"Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso"
Russell é o pensador ateu do século passado mais influente nos atuais dias. Seus argumentos, como o acima, são uma espécie de cartilha dos chamados "novos ateus", que, com orgulho, "saem do armário", deixando os religiosos atônitos, porque não estavam acostumados com esse tipo de coisa.
No artigo “Existe em Deus”, Russell criou uma analogia entre um bule de chá e Deus para dizer que o ônus da prova da existência de Deus, ou seja lá do que for, cabe a quem dá credibilidade a essa suposta existência.
Ele escreveu: “Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender ser papel dos céticos refutar os dogmas apresentados — em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um bule de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém conseguiria refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada.”
De família aristocrata, Bertrand Arthur William Russell foi conde, o terceiro da linhagem Russell. Ele nasceu no dia 18 de maio de 1872 em Ravenscroft, no País de Gales. No auge, portanto, do poderio econômico e político de Império Britânico. Morreu no mesmo país no dia 2 de fevereiro de 1970.
Sua vida pessoal foi atribulada, embora na juventude tenha sido tímido e solitário. Passou uns tempos nos Estados Unidos e se casou quatro vezes, o que, na época dele, era uma excentricidade. Sua primeira mulher foi a americana Alys Pearsall Smith, uma quaker de 17 anos.
Russell foi um dos fundadores da filosofia analítica, cuja sustentação é a lógica formal e a ciência. Escreveu ensaios sobre história, política, economia, educação, ética, problemas sociais. Foram mais de 20 livros e centenas de artigos para a imprensa. Tornou-se um divulgador da ciência.
Em 1950, Russel ganhou o Nobel de Literatura "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento", de acordo com a avaliação da Academia da Suécia.
Ele já era então uma referência moral. Criticou, por exemplo, a guerra do Vietnã e as armas nucleares. Durante a Primeira Guerra Mundial pregou o pacifismo. A sua perspectiva sempre foi humanista.
Escreveu em sua biografia ter oscilado quando jovem entre o agnosticismo e o ateísmo. Aos 18 anos, ele se assumiu como ateu ao se colocar a seguinte questão: “Quem criou Deus?” Concluiu que, se alguém provasse a existência de Deus, teria também de explicar quem criou Deus, e assim sucessivamente, algo sem fim, sem lógica.
No artigo “Existe em Deus”, Russell criou uma analogia entre um bule de chá e Deus para dizer que o ônus da prova da existência de Deus, ou seja lá do que for, cabe a quem dá credibilidade a essa suposta existência.
Ele escreveu: “Muitos indivíduos ortodoxos dão a entender ser papel dos céticos refutar os dogmas apresentados — em vez dos dogmáticos terem de prová-los. Essa ideia, obviamente, é um erro. De minha parte, poderia sugerir que entre a Terra e Marte há um bule de chá de porcelana girando em torno do Sol em uma órbita elíptica, e ninguém conseguiria refutar minha asserção, tendo em vista que teria o cuidado de acrescentar que o pote de chá é pequeno demais para ser observado mesmo pelos nossos telescópios mais poderosos. Mas se afirmasse que, devido à minha asserção não poder ser refutada, seria uma presunção intolerável da razão humana duvidar dela, com razão pensariam que estou falando uma tolice. Entretanto, se a existência de tal pote de chá fosse afirmada em livros antigos, ensinada como a verdade sagrada todo domingo e instilada nas mentes das crianças na escola, a hesitação de crer em sua existência seria sinal de excentricidade e levaria o cético às atenções de um psiquiatra, numa época esclarecida, ou às atenções de um inquisidor, numa época passada.”
De família aristocrata, Bertrand Arthur William Russell foi conde, o terceiro da linhagem Russell. Ele nasceu no dia 18 de maio de 1872 em Ravenscroft, no País de Gales. No auge, portanto, do poderio econômico e político de Império Britânico. Morreu no mesmo país no dia 2 de fevereiro de 1970.
