PROIBIRAM e perseguiram todas as outras religiões! e o sujeito não leu nada sobre a propria historia e vem na maior cara de pau negar tudo isto e vender a imagem de "respeitadores", esta religião nunca respeitou nada, nem liberdade de religião, nem a liberdade de expressão, e agora vem bancar os salvadores do mundo! hipocritas!
O cristianismo é totalitário, e qualquer coisa que não seja feito segundo a vontade cristã ("Seja feita a sua vontade: A vontade de deus; a vontade do cristianismo") é considerado "afronta" e "ofensivo", afinal, se trata de heresia (não está de acordo com a norma cristã, que é o cristianismo comandando a vida de todos).
Ruggero
Empatou!
O Povo Grego em seu auge, antes da Era Comum (AEC) tentou helenizar os judeus; de fato até entraram em guerra contra o Povo do "Deus Desconhecido", mas perderam. Isto ficou na Memória Grega por vários anos, até que o surgimento da Roma Imperial se mostrou uma grande oportunidade para destruir o Judaísmo.
Os Escravos Gregos eram mais cultos que seus senhores romanos. Eles conseguiam sua liberdade rapidamente e ocupavam a alta hierarquia do funcionalismo público de Roma. Nestes postos eles arquitetaram a criação de um tal neo-judaísmo, em que a figura principal seria o filho do Deus Judeu. Deram apoio ao auto-proclamado Apóstolo Paulo, que nunca viu Jesus mais vivo ou mais morto.
Como filho de Deus, os Gregos Anatolianos escolheram um personagem da Galileia, onde os judeus eram considerados menos judeus que os habitantes da Judeia. Por volta de 66 da Era Comum (EC), estes mesmos altos funcionários gregos convenceram os brutamontes romanos a destruir Jerusalém e matar, escravizar e expatriar os judeus.
Os primeiros documentos dos Cristianismo não estavam escritos em Aramaico e sim num dialeto grego.
Ou seja, o Cristianismo funcionou como um cavalo de tróia dentro de Jerusalém e dentro da própria Roma.
Estas observações são baseadas nos estudos de Ivani de Araujo Medina. Há um e-book grátis com estas informações em www.ebooksbrasil.org.
Tenho visto que os fanáticos são geralmente egoístas, violentos, intransigentes e falsos.
Só o cardeal aí e o padre Paulo é que conseguem ver problemas nos Estados laicos europeus.
Se religião fosse boa, não haveria tanto pedófilo no seu meio.
Ou será que existem porque o Estado é laico?
O pessoal do crack faz a mesma coisa.
Será vicio dessa gente esse querer viver da grana alheia?
Estado laico é um Estado INDIFERENTE às religiões, não sendo contra nenhuma.
Alguns comentaristas poderiam se dar o trabalho de ler com mais atenção o artigo inteiro, em vez de olhar apenas o título e sair logo disparando seus vereditos condenatórios pré-fabricados.
O cardeal Angelo Scola não está exatamente se opondo ao "Estado laico", idealmente neutro. Está analisando e questionando o alegado "laicismo" que se coloca, na prática, como anti-religioso, e criticando a falsa "neutralidade" de modelos estatais que se posicionam CONTRA as manifestações da religião.
O cardeal também se manifesta em favor da LIBERDADE RELIGIOSA, criticando os regimes que buscam "impor ou proibir por lei práticas religiosas" e provocam o aumento dos "ressentimentos e frustrações que depois se manifestam no cenário público como conflitos".
E atacar o cristianismo e os cristãos, claro, coisa obrigatória na "modernidade".
Detalhe importante: Atacar cristãos somente, não islâmicos (os moderninhos não podem ser "islamófobos", pega mal). Além do mais, atacar cristãos é sempre seguro e cômodo, já que cristãos não reagem.
É isso mesmo que você quis dizer????
Tem certeza de que você não pretendia escrever que cercear religiões é PRÁTICA INTOLERANTE?
Têm de recorrer também à foto do cardeal e fofocas e achismos sobre o que ele deve ter feito com criancinhas para melhor embasar suas conclusões geniais.
Até quando?
"Em nome da proteção das criancinhas" é um pretexto imbatível, principalmente nos dias de hoje!
Usar a justificativa do "Em nome de deus" pode até falhar, mas usar a justificativa do "Em nome das criancinhas" é infalível!!!
"Cercear a existência de religiões não consiste prática laica, consiste uma prática intolerante."
Não precisa fazer tempestade em copo d'água por causa de um erro tão óbvio!
Safadeza tem limite meu mano!
Religião é hostil ao estado laico.
Comofaz?
Att.,
Espancador de Pastores
Mas na declaração, há coisas que não passam despercebidos de um olhar mais aguçado.
