Saber foi condenado a três anos de prisão pelo crime de blasfêmia |
Em dezembro de 2012, Saber foi condenado a três anos de prisão pelo crime de blasfêmia por ter postado em sua página sobre ateísmo no Facebook o filme anti-islã “A Inocência dos Muçulmanos”.
Saber, que foi preso preventivamente, obteve o direito de recorrer em liberdade da sentença mediante o pagamento de fiança.
Kariman Mesiha Khali, sua mãe, é devota da igreja cristã coopta, uma religião minoritária e discriminada no Egito, cuja maioria da população é muçulmana.
Saber deu uma entrevista ao Daily News Egypt dizendo que não gostaria de deixar o país, mas foi obrigado porque as ameaças se estenderam a seus familiares. “Se fosse por mim, eu ficaria para me defender [na Justiça], mesmo correndo o risco de ser executado”, afirmou. “Mas muitas pessoas estavam sofrendo por minha causa.”
Ele contou ter corrido risco de ser assassinado na prisão porque, de início, foi colocado em uma cela com seis detentos, que foram informados por um oficial que ele tinha cometido blasfêmia.
“[Um oficial subalterno] me amaldiçoou e amaldiçoou a minha mãe, e, depois, me levou para uma célula e incitou os prisioneiros contra mim, dizendo que eu tinha insultado o Islã e o cristianismo.”
Um detento fez um risco com uma lâmina de barbear no pescoço de Saber. Pressionado pela mãe e entidades internacionais, o presídio mudou o ateu para uma cela menos perigosa.
Seus advogados argumentaram no tribunal que ele não disse nada que pudesse ofender o Islã. Saber, na entrevista, afirmou que não retirou nada que dissera no Facebook e que nunca negou a sua descrença. “Eu sou ateu e não tenho medo de admitir isso”, disse. Foi por essa razão que os advogados acharam prudente que ele não se manifestasse diante dos juízes.
Saber contou que chegou ao ateísmo após ter decidido que não herdaria a religião de sua família, diferentemente do que ocorre com todos no Egito. “A fé aqui é hereditária, se seus pais são cristãos, você é cristão.”
Disse que entre 2001 e 2005 estudou várias religiões, falou com muitas pessoas, leu muitos livros, para escolher uma delas.
“Descobri que as religiões são apenas uma maneira de encontrar Deus e que, entre elas, não há muitas diferenças, embora dentro de cada uma possa haver muitas seitas. Então por que todas reivindicam o monopólio de Deus? Por que cada uma delas diz que apenas seus seguidores é que vão para o céu?”
Ele afirmou que prosseguiu em sua “viagem” de questionamentos, dando conta da fragilidade das religiões e da facilidade com que podem ser contestadas.
Disse que nessa época ainda acreditava em Deus, mas, ao ampliar as suas indagações, concluiu o quanto é absurda a ideia da existência de uma divindade criadora. “Finalmente decidi que, para mim, deus não fazia nenhum sentido, e me tornei ateu.” O fato de a sua família respeitar a sua opinião facilitou essa tomada de consciência.
Saber traçou um quadro pessimista sobre o Egito, que, segundo ele, se distancia cada vez mais da laicidade, como mostra a nova Constituição.
“O artigo 44 da Constituição, por exemplo, diz que os profetas e outras figuras religiosas não podem ser insultados. Mas quem define insulto? Os cristãos não acreditam que Maomé seja um profeta; isso é um insulto? Os cristãos devem ser levados a julgamento por afirmarem isso? Os muçulmanos não acreditam que Jesus é Deus; isso é um insulto?”
O que precisa ser entendido, disse, é que o Estado laico não é uma blasfêmia. Para Saber, o caminho para garantir a laicidade no Egito não é a mudança de regime de governo, mas a conscientização.
“Precisamos explicar [à população] que o Estado é uma instituição e que, por isso, não pode adotar uma religião específica. Precisamos explicar o que é uma ditadura da maioria e que, na democracia, os direitos das minorais têm de ser protegidos.”
Com informação do Daily News Egypt.
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Ateísmo
Comentários
Reciprocidade é a palavra de ordem.
Esses grupos de ódio tem que se manter dentro de suas igrejas, templos ou seja lá como chamam seus lugares de reunião.
Fora desses lugares vale a reciprocidade.
Tratou bem, é bem tratado, falou mal, faz propaganda preconceituosa, deve ser proibido de falar.
Tem concessão de tv no Brasil que é usada para divulgar preconceito, e ninguém se mexe?
Aqui não deve ter nada de "O sul é meu país", "Minha cidade é de jesus", etc, o BRasil é de todos!!
O Brasil não é meu e nem seu, é de todos nós, onde cada um vive como quer desde que não encha o saco do outro.
Estão dando muita folga para estes terroristas.
E não to falando de muçulmanos aqui não, tô falando de todo maluco que prega um fim do mundo com julgamento daqueles que pensam diferente.
Esse lixo é que mereceria um inferno.
Tem cristão bom, tem muçulmano bom, tem rabino bom, tem macumbeiro bom!!
Assim como tem ateu bom.
A campanha deve ser contra o preconceito!
Ruggero
Ruggero
É cada imbecilidade que eu leio aqui..
Eu sou ateu e quero distancia desse tipo de pessoa.
Como sempre digo: religião ou falta dela, realmente não define caráter.
chega a doer os neuronios.
Não defendo o ateismo -- pois tenho minha convicção religiosa, sou cristão --,mas respeito o direito de que as pessoas devem ser tratadas por igual, independentemente de credo, raça e cor. É um princípio cristão: o direito, sobretudo, à vida. Se alguém pensa de outra forma, creio que esteja errado.
A impressão que tive ao ver a foto de Saber, foi de alguém com pavor e desespero -- chocante. Felismente, no nosso Brasil, não vivenciamos essas arbitrariedades.
SVENKA ai vou eu!
Reciprocidade é a palavra de ordem.
Às vezes eu penso isso também. Arábia Saudita, Uganda, Egito, Irã e todos os outros países que perseguem oficialmente ateus, agnósticos e apóstatas deveriam receber um chega-prá-lá das suas religiões.
Eu gosto muito do som do Youssou N'Dour (e ele é muçulmano). De igual maneira, curto muito as músicas da Amy Winehouse (e ela era judia). Mas já critiquei diversas vezes o absurdo que é promovido em nome da religião e hoje, tanto os movimentos islamismo político e fundamentalista quando o judaísmo político de Israel são empecilhos à paz no Oriente Médio e em boa parte da África.
Devemos criticar os absurdos que são feitos em nome da religião. Isso não é discriminar indivíduos ou grupos sociais.
Os ateus no Brasil podem expor as suas idéias sem problemas, no máximo sofrem críticas, mas, quem não sofre? E ainda podem se defender pela Constituição.
O rapaz do Post teve que fugir do Egito para não ser morto, junto com a sua família. Por isso, parem de gastar tanta energia com evangélicos, e se preocupem com o que está para vir.
Já existem vários políticos evangélicos, muitos tentando obrigar as pessoas a seguirem o que sua bíblia diz que é o correto. Começa assim, daqui a pouco são proibidas as mulheres a usarem roupas "vulgares", acaba-se com o carnaval (o que não seria ruim), restringe-se o direito das mulheres de trabalhar tanto quanto homens, começa-se o ensino de valores cristãos em escolas públicas (mesmo com outro nome, como "moral civil"), criminalizam a homoafeição e a "blasfêmia", daí para uma legislação dirigida pela bíblia e uma sharia cristã é um pulo.
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