Sua vida pessoal foi atribulada, embora na juventude tenha sido tímido e solitário. Passou uns tempos nos Estados Unidos e se casou quatro vezes, o que, na época dele, era uma excentricidade. Sua primeira mulher foi a americana Alys Pearsall Smith, uma quaker de 17 anos.
Russell foi um dos fundadores da filosofia analítica, cuja sustentação é a lógica formal e a ciência. Escreveu ensaios sobre história, política, economia, educação, ética, problemas sociais. Foram mais de 20 livros e centenas de artigos para a imprensa. Tornou-se um divulgador da ciência.
Em 1950, Russel ganhou o Nobel de Literatura "em reconhecimento dos seus variados e significativos escritos, nos quais ele lutou por ideais humanitários e pela liberdade do pensamento", de acordo com a avaliação da Academia da Suécia.
Ele já era então uma referência moral. Criticou, por exemplo, a guerra do Vietnã e as armas nucleares. Durante a Primeira Guerra Mundial pregou o pacifismo. A sua perspectiva sempre foi humanista.
Escreveu em sua biografia ter oscilado quando jovem entre o agnosticismo e o ateísmo. Aos 18 anos, ele se assumiu como ateu ao se colocar a seguinte questão: “Quem criou Deus?” Concluiu que, se alguém provasse a existência de Deus, teria também de explicar quem criou Deus, e assim sucessivamente, algo sem fim, sem lógica.
Russell: 'Quem criou Deus?' |
No mesmo livro, com base na experiência de sua vida, propôs dez princípios, que seguem em livre tradução:
1 — Não tenha certeza de nada.
2 — Não considere que valha a pena esconder evidências, pois elas inevitavelmente virão à luz.
3 — Nunca tente desencorajar o pensamento, pois assim com certeza obterá sucesso.
4 — Quando encontrar oposição, mesmo que seja de seu cônjuge ou de suas crianças, esforce para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, porque uma vitória que dependente da autoridade é irreal e ilusória.
6 — Não use o poder para suprimir opiniões que considere perniciosas, pois as opiniões vão lhe suprimir.
7 — Não tenha medo de possuir opiniões excêntricas, porque todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8 — Encontre mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, porque, se valorizar a inteligência, chegará a um acordo proveitoso e profundo.
9 — Seja escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentar escondê-la.
10 — Não tenha inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
> Com informação da Wikipédia, entre outras fontes.
Ateus se destacam entre os pensadores mais influentes
Bill Gates recomenda leitura de livro do ateu Richard Dawkins
Zuckerberg diz de forma enigmática que não é ateu
Comentários
Esse aí está milhares de anos atrasado, Aristóteles já tinha resolvido o problema.
"Não tenha respeito pela autoridade dos outros, porque há sempre autoridades contrárias."
Se v. sa. está se referindo à ideia do primeiro motor, de Aristóteles, saiba que ela está mais próxima do Big Bang do que a sandice de S. Tomáz de Aquino e sua associação indevida da ideia à existência de deus. Aristóteles pode até ter dado um sentido místico à coisa, mas isso em virtude de sua época.
Ruggero
Se algum ateu aplicar esse princípio a respeito da existência de um deus ele deixará de ser ateu passando a ser agnóstico.
Então, pelo visto, Bertrand Russell não era ateu e sim agnóstico.
O teísta tem plena e certeza absoluta de que existe um deus. Uma vez que o ateísmo é a negação direta do teísmo o ateu também tem plena e absoluta certeza de que não existe um deus, caso contrário não seria ateu.
O ônus da prova cabe a quem defende em termos absolutos determinada alegação. Tanto o teísta quanto o ateu possuem o ônus de provarem se deus existe ou não.
A opinião de Russell de que "são os crentes que devem provar que Deus existe, e não os ateus que ele inexiste" e de que "não pode haver inversão do ônus da prova" é de uma falha lógica incrível.
Se alguém afirma categoricamente que Deus realmente não existe e que tem plena e absoluta certeza de que essa alegação é verdadeira obviamente que deve expor os motivos pelo qual o ateísmo é verdadeiro e o teísmo é falso, ou seja, deve provar esta alegação.