Começa com o velho estratagema de chamar a laicidade de laicismo. Isso não é à toa: foi a própria Igreja Católica que passou a denominar o princípio da laicidade nascida no período do iluminismo de laicismo, assim tentando dar uma conotação ruim a verdadeira laicidade. E inventou um falso conceito de laicidade, que depois passou a chamar de “laicidade sã”. E essa “laicidade sã” que a Igreja Católica defende, que nada mais é do que um Estado confessional católico – e, obviamente, sem laicidade alguma –, só seria a situação que eles sempre quiseram: um Estado submisso a Igreja Católica, todavia, sem que a Igreja Católica fosse submissa ao Estado (regalismo).
E daí entra o ponto do “questionamento” da aconfessionalidade: a não confissão católica vai de encontro ao que eles desejam, que é a submissão do Estado a moral superior (leia-se moral da Igreja Católica). Faz esse questionamento de modo sorrateiro, dando uma explicação que nada tem a ver com a aconfessionalidade: “abrir espaços em que cada sujeito pessoal e social possa contribuir para a construção do bem comum”. No que tange “sujeito social”, pode incluir a Igreja Católica. Ora no que Estado não-confessional impede de a Igreja Católica contribuir para a construção do bem comum? Aqui no Brasil, por exemplo, existe a previsão constitucional de colaboração entre igreja e Estado, quando for de interesse público, e somos um Estado não-confessional (pelo menos no que tange a formalidade constitucional). O que o cardeal faz é dissimular o interesse da Igreja Católica de poder ser confessada pelo Estado – e ter poder sobre este.
Aproveitando o bojo, critica aquilo que tem sido sua dor de cabeça em grande parte dos países democráticos: o secularismo. O secularismo seria a perda da pertinência social do religioso, reduzindo-o ao campo particular do ser humano que possui religião e a sua instituição religiosa. Ou seja: o Estado não faz o papel de promoção da religião como se fosse algo necessário e bom, o que constituiria juízo de valor do poder público sobre religiões e crenças (e afirmando sua religiosidade), mas sim protege e dá direito aos cidadãos de buscar suas próprias religiões, de acreditar nelas e segui-las no âmbito privado. É tão somente uma relação entre Estado e cidadãos, visando à plenitude da liberdade religiosa. E tanto é assim que, onde há crescimento secular, há crescimento de religiões não-tradicionais (e que são ou já foram oficiais), do ateísmo, do agnosticismo e etc., o que tem resultado em perda de fiéis da Igreja Católica.
Estado secular de forma alguma inibe a “abertura transcendental” de seus cidadãos e instituições religiosas, mas se mantém neutro quanto a isso, pois não confessa religião nenhuma, e nem faz juízo de valor sobre as verdades que elas fazem acreditar a seus fiéis. O que o cardeal alega, mais uma vez, é falácia (argumentum ad terrorem).
Quanto à neutralidade, ele tenta passar que esta estaria confundida com ateísmo. Se assim fosse, não haveria neutralidade. O Estado deve ser neutro por questão de lógica: ele não possui direito subjetivo de crença ou descrença. Matéria de fé não está na sua essência – quando verdadeiramente laico.
Por fim, não há existência de nenhuma medida em prol da laicidade que seja “hostil” a alguma religião. Houve, para alguns estudiosos, na época do iluminismo, mais precisamente com a Constituição Civil do Clero, onde as religiões sofreram intervenção direta (em bens, autoridade, escolha de sacerdotes, etc.), mas para outros este não era considerada em prol da laicidade, visto que estavam nacionalizando as religiões, mantendo-as como oficiais. Ou seja: a única hostilidade existente no caso é da Igreja Católica contra princípios democráticos e republicanos, tal como a plena liberdade religiosa e a laicidade!
Provavelmente, o demente é o bem conhecido "Anônimo ateu gay efebófilo" sociopata que tanto gosta de exibir sua sociopatia e seu autoritarismo por aqui, que acha que religião deve ser patologizada e criminalizada, e que prega que as pessoas que emitem opiniões e fatos que não agradam a ele devem ser censuradas, presas e, de preferência, assassinadas, para que gays ateus efebófilos sociopatas como ele não mais se sintam contrariados.
Anna
O que tem que ser dito é que a religião (não todas) é hostil à melhoria da qualidade de vida, uma vez que ela não se importa em diminuir o sofrimento humano e, pior, o enaltece. As religiões (em sua esmagadora maioria) se alimentam da dor, da angústia e do medo e, para piorar, oferecem não práticas de autoconhecimento e autocontrole, mas mais dor, angústia e medo como forma de controle.
Postar um comentário