Quanto a existência de um criador, se pra você é tão necessária, não me importo, tanto faz.
A geologia, a biologia, a física, a química me contam uma história bem diferente da bíblia, por que devo acreditar numa estória escrita num livro sem provas e não devo acreditar na história que está "escrita" na natureza das coisas?
Sei que lá no final precisaremos dar um salto de fé, pois mesmo essas linhas não provam que tudo foi criado por um Deus criador, mas pelo menos estaremos seguindo uma história com evidências, e não estaremos dependurados em mitos, crendices, promessas, e outras mentiras improváveis.
Cada um escolhe seus deus, não me importo, apenas não venha dialogar baseado em bobagens.
O ônus é de quem afirma.
Por que o Deus cristão existe?
Quais as provas ou evidências?
Junior
Vou tomar sua alegação como verdadeira de que "não existem provas que o Deus cristão não existe".
Não existir provas que algo não existe é prova de que algo não existe?
Você só pode afirmar categoricamente que "X" não existe mostrando provas conclusivas de que "X" realmente não existe e não afirmando "não existem provas, logo "X" não existe".
E que tipo de evidência você espera que prove que o Deus cristão existe?
"A geologia, a biologia, a física, a química me contam uma história bem diferente da bíblia, por que devo acreditar numa estória escrita num livro sem provas e não devo acreditar na história que está "escrita" na natureza das coisas?"
Isso é você quem diz. A ciência não se ocupa em refutar a bíblia sagrada (ou o alcorão, ou qualquer outro livro sagrado qualquer). Você esta tentando criar uma falsa dicotomia entre "ciência e religião", quando na verdade a oposição entre ciência e religião só existe na cabeça de militantes antirreligiosos.
Não te espanta o fato de que diversos físicos, químicos e biólogos famosos, com todo o conhecimento que detinham sobre ciência, eram teístas cristãos (ou teístas de outros credos) e não viam essa falsa dicotomia entre "ciência e religião"?
"Um pouco de ciência nos afasta de Deus. Muito, nos aproxima." (Louis Pasteur)
Sei que lá no final precisaremos dar um salto de fé, pois mesmo essas linhas não provam que tudo foi criado por um Deus criador, mas pelo menos estaremos seguindo uma história com evidências, e não estaremos dependurados em mitos, crendices, promessas, e outras mentiras improváveis.
E o que você acha de renomados cientistas ao longo da história que após acumularem um alto nível de conhecimento cientifico passaram a acreditar na existência de Deus?
Eu sei que o inverso também existe. Mas por que vocês acham que a ciência serve APENAS como instrumento para negar a existência de Deus?
O ônus é de quem afirma.
Negativo. O ônus é de quem alega, e essa alegação pode ser tanto uma "afirmativa" quanto uma "negativa". Se você alega que Deus existe tem o ônus da prova em mãos. Se você alega que Deus não existe também tem o ônus da prova em mãos.
E você tem certeza absoluta de que não existem evidências que prove de forma conclusiva que Deus existe?
Se você for aplicar o primeiro mandamento de Russell ficará no máximo com o agnosticismo e estará sempre aberto para a possibilidade de Deus existir, uma posição muito mais humilde do que o ateísmo militante que vemos por aqui.
Não, e isso em nada invalida o que falei. Se um dia encontrar evidencias da existencia de um deus, deixarei de ser ateu.
E ser ateu militante não significa ter certezas absolutas também. É perfeitamente possivel ser aberto à possibilidade e ainda assim ser militante.
Além disso, seu senso comum para o altruísmo e a convivência humanista, denota um caráter muito mais magnânimo e de extrema empatia do que muitos líderes socialistas ou religiosos.
É uma lástima que seus livros mais emblemáticos (e menos indulgentes para com a ignorância e a injustiças) estejam fora de catálogo no Brasil (muitos deles traduzidos por ninguém menos que Monteiro Lobato).